O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 2
A chantagem sem escapatória


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Pinako viaja para cuidar da irmã doente e deixe a neta sozinha. Lust aparece para fazer uma visita nada amistosa.



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Pinako acordou cedo para fazer uma viagem à Cidade do Leste, sua irmã não havia passado bem na noite anterior devido a uma epidemia alastrada pela cidade, mas que estava cessada.

Winry - Tem certeza que você vai mesmo, vovó? – Segurou a ferramenta na mão, apreensiva por uma senhora da idade dela fazer uma viagem tão longa.

Pinako - Preciso ir, Winry. Minha irmã está precisando de mim. Cuide-se bem. Se aquele nanico do Edward aparecer, não esqueça de colocar todos os parafusos. - Falou, displicente, enquanto pegava as malas.

A neta fez uma cara de poucos amigos pelo comentário, mas pegou as malas da mão da avó e caminhou na frente.

Winry – Pois fique sabendo que é impossível ligar todos os parafusos. Ele não tem sequer um na cabeça. - Deu uma risada, mas seu semblante voltou a ficar sério. - Além disso, faz muito tempo que eles não aparecem por aqui. - Colocou as malas no chão, passeando os olhos pelo terminal de trem.

Pinako pegou na mão da protética para se despedir.

Pinako - Ainda não conseguiu se acostumar com isso, não é? Eles têm que seguir seus objetivos para poderem viver em paz. - Afagou-a brevemente, puxando seu cachimbo do bolso.

Pinako - Aquelas crianças não tem para onde ir e nem para quem voltar. - Acendeu o fumo, assoprando lentamente, vendo a fumaça se misturar à luz do Sol que refletia dentro do terminal.

Winry a fitou de canto de olho. Sua avó implicava com Edward, mas o tratava como filho. Não podia deixar de dar razão a sua fala, mas uma coisa não estava certa. Eles tinham sim para onde voltar e para quem voltar. O que as duas mulheres eram na vida deles senão sua única família?

"O que será que eles estão fazendo agora?", perguntou-se, distraída. 

Pinako - Bom, está na minha hora. - Disse ao ouvir o som da buzina do trem.

Winry - Quanto tempo devo esperar pela senhora? - Abraçou-a forte, com uma leve sensação angustiante no peito.

Pinako - Duas semanas, no máximo. Vai depender da situação da minha irmã. Vou ligar avisando a o dia e hora que chegarei, fique tranquila. - Deu-lhe duas batidinhas suaves nas costas e subiu as escadas do trem, abanando a mão ao se despedir.

Winry esperou terminar de assistir os últimos vestígios do trem se dissiparem ao longe antes de ir embora. Estava com um sentimento estranho, como se tudo pudesse mudar a partir daquele momento. Fez gestos negativos com a cabeça, desanuviando os pensamentos inadequados. Eram apenas inseguranças por ter de ficar sozinha por tantos dias.

No retorno para casa, a garota fez compras de alimentos, já que pretendia ficar sozinha por vários dias. Winry aproveitou a ausência de todos para ter um mergulho profundo em seu trabalho. Foram quatro dias de imersão e estudos, apenas com a companhia de seu cachorro.

Winry - Acabei mais um auto-mail. – Levantou da cadeira e se espreguiçou. - Dessa vez Edward vai se surpreender. – Ergueu o novo braço mecânico como se fosse um troféu. – Várias peças trocadas, design mais arrojado, mais flexibilidade, não enferruja e mais fácil de manusear. É a perfeição! - Falou vitoriosa, abraçando o auto-mail em seu corpo.

Naquele momento que apreciava sua própria vitória, ouviu leves batidas na porta de entrada. Winry andou alguns passos em sua direção, mas franziu o cenho, estranhando visitas inesperadas às sete e quinze da manhã. Voltou o olhar para si, verificando se parecia muito suja, mas constatou estar apresentável. Voltou a andar, apenas limpando as mãos sujas de graxas com um pano. 

Quando estava prestes a girar a maçaneta, a porta foi arrombada de forma tão rápida e violenta, que a protética mal pôde entender o que havia acontecido. A claridade do dia raiando lhe atingiram, impedindo-a de focar o que estava ocorrendo diante de si. Sentiu lâminas muito finas e perigosamente cortantes atravessarem à sua frente e cercarem seu corpo de tal forma, que caso movesse um centímetro, seus membros seriam dilacerados.

