O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 3
A chegada de Edward e as visitas militares


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo há a primeira aparição de Edward Elric. Suas conversas tomam rumos inesperados com Winry, mas são interrompidas por visitas militares de Roy Mustang e Riza Hawkeye.



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Ed – Winry! - Sacudiu levemente o corpo desacordado da garota, que estava estendida no chão, enquanto o cachorro latia descontrolado ao redor de ambos.

Edward chegou há poucos minutos na cidade e já estava lidando com uma situação, no mínimo, preocupante. 

Ed - Winry, consegue me ouvir? - Depositou a mão em sua testa, verificando a temperatura. Estava fria e pálida. - Porra, garota, vamos lá! - Colocou a mão em seu peito, buscando ouvir o coração.

Aliviou a tensão quando sentiu as batidas discretas. Afastou o ouvido de seu dorso e viu a garota lhe fitar assustada. Observou a situação em que estava, escorado na protética, com a mão em seu peito e a pouco centímetros de seu rosto. Era óbvio que ela estaria perplexa. 

O loiro rapidamente tirou a mão e se afastou do corpo gelado de Winry. 

Ed - Winry, calma. - Fez sinal negativo com a cabeça e as mãos. - Não é o que você está pensando. - Previa que uma tempestade de ódio estava prestes a chegar. 

A protética ficou estática. Estaria em um pesadelo? Precisaria executar o plano naquele momento? Sacudiu a cabeça, atordoada, estava acordada e no mundo real. Lembrou das palavras da homunculus. Seu coração começou a acelerar mais uma vez. Colocou a mão nas têmporas. Levantou a visão para Edward, que tentava se explicar por ter lhe tocado. 

Ed - Eu estava tentando ver se você ainda estava viva, só isso. 

Winry engoliu em seco. Vasculhou com os olhos ao redor de si. Nenhum vestígio da mulher. Observou que a porta estava aberta, mas a maçaneta estava intacta, sem nenhum sinal de arrombamento. 

"Quem eram aqueles seres, afinal?", questionou-se internamente, confusa. 

Ed - Consegue se levantar? - Tocou em seu braço para lhe apoiar. 

Winry sentiu aquele toque em seu corpo e um misto de sentimentos de repulsa e pavor lhe tomaram. As palavras da mulher cruel lhe chicoteavam a mente. A injustiça de viver aquilo causava um grande ódio em seu peito.

"Meu deus, um filho! Com ele!", depositou seu olhar em Edward, reparando seus traços e se seria possível ter o mínimo de coragem de concretizar o pedido caso não houvesse saída. 

"Não, eu jamais vou conseguir dar um passo adiante.", constatou a garota. Eram muitas memórias de infância lhe açoitando, proibindo qualquer chance de imaginar outro cenário com o homem a sua frente.

Ed - Eu te ajudo.

O loiro a levantou, passou o braço de automail por trás das costas da protética, repousando a mão firmemente em sua cintura. Depois, segurou no punho de Winry e passou por seu pescoço a fim de escorar o corpo a não cair. A protética engoliu a saliva que se acumulava. Tinha a nítida sensação que um véu havia caído de seu rosto, descortinando uma nova descoberta. Os toques de Edward. O véu da pureza da relação de ambos, agora tingido pela ganância dos homunculus.

Nunca havia dado bola para a interação entre eles. Sempre conviveu com Edward e sequer notava nos traços do garoto. Eram amigos, mas Winry se mantinha distante fisicamente de meninos. Talvez algo da infância para evitar sofrer algum abuso. Jamais havia pensado em algo íntimo com o amigo, simplesmente porque era algo impensável, proibido e imoral. Edward era praticamente um irmão, tirando a parte que não o tocava de forma displicente e nem ficava nua a sua frente, após adultos.

Ed - Melhor agora? - Deslizou a garota para o sofá, sentando ao seu lado. 

Winry assentiu. Era melhor fingir por enquanto que estava tudo bem, na medida do possível. Viu que o homem se escorou no sofá, exausto. Devia estar cansado, sua mala estava ainda no hall de entrada na casa, a porta aberta e o cachorro ensandecido, latindo sem parar. 

Ed - Ei, cachorro, para de latir. - Levantou-se, novamente, mal humorado. Colocou a mala para dentro, fechou a porta e trancou em silêncio. Observou a maçaneta por alguns segundos. 

"Será que desconfia de algo?", pensou Winry, apreensiva. 

Ed - O que aconteceu? - Questionou com uma voz bastante séria. 

