Primavera escrita por Jules


Capítulo 60
O triunfo da morte


Notas iniciais do capítulo

Se eu falar pra voces que, contando com esse capitulo, faltam três capitulos para acabar a fic, voces acreditam?



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Contando com hoje, faltavam dois dias para o verão.

– Então meninos, hoje é o ensaio geral. – Eu disse – Quero ver se vocês aprenderam alguma coisa realmente.

Toquei o braço de Luis Henrique e suguei seu poder. Coloquei Luis e Jacob um ao lado do outro e entrei na mente dos dois.

Era uma experiência surreal, parecia que eu estava sonhando, mas um sonho muito real. Eu podia fazer qualquer coisa... E foi o que eu fiz.

– Prestem atenção, não levem isso para o lado pessoal, isso é puramente para testar vocês. Não se esqueçam do seu objetivo principal.

Os Volturi chegaram atacando a todos. O objetivo ali era irritar Henrique e Jacob o máximo o possível, para ver se eles eram capazes de se controlar. A questão não era preservar as roupas, era apenas economizar tempo; sem falar que, se algum deles inventasse de voltar a forma humana teria que vestir as roupas e, quem garantia que, nesse meio tempo, eles não fossem atacados ou mortos pelos Volturi?

Jane agarrou Nessie pelos cabelos e Felix agarrou Florence pela cintura.

– Jake! – Nessie gritou – Jake, onde você está?! Eu... eu...

Jacob rosnava, tanto naquela fantasia quanto na vida real.

– Henrique, o que é isso? O que ele quer de mim? – Florence choramingava confusa e assustada, com os olhos verdes arregalados – Pelo amor de Deus, me ajude.

Henrique parecia estar ainda mais furioso que Jacob.

Ao mesmo tempo as duas morreram perante nossos olhos.

Eu não estava presente na fantasia, eles não me viam lá. Apenas nos viam naquele mesmo lugar – em frente a casa de meus pais, com dezenas de vampiros atacando. Eu era apenas uma voz, como se fosse a consciência deles.

– Mantenham o foco! – Gritei – Usem a raiva a favor, não contra a vocês! Vão, se metamorfoseiem agora!

Jacob e Henrique me obedeceram e conseguiram. Mesmo diante de toda aquela situação, eles conseguiram.

E foi assim com cada um deles.

O melhor, é claro, eu deixei por último.

– Taylor – eu disse com um humor negro indisfarçável – É a sua vez.

Ele sorriu e ficou de pé na minha frente.

– Seja boazinha – ele pediu sorrindo maliciosamente para mim.

Eu levantei uma sobrancelha.

A tática que eu usei com Taylor foi totalmente diferente da dos demais. Ao invés de me imaginar sendo atacada ou morta, me imaginei numa situação um tanto quanto... Inapropriada. Eu e Jacob. Juntos. Em todos os sentidos em que uma mulher podia se unir a um homem.

Devo admitir, foi repugnante pensar naquilo. De verdade, não foi uma experiência sensual... Nem de longe! Pensar naquelas coisas, com Jacob, era realmente assustador. Mas, pelo menos, estava funcionando.

Taylor sibilava, o estágio dos rosnados já tinha passado a muito tempo. Eu focalizava situações, imaginava Jacob fazendo coisas que Taylor fazia em mim, coisas que eu considerava ser sua marca registrada.

Não demorou muito para Taylor explodir.

Quando ele se transformou, aquele enorme lobo negro bufava na minha frente. Ele estava furioso.

– Conseguiu – Eu sorri.

Taylor se transformou de volta, agarrou minha cintura me puxando para ele e sussurrou em meu ouvido:

– Espere até nós chegarmos em casa. Eu vou matar você.

Isso me provocou arrepios dos pés a cabeça. Eu sabia o que aquilo queria dizer.

E foi isso.

Aquele dia se resumiu a tudo o que nós havíamos feito. Nós lutamos um contra o outro, treinamos nossos poderes e decidimos qual seria a nossa posição. A despedida foi a pior parte.

Taylor e eu começamos a lutar de brincadeira em casa, mas em meio segundo, os tapas se transformaram em beijos. Eu, Carol Anne e ele dormimos abraçados. Estávamos cansados demais para fazer qualquer coisa que não fosse dormir.


O outro dia foi diferente.

O clima entre nós era alegre. Passeamos com Carol Anne o dia todo, fizemos compras, brincamos, corremos. No fim da tarde fomos a um parque, verdinho com sua grama maravilhosa. Carol Anne, Taylor e eu brincávamos no gira-gira.

– Vou comprar um sorvete. Vocês querem do que? – Taylor perguntou.

– Eu quero de baunilha – respondi – Divido o meu com Carol Anne.

Ele assentiu e foi atrás do carrinho de sorvete.

Minutos depois de Taylor ter saído de perto de nós, enquanto rodávamos no gira-gira, um homem branco como a lua, com bochechas rosadas e olhos verdes, veio em nossa direção. Ele estava de mãos dadas com um menininho que parecia ser uma versão em miniatura dele.

