Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 4
Capítulo 4: Beginning




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157075/chapter/4

– Vamos levantar, bela adormecida?

Essa era a pior parte de ter que dormir na casa de amigos: acordar no horário determinado por eles. GongChan fez questão de abrir as cortinas e deixar a luz do sol invadir o quarto, depois de arrancar à força o lençol que me cobria.

– Aish! – reclamei colocando o travesseiro sobre o rosto, relutando para acordar de mais um sonho com o meu mais recente "objeto" de desejo.

– Anda logo, fiz uma coisa pra você.

Imaginei que era o café, mas não. Ele se sentou em frente ao computador e o ligou, enquanto eu esfregava os olhos e procurava meus óculos de leitura na escrivaninha ao lado da cama.

– Não é comida, né? – perguntei.

– Óbvio que não. Tenho cara de mordomo?

– É pra responder que não? – brinquei.

– Besta. Vem cá, veja isso.

Olhei para a tela do iMac e vi que ele estava criando um flyer ou qualquer coisa do tipo, com imagens e os seguintes dizeres “Ainda há tempo de participar do torneio anual de música! A turma do 3º2 está procurando por VOCÊ! Audições apenas hoje, às 13h na Sala de Mapas. Compareça!”.

– Isso vai ajudar a atrair os interessados, acho eu. – disse GongChan – Isso se houver algum, eu quero dizer.

– Obrigada, Channie. Mas não precisava. Que horas você fez isso que eu não vi?

– Essa noite mesmo. Não conseguia dormir direito com você me chutando e falando coisas estranhas, diga-se de passagem.

– Err... eu falei dormindo? – questionei constrangida.

– Falou e muito. Aliás, quem é Tae?

– Ahhh... então... Tae.. bem...

Eu definitivamente não sabia onde enfiar a cara. Agora até sonâmbula eu falava o nome daquela garota. Tentei me recordar do que acabara de sonhar, mas tudo parecia desfocado agora. Vi alguns flashs de TaeYeon na sala de aula, nas escadarias, em um palco e depois deitada na minha cama.

Mas o que?! Na minha cama?! Ok, foi o suficiente pra me fazer desistir de tentar lembrar o resto.

– Quem é Tae, Sunny? – ele falava sério dessa vez.

– É.. o.. o.. TaeMin! É, ele mesmo!

Por sorte o nome do meu primo veio em mente naquela hora e GongChan resolveu deixar o assunto de lado, apesar de me encarar um tanto desconfiado. Não sabia até quando poderia esconder do meu melhor amigo as coisas que eu vinha sentindo nos últimos dias, mas ainda não estava preparada pra falar sobre este assunto. E eu nem ao menos tinha certeza se estava de fato sentindo algo. Aquilo deveria ser só uma curiosidade boba. Uma daquelas coisas que acontecem com todo mundo em algum momento da vida e logo iria passar.

Ou pelo menos eu queria acreditar que passaria.

– Enfim, – ele continuou – você só precisa imprimir alguns destes e colar nas portas das classes. Ah, e também rezar para alguém aparecer, claro.

“Melhor se não aparecer”, pensei em dizer. Todos estavam tão empolgados com esse torneio e eu só me arrependia mais a cada segundo de ter aceitado participar. Mas agora já era tarde pra ficar lamentando. Ainda mais quando todos os meus amigos se dedicavam para me ajudar e me fazer sentir um pouco mais a vontade com a situação.

– Mas por que na sala de mapas? – perguntei.

– Porque foi a única sala que sobrou pra gente. Aquela vaca da WooRi reservou três estúdios. A Jia tentou pegar a sala de balé, mas os veados do Boyfriend já tinham pedido.

– Ah, não tem problema. A gente afasta as cadeiras, dá uma limpada e tá tudo feito.

– É, mas vocês tem que chegar lá no máximo 12h. Vai que a Vic e o namorado reservaram o espaço antes, se é que você me entende...

– Estaremos lá, hehe. Mandarei SMS para as meninas. E obrigada, Channie. Se fosse depender de mim ficaríamos sem ter onde ensaiar, e a Jaekie me comeria viva.

– Relaxa, estou colocando na minha lista de favores. Um dia os cobrarei de volta.

