Primavera escrita por Jules


Capítulo 33
Inesperado


Notas iniciais do capítulo

De tanto que sofre, um dia, o coração para de sentir.



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Quando acordei ainda estava deitada no chão com Taylor servindo de travesseiro. Ele ainda dormia. O sol batia no meu rosto, mas era uma sensação boa. Pelo lugar onde o sol estava ainda era cedo, talvez 10h30min da manhã. Eu estava faminta. Se Taylor demorasse demais acordar eu mesma iria fazer o café da manhã.

- Bom dia – Taylor disse me dando um susto enorme.

- Bom dia. Você está acordado a muito tempo?

- Não, faz alguns minutos. Estava te observando.

Olhei para ele.

- Não me lembro de ter visto – nem sentido – você voltar a forma humana.

- Nem eu – ele riu – é melhor eu ir colocar uma roupa.

Eu ri.

- Eu já vou entrar também.

Nós entramos na casa e eu subi para o quarto. Eu ainda usava o pijama de cetim azul-claro. O short estava apertando minha barriga então eu iria colocar algo mais confortável.

Passei em frente ao espelho de corpo inteiro do quarto. Quando eu estava perto do banheiro eu parei e voltei a olhar para o espelho.

- Nossa! Mas que barrigão! – Eu disse espantada e erguendo as sobrancelhas.

- Algum problema, Jules? – Perguntou Taylor lá de baixo.

Eu hesitei.

- Você percebeu como eu estou barriguda?

Ele riu.

- Você está maravilhosa. Não comece com este negócio de achar que está gorda.

- Eu não disse que estava gor...

Fui interrompida por um solavanco que veio de dentro de mim. Eu olhei espantada para a minha barriga.

Outro solavanco.

Mais outro.

O que era aquilo?

Definitivamente algo se mexeu dentro de minha barriga. Minha boca estava aberta de surpresa.

Impossível. Impossível! Impossível! Impossível!

Aquilo que estava se mexendo dentro de mim era um...? Era... era...?

Não, eu não ia me alimentar com falsas esperanças.

Mas e se fosse, justificaria o choro, a fome, o cansaço. Então me lembrei de algo que aconteceu três dias depois de ter chegado aqui: Eu estava tomando banho e me lembro de que houve sangue, ele escorria pela minha perna e ia embora pelo ralo. Não havia dor.

As palavras ditas há tantos anos ecoaram em minha mente.

- As meninas de sua espécie, elas tem filhos? Elas menstruam ou tem alguma coisa do tipo? – Perguntou Carlisle.

- Os mitos dizem que se a mulher menstruar por uma vez na vida – o que é muito difícil para nós -, talvez haja possibilidade de ela engravidar. Quando não há nada, é impossível.

E se não fosse menstruação, exatamente? E se acontecesse depois de tudo? Como se fosse um aviso?

Eu nunca pensei que pudesse haver esperança. Nunca. Mas também nunca tinha me conformado com o fato de que eu jamais poderia ver os olhos de Taylor numa versão menor de mim, de nunca poder ter o nosso filho. Mas diante daquela ocasião era tão difícil pensar que havia grandes probabilidades, era quase impossível.

Havia uma possibilidade que eu não conhecia.

Talvez fosse tudo coisa da minha cabeça. Eu estava com muita fome e isso já estava afetando meu sistema nervoso, talvez eu estivesse enlouquecendo.

Enlouquecer não seria mais um dos sintomas, seria?

E se eu estivesse realmente grávida?

Como se quisesse provar que realmente existia, senti algo se movendo dentro de mim. O bebê estava muito inquieto.

E depois do choque, a felicidade. As lágrimas transbordavam de meus olhos e escorriam pelo rosto.

O meu bebê. Meu filhinho. Meu e de Taylor.

Taylor entrou no quarto e se assustou quando me viu chorar.

- Jules! – ele ofegou assustado quando chegou perto de mim – O que aconteceu?

Peguei a mão dele e coloquei-a na minha barriga. Demorou 10 segundos até que o bebê me cutucasse de novo. Eu sorri e ele arregalou os olhos se ajoelhando na minha frente e encostando a orelha quente em minha barriga.

- Ai! – Taylor gemeu rindo quando o bebê chutou de novo. Ele devia estar com fome – Isso foi um chute? – ele perguntou maravilhado.

Não era coisa de minha cabeça afinal.

- Acho que sim.

- Você me disse que não podia ter filhos! – ele disse andando para a cama e me puxando junto com ele. Taylor sentou-se na beirada e eu fiquei em pé entre suas pernas.

- Me desculpe – pedi constrangida e de cabeça baixa – Você não queria ter filhos. Eu deveria saber que... Deveria ter tomado algum cuidado... Deveria ter feito alguma coisa...

Ele me olhava, sorrindo com o meu constrangimento e minha confusão.

- Você é a coisa mais fofa do mundo, sabia? Nem o bebê que está ai dentro é tão fofo assim. – ele deu seu sorriso angelical e eu corei – Jules, antes de te conhecer eu sonhava em ter uma esposa, em ter filhos, mas quando você disse que me amava eu percebi que era só de você que eu precisava na vida, percebi que só queria você. Eu não vi nenhum problema quando você me disse que não podia ter filhos, mas – ele colocou a mão em minha barriga – agora que você está grávida, eu não poderia estar mais feliz.

Eu sorri,

- Eu te amo tanto – sussurrei pegando o rosto dele nas mãos – Você não tem idéia do quanto.

- Tenho sim – ele sorriu – É tanto amor que chega até a doer.

Eu ri.

- Mas você está bem? Está sentindo dor, enjôo ou alguma coisa do tipo? – ele perguntou preocupado.

- Eu estou muito bem. Só estou com um pouco de fome, na verdade.

- Ah! É claro! – ele suspirou como se tivesse se lembrado de algo – O café já está pronto.

Da porta do quarto já era possível sentir o cheiro de ovos, bacon e cheddar. Meu estômago roncou e o bebê se agitou lá dentro.

Eu comi tudo agora que sabia que a fome era normal.

- Acho melhor nós irmos para casa – Taylor sugeriu – para podermos cuidar melhor de vocês. – Ele acariciou meu rosto sorrindo.

Eu sorri mas depois fiz um biquinho.

- Eu gosto tanto daqui! Nós podemos voltar depois, não é?

Ele sorriu.

- Quando você quiser. – Prometeu – me ele.

Nós subimos e arrumamos nossas malas, enquanto ele agendava a viagem eu troquei de roupa e fui para a beira do lago para uma despedida. Enquanto olhava o sol um pensamento lindo invadiu minha mente.

O bebê de pele cor de bronze, tão lindo quanto o pai. Os cabelos negros e desgrenhados e os meus olhos grandes. O menininho quente em meus braços.

Ele estava mais calmo agora que nós já tínhamos nos alimentado. Eu sorri e deitei na grama, a ponta de meus pés tocava a água.

- Que sorriso lindo. Acho que nunca vou me acostumar com ele. – Taylor disse e quando abri os olhos ele estava sentado ao meu lado. – Já agendei tudo. Nosso voo é daqui duas horas, tudo bem?

- Tudo bem – respondi com um sorriso.


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