– Oi – ele disse se sentando na nossa frente, no gira-gira – O que duas princesas como vocês fazem sozinhas no parque? Prazer, Rupert.

Ri e apertei sua mão. Pobrezinho.

– Olá – Respondi e Carol Anne abanou a mãozinha – Estamos nos divertindo um pouco. E vocês, o que fazem sozinhos aqui?

– Minha mulher... Bom, na verdade não sei o que aconteceu com ela – Dizia Rupert enquanto seu filho encarava Carol Anne e sorria fascinado. Ela estava com seu pequeno rosto tingido de cor-de-rosa. – Uma certa manhã eu simplesmente não a encontrei. Ela deve ter fugido com outro homem... Mas e você? Onde está seu marido?

– Aqui – respondeu uma voz grossa e imponente. Taylor? Eu tive um ataque de riso dentro da minha mente enquanto observava – com um sorriso inocente no rosto – Taylor apertando com toda a sua força a mão grande de Rupert.

– Ah! – Rupert respondeu sem graça.

– Aqui estão os sorvetes – Taylor disse entregando um sorvete em miniatura a Carol Anne. Parecia como se alguém tivesse quebrado a casquinha ao meio e colocado um pouco de sorvete lá.

– Bom, acho que é melhor eu ir. Está ficando tarde – Rupert despediu-se – Até mais.

– Até – respondi com um sorriso e ouvi o coração fraco daquele humano, falhar.

Quando Rupert e seu filho – que deveria ter pelo menos uns três anos – estavam a uma certa distância de nós, Taylor me encarou.

– Não posso deixar vocês duas sozinhas por cinco minutos que os abutres já começam a aparecer – Taylor resmungou.

Eu soltei uma risada histérica e bati no ombro de Taylor.

– Taylor... – Eu o repreendi em meio as risadas.

– Você fala como se fosse mentira – Ele resmungou por fim.


Quando finalmente nós chegamos em casa e Carol Anne adormeceu, eu e Taylor fomos nos arrumar. Nós tínhamos feito uma lista de coisas que nós precisávamos fazer.

Primeiro: Nós comemos.

Eu preparei um risoto de queijo com Chips de presunto, e de sobremesa, Taylor tinha feito um delicioso mousse de maracujá com chocolate. A casa estava iluminada apenas por velas, criou-se um clima mágico dentro daquela cozinha.

Segundo: Nós dançamos.

Não abrimos a boca desde a hora em que Carol Anne adormeceu. Não havia palavras nem nada, apenas a música que tocava em uma das vitrolas que Taylor colecionava e cuidava com muito amor. Uma música suave tocava e durante os dois primeiros minutos nós dançamos de verdade. Depois eu abracei a cintura de Taylor e nós dois começamos a nos balançar. Ficamos assim por um longo tempo. Era inexplicável a sensação de ouvir o coração dele bater.

Terceiro: Fomos para o nosso quarto.

E ai a parte triste começou.

Facilmente alguém escreveria um filme, ou até um livro, contando a minha história e a de Taylor. Se ali, alguém estivesse nos observando, essa pessoa choraria, antes de qualquer coisa. Antes de ela sentir desejo, antes de ela sentir atração por um de nós, ela sentiria o nosso pesar. Sentiria a nossa tristeza e nosso desespero.

Nós ficamos nos encarando por um longo tempo antes de começar a fazer qualquer coisa. Nenhum dos dois precisava dizer nada, nós sabíamos.

Taylor jamais viveria sem mim e eu jamais viveria sem Taylor. Carol Anne não viveria sem algum de nós dois – não havia dúvidas quanto a isso. Nós tínhamos que sobreviver.

Então enquanto nós nos amávamos, eu pensava:

Eu me tornei o que sou hoje aos quinze anos, em um dia ensolarado e quente em pleno inverno. Lembro do momento exato em que isso aconteceu, quando andava pela praça a procura de algum consolo, a procura de qualquer coisa que pudesse me distrair naquele momento. Foi ali que tudo começou. Quando eu conheci Jacob e automaticamente conheci Taylor. Hoje entendo toda essa ligação. Eu não podia conhecer Taylor, mas podia conhecer seu irmão. Ele seria o meu consolo e o meu amor até o dia em que Taylor surgisse na minha vida.

“Obrigado. Jules eu tenho que ir, preciso ver uma pessoa...” Naquela época eu considerava aquilo como minha sentença. Naquele momento eu vi, nos olhos de Jacob, que ele havia tido o imprinting. Quando ele foi embora, olhei para o céu e vi as nuvens fofas e perfeitamente brancas. Pensei em Jacob e pensei num homem que eu jamais tinha visto antes. Pensei na vida que eu levava até que aquele inverno chegou para mudar tudo e fez de mim o que sou hoje.

Hoje percebo que o homem em que pensei era Taylor.



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