 Assim que sua visão se acostumou à luminosidade, suas pernas quase cederam. Um homunculus estava diante de seus olhos. Aqueles seres que já ouvira milhares de vezes os irmãos Elric lhe alertarem. Observou o símbolo de ouroboros em seu busto e confirmou ser Lust, a mais perigosa dentre eles. Apesar de saber que não era humana, tinha as formas de uma pessoa normal e poderia ser considerada uma mulher muito bonita. 

Analisou sua situação, as lâminas simplesmente a encurralaram facilmente. Nada podia fazer a não ser esperar. O desespero começou a tomar espaço em sua mente, a iminência da morte lhe espreitava. Respirou fundo, tentando segurar suas pernas que começavam a bambear.

Lust - Consigo ver o medo em seus olhos, mocinha. - Aproximou-se, lentamente.

Os olhos da protética se arregalaram quando viram de perto aquele rosto nada angelical a poucos centímetros de si. A loira fechou os olhos, passeou a visão pela sala, avistou uma chave de fenda em cima da mesa. Apertou os próprios lábios, tensa demais para conseguir bolar um plano. Seus reflexos e visão eram mais lentos que o da homunculus, arriscar-se poderia lhe custar a vida.

Lust - Ora, ora. Estou vendo que está pensando em me atacar com algo, está vasculhando a sala procurando uma salvação? - Encheu um ambiente com uma risada aparentemente genuína. - Adoro humanos. 

Winry só conseguiu perceber a mulher analisar seu corpo de cima a baixo e lhe jogar fortemente contra a parede. O movimento foi tão rápido que a protética mal poderia explicar a alguém como ficou presa naquela parede, com as garras fincadas no concreto e em suas roupas. 

Analisou a si de maneira ligeira apenas para certificar que não estava machucada. Não entendia aquela invasão em sua casa, o que ela tinha a ver com os planos deles e qual o motivo dela não lhe machucar. A certeza que não seria cortada em mil pedaços lhe fez engolir o choro e lançar uma pergunta feroz. 

Winry - O que você quer, maldita? - As palavras saíram mais violentas do que pretendia. Respirou, ofegante. A intenção não era instigar um monstro como aquele.

Lust contraiu os lábios para baixo, parecia fazer uma expressão de rendição. 

Lust - Admiro a sua coragem, Rockbell.

Winry - Como sabe meu nome?

Lust - Eu sei de tudo que acontece, meu bem. - Deu de ombros para os questionamentos, mas seria necessário ser paciente porque a menina precisava entender o motivo de estar ali.

Winry tentou controlar a própria respiração, tensa demais para pensar em outra pergunta, embora não estivesse entendendo nada. 

Lust - Pode respirar, estou ouvindo o seu coração daqui. - Revirou os olhos. - Não vou te matar, menina, relaxe. 

Winry não confiou nas palavras, mas ainda assim tentou conter seu pavor para entender a situação.

Winry - Por que está aqui? Por que não quer me machucar?

Lust - Quantas perguntas, garota curiosa. - A morena lhe direcionou uma cara de tédio. - Quero que faça algo para mim, um pequeno favorzinho. - Tirou as garras fincadas na parede, soltando Winry no chão na sala. 

Winry - Não tem nada que uma humana como eu possa fazer para monstros como vocês. 

A homunculus estava surpresa com a língua afiada da jovem.

Lust - Você é petulante e corajosa. - Colocou a mão no queixo, parecendo concatenar algo óbvio. - Agora entendo porque o Fullmetal nutre sentimentos por você.

A protética deu um passo para trás, tensa e levemente ruborizada com a revelação. Era óbvio que aquilo só poderia ser mentira. Não iria cair nos jogos daquela mulher vil.

Winry - Você só está blefando.

Lust - Não vim para conversar. - Fechou o semblante. - O meu objetivo aqui é lhe entregar um serviço a ser feito e um aviso.

Winry - O que você pretende fazer comigo?

Lust - A pergunta certa é: o que pretendemos que você e Edward façam juntos? - A garota não entendia nada do que a morena falava.

Winy - O que Edward tem a ver com isso?

Lust - Digamos que ele terá uma participação prazerosa. 

A loira franziu o cenho, o que a mulher dizia era caótico e sem sentido algum. 

