_Desculpe._Disse ele, que encarava Charlotte que tinha parado de chorar._ Sou péssimo com crianças.

            Rachel saiu correndo e o abraçou com força. Sua camisola subiu um pouco, a calcinha aparecia. Ela puxou a camisola. Não acreditava que estava vestido daquele jeito. Mas estava feliz por ele estar ali.

            _O que você está fazendo aqui?_perguntou Rachel sorrindo.

            _Vai me dizer que não conhece sua melhor amiga? Ficou o dia inteiro me ligando, falou se eu não viesse, ela ia pessoalmente ir para Nova Jersey para me matar._ disse ele, sorrindo também.

            Ele estava feliz em vê-la… Rachel se sentiu corar.

            _A Lizzie é louca. Mas disso você já sabe.

            Ele riu.

            _Sabe, foguinho…_disse ele, ficando sério._ Não sei como não me lembrei de você. Mas vou garantir que isso não aconteça de novo.

            Ela encarou os olhos verdes dele. Os olhos perfeitos dele. Tão verdes…

            James a beijou.

            Mas desta vez, não foi acidental. Os dois queriam. Queriam intensamente um ao outro. Ela sentiu a língua dele entrar em sua boca. E permitiu.

            _Gosto tanto dos seus olhos…_ ele disse, encarando os olhos dela, que não tinha uma cor específica, cada hora estava de uma cor.

            _Eu quem amo os seus.

            Então, foi como se de repente, alguém tivesse mudado de canal e Rachel ainda vi os olhos verdes dele, mas ela estava agora, na casa branca da última vez. Ela olhou para o lado e o casal ainda estava brigando.

            _Foguinho! Foguinho, está tudo bem?_Ela ouvi a voz de James a chamando, mas ela estava tão distante que parecia vir de outro mundo.

            O casal ainda discutia, ela deu uma última olhada para o lado, um garotinho loiro de olhos verdes encarava o casal.

            Então tudo sumiu. Tudo ficou escuro.

            _Foguinho, acorda.

            Ela abriu os olhos devagar. E viu James a encarando.

            Estava no chão. Ela se sentou.

            _O q-que aconteceu?

            _Acho que você desmaiou.

            _James, posso te pedir uma coisa?

            Ele balançou a cabeça.

            _Me conta como foi que seus pais morreram?

            Ele engoliu em seco. Aquele com certeza não era o assunto favorito dele.

            _Bom, se você quer realmente saber…

            “Um dia eu estava brincando na rua com o Edward, a Lizzie e, agora eu me lembro, a ruiva era você._ Ele começou._ Não lembro por que, mas eu e essa ruiva, que agora sei que era você, entramos em casa e mamãe e papai estava tento uma discussão feia. A pior em meses.

            “Sabe, eles estavam sempre brigando. Mas tudo sempre ficava bem no final. Daquela vez não ficou. Papai pegou a chave do carro e berrando disse que iria embora. E ele foi mesmo. Lembro que você, Edward e Lizzie voltaram para as suas casas. Eu sentei na frente de casa e fiquei esperando papai voltar. Mas ele não voltava nunca. Acho que mamãe ficou com pena de mim. Ela colocou a mão no meu ombro e ia me levando para dentro, quando um carro de policia parou na frente da nossa casa.

            “Ela me pediu para ir para dentro. Eu fui. Mas fiquei espiando pela janela. Um policial contou alguma coisa para ela e ela começou a chorar. Quando ela entrou no casa, estava tentado ser forte, mas lágrimas ainda corriam pelo seu rosto.”

            James parou por um segundo, olhou para Rachel e continuou:

            _Ela me colocou para dormir. Disse que ia ficar tudo bem. Mas eu não estava com sono. Quando ela saiu do quarto, eu fui atrás. Vi quando ela tropeçou na sala e derrubou seu vaso favorito. Seus braços e pernas sangravam. ‘Agora ela vai ficar furiosa’ pensei. Estava errado. Ela deu uma pequena olhada no vaso quebrado, se levantou e continuou andando.

