Primavera escrita por Jules


Capítulo 57
Terra




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Como Edward disse, Benjamin me esperava no mesmo pedaço de tronco de árvore, a diferença era que, dessa vez, não era água, era terra.

Um monte de terra sobre o tronco.

Dessa vez não havia público, só Benjamin, Liz ( como eu a chamava agora) e Taylor, que fez questão de me acompanhar.

– Jules, isso será um pouco mais complicado do que com a água, você sabe. Mas ainda sim, acho que não será muito difícil para você – ele me deu uma piscadela e sorriu.

Eu sorri também e o mesmo ritual de sempre começou:

Eu fechei os olhos e respirei fundo. Por um momento eu me desliguei do universo. Eu estava sozinha e sentada no tronco, encarando aquele monte de terra.

Por um motivo que eu realmente não sabia explicar qual era, um flash atravessou minha mente – eu me lembrei de uma cena de filme onde um super-herói lançava uma estaca de qualquer coisa que não vem ao caso agora, pelos braços.

– Jules? – Taylor chamou.

– Sim? – Eu disse abrindo os olhos e quando o fiz, vi que havia uma estaca tão uniforme, tão sólida apontada para Taylor que não parecia ser feita de terra.

Terra. Aquela coisa perfeitamente pontuda, uniforme e até mesmo bela, não deixava aparentar que a qualquer momento podia esfarelar-se em grãos.

Eu pedi para Taylor sair dali e foi o que ele fez. A estaca então estava apontada para uma árvore. Quando eu pensei novamente na cena a estaca projetou-se para frente com uma velocidade súbita. Ela cravou no tronco da árvore e mesmo quando eu parei de concentrar-me nela, ela continuou ali, firme e forte.

Eu não tinha mais tempo para tentar uma coisinha nova a cada semana. Se eu não arriscasse, jamais conseguiria fazer algo realmente útil para nós na luta contra os Volturi. Aquela era a minha chance, aquele era o momento.

Peguei um pouco de terra sem encostar um dedo nela. A terra ficou parada na minha frente – assim como a água – eu podia jurar que ela tinha vida própria, como se ela estivesse esperando por minha ordem e louca para obedecê-la.

E então eu ordenei.

Aquele monte de terra se transformou em nove estacas tão perfeitas quanto a primeira. Dessa vez eu decidi colocar um pouco de força nelas e arremessá-las como se fossem um dardo, mas sem tocá-las. Quando o fiz o barulho foi tão grande que todos pararam para olhar – até mesmo Henrique, Edward, Jacob e Nessie que estavam em um treinamento para o qual eu não me considerava preparada: Henrique podia formar imagens na cabeça das pessoas e fazê-las acreditar que era verdade. Ele podia te fazer entrar em uma realidade paralela, onde os seus piores medos te aguardavam. Eu tinha medo disso, achava perturbador demais. Sempre tive medo dos meus pesadelos e aquilo parecia ser ainda pior do que sonhar. Mas eu sabia que, querendo ou não, em um dia muito próximo a este, eu teria que fazer isso.

Não satisfeitas em fincar-se na arvore, as estacas simplesmente a atravessaram. Eu não as forcei o suficiente para que elas pudessem quebrar o tronco ou parti-lo, mas as estacas a perfuraram e caíram no chão. Carlisle foi até uma delas e tentou pega-la, mas quando as suas mãos pressionaram com uma força menos do que mínima, elas se desmancharam em farelos.

–- Caramba! – Bella sussurrou.

– Caramba! – Taylor repetiu, com um sorriso se formando nos lábios.

E a vida seguiu.

Os treinamentos continuaram cada vez mais pesados e eu treinaria por aquela semana o que consegui fazer hoje. Apenas quando eu soubesse arremessar as estacas com uma mira perfeita, nós partiríamos para o próximo passo. Eu já tinha algumas idéias, mas, de qualquer forma, ia começar a assistir alguns filmes de super-herói.

Eu não acreditava que faltava apenas dez dias para o verão. Dez dias. Como o tempo passou tão rápido? Como o tempo se esgotou tão rápido – acho que essa sim era a real pergunta. Eu não conseguia acreditar, o que mais doía era saber que eu tinha só mais dez dias com a minha Carol Anne, com meu Taylor. Dez dias para fazer tudo aquilo que eu não fiz até hoje. O que mais me assustava era que eu sabia que o décimo primeiro dia, o dia em que o verão começaria, seria aquele que definiria o resto de nossas vidas... Para sempre.



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