Lust - Como já deve saber, a família Elric tem uma ligação muito especial com a criação da pedra filosofal. - A protética desfez a cara de desentendimento. Sabia que a pedra era algo que fazia ambos sacrificarem as próprias vidas.

Winry - Que ligação especial? - Vociferou, nervosa.

Lust - Pare de me fazer perguntas. Será inútil, não vou respondê-las.

Winry - Então diga o que devo fazer para você ir embora! - Disse, entredentes, irritada e tensa de estar naquela conversa obtusa.

Lust - Faça uma criança.

Winry - O quê? - Seu desentendimento era tanto, que repetiu a pergunta, balançando a cabeça negativamente. - Você não cansa de blefar? - O que uma criança tinha a ver com a conversa que elas tentavam ter? Precisava a mulher ir tão longe com suas loucuras? Perguntava-se Winry.

Lust - Com o alquimista do aço. 

Winry - O quê?! - Só conseguia repetir o mesmo questionamento, o diálogo era tão absurdo e desconexo, que sua reação foi rir. Riu descompassadamente, de nervoso e incredulidade. 

Winry - Não sabia que os homunculus eram inventivos assim. - A cara séria e fria como mármore da morena fez Winry se calar.

Lust - Não me teste, sua garota zombeteira. - Andou em sua direção com raiva nos olhos. - Não vim à passeio, nós queremos que você carregue um filho do Fullmetal. 

Winry sentiu as pernas bambearem novamente. Que merda era aquela acontecendo? Um zunido em seu ouvido a fez ficar tonta. Estava em choque. Teria alguma chance da mulher estar falando sério?

Lust - Precisamos expandir a família Elric, querida. O único homem com condições biológicas para reproduzir é o irmão mais velho. 

 Winry - Você não pode estar falando sério. - Balbuciou as palavras, embora sua mandíbula estivesse trêmula.

Lust - Não estou aqui para palestrar os motivos pelos quais precisamos de um descendente dos Elric o mais rápido possível, meu bem. -  Puxou o queixo da garota. - Você é uma bela jovem, vai atraí-lo facilmente. 

Winry - Eu jamais poderia fazer algo do tipo. - Lágrimas começaram a lhe descer. Um pânico tão grande que sentia um buraco em seu estômago. Suas pernas cederam, fazendo-a cair de joelhos no chão. - Eu não posso. - Tentou dizer alguma frase. 

 Lust - Nosso tempo é curto e você é a garota que trará a criança que estamos precisando. O filho de vocês será nosso logo ao nascer.

Aquelas palavras eram como cortes profundos em sua alma. Como sua vida havia virado de cabeça para baixo em um espaço curto de tempo? 

Winry - Eu não posso. - Estava negando aquele diálogo como se fosse sua tábua de salvação. 

Lust - Você pode, meu bem. - Agachou-se para ficar em sua altura. - Não são irmãos, não há laço familiar entre vocês para haver alguma restrição genética. 

Negou veemente as afirmações da morena. 

Winry - Eu nunca... - Tentou conter as lágrimas grossas que saíam de seus olhos. 

Lust - Nunca transou, eu sei. - Concluiu a fala da menina, já entediada com todo o drama. - Aproveite e se livre disso, em algum momento você ia abrir as pernas para alguém. - Levantou, irritada. 

Winry colocou as mãos no rosto, não acreditando estar ouvindo aquelas palavras agressivas e vulgares sobre sua vida pessoal. Que direito tinha ela de falar algo? 

Winry - Que direito têm vocês de comandarem meu corpo? O que eu tenho a ver com tudo isso? - Gritou, desesperada.

Lust - Puta drama do inferno. - Vociferou. - Escuta aqui, menina. - Abaixou-se, puxando o cabelo da moça tão forte, que sua cabeça pendeu para trás. - Você não entendeu ainda. Eu vou ter o seu filho nas minhas mãos daqui a nove meses porque nós precisamos. Dante precisa dele. Nós somos seres superiores aos humanos e vamos comandar o que quisermos. 

A loira parecia balbuciar algo, mas Lust a interrompeu.

Lust - Fica quietinha, garota insolente. Se não fizer o que eu estou lhe mandando nos próximos dias, acredite, sei onde está sua avó e seus melhores amigos. Não me desafie ou eu vou fazer picadinho de todos nessa cidade nojenta. Entendeu agora? - Gritou, soltando os cabelos da menina, que parecia petrificada.

