Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 5
Capítulo 5: Let's Talk about "LOVE"




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Ela encostou a porta cuidadosamente e entrou na sala a passos lentos.

Meu coração parou por um momento e um desastre aconteceu. Senti o microfone deslizar das minhas mãos e atingir abruptamente o meu tênis.

Eu era mesmo uma tragédia humano. Péssima ocasião para pagar mais um mico. E o pior, estava doendo. E muito. Era como se uma bigorna tivesse me esmagado. Saí pulando e massageando o pé atingido.

Jesus. Que vergonha.

– Aaaaaaaai! – gritei de dor.

– Machucou? – SungMin se aproximou e tentou me ajudar de alguma forma.

– É óbvio que machucou, idiota. – disse Jessica puxando uma cadeira perto de mim. SungMin fez uma careta mas não retrucou – Sente-se aqui que eu vou dar uma olhada, Sunny.

– Não precisa, não foi nada – respondi constrangida, sentando-me na cadeira e pela segunda vez em dois dias rezando para um buraco negro se abrir no chão e me engolir.

Como eu podia ser tão tapada? Como? Acho que não existe ciência que explique esse fenômeno que é a minha capacidade de pagar micos e passar vergonha na frente de pessoas importantes.

– Precisa sim, pode ter sido grave. – insistiu Jessica.

– Ah, claro que foi grave. – ironizou SungMin – Não está vendo o sangue jorrando e o osso saindo pra fora?

– Você é idiota ou o que?

Os dois se fuzilavam com os olhos. Jia e Tiffany assistiam à cena com cara de “que porcaria é essa?” e TaeYeon parecia esperar o melhor momento para interromper.

Quando vi que ela estava prestes a ir embora, acabei com o pré-barraco.

– Parem vocês dois. Err.. nós temos visita. – falei baixinho.

– Ah, claro! Em que podemos te ajudar? – perguntou a gentil Tiffany.

– Você veio para o teste? – questionou Jia?

– Quem é você? – perguntou SungMin.

A garota se assustou com tantas perguntas de uma vez. Ela parecia mais constrangida do que eu estava.

– Ahn.. bem.. não sei exatamente. Um garoto chamado GongChan disse que estavam me procurando nesta sala. – ela falou – Ele me disse que era urgente e eu vim.

Claro, estava explicado. Só podia mesmo ser ideia daquele garoto. O que ele estava planejando com aquilo? Será que tinha descoberto o meu interesse em TaeYeon? Dessa vez não fiquei preocupada, mas sim irritada por ele tê-la chamado sem o meu consentimento.

Se bem que... deveria ter sido ideia da JaeKyung. Claro! Foi ideia dela. Era o que ela queria desde o começo.

– Com certeza era para o teste. – disse Jia – Então vamos. Mostre-nos o que você sabe fazer senhorita...

– TaeYeon. Kim TaeYeon. – ela falou timidamente.

– Certo. Mostre-nos algo interessante, TaeYeon.

– Sim, por favor! – pediu Tiffany – Você ganhou um concurso de música, não é verdade? Seria ótimo se você fizesse parte do nosso grupo!

Tiffany estava realmente animada com essa possibilidade. Já Jessica e SungMin olhavam para TaeYeon um pouco desconfiados.

– É. Quero ver se você é tudo isso o que dizem mesmo.

SungMin pegou o microfone que eu larguei no chão e o colocou devolta ao suporte. Ligou as caixas e testou o microfone.

– Ok, aqui está. – ele disse ajustando o suporte à altura dela e o entregando.

– Mas eu.. não foi pra isso que eu..

– Vamos, cante! – esbravejou SungMin.

– Ahnn.. tá. – gaguejou – Qualquer coisa?

– Sim, garota. Qualquer coisa. Muito difícil, hein?

– Ah.. não.. tudo bem.

SungMin foi até o aparelho de som e colocou um instrumental simples em volume baixo para tocar.

TaeYeon parecia estar um pouco nervosa mas fez o que lhe pediram. Limpou sua garganta com um pequeno pigarro, retirou o microfone do suporte, fechou os olhos e começou a cantar.



♬ Manyageh naega gandamyeon
se fosse para eu ir

naega dagagandamyeon
se fosse para eu chegar perto de você

neon eoddeogeh saenggakhalgga
o que você acharia?

yonginaelsu eobtgo
eu não tenho coragem.




Jessica arregalou os olhos e SungMin deixou o queixo cair, espantados. Jia e Tiffany sorriam satisfeitas e balançavam de leve a cabeça conforme ela cantava. Todos admirados com aquela pequena performance.

E eu, bem... Eu estava apaixonada.

Senti como se estivesse no paraíso e houvesse um anjo ali. Um anjo cantando para mim, e diretamente para mim, com sua voz melódica, potente e ao mesmo tempo doce, suave e... linda.




manyageh niga ondamyeon
o que eu faria?

niga dagaondamyeon
eu realmente não sei

nan eoddeogeh haeyamanhalji
porque sou uma idiota.

jeongmal alsu eobtneungeol
e mesmo que eu saiba, olhar é tudo que eu posso fazer.




