Acordou cedo, naquela manhã. Cedo demais. Ainda eram quatro da manhã e ela estava totalmente acordada. Levantou e caminhou em direção ao banheiro da suíte. Despiu-se e tomou uma ducha quente.

Charlotte certamente estaria dormindo.

Rachel começou a pensar em tudo o que acontecera em sua vida nos últimos anos.

            Dois anos era muito tempo. Dois e meio na verdade.

            Edward tinha morrido. Ela tinha namorado o Charles e Charlotte tinha nascido. Além disso, acontecera com a “tragédia do chuveiro”. Ela tinha conseguido o cargo de vice-presidente da empresa dos Moore. Também tinha viajado e quase morrido de novo. E conhecera James. Ah, sim. James, James. Seu lindo James.

            Rachel saiu do banho, se enxugou e enrolada na toalha, foi para o quarto. Colocou um terninho e foi para o quarto de Charlotte.

            A ruivinha dormia. Era perfeita. Rachel se baixou sobre o berço e lhe deu um beijo na testa.

            Então saído do quarto e deixou sua garotinha dormindo.

            Desceu as escadas e olhou o relógio, cinco para as cinco.

            Acho que o melhor seria já ir para o carro.

            Assim, Rachel entrou na sua Mercedes e parou. Para onde iria?

            O escritório certamente estaria fechado.

            Então ela teve uma idéia.

            Talvez fosse uma idéia tola e insana. Mas não custava nada tentar.

            Rachel dirigiu. De alguma maneira estranha, sabia exatamente o caminho, apesar de nunca ter ido para lá. Bom, pelo menos não acordada.

            De repente, parou. O sol estava nascendo. Rachel desceu do carro e viu. Lá estava o seu lago. O lago para o qual ela e Edward tinham vindo no sonho dela, quando estava quase morrendo.

            Apoiou-se no carro e curtiu o momento. O sol nascia, tintando o céu com as cores do amanhecer. O seu perfeito laguinho estava lá embaixo. Exatamente do jeito que se lembrava. Era mágico.

            Rachel nunca soube exatamente quanto tempo ficou ali sozinha. Mas de repente um homem desconhecido se aproximou dela.

            _Bom dia, moça!

            _Bom dia.

            _O que a moça ta olhando?

            _Nada.

            O homem parou ao lado dela e falou:

            _Tá vendo aquele lago ali? Um tal de Edward comprou para a noiva. Mas ninguém nunca veio aqui. Talvez a moça não tenha gostado.

            _Ou talvez ela não soubesse._murmurou Rachel, surpresa que o seu sonho foi real.

            _Me desculpe?

            _Nada. Foi um prazer conhecer o senhor.

            E Rachel entrou no carro.

            _Igualmente!_ gritou o homem, já que Rachel já estava longe.

            Agora, ela dirigia para o escritório. Tinha muita coisa na cabeça.

            _Bom dia, Srta. Williams._cumprimentou a secretária na recepção.

            _Bom dia, Lucy. Quantas vezes já lhe disse para me chamar de Rachel?

            _Mas o Sr. Moore…

            _Não importa o que o Sr. Moore disse. Seja lá de qual deles você está falando. Os Moore são Sr e Sra. Eu sou só Rachel, OK?

            _Ok._ concordou Lucy, animada.

            E Rachel chamou o elevador.

            Assim que ele abriu, Jill Lovato saiu.

            _Bom dia, Srta. Williams.

            _Bom dia, Jill. Por favor, me chame de Rachel.

            A loira sorriu para ela.

            _Pode deixar.

            Rachel entrou no elevador e apertou o 15º andar.

            Cada vez o elevador parava e uma nova pessoa entrava, dizia:

            _Bom dia, Srta. Williams.

            E Rachel, educadamente dizia:

            _ Bom dia. Mas me chame de Rachel, por favor.

            Alguns nem discutiam. Outros diziam que “Mas o Sr. Moore…” E novamente ela explicava suas preferências.

            Quando finalmente chegou ao seu andar, ela estava levemente irritada.

            Ia matar o Moore que tinha falado para chamá-la de “Srta. Williams”.

            Entrou em sua sala e suspirou quando viu a pilha de papeis. Não ia acabar aquilo até a hora do almoço.

***

            Já era tarde quando ela voltou para casa. Tinha almoçado lá mesmo. Não tinha dado tempo de voltar para casa.

            _Mamãe!!_Charlotte logo veio a receber.

            _Oi, lindinha. Tudo bem? A Sra. Summers cuidou bem de você?_ disse Rachel, enquanto a abraçava.

            Charlotte assentiu.

            _ A mamãe tá cansada. Vou tomar banho, tá?

            Novamente, ela balançou a cabeça.

            _Depois nos vamos brincar, fechado?

            Desta vez, Charlotte balançou a cabeça animada e saiu correndo, entrando na cozinha.

            Rachel sorriu e saiu as escadas.  

            Tomou outro banho. Desta vez, bem demorado. Estava pensando em Charlotte. A ruivinha era perfeitinha de mais. Ela e Edward tinham feito um bom trabalho. Rachel lembrou-se de James quando pensou no moreno. O loiro ainda tinha um lugar especial no seu coração e ela estava sofrendo por isso. Oh, James…

            Daisy estava completamente louca. Isso era um fato. Então, não alimentava esperanças de que ela pudesse lhe dar qual informação sobre ele.

            Rachel fechou a torneira.

            Enxugou-se e novamente escolheu uma roupa qualquer.

            Aquela noite, ela brincou com Charlotte de todas as brincadeiras possíveis antes de colocá-la para dormir.           

            _Boa noite, Charlotte._ Disse Rachel, dando-lhe um beijo na testa, quando ela estava no berço.

            _Mamãe, lê uma história para mim?

            Rachel riu, pegou um de seus livros e leu uma história sobre um cachorrinho que tinha perdido o osso.

            Quando terminou, Charlotte já estava dormindo.

            _Boa noite._ ela sussurrou antes de apagar a luz e ir para o quarto.

            Entrou no quarto e abriu a gaveta de camisolas.

            Lá estava a camisola vermelha que Lizzie insistira em comprar para ela. Era curta de demais, quase aparecia seu bumbum e realçava seus peitos. Mas, estava querendo sentir sexy. Talvez, apenas enquanto dormisse, não fosse fazer mal…

            Rachel colocou a camisola e se olhou no espelho.

            O cabelo liso e ruivo era reforçado pela camisola e a pele parecia feita de leite. Sorriu para a própria imagem refletida.

            Então, Rachel se deitou e, assim que fechou os olhos, adormeceu.

***

            Acordou com Charlotte chorando. Estava cansadíssima, mas, tinha que ir ver o que estava acontecendo.

            Levantou e foi até a porta. Saiu do quarto e atravessou o corredor, se apoiando para não cair.

            A porta do quarto de Charlotte estava aberta, que estranho, ela sempre a fechava.

            Com os olhos fechados, foi até o quarto da filha e então os abriu.

            Seus olhos ficaram tão arregalados que quase saltaram das orbitas.

            Ela os esfregou, para ter certeza de que não estava enxergando coisas.

            Não estava.

            Rachel sorriu sem graça.

            _Oi. _ela o ouviu dizer.

            Ele estava ali.

            James estava ali.