Primavera escrita por Jules


Capítulo 32
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

A vida é uma droga e depois você morre - Stephenie Meyer



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Nossa diversão tornou-se a prioridade. Nós nadamos com snorkel, exploramos a pequena selva que havia lá – conseguimos ver todos os bichinhos já que estávamos em forma de lobo. Nadamos com os peixes (bem, ele nadou com os peixes; os peixinhos só queriam saber de Taylor e me ignoraram completamente. Talvez isso tenha acontecido por causa do calor de Taylor. Talvez.)

Ficávamos fora o dia todo; então eu me via completamente faminta e exausta quando o sol finalmente se punha – ainda mais quando nós passávamos a noite em claro, o que acontecia quase todo dia.

Eu andava tendo sonhos esquisitos; sonhos, não pesadelos, eu dormia muito também, e – na maioria das vezes – acordava cansada.

Havia me acostumado a usar parte da coleção de lingerie de Renesmee para dormir a noite. Até que as lingeries não eram assim tão reveladores comparadas aos biquínis mínimos que puseram em minha mala.

Os hematomas já tinham desaparecido, tanto os meus quanto os de Taylor. Decidi então, naquela noite, usar uma das peças mais assustadoras do banheiro revestido de madeira. Era preta, de renda, linda mas constrangedora ao mesmo tempo. Me olhei rapidamente no espelho. Não reparei nos detalhes – não queria perder a coragem.

Tive a satisfação de ver os olhos de Taylor se arregalando por um segundo antes de ele jogar a cabeça para trás e sorrir enquanto passava a mão pelo rosto.

– Você quer me matar – ele murmurou.

Eu sorri e subi na cama. Ele me abraçou e me puxou para seu peito.


A mulher de cabelos compridos, negros e cacheados corria na grama sob um sol forte. O vestido vermelho e comprido era rente ao seu corpo alto e magro. Havia, ao lado dela, uma menina pequena com cabelos cor de chocolate e curtos, lisos como seda. As duas corriam e riam ao mesmo tempo, era uma cena linda.

– Eu vou pegar vocês! – ouvi a voz de Taylor dizer mas eu não o via. Parecia que era eu quem estava correndo atrás dela, era a minha voz, eu era Taylor.

– Não vai, não! – A mulher riu, virando-se de frente para mim enquanto corria de costas. Ela tinha a pele branca como a lua, olhos castanhos com cílios negros, espessos e compridos. A boca era vermelha como sangue – Nós não vamos deixar ele nos pegar, não é? – Ela perguntou para a menina.

– É – a pequena concordou com um sorriso. Seu rosto era estranhamente familiar.

E então, de repente, eu era aquela bela mulher. Eu corri para dentro do bosque enquanto ouvia risos atrás de mim, eles ficaram cada vez mais distantes. Eu parei de correr com um susto quando dei de cara com um monstro.

Jane.

Ao mesmo tempo em que a Volturi sorriu, eu ouvi um grito desesperado, um grito agudo de criança. Eu senti uma pontada no peito e corri para em direção do grito. Quando estava chegando perto ouvi outro grito: Meu Taylor, gritando agonizante. Tive tempo de chegar ao lugar e ver os rostos de Taylor e da menininha que eu tanto amava retorcidos de dor e queimando no fogo.

Eu caí de joelhos gritando desesperadamente.

Quando acordei no escuro, foi como um choque. O sonho tinha sido real demais... Tão nítido, tão sensorial... Eu arfava, desorientada no quarto escuro. Só um segundo antes, parecia, eu estava sob um sol forte,

– Jules? – sussurrou Taylor – Está tudo bem, meu anjo?

– Ah! – Arfei novamente. Só um pesadelo, não era real. Para minha completa perplexidade, as lágrimas transbordaram de meus olhos.

– Jules! – Ele disse, agora mais alarmado – Qual é o problema? – Suas mãos quentes seguravam meu rosto.