“Sim, TaeYeon. Olhar é tudo que eu posso fazer.”, pensei enquanto escutava a música ficar mais intensa e ela preencher toda a sala com suas high notes impecáveis.

“Porque eu sou uma idiota.”, falei para mim mesma enquanto continuava vislumbrada com aquela divindade em minha frente. Não conseguia nem ao menos piscar.

Ela finalizou a música e todos a encaravam impressionados. Jia puxou os aplausos e todos a seguiram.

A essa altura eu não conseguia controlar mais meus sentimentos. Meus olhos encheram-se de lágrimas, e eu as deixei escorrer pelo meu rosto lentamente.

TaeYeon estava mais envergonhada do que nunca. Seu rosto estava vermelho como molho de kimchi e pequenas gotas de suor se formavam em sua testa. Ela me encarou, mas rapidamente desviou o olhar para o chão.

Depois de me ver praticamente pelada e de me ver derrubando um microfone no pé, agora ela via minhas lágrimas.

– Bem... eu... eu vou indo.

Ela rompeu o silêncio que tomou conta do ambiente depois dos aplausos e saiu em disparada pela porta afora. Da mesma forma como fez no dia do vestiário.

– Ei, espere! – gritou Jia, e em seguida partiu correndo atrás dela.

– Eu vou também. – disse Tiffany saindo.

Tentei limpar o meu rosto para disfarçar a emoção, mas vi que Jessica já havia notado. Ela me olhou um tanto emburrada.

– Vocês duas viram aquilo? DAEBAK! – SungMin vibrou abobado - Eu vou lá atrás delas. E vou convencer essa garota.

Dessa vez estava sozinha com Jessica na sala. Levantei da cadeira, ainda mancando um pouco e voltei a arrumar as coisas, como se nada tivesse acontecido.

– É, acho que encontramos nossa oitava integrante. – disse Jessica, aparentemente não muito satisfeita.

– Ah.. é.. tomara. Isso é bom, né? – falei sem olhar para ela, concentrada em desligar os fios das caixas de som.

Quando terminei de arrumar tudo, pedi a ela que trancasse a sala que eu iria chamar o rapaz da sala de multimeios para pegar os equipamentos.

– Sunny...

Jessica puxou-me pelo braço antes que eu pudesse deixar a sala, o que me assustou um pouco.

– Err... Diga, Jessica.

– O que foi isso agora há pouco? – sua expressão era séria e um tanto acusadora.

– Isso o que? – soltei-me da mão dela e dei de costas, cruzando os braços e fingindo diferença.

– Todos nós vimos, Sunny.

– Não sei do que você está falando, sinceramente.

– Qual é, hein? Você não precisa esconder isso de mim.

– P-pare com isso. Eu nem te conheço direito.

– Mas eu te conheço o suficiente.

Ela se aproximou novamente e me abraçou por trás. Senti o meu corpo inteiro paralisar e meus olhos encherem de lágrimas novamente.

– Eu sei como você se sente... – sussurrou ao meu ouvido – Porque eu... bem, talvez eu me
sinta da mesma forma.

Eu jamais conseguiria prever o que acabou acontecendo depois. Ela me virou, me puxando pela cintura e me beijou.

No rosto, é verdade. Mas ainda assim, aquilo era novo demais pra mim. Corei no mesmo instante, meu corpo inteiro queimando como brasa.

– Jessica, você não pode... – tentei me soltar mas ela me segurou com força.

– Shhh. – ela calou meus lábios com seu dedo e sorriu – Não se preocupe, eu não vou fazer nada, boba.

– Ahhh, é. Acho bom mesmo. – me soltei finalmente e tentei fingir uma irritação, quando na realidade eu estava mesmo ainda um pouco assustada.

– Eu só queria que você abrisse seu coração pra mim, Sunny. Que você se sentisse a vontade para falar sobre esse assunto comigo.

– Veja bem, Jessica. – dessa vez eu me estressei – Eu não te conheço. Eu sequer me conheço. E eu não quero mais falar com você sobre isso e sobre qualquer outro assunto agora, ok? Por favor, me deixe sozinha.

Cruzei os braços e a lancei um olhar quase que suplicante.

– Está certo, Sunny. Você quem sabe. Mas uma hora você vai ter que falar sobre isso com alguém. Sobre o que você sente por essa... por essa garota aí.

– Por favor, Jessica. – insisti.

– Okay, okay. Não está mais aqui quem falou.


**

As aulas de canto daquela tarde não foram nada agradáveis pra mim. Tive que ouvir TaeYeon cantar de novo, com a mesma maestria, mas dessa vez fiz o possível para não me deixar levar. E deu certo. Um pouco.

Só conseguia pensar no que a Jessica me falou na sala de mapas.

“Uma hora você vai ter que falar sobre isso com alguém.”

E ela tinha razão. Eu precisava desabafar com alguém. Ficar guardando aquilo pra mim estava me sufocando. Mas não tinha certeza se deveria. Afinal, foram apenas três dias. Mesmo assim, parecia uma eternidade. Foram três dias mais intensos do que os outros trezentos que já haviam passado este ano.

