Primavera escrita por Jules


Capítulo 28
O tão esperado dia


Notas iniciais do capítulo

Ah, vou morrer.



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Acordei num estado de perfeita calma. Foi estranho, quando me levantei para escovar os dentes e lavar o rosto senti como se fosse uma gelatina gigante.

Me vesti e desci a cozinha. Rosana estava perto da pia fazendo café. Eu peguei uma toalha.

– Oi – eu disse estendendo a toalha amarela e branca na mesa – Eles ainda não voltaram, não é?

– Não – ela respondeu – Bom dia. Como você está?

Eu peguei o requeijão, o leite e a manteiga e coloquei na mesa enquanto minha mãe colocava o resto das coisas. Eu me sentei a mesa.

– Que legal da parte deles – ironizei – Estou bem.

Comecei a tomar café, mas fui bruscamente interrompida. Uma multidão feminina invadiu minha cozinha.

– Jules! – Nessie cantarolou. Lá estava ela, junto com minhas tias, minha avó e minhas primas. Márcia começou a me puxar para longe da mesa.

– Ei! O que você está fazendo?

– Você tem que começar a se arrumar. – respondeu ela, eufórica.

– Mas o casamento é só à noite! São onze da manhã! – resmunguei nervosa.

– Você tem muito que fazer – disse Alice sorrindo, eu nem tinha notado que ela também estava lá – Hoje você terá seu dia de noiva.

Elas recomeçaram a me puxar.

– Deixem pelo menos eu terminar de comer! – gritei.

– Mulher magra não come – alguém rebateu.

Elas me carregaram até a casa que existia perto do lago e me arrastaram escada a cima. Quando chegamos ao primeiro e ultimo andar vi que o cômodo tinha se tornado um salão de beleza.

– Deus... – Murmurei.

– Deite aqui, Jules – Nessie disse apontado para a cama.

E então a tortura começou.

Passamos a tarde inteira fazendo coisas de mulher. Que sofrimento! Toda aquela parafernália feminina estava me dando nos nervos. Eu não entendo o porque de tudo isso, não importa o que ela vão fazer em meu rosto, eu ainda vou parecer muito simples ao lado dele. Por volta das seis horas todas elas foram se arrumar, menos minha tia que continuou comigo.

– Acho que você é a noiva mais bonita que o mundo já viu – disse ela enquanto aplicava a máscara de beleza – Taylor tem muita sorte – A voz dela tornou-se maldosa e divertida em um segundo – e você também não é, sua espertinha.

Eu ri e ouvi minha mãe entrar no cômodo.

– Ah! – ela ofegou. Minha mãe usava um vestido verde água, ela estava tão linda! O vestido fluía como uma cascata por seu corpo magro – Passe um batom vermelho!

– Vou tentar – grunhiu Márcia – Essa boca esquisita da Jules dificulta um pouco a coisa.

Ela passou o batom e foi embora, disse que também ia se arrumar.

– Cheguei! – Anunciou meu pai que já estava com seu belo terno. – Nossa, Jules! Você está linda filha!

Eu sorri.

– Obrigada.

Eles se aproximaram de mim, Rosana segurava uma caixinha vermelha. Ela ergueu a tampa e a estendeu para mim.

– Uma coisa antiga. Era minha de quando eu era bebê.

Dentro da caixinha estava uma presilha de prata. Ela tinha o formato de um pequeno laço. Diamantes pequenos cobriam toda a estrutura de metal.

Um nó surgiu em minha garganta.

– Mãe, pai... Vocês estão loucos? É lindo!

Minha mãe sorriu e penteou minha franja para o lado. Ela prendeu o cabelo com a delicada presilhinha.

– Pronto! – Ela disse passando a mão pelo meu rosto – Mas cadê o vestido?

– Está aqui – Luzia disse quando entrou no quarto.

Eu ofeguei.

No momento em que eu vi o vestido, milhões de lembranças invadiram minha mente. Lembrei do vestido perfeito de Nessie – ele nem se comparava ao meu. O vestido era de um cetim perolado. Mesmo fora de meu corpo eu sabia que ele ia ficar bem rente a mim. As mangas eram compridas e nos ombros havia um pequeno volume. Parecia que o vestido tinha saído de um sonho e não de um conto de fadas já que nenhuma princesa nunca viu algo tão lindo. Meu pai saiu do quarto e minha avó e minha mãe me ajudaram a colocar o vestido de um jeito que não estragasse meu novo rosto. Minha avó estava linda com seu conjunto lilás.

Eu sorri.

– Como estou? – Perguntei.

