Primavera escrita por Jules


Capítulo 43
Branca de Neve




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Tudo estava tão claro. Nítido. Definido.

Havia uma luz fraca bem acima de mim e – como sempre – pude ver perfeitamente os filamentos cintilantes dentro da lâmpada. Podia ver cada cor do arco-íris na luz branca e aquela outra cor maravilhosa da qual eu nunca descobri o nome.

Eu sempre tive uma visão incrível – melhor do que a de qualquer vampiro, mas agora estava impressionantemente melhor, tudo era colorido e limpo.

A poeira era linda, dançava no ar acima de mim. Eu a inalei, maravilhada; o ar encheu meus pulmões e fiquei imediatamente mais aliviada.

Eu estava viva.

Viva.

Eu inalei o ar novamente e me sentei na maca. Jacob me encarava, sua expressão era congelada, como se ele estivesse em transe.

– Oi – eu disse a Jacob com uma voz fininha. Pelo que eu pude perceber, minha voz pelo menos não tinha mudado. Eu continuava com aquela voz estranha e meio fanha que eu sempre tive e isso era uma droga.

Ele não me respondeu.

Eu sorri quando ouvi Nessie subindo as escadas e abrindo a porta do quarto.

– Jake – ela disse olhando para o chão – Você quer que eu...

Quando seus olhos encontraram os meus ela arquejou. Tudo aconteceu em menos de um segundo e eu pude acompanhar cada momento, cada movimento de Nessie desde quando seus olhos encontraram os meus até quando seus braços apertavam meus ombros e lágrimas tolas escorreram dos seus olhos.

Nessie, como eu a amava! A menina que eu conheci quando era apenas uma criança agora tinha se tornado umas das mulheres mais fortes e lindas que eu já tive o prazer de conhecer.

– Jules! – Ela chorava – Você... Você está bem! – eu não consegui identificar se aquilo era uma pergunta ou não – Eu achei que você tinha...

– Shh – brinquei abraçando-a mais forte – eu estou aqui.

Eu sorri para ela.

– Você está tão linda! Ah, Jules! – Ela dizia tímida quando enxugou suas lágrimas com o dedo – Eu vou chamar o Taylor, tudo bem?

Eu assenti rapidamente. Meu Taylor, onde ele estava?

– Jake? – sussurrei quando Nessie desapareceu pela porta – Oi, de novo.

Ele se levantou e me prensou contra seu corpo e eu comecei a rir.

– Ei! Você também não vai chorar, não é? Você sabe que eu odeio ver pessoas chorando Jacob, ainda mais quando eu sou o motivo.

Os olhos de Jacob eram vermelhos como os de Nessie, os vasos sanguíneos estavam em evidencia. O que tinha acontecido no tempo em que eu fique inconsciente? Quanto tempo havia se passado?

Eu era realmente o motivo de toda a tristeza nos olhos deles?

– Eu tenho o direito de ficar feliz por saber que você esta viva. – Ele respondeu puxando meus braços e olhando em meus olhos – Olhe para você! Sua idiota, eu achei que você estivesse morta!

Eu fiz uma careta, mas sorri.

– Não era esse o motivo de todo o drama? – brinquei – Eu avisei que demoraria muito tempo para você se livrar de mim.

Ele riu.

– Hã, eu vou chamar o Taylor, O.K?

– Claro, claro.

Quando Jacob saiu do quarto eu balancei o corpo para frente e para trás. A expectativa em ver Taylor enchia meu estomago de borboletas, parecia que eu nunca tinha visto ele na vida mas ao mesmo tempo parecia que eu o conhecia há anos.

Alguém corria pela escada. Os passos não eram nem um pouco silenciosos. A pessoa estava aflita, desesperada, demorou segundos para que ela parasse com expectativa na frente da porta.

Parecia que Taylor tinha arrancado a porta do batente quando ele entrou e me fitou. Eu não pude rir como eu ri quando vi Jacob. Meu coração encheu-se de dor e desespero, eu queria tocar o homem que chorava a minha frente, queria enxugar suas lágrimas, beijar seus olhos e fazer o que fosse para que ele ficasse bem.

Taylor, que eu magoara tantas vezes que chegava a ser criminoso. Eu tinha o magoado da pior maneira possível. Eu iria me redimir com ele, faria de tudo para vê-lo sorrir novamente.

Ele correu ao meu encontro. Eu continuava sentada na cama quando ele me abraçou com toda a força do mundo. Não doeu, não machucou, eu queria que ele me abraçasse ainda mais forte, queria poder ser maior para poder embalá-lo em meus braços.

– Taylor – eu choraminguei. Não fui capaz de conter as lágrimas quando rocei os lábios em sua barba mal-feita e ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas – Ah Taylor! Você está bem!

Quando olhei seu rosto foi como a primeira vez. Foi como quando eu o vi na casa de Nessie em Forks, eu senti o que eu senti, como seu eu tivesse tido o imprinting por ele mais uma vez, como se fosse possível eu amá-lo ainda mais.

- Eu achei que nunca mais fosse te ver assim - ele sussurrou ainda sem olhar para mim  -, viva, sorrindo...

Ele tocou os lábios em meu rosto e a sensação era surreal.

Quanto tempo de minha vida eu tinha esperado para ver a perfeição do rosto de Taylor novamente? Quanto tempo eu ansiei pelo seu toque? Não me importava se tivessem passados dias, semanas ou anos, eu precisava dele, eu precisava agora.

Eu o abracei de novo e uma corrente elétrica passou por meu corpo quando o fiz. Ele estava lá.

– Você está bem – ele sussurrou – Você quase me matou do coração Juliet! Eu achei que você tinha... Ah! Você está tão linda! Tão linda!

Seus lábios tocaram o meu por um instante e eu ouvi alguém se aproximar.

– Jules? – Henrique me chamou.

– Oi – eu sorri quando Taylor foi para o meu lado.

– Está tudo bem? Como você se sente?

Agora que ele tinha falado eu me lembrei daquela sensação estranha em minha garganta. Queimava, ardia, minha garganta estava seca como as folhas das árvores no outono.

– Estou bem – eu sorri para Taylor – Na verdade só estou com um...

– Ardor na garganta? – Henrique perguntou como se já soubesse o que eu ia responder.

Eu levantei uma sobrancelha.

– É isso mesmo, como...

– Agora você é uma vampira, Jules – ele sorriu – Bom, meio vampira. Você tem certas, hã, necessidades.

– Entendi.

Quando Luis Henrique abriu a boca para continuar a falar, Alice entrou dançando no quarto e abraçou meus ombros.

– Você está perfeita – ela sorriu – Ficou ainda mais linda depois de eu ter cortado o seu cabelo. Ele estava horrível.

Eu suspirei.

– É, eu sei. – Eu sorri – Você cortou o meu cabelo? Obrigada.

– Não quer ver como ficou? – ela perguntou.

Mas antes que eu pudesse responder, Alice dançou pela sala, graciosa como uma fada. Em um segundo ela já estava de volta, trazendo o espelho imenso com moldura preta, o espelho tinha quase duas vezes a altura dela e várias vezes sua largura.

Taylor segurava minha mão como um vicio.

A primeira coisa que fiz foi olhar o cabelo. Estava bom, bonito, como se eu tivesse acabado de cortar. Então eu decidi olhar para baixo, para meu rosto e minha boca se abriu de pavor.

A única coisa que veio a minha cabeça foi a antiga fábula da Branca de Neve: Pele branca como neve, lábios vermelhos como sangue e cabelos negros como a noite.

Essa era eu.

Eu olhei rapidamente para Taylor e ele sorria de um jeito que fez meu coração bater irregular.

E os olhos! Os meus olhos! Eles estavam inacreditavelmente maiores, com o dobro de cílios e esses eram muito mais compridos e espessos. Eu não sabia o que esperar, meus olhos me provocaram um arrepio de pavor.

Porque meus olhos eram prateados?

Prateados, exatamente, pratas como a lança cortante de uma espada.

A mulher no espelho ergueu uma sobrancelha perfeita.



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