A loira fitou as costas do alquimista, que ainda estava analisando a maçaneta. 

Ed - Alguém entrou aqui? - Virou-se parcialmente para a garota, fitando-a de canto de olho. 

Winry - Não. - Viu a expressão nervosa da garota passear pela casa, buscando algo fora do lugar. 

Ed - Procurando algo que entregue a sua mentira? - Voltou a andar em direção a ela. 

Winry - Não estou mentindo. - Falou rapidamente, sem encará-lo.

Ed - Está, descaradamente. - Ficou de pé a sua frente. 

Winry fechou os olhos, o nervosismo começando a tomar conta de novo. A presença intimidante do alquimista não ajudava. Estava a sua frente esperando uma resposta e nada tinha na mente para distraí-lo. Pensou por qual razão do destino ele estava ali poucas horas depois de ser chantageada, não lhe restando tempo hábil de entender o imbróglio que se transformou sua vida ou até mesmo de bolar uma estratégia para lidar com tudo.

"Como vou me desvencilhar dessa situação sem que ele desconfie?", pensava freneticamente a protética. Escorou a cabeça nas mãos e depositou os cotovelos no joelho.

Ed - Sabe que pode confiar em mim, não é? - Abaixou-se perto dela, pegando seus dois punhos, descobrindo seu rosto. - Confia em mim. 

Por que ele tinha que dizer aquelas palavras dilacerantes e certeiras? Por que Winry tinha a nítida sensação que tudo era como um aviso subliminar para o que ocorrera há algumas horas? 

Winry - Eu estou com uma dívida. - Mentiu, sem qualquer pudor. Precisava enrolá-lo para ter tempo de digerir o que havia acabado de acontecer. 

Ed - Dívida? - Questionou, sem entender e com razão. Era óbvio que elas não tinham dívidas. 

A loira se soltou dos toques do alquimista. Levantou rapidamente. 

Winry - Estou com uma dívida por causa da minha futura loja de automail. - Aprofundava-se mais na própria invenção, embora não fosse mentira que guardava dinheiro para montar seu comércio no futuro.

Ed - Achei que estivesse guardando dinheiro. 

Winry - Eu estou, eu estou. - Reiterou. - Mas eu tinha resolvido agilizar as coisas e acabei pegando uma dívida com o banco. Eles vieram hoje cobrar com promissórias e eu fiquei desesperada. 

Ed - Eles te ameaçaram? 

Winry - Não! - Negou, rapidamente. - Apenas fiquei mal com tudo isso. - Tentou esboçar um meio sorriso, mas percebeu que não estava convencendo. 

Ed - E por que o cachorro está tão alvoroçado? - Winry olhou seu animalzinho e se perguntou o que ele estava fazendo na hora em que precisou. 

Winry - É porque eu tive uma conversa acalorada com o homem do banco, Edward. E aí ele ficou assim, meio desesperado para me proteger. Só isso. - Finalizou a história, tentando não deixar nada sem desfecho.

O loiro suspirou, sentou no sofá, bateu as mãos no estofado por alguns segundos.

 Ed - Isso mexeu com você, não é? Na maioria das vezes iria gritar e brigar comigo porque eu nunca apareço. - Ela assentiu, sem graça. 

Engatou outro assunto, vendo que havia se livrado de uma situação complicada. 

Winry - Onde está Alphonse?

 Ed - Está com Pinako na Cidade do Leste. 

Winry - Por quê? - Sua pergunta saiu mais  enfática do que gostaria, mas estava apavorada dos homunculus fazerem algo com sua avó e acabarem aproveitando a presença de Al para manipulá-la. 

Ed - Porque Al não pode ver uma caridade que já quer fazer. - Deu de ombros. - Encontramos ela no meio do caminho, em uma das paradas de trem. Pinako nos contou sobre a irmã e Alphonse quis ir para ajudar, espero que esteja tudo bem.

Winry - E você, por que veio? - Indagou, mas a expressão de Edward era de mau humor. 

Ed - O de sempre. Consertar o automail. -  Lançou-lhe um olhar entediado. 

Winry - Será que não consegue ficar um tempo sem estragá-lo? - Bufou, tentando recriar o comportamento padrão que tinha com ele, ainda que estivesse desmantelada por dentro. 

 Ed- Não vamos começar tudo outra vez, certo? - Colocou a mão atrás da cabeça, sem graça. - Já basta eu ter de conviver com essas dores quando tenho que ligar os nervos. 

 Winry - A sua sorte é que sou uma profissional e tenho um pronto. - Gabou-se.