            “Mamãe pegou a chave do outro carro e saiu. Não sabia aonde ela ia. Não a segui. Voltei para a cama.

            “Na manhã seguinte, tia Daisy estava comigo, ela chorava.

            “Perguntei por mamãe e ela chorou mais ainda. Entre soluços, ela me contou que ela tinha ido embora. Levei algum tempo para entender que ela tinha morrido. O carro caiu de um penhasco em um rio com muitas pedras. Todos acham que foi apenas um acidente. Não foi. Mamãe sabia o que estava fazendo. Ela queria se juntar a papai.”

            Rachel viu que seus olhos brilhavam. Ele estava a ponto de chorar.

            Ela o abraçou com força.

            Queria dizer que sabia o que ele sentiu. Queria dizer que tinha perdido os pais também. Mas não foi capaz de dizer uma única palavra. Ela apenas o abraçou.

            _Ah, foguinho, será que é cedo demais para dizer que eu te amo? Porque é verdade._ disse ele, abraçando com mais força.

            Ela sorriu.

            _Mamãe!_ finalmente ela percebeu que Charlotte ainda estava ali.

            Ele se levantou rápido e a ajudou a se levantar também.

            _Que foi meu anjo?

            Charlotte estava de pé no berço.

            Ela olhava assustada para James.

            _Esse é o James. Ele é legal. Vai fica aqui em casa por algum tempo. Mas agora dorme. Amanhã conversamos mais, tudo bem?

            Os dois saíram do quarto.

            Rachel apagou a luz e foi embora, fechando a porta logo em seguida.

            _Sua filha é linda. Parece com você._ disse James._Menos os olhos. Os olhos são do Edward.

            _É sei._ disse Rachel sorrindo.

            _Então, quando você falou que eu ia ficar aqui… estava falando sério?

            Rachel assentiu.

            _Se você quiser…

            _Claro que eu quero. Só tenho que avisar a Lizzie…

            _Como assim? Não vai me dizer que ela está aqui…_ disse Rachel, sorrindo, Lizzie era mais louca do que ela pensara.

            _Ela quem me trouxe. Só me deixa ligar para ela. Está esperando lá fora.

            James pegou o celular e ligou para a morena. Rachel aproveitou e entrou no quarto. Abriu o armário e pegou um lençol, fronha limpo e tudo o que achou que James fosse precisar.

            Ela viu quando o loiro estava entrando no quarto e entregou as coisas a ele.

            James olhou confuso para ela.

            _Achou mesmo que eu ia te deixar dormir no meu quarto?_ela perguntou, sorrindo.

            James ficou quieto, aparentemente pensara.

            _Bom, seu quarto é último a direita._Disse Rachel apontando para o final do corredor.

            _Mas é tão longe…_ ele murmurou, mas foi sem dizer mais nada.

            Rachel riu, entrou em seu quarto e dormiu.

***

            Acordar na manhã seguinte não foi tão penoso quanto ela pensou que seria. Virou de lado na cama e espreguiçou. Só então abriu os olhos.

            Rachel levou um susto. James estava deitado na cama ao lado dela.

            _Bom dia, foguinho.

            _Isso mesmo!_ ela gritou, brava._Me mata do coração!
            Rachel sentiu que ficava tão vermelha quanto a camisola e o cabelo.

            Mas antes que ela pudesse se levantar ou fazer qualquer coisa parecida, ele a beijou.

            Beijou-lhe nos lábios. Um beijo calmo mais cheio de desejo que deixou Rachel bem mais tranqüila.

            E só então ela percebeu. Ela o amava como amou Edward. O fogo intenso dentro dela que tinha se mantido apagado até então, agora brilhava com força. Era a mesma sensação de paz e tranqüilidade, mas desejo que sentia quando estava com Edward. Era igual. Talvez, até maior.

            James sentia o mesmo. Ou não teria saído de Nova Jersey para ir vê-la.

            Agora ela entedia que a felicidade completa podia existia de novo.

            E mesmo quando ele se afastou, ela o seguiu, não ia deixá-lo se afastar dela agora, mesmo que ele quisesse.

            James avançou.

            Eles só param de seu beijar quando já estavam ofegantes.

            _Então quer dizer que você era noiva do Edward? Interessante…

            _O que é interessante?

            _O Edward, meu amigo tolo, ter conseguido você._ Disse ele.

            Rachel quase bateu nele. Quase. Mas então percebeu que ele estava brincando.

            _Bobo!

            E Rachel se levantou, ia ver Charlotte.

            James a seguiu.

            _Foguinho…_ ele chamou.

            Rachel parou.

            _Que foi?

            _Você é tão sexy…

            A ruiva se virou e beijou-lhe a boca com fervor.

            _Oh! Estou interrompendo alguma coisa? Eu posso voltar mais tarde!

            Rachel se virou para ver a quem pertencia a voz, era Lizzie.

            _Não, não está interrompendo nada._ a ruiva se apoiou em James, atrás dela.

            _Eu já sabia que isso ia acontecer._ falou Lizzie entre os dentes._ Só não esperava que fosse tão rápido!_ Ela disse para si mesma._ Mas, enfim, o que é o amor? Vai entender…

            _Lizzie! Eu ainda estou aqui!_ Rachel olhava para ela.

            _Certo, eu já sabia. _ ela fez uma pequena pausa._ Será que eu posso falar com você?_ela perguntou para Rachel. _Mas em particular?

            _Claro.

            As duas se dirigiram para o quarto de Rachel e a ruiva fechou a porta, deixando James do lado de fora.

            _Pode fazer.

            _Bom, é que o Matt… bom, você sabe…_Lizzie parecia tentar se controlar._ Bom, ele me pediu em casamento!!!!!!

            E Lizzie começou a pular pelo quarto.

            _Jura? Que bom para você!!!_Rachel, feliz, abraçou a amiga.

            _Se eu te pedisse você seria madrinha, não seria, Rachelzinha?

            _Precisa perguntar?

            E Lizzie soltou um gritinho estridente.

            _Você sabe o que isso significa, não é mesmo? Significa comprar e mais compras! Isso é tão empolgante!!

            _Me chame quanto quiser e nós podemos começar os preparativos.

            _Certo, certo.

            Ouviu-se um toque estranho. Parecia barulho de beijo.

            Lizzie pegou o celular.

            _É uma mensagem dele. Ele quer que eu o encontre no shopping em três minutos. Bom, me deseje sorte.

            _Estou com os dedos cruzados.

            Lizzie caminhou em direção a porta, mas parou quando passou por Rachel.

            _Ah, e quanto a você e o James, saiba que eu dou apoio total.

            _É, já percebi. Você quem trouxe ele para cá para começo de conversa.

            _Não precisa me agradecer.

            Lizzie deu uma piscadela para a amiga, abriu a porta e desceu as escalas logo depois desaparecendo de vista.

            _ O que ela queria?_perguntou James, que a esperava na frente do quarto.

            _Ela vai casar.

            _Legal.

            _Quer que eu seja a madrinha.

            James não disse nada. Então, lançou um olhar malicioso para ela.

            _Onde nós estávamos mesmo?

            _Acho que aqui._ E Rachel o beijou outra vez.

            _Sabia que eu amei sua camisola, foguinho?

            Ela começou a rir e jogou a cabeça para trás.

            _Acho melhor não fazermos isso. Alguém pode ver.

            _Então vamos para o seu quarto. E trancamos a porta.

            Rachel sorriu, sabia onde ele queria chegar.

            _Por mim, tudo bem.

            E os dois entraram no quarto de Rachel, abraçados, e se beijando.