2º capitulo – El Cid

Saga estava sentindo uma terrível dor de cabeça, resolveu dormir cedo. Ares estava agindo de forma estranha, não o dominava completamente, mas podia sentir um sadismo incontrolável proveniente dele. Desde que viu os olhos daquela menina estava se sentindo inquieto. De onde conhecia olhos assim?

– Maldito, porque não me domina de uma vez? – esbravejou Saga, se deitando numa grande cama, desalinhando os finos lençóis de ceda branca dos aposentos do grande mestre. Saga logo adormeceu, se entregando ao cansaço que sentia.

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Era uma mesquita maravilhosa, uma estrutura gigantesca com as paredes forradas com finas camadas de ouro, enriquecidas com detalhes em árabe, tendo sobre o teto uma esplendorosa abóboda acima da nave central, que proporcionava ao local um reflexo dourado causado pela luz alaranjada do entardecer que atravessava os tijolos vazados da abóbada e refletia no dourado das paredes ricamente adornadas. Mesmo tendo a certeza de que nunca estivera ali antes, Saga sabia que aquela mesquita era conhecida como Hagia Sofia [1].

Como de costume em mesquitas, no salão não havia cadeiras e nem bancos de modo a acomodar um maior número de fieis, entretanto era como se a mesquita estivesse vazia. Saga sentia a presença de varias pessoas a sua volta, mas não conseguia vê-las e a única pessoa que conseguiu ver foi a si mesmo, parado na entrada, com a idade aparente de 15 anos, usando uma túnica branca até os pés e um ghutra[2] igualmente branco na cabeça, segurando uma carta e olhando seriamente para a mesma. Era uma sensação estranha, sabia que aquele menino era si mesmo, mas ao mesmo tempo sentia que não era.

– Estamos no ano de 1737, o nome do menino parado na porta é Aspros – replicou Ares aparecendo atrás de Saga. Estranhamente o geminiano não se assustou e sentia como se tivesse de fato vivido aquelas lembranças.

Pouco a pouco sua mente foi tomada pelos pensamentos do menino. Sabia que aquela carta era para um garoto chamado Defteros, mas sentia que ele estaria enviando a mensagem para Kanon. Havia um cosmo negro dividindo o mesmo corpo de Aspros, plantando a duvida em seu coração de que não deveria confiar em seu irmão Defteros.

– Os olhos que você busca está aqui, olhe bem a sua volta, Aspros não está sozinho. – Saga viu-se abraçado pela sua outra metade. Pela primeira vez se sentiu confortável na presença maligna de sua alma. Era como se Ares o estivesse protegendo.

Saga sentiu uma pessoa passar ao seu lado, com as vestes parecida com as de Aspros, mudando apenas a cor da túnica para marrom e um guthra igualmente branco. O menino parou ao lado de Aspros, que entregou a carta pedindo para o mesmo que, ao enviar as informações para o grande mestre, ordenasse ao mensageiro para deixar esta carta na entrada da casa de gêmeos. Para a surpresa de Saga, os olhos do menino eram iguais aos da jovem dançarina e apresentava ser um pouco mais velho que pequena, o geminiano estava vendo o rosto do cavaleiro de capricórnio em seus tenros 13 ou 14 anos.

– O nome do garoto é El Cid.... – sussurrou Ares ao pé do ouvido do cavaleiro de gêmeos.