– É a coisa mais linda que eu já vi. – Meu pai respondeu entrando no quarto.

Eu corei.

– Você está oficialmente perfeita – Lulu disse – E bem a tempo! Taylor já está te esperando lá embaixo.

Minhas pernas tremeram.

– Está? – Perguntei e minha voz saiu estrangulada.

Nessie entrou no quarto e como sempre estava maravilhosa. Usava um vestido azul marinho que contrastava de um jeito lindo com a sua pele branca como a lua.

– Ah Jules! Você está... Nossa! A noiva mais bonita que eu já vi.

Eu sorri.

– Você também está linda Nessie.

– Rosana, Alice disse que está na hora de você se acomodar lá embaixo – disse ela.

– Tudo bem, eu já vou. – Ela me deu um beijo e passou os braços por minha cintura me apertando delicadamente. Depois desapareceu pela porta. Minha avó fez o mesmo.

– Hayley e Johnny já estão lá embaixo. Acho melhor descemos. – disse meu pai.

– Tudo bem. Só não me deixe cair.

– Nunca. – ele respondeu.

Nós descemos enquanto Edward tocava uma linda música que Taylor compôs. Eu não ia casar com a tradicional marcha de Wagner e sim com uma música que eu e Taylor compomos juntos. Hayley e Johnny também esperavam atrás da parede de flores e plantas. Meu coração voava, mas não era de nervosismo, era de felicidade. Luis passou a minha mão por seu braço e a apertou.

Respirei fundo quando a música se metamorfoseou em outra. Luis me cutucou.

– Jules, é nossa vez.

Eu assenti enquanto via Hayley e Johnny desaparecerem atrás da parede.

Um passo de cada vez eu disse a mim mesma. Na hora em que eu atravessei a parede eu não conseguia vê-lo. Quando fiquei de frente para o altar vi, ele, a coisa mais encantadora do mundo com um terno preto e os cabelos desgrenhados levemente penteados. Quando encontrei o olhar pasmo de Taylor vi a minha expressão refletida nos olhos dele. Ele me olhava não acreditando no que via – ainda mais quando a luz da lua atingiu meu rosto – depois do susto de ver algo tão bonito, veio o sorriso. O meu sorriso. Aquele que me fazia querer morrer. A minha expressão era a mesma.

Todo o sofrimento, toda a dor que eu senti por Jacob, Renesmee ou por mim mesma desapareceu. Eu estava caminhando em direção a ele, em direção da melhor pessoa do mundo, da pessoa pela qual eu sentia algo sobrenatural, algo alem da vida e - por um milagre – caminhando em direção a pessoa que sentia a mesma coisa por mim.

Só o que eu via era o rosto de Taylor; ele enchia minha visão e dominava minha mente. Seus olhos escuros ardiam; o rosto perfeito se enchia no exultante sorriso de tirar o fôlego.

Finalmente eu estava lá. Taylor estendeu a mão. Luis pegou minha mão e, num símbolo tão antigo quanto o mundo, colocou-a na de Taylor. Eu toquei o milagre quente de sua pele e me senti em casa.

Nossos votos foram as palavras simples e tradicionais já pronunciadas um milhão de vezes, embora nunca por um casal como nós. Naquele momento, enquanto o ministro pronunciava aquelas palavras, meu mundo, que há tanto tempo estava de pernas para o ar, e meu coração que estava tão confuso, pareceu se acomodar em sua posição correta. Olhei nos olhos brilhantes e triunfantes de Taylor e sorri.

– Sim – eu disse e minha voz soou diferente. A palavra soou gloriosa e cheia de júbilo.

– Sim – ele prometeu, a voz soou vitoriosa e clara.

O Sr. Howard nos declarou marido e mulher, e depois as mãos de Taylor se estenderam para afagar meu rosto, com cuidado, como se fosse delicado como as pétalas vermelhas que balançavam acima de nossas cabeças. Eu tentava compreender o fato surreal de que aquela pessoa incrível era minha. Seus olhos davam a impressão de que tinham lágrimas que não caiam por um esforço enorme da parte dele. Taylor inclinou a cabeça na minha direção e me beijou de forma delicada, mas dessa vez foi diferente. Ele nunca tinha me beijado daquele jeito.

Ele afastou o rosto para me olhar. Na superfície, seu sorriso repentino era quase de diversão, quase malicioso. Mas por baixo essa diversão momentânea para exibição pública era uma alegria profunda que ecoava meu próprio júbilo.

A multidão explodiu em aplausos, e ele nos virou para ficarmos de frente para nossos familiares.



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