 Ed- Perfeito. - Levantou, parecendo empolgado. - Assim posso voltar nos próximos dias para a Central. - Olhava para seu auto-mail, satisfeito com a eficiência de sua protética. 

 Winry - Não! – Ela falou, derrubando a chave de fenda que colocava dentro da caixa de ferramenta. Recuperou-a rapidamente.

Ed- Por quê? – Perguntou, com uma cara de surpresa.

Winry- Quero dizer, sou uma profissional, mas ainda não está concluído seu automail. Preciso testá-lo para ver se funcionará de forma satisfatória. - Deu-lhe um meio sorriso. 

Ed - Eu posso esperar um pouco, mas faça valer a pena. - Piscou para Winry, deixando-a corada.  

"Por que estou me sentindo assim? Não seja ridícula, Winry. Não tem nada a ver uma coisa com a outra", amaldiçoou-se em sua cabeça.

Era óbvio que aquelas palavras não tinham duplo sentido, mas depois de tudo que ouviu de Lust, foi inevitável não deixar os pensamentos lhe invadirem.

  Winry havia passado as últimas horas pensando em alternativas para sair da situação em que se encontrava, mas nada parecia seguro o suficiente contra os homunculus. Além disso, não sabia ao certo com qual propósito eles queriam a criança. Certamente já havia deduzido que era para Dante utilizar de seu corpo, mas ainda era tudo nebuloso e ela apenas tateava no escuro. Se ela contasse a Ed, ele iria colocar Resembool em perigo.

 Winry - Não tenho alternativa. - Parafusou uma peça no automail de Edward, deixando escapar sem querer a lamúria em voz alta.

Ed - Que alternativa? – Olhou-a intrigado, de canto de olho.

 Winry - Como?

Ed - Você está muito estranha desde que cheguei. – Franziu a testa.

Winry - Do que você está falando? Eu estou ótima. - Dando um sorrisinho.

Ed - Ainda está pensando sobre a dívida?

Winry - Sim. - Afirmou, na tentativa de se desvencilhar do deslize que havia acabado de cometer. Quantas mentiras teria de alimentar para se salvar das desconfianças?

O silêncio permaneceu por alguns minutos.

Ed - Eu tenho dinheiro, ganho um bom salário como alquimista federal. Não quero lhe ofender, mas se quiser, posso te ajudar nessa. - A garota o olhou, estarrecida. 

Winry - Por que as coisas têm de ser assim? - Parou de aparafusá-lo e colocou as mãos nas têmporas. 

Edward estava sendo gentil e tentando a ajudar, mesmo em suas mentiras. Aquilo lhe cortava a alma. Era demais aguentar aquilo sozinha. 

Ed - Não chora, não quero te ofender. - Levantou da cama que estava deitado, enquanto a protética fazia os consertos em seu braço. - Não é para tanto. Posso retirar minha oferta. 

Winry - Edward, eu preciso te contar uma coisa. - Levantou o semblante, decidida a dividir aquela dor com a única pessoa que tinha o direito de saber o que acontecia. - Preciso que me entenda. - Secou as lágrimas que brotavam sem piedade. 

Ed - O que está acontecendo? Diga de uma vez. - Exasperou-se. Sabia desde o início que tinha alguma coisa estranha.

 Na mesma hora que viu a loira abrir os lábios para balbuciar as primeiras palavras, uma estrondosa batida na porta lhe tirou a atenção.

Ed - Mas quem é o mal educado que está esmurrando a porta desse jeito? - Levantou indignado em direção a porta.

Abriu-a e não se surpreendeu com o gesto mal criado.

Ed - Só podia mesmo ser você, Roy Mustang. Não aprendeu a bater na porta com mais delicadeza? 

Roy - Ora, ora, desculpe-me, tenho tantos músculos que às vezes não meço a minha força. - Lançou-lhe um sorriso amistoso, mas Edward revirou os olhos, mal humorado.

Roy - Mas você também não aprendeu os bons modos, Fullmetal? Tenho uma dama ao meu lado. - Edward desviou o olhar e viu surgir ao lado do homem, a Primeira Tenente e seu braço direito, Riza Hawkeye.

Riza - Coronel, o senhor começou. - Falou, com os olhos fechados de reprovação.

Roy faz uma cara de quem foi vencido e entra na casa.

Roy - Olá, senhorita Rockbell. - Disse em direção a Winry, que continuava sentada com um semblante angustiado.

Edward estranhou, cerrou os olhos em cima da loira, tendo a certeza que precisava terminar a conversa que iniciaram.