– Um pesadelo. Horrível! – Eu não pude conter o soluço que cortou minha voz. Eu estava horrorizada, tanto pelo sonho quanto pelas lágrimas. Eu não pude conter o desespero que tomou conte de mim.

Ajoelhei-me na cama e abracei o pescoço de Taylor. Ele colocou uma mão em minha cabeça e passou o braço por minhas costas, apertando-me contra ele.

– Respire fundo, Jules. Foi só um sonho, está tudo bem.

– Foi tão real! – Chorei – E tão horrível!

– Fale-me dele – insistiu Taylor – Talvez isso possa ajudar.

– Estávamos correndo... – minha voz falhou e eu me afastei para fitar com os olhos cheios de lágrimas seu rosto ansioso de anjo, sombrio no escuro. Eu o olhava pensativa enquanto a tristeza irracional começava a ceder.

– E...? – instigou ele por fim.

Pisquei para afugentar as lágrimas de meus olhos.

– Ah, Taylor...!

– Conte-me, Jules – pediu ele, os olhos loucos de preocupação com a dor em minha voz.

– Você... estava mo-mo-mo... – Não conseguia dizer, outro soluço rompeu de minha garganta.

– Ah! – ele suspirou e sorriu rapidamente – Shh, Jules querida. Eu estou maravilhosamente bem, não se preocupe comigo. Eu estou aqui.

Eu o encarei por alguns minutos enquanto as lágrimas desapareciam.

– Passou? – ele perguntou com uma voz engraçada e paternal; como um pai que consolava sua filha bebê.

Eu funguei e assenti rapidamente.


A nossa rotina foi a mesma. Nós comemos, fomos nadar, ficamos em casa mais um pouco e depois saímos novamente. Quando estava perto do pôr-do-sol, sugeri que colocássemos um filme para relaxarmos já que estávamos cansados demais.

O filme era bem estranho. Diferente. Era o tipo de filme que se assistia em lua de mel, mas não um casal como nós. O filme falava de um casal que se amava, que queria casar e ter filhos. O auge dramático do filme foi a pior parte. Taylor não parava de me olhar fixamente – avaliando minha reação – enquanto o casal da tevê brigava.

– Mas Carol Anne – Sr. Thompson gritava, chacoalhando a mulher pelos ombros –, nós queremos isso! Nós precisamos disso! É o meu sonho! Imagine: não seria incrível para você sentar comigo em uma varanda, nós dois com os cabelos brancos, enquanto nossos netos correm pela casa? Você não gostaria de viver isso?

Taylor continuava me observando, agora preocupado. Eu fingia que não via e continuava a olhar entretida a TV. Havia finalmente achado uma posição confortável no chão.

– Eu adoraria – Carol Anne sorriu. – É a realização de toda mulher.

– Nosso sonho – eles disseram juntos.

O filme seguiu o mais brega impossível. Tudo o que era óbvio aconteceu e quando o filme terminou fui para a beira do lago olhar a lua. Alguns minutos depois Taylor se juntou a mim.

– Oi – ele disse.

– Oi – eu ri e olhei para ele sorrindo. Colei meus lábios no dele e ele me puxou para perto. Coloquei as mãos em seu pescoço e comecei a fazer cócegas nele.

Ele começou a rir.

– Pare! – ele pediu rindo – Jules, por favor!

Eu ria junto com ele.

– Só se você implorar!

Ele soltou uma risada trovoante e eu me afastei um pouco quando percebi que ele ia se transformar. Suas roupas estavam jogadas no chão, todas rasgadas.

Ele deu um sorriso de lobo.

Eu apoiei a cabeça em seu flanco. O pêlo era macio e quente assim como sua pele. Nós ficamos em silêncio e eu fui adormecendo aos poucos. Depois de algum tempo, Taylor se enrolou em volta de mim protegendo-me do frio.

Nós dormimos a luz da lua.



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