Decidi, por fim, que iria conversar com alguém. E esse alguém não poderia ser outra pessoa além de Gong ChanSik, ele seria o único a me entender.

Enviei um torpedo para ele e combinamos de nos encontrar às 19h na praça de alimentação do shopping ali próximo, em frente à nossa lanchonete de sucos favorita.


Mais tarde quando eu cheguei, ele já estava lá saboreando sua bebida favorita: suco de limão com couve. Fiz o meu pedido no balcão e me sentei à mesa com ele.

– Me deixa adivinhar o que você pediu. – ele disse – Suco de laranja com cenoura?

– Sempre. – respondi sem jeito.

– Mas então, Lee SunKyu. A que devo a honra deste encontro? Meu pai vibrou tanto quando soube que teríamos um “date” hoje. – brincou.

– Seu bobo. – ri e dei um tapinha no braço dele. – Bom, não é nada demais.

– Então já pode começar a falar.

Fiquei sem saber por onde começar. A burra aqui não tinha pensado nisso.

– É que eu.. eu.. – gaguejei, não achei que seria tão difícil assim – eu preciso..

Fui interrompida pela garçonete e respirei um pouco aliviada. Teria como desistir de contar agora.

Ela deixou o suco diante de mim e eu logo comecei a mexer o líquido com o canudinho, olhando concentrada para a mistura.

– Você vai falar logo ou não vai?

– Vou, eu vou... – ainda não tinha conseguido encontrar as palavras.

– Bom, acho que vou ter que falar por você. Afinal de contas, tenho certeza que o que você tem pra falar não é nenhuma novidade pra mim, Sunny.

– Err.. Como assim?

– Você está apaixonada por aquela garota, não está? – ele cruzou os braços e me olhou friamente.

– Fala baixo, GongChan! – sussurrei irritada – esse lugar está cheio.

– Eu estou falando baixo! – falou me imitando – Você é quem tem que parar com esse medo e confessar logo de uma vez. Eu sou seu melhor amigo. – disse já com seu tom normal.

– Tá, você tem razão. Bom, é isso. Você já sabia, né? Então agora vamos mudar de assunto.

– Mas é claro que eu sabia. Acho que te conheço melhor do que você mesma.

– Incrível como de repente deu para todos acharem que me conhecem tanto assim.

– E é alguma mentira? – perguntou.

– Não, não é. – neguei – É verdade. Esse é o meu jeito. Sou previsível demais.

– É mesmo. Mas me diz, como você está lidando com isso?

– Com isso o quê?

– Esse sentimento, o que mais seria?

– Eu não sei. Como eu deveria lidar?

– Bom, isso teremos que ver com o tempo, mas enfim.. Só de você ter me contado já é um grande passo.

– É. Vou precisar muito da sua ajuda. Não consigo acreditar que isso está acontecendo comigo.

– E por que não? É só amor, oras. Independentemente de ser uma garota ou um garoto, você está amando e não há nada de anormal nisso. Você tem que se acostumar com esses sentimentos, e não lutar contra eles.

– Falou o rei dos relacionamentos – zombei. – Aliás...

Finalmente consegui me lembrar quem era o garoto que estava com ele no intervalo. Era o seu ex-namorado. O primeiro e único que ele já tivera, pra ser mais exata.

– ... o quê você estava fazendo com o JinYoung hoje cedo?!

– Tomando café. Você viu, oras. - deu de braços.

– HAHA – forcei um riso irônico – você sabe o que eu estou falando, imbecil.

– Sem sermão, por favor.

– ChanSik, – abaixei o tom – ele tentou te estuprar!

– Ai, Sunny. Não exagere. Eu só não estava preparado na época. Mas agora eu estou.

Engasguei e cuspi o suco. Esse garoto era inacreditável.

– E quanto ao CNU? – perguntei.

– Esqueça ele. Eu já esqueci. Ele é hetero. – disse cabisbaixo. – o JinYoungie me falou.

– Ah tá. E VOCÊ ACREDITOU NELE? – me revoltei.

– Acreditei, ué. Ele parece ser mesmo.

– Você tem que descobrir por você mesmo, Channie! Esse garoto pode muito bem estar mentindo.

– Eu bem que gostaria, mas não quero criar expectativas. E não quero me envolver assim sentimentalmente e me decepcionar de novo. – ele falou com uma expressão triste que só eu conhecia.

– Pode deixar que eu irei descobrir a verdade pra você. E enquanto isso, nada de se envolver com o JinYoung.

– Sunny...

– Você entendeu?

– Aish, tá bom. Mas só com uma condição.

– Lá vem você. – virei o rosto e voltei a atenção para o meu suco.

– Façamos um trato. Você descobre se o CNU é gay e eu descubro se a TaeYeon é lésbica, bi ou whatever.

É. Não pude deixar de aceitar.


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Notas finais do capítulo

A música cantada pelo TaeYeon pra quem não conseguiu reconhecer :} http://www.youtube.com/watch?v=SuzyK7MOHjQ ~



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