A morena bufou, respirou fundo, não tinha paciência para virgens.

Lust - Se tentar nos enganar ou fazer manobras para que outras pessoas saibam, as consequências serão as mesmas. Começando por sua avó Pinako.

A protética segurou as têmporas. Estava perplexa. A informação fora tão violenta que seu corpo não mexia aos seus comandos. Seus enlaces amorosos sequer tinham passado dos beijos, como iria cogitar fazer sexo com um homem se não estava preparada? Pior ainda seria imaginar isso ocorrer com Edward. A ideia era tão repulsiva que sentiu a comida subir em sua garganta. Vomitou em um rompante, deixando os últimos espasmos de seu estômago acalmarem. 

Lust - É bom você estar com medo. - Cruzou os braços. - Apenas transe com aquele garoto e me dê a criança, sem dramas. Não vou te matar se fizer o nosso acordo. Ninguém vai saber. 

Winry - Ele é meu amigo de infância. - Conseguiu gaguejar a frase.

Lust - Ele também é um homem agora. Basta abrir as pernas e deixar ele te fazer um filho. 

Winry - Ele não vai querer. 

Lust - Acredite, vai sim. 

Ficou em silêncio por alguns minutos, deixando a menina raciocinar por conta própria. Também não podia desesperá-la a ponto de deixá-la surtada. 

Lust - Querida, entenda. - Descruzou os braços. - Ao menos é alguém que você conhece e será consensual. Separe uma noite, apenas você e ele, esteja no período fértil e tudo saíra como o desejado.

Winry - É impossível ele querer.

Lust - Ele é um homem, querida. Ele vai querer. 

Winry - Ele me vê como irmã. 

Lust - Se está com tanta dúvida, ao menos o provoque. Se insinue, veja se aceita as suas investidas. Tenho certeza que vai se surpreender.

Winry - E se ele não conseguir?

Lust - Edward vai dar conta do serviço. Você não vai querer sair de cima dele, acredite.

Winry - Não estou interessada se ele é bom nisso. Eu não posso, eu não conseguirei, vocês escolheram a pessoa errada. 

Lust arfou, estava sendo mais difícil que imaginara, mas não tinham muita opção a não ser ela. 

Lust - Não é uma escolha. Faça isso sem que ele desconfie. Ele não pode saber, jamais. Entendeu? Você vai ficar grávida sem que ele saiba. Isso pode ser problemático depois. Se desconfiar, não vou ser piedosa. 

Winry - Como vou esconder uma barriga? Estão loucos? 

Lust - Tenha apenas um caso, viva longe, termine tudo assim que confirmar carregar o bebê. Simples. Seja mais prática, pelo amor de deus. 

Winry - E todos ao redor, o que direi a eles? O que direi para minha avó e Alphonse? 

Lust - Isso não é problema meu, improvise. Minta. Engane a todos. - Deu de ombros. 

A protética percebia que estaria enredada em uma trama complexa de mentiras por todos os lados. Não somente iria esmagador seus princípios e moral, mas também trairia seu corpo, colocaria uma vida no mundo para sofrer, sem assistência, além de enganar a todos ao redor.

Winry - Não vê que esse plano é muito difícil executar? 

Lust - Para você será fácil. - Suspirou cansada de explicar as coisas a uma reles humana. - Não vou mais perder meu tempo aqui, já passei o recado, não me desafie ou vai se arrepender. 

Enquanto a menina tentava de forma agoniada digerir as informações e balbuciar alguma coisa, Lust se afastou da moça, assim como sua sanidade. 

Lust - Não podemos mudar a lei da natureza. Daqui há alguns meses voltaremos para pegar seu filho com Edward. Nem um dia a mais.

 A sedutora mulher foi embora, deixando o corpo de Winry em choque no chão. A loira estava atônita, perplexa, em um surdo e excruciante desespero. 

Gluttony - A menina aceitou, Lust?

Lust - Ela tem que aceitar ou nós teremos de fazer uma insígnia de sangue.


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Notas finais do capítulo

Olá galera,

Está aí mais um capítulo da história. Dicas e sugestões nos comentários serão muito bem vindos.

Beijos. (: