De Volta ao Passado escrita por mizuke


Capítulo 9
Capítulo 9 - Meu Primeiro Amigo Na Vila Mineral


Notas iniciais do capítulo

OLHA SÓ QUEM ESTÁ POSTANDO DE NOVO!
É, eu disse que não estava acabado, apesar de todo esse tempo sem atualizar. Na verdade estava tão ansiosa para postar este capítulo que nem revisei direito, então perdoem qualquer erro gramatical ou qualquer coisa sem sentido, mas é a emoção, até porque não é toda semana que tem capítulo para postar né ;-;
Boa leitura!



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Um filhote marrom? – perguntou confuso o garoto de cabelos castanhos. Ou seriam ruivos?

Me senti estranho, como se fosse o maior cara de pau do mundo por voltar onde o cachorro cometera seu “crime” como se não soubesse de nada, mas este era o lugar mais próximo. Sim, o cão estava me dando problemas novamente.

– Desculpe, Ray, mas o último cachorro que vi por aqui nos últimos dias foi aquele que matou a galinha da minha irmã.

Engoli em seco.

– E será que você não o viu mais por aqui?

– Não, não mesmo. Por quê? Ele fez alguma coisa pra você também?!

– Não, não! É que meu filhote fugiu hoje – frizei a palavra para que ele não pensasse que o cachorro vira-lata que matou a galinha fosse o meu. –, e como minha fazenda fica aqui do lado, achei que você teria o visto.

– Num seria o que atacou a galinha, seria?

Ele me olhou sério. Infelizmente eu não sabia mentir, mas ele não parecia ser um expert em descobrir esse tipo de coisa.

– Não, não... – não coloquei muita confiança em minhas palavras, mas ele não pareceu perceber.

– Bom, desculpe, mas eu num vi nada por aqui. – ele sorriu. – Mas se ver eu te aviso.

– Obrigado, Rick.

– Boa sorte. – ele disse enquanto eu saia de sua fazenda.

Já eram 4:10h. Zack já devia estar indo para minha fazenda. Se demorasse mais, a noite chegaria e ficaria mais difícil encontra-lo.

Sentei na escadinha do Rancho Yodel que levava à praça e pensei no que faria, enquanto assistia em minha mente todo o trabalho que ele poderia estar me dando. E se esse cachorro fosse como aqueles assassinos que costumava ver na tevê a cabo? Insaciável, sedento de sangue?

E se sua próxima vítima fosse outra galinha daquela pobre garota? Se bem me lembro, o assassino sempre volta à cena do crime.

Balancei a cabeça afastando todos os pensamentos absurdos e ri de minha própria idiotice. Se nada dessa história de caipira desse certo eu poderia escrever para alguma emissora como Fox ou TNT.

– Ray! – uma voz fina me interrompeu.

Pulei de susto, e a voz inocente pareceu achar graça nisso. Privacidade parecia ser algo desconhecido naquela vila.

Não precisei virar muito de meu corpo para ver o vestido vermelho dançando naquele corpinho magricela correndo em minha direção. Era May.

– Vovô disse que devemos chamar os mais velhos pelo nome certo, mas você não é muito mais velho que eu. Tem cara de ser meio bobão.

– Eu tenho cara de bobão?

– Não, num é isso... é que você tem um sotaque engraçado. É diferente... meu vovô disse que parece com o sotaque de mamãe...

Houve uma pausa curta, porém esmagadora. Seu rosto ainda estava corado, mas seus olhos estavam distantes e pensativos. Não houve tempo para perguntar se estava tudo bem.

– Você tá bem? – foi ela quem perguntou. – Parece triste...

– Não estou triste. Estou procurando meu cachorro. Viu ele por ai?

Ela colocou o indicador no queixo e fez um barulho cômico com a garganta, como se estivesse pensando.

– Vovô e eu encontramos um filhote perdido mais cedo, mas ele parecia abandonado. Tava faminto quanto achamos ele. Ele tem pelo claro e olheiras grandes?