Riza- Chegamos em um momento inoportuno?

Winry - Podem entrar, por favor. - Levantou-se, limpando as mãos no pano. - Eu só estava dando alguns ajustes finais no automail. Sentem-se, fiquem a vontade. Aceitam um café? - Ofereceu assento aos visitantes.

Ed - O que veio fazer aqui? Não convidamos você. - Olhou o militar com cara de poucos amigos.

Winry - Edward! - Lançou-lhe um olhar de reprovação.

Riza - Ele está certo, senhorita Rockbell. Só passamos para dar um recado.

Roy - Pode me encontrar na Central? Parece que temos mais notícias sobre os homunculus. Estava passando perto de Resembool e resolvi dar o recado pessoalmente. - Winry apertou o pano em sua mão, aflita.

Derrubou seu olhar para Edward, que parecia entender o recado. Estava tão sério, que a protética duvidou se já não sabia de algo.

Roy - Chamei outros alquimistas, gostaria que estivesse presente. - A feição que Mustang direcionou a Edward era enigmática, mas a loira estava quase certa que havia outra mensagem por trás de todo aquele diálogo.

Ed - Estarei lá o quanto antes. - Confirmou, mais ágil do que Winry gostaria. Provavelmente a estada dele na cidade seria tão rápida quanto a chegada

Roy - Até mais, senhorita Rockbell. Prazer em revê-la. - Winry deu-lhe um breve sorriso e um aceno com as mãos. 

 O ambiente estava ainda mais carregado que antes. Edward estava tenso.

Winry - Está tudo bem na Central? - Questionou, tentando arrancar alguma informação que pudesse lhe dar uma luz sobre o que estava acontecendo. 

 Ed - Não estão nada bem. Vou voltar hoje mesmo. Não posso ficar aqui enquanto as coisas estão piorando. - Começou a guardar as poucas roupas que havia trazido de volta na mala.

Ed - Escute com atenção. - Puxou o braço da garota e a sentou no sofá.

"Pronto, ele sabe. Ele vai me colocar contra a parede", pensou ela, desesperada.

Ed - Não sei o que diabos houve por aqui, mas você vem comigo. Eu irei te deixar em Rush Valley.

Winry - Do que está falando? - Falou, chocada.

Não sabia o que mais estava lhe deixando louca: o segredo que Edward escondia ou o seu próprio.

Ed -  Não era isso que sempre quis? Morar lá? Então, vá com Pinako.

Winry - Eu sempre quis morar lá, mas não desse jeito.

Ed - Eu tenho um bom lugar para vocês ficarem. 

Winry - Não é assim! - Aumentou o tom de voz. 

Ed - Confia em mim! 

Winry - Eu exijo saber o que está acontecendo!

Ed - Não posso te dizer. - Negou com a cabeça.

Winry - Eu tenho o meu trabalho e minha vida, não posso abandonar tudo simplesmente. - Cruzou os braços, indignada.

Ed - Não torne as coisas mais difíceis do que elas já são. - Respirou fundo, buscando a paciência que estava lhe esvaindo.

Winry - Digo o mesmo a você.

Ed - Acredite, não iria fazer isso, caso não fosse necessário.

Winry - Se é tão grave, eu preciso saber. 

Ed - É para sua segurança, não seja infantil.

Winry - Olha quem está falando de infantilidade?

Ed - Winry!  - Gritou, irritado. - Não quero mais nenhuma morte nas minhas costas. - Segurou-a firme. - É difícil entender?

A garota se assustou, o perigo parecia mesmo real.

Winry - Eu não sabia que era tão perigoso nos mantermos por aqui. - Colocou a mão na cabeça. - Tem a vovó, ela viveu a vida toda aqui, vai ser complicado para ela entender. 

Ed - Ela vai se acostumar. Faça ela se acostumar de qualquer jeito. - Pegou seu punho, apressado. - Vá arrumar as suas coisas, rápido. 

 Winry foi para seu quarto e arrumou a mala numa velocidade que nem acreditou. Sentia-se num pesadelo de emoções ruins. De um dia para outro ela é ordenada a ter um filho, cujo destino é a morte. Sua casa é invadida por militares misteriosos, obrigando-a sair da casa onde viveu sua vida toda.

Estava impossível aguentar quieta toda aquela sucessão de maus acontecimentos.

 


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Notas finais do capítulo

Olá, galera!

Mas um capítulo da história que fiz. Espero que gostem!
Dicas e sugestões, postem para mim, seus lindos!

Beijos!