– Isso! – minha empolgação foi um pouco exagerada, mas só percebi quando a garota riu. Ergui os braços e levantei, como um torcedor de futebol vendo um gol de seu atacante, mas voltei a me sentar quando ela continuou.

– Ele tá em casa com Hana, a nossa cachorra. Eles tão se dando muito bem...

– Ele não está causando problemas?

– Problemas? – ela sorriu. – Que tipo de problemas um animalzinho tão bobinho poderia dar?

Muitos... me cocei para responder, mas preferi apenas sorrir. Era incrível ver como um ser humano conseguia ser tão inocente, tão despreocupado e tão doce. Não são qualidades que conseguimos ver em alguém na cidade, nem mesmo nas crianças.

– May! – viramos para ver o velho atrás de nós que, a proposito, se chamava Barney. – Já tá tarde, tá na hora de ir pra cama... oh, Raymond! Algum problema?

– O filhote é dele, vovô!

O velho abriu um sorriso largo e disse:

– Ah, mesmo? Então venha, aposto que tá morrendo de saudade dele.

Sorri e acenei, sem me preocupar em responder. Não queria dizer algo rude que estragasse a doçura daquela menina.

Levantamo-nos e o seguimos até o Yodel Ranch.


2

Todos olharam espantados quando o cachorro rosnou, como os pais de uma criança a censuram quando ela diz um palavrão.

– Vem, garoto! – tentei pressionar, mas o cachorro caminhou de fasto.

– Ele deve estar assustado...

– Acho que ele tá tão feliz que nem tá reconhecendo o dono... – sorriu Barney.

– Ele pode ficar aqui? – perguntou May sorridente, mas o semblante do avô era inquebrável.

– Ele num é um cachorro de rua, May. Aposto que Raymond deve sentir a falta dele também.

Pensei em dizer algo como “tudo bem, ele pode ficar esta noite, amanhã eu passo para busca-lo” e nunca mais voltar, ou simplesmente sorrir e dizer que May podia ficar com ele, mas o senhor se adiantou e o pegou no colo. Não houve muita resistência.

– Tome mais cuidado da próxima vez, jovem. – disse, me entregando o filhote.

Agradeci. Todos sorrimos. Houve mais alguma troca de palavras que não foram tão importantes que valha minha escrita neste diário, e então me despedi.

Durante o caminho para casa não houve nenhum protesto do cão. Na verdade, parecia que ele estava dormindo.

Não tinha me dado conta, mas o sol já estava se pondo. Algumas estrelas brilhavam timidamente atrás das nuvens e a lua ao noroeste já tomara seu posto no céu. Eram tempos assim que nos faziam meditar sobre quão pequenos somos se comparado ao universo...

Seguindo pela Poutry Farm me encontrei com Zack saindo de minha fazenda, e só então percebi como estava atrasado.

– Zack! – gritei. – Desculpe não estar na fazenda...

– Tudo bem. Eu sei que faz pouco tempo, mas vejo que sua produção anda fraca... algum problema?

Suspirei. Por onde começar?

– Bom, na verdade não estou muito acostumado com essa história de fazendeiro... estou me esforçando para pegar o jeito, mas...

Ele riu.

– Tudo bem, cara. Sabe, eu viajei muito por nosso país, e entendo como pensam as pessoas da cidade. Não que eu seja tão velho pra ter tanta experiência, mas eu entendo como é se sentir um peixe fora d’água.

Houve um breve sorriso de compreendimento, e então Zack abraçou meus ombros com um de seus braços musculosos.

– Sabe, eu acabei de pedir ao Saibara pra fazer um acessório de um oricalco que consegui...

– Sério? Como conseguiu?

– Eu num encontrei sozinho, então num sei onde pode encontrar um oricalco. Mas ouvi dizer que tem em alguma caverna...

E então caminhamos despreocupadamente pelas ruas desertas, porem tão familiares, sem rumo, como dois velhos amigos bêbados cambaleando e dando risada. Rex continuava em meu colo, sem protestar.

E foi assim que consegui meu primeiro amigo na Vila Mineral.


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