**

Quando chegamos ao colégio me despedi de GongChan e liguei para Victoria pedindo que me encontrasse no pátio.

– Demorou, hein? – disse quando ela finalmente chegou, aparentando um cansaço que não lhe era habitual.

“É que o celular não toca o barulho”, foi o que ela respondeu, mas não me dei ao trabalho de tentar entender. Peguei meu pen drive na mochila e entreguei a ela junto com 34000₩, valor que representava o meu almoço pelo resto da semana.

– Presta atenção, Vic. Preciso que você vá à Xerox e peça para imprimirem sete, SE-TE cópias do único arquivo que tem aqui. – sinalizei o pen drive para não deixar nenhuma dúvida – Pega esse dinheiro e não se esqueça de cobrar o troco, ok? Te encontro depois na sala.

– Sim!


Imaginei que não fosse algo muito difícil pra ela fazer, mas estava enganada. O sinal havia acabado de tocar para o intervalo das 10h e Victoria ainda não tinha aparecido com as impressões.

Como já tinha marcado de encontrar GongChan e as garotas no refeitório, desci até lá. Quando cheguei até a mesa onde costumamos ficar vi que lá já estavam SungMin, Jia, Tiffany, GongChan e um garoto que eu já tinha visto antes em algum lugar só que não conseguia me lembrar quem era. Acabei não dando muita atenção. Preocupei-me mais com o fato da Vic não estar lá com eles. Onde aquela tapada se enfiou dessa vez? , pensei.

– Hi.

Os cumprimentei e me sentei ao lado de SungMin, no único espaço vago do banco, como sempre. Ele logo tentou passar um braço pelos meus ombros, mas me livrei beliscando sua coxa. Ele deu um gritinho alto e fez uma careta engraçada, arrancando um riso tímido do garoto aparentemente desconhecido.

– Sempre sutil. – ironizou.

– Sempre aproveitador – retruquei.

– Sempre babacas. – disse GongChan rindo - Vem cá, cadê a Vic?

– Sei lá, imaginei que estivesse aqui com vocês. – respondi – Pedi para ela imprimir aqueles flyers quando nos encontramos na entrada e ela não apareceu até agora. Deve ter fugido com o dinheiro do meu almoço.

– Ou, no mínimo, deve estar dando por aí. – disse Tiffany jogando uma página de jornal dobrada em cima de mim.

Analisei a folha e vi que se tratava de uma matéria do Seongkak News, felizmente sem fotos, sobre um casal de alunos estrangeiros que supostamente estaria tendo relações nas áreas comuns do colégio, segundo uma testemunha que preferiu não se identificar.

É... a fama da Victoria não estava mesmo das melhores.

– Isso é tenso. – respondi.

– Só espero que não pensem que essa estrangeira sou eu. – disse Jia.

– Droga, nem tinha pensado nisso. – foi a vez de Tiffany se preocupar.

– Relaxem. – disse SungMin – a escola inteira sabe de quem eles estão falando.

– E sobre ontem, Fany? Não publicaram nada? – perguntei.

– Nadinha.

– Acho que a WooRi andou molhando a mão do pessoal do jornal. – disse SungMin – Porque ao invés de escreverem sobre a palhaçada que aconteceu, publicaram alguma coisa sobre ela estar namorando um dos faxineiros aqui do refeitório. Absurdo, claro.

– Faxineiro? Ele não é faxineiro! – esbravejei – Ele é balconista, são duas coisas completamente diferentes.

– Então aquilo era sério? – Jia se espantou.

– Pode apostar que era. – disse GongChan rindo.

– Mas deixa estar. Ainda vou quebrar a cara daquela WooRi desgraçada, vocês verão. – falei.

Nós iremos.

Jessica surgiu do nada, atirando uma pilha enorme de papéis em cima da mesa. Eram tantos que o impacto fez derramar metade do suco do copo de Tiffany na calça do SungMin.

– Aish, sua desastrada! – ele pegou um guardanapo e começou a secar a calça, como se ela tivesse derrubado algum tipo de substância venenosa – Isso parece pesado demais para uma garota fraca como você sair carregando por aí.

– Você não faz ideia do quanto sou forte. – ela respondeu.

Por alguma razão a resposta dela não foi tão amigável, o que fez com que SungMin arqueasse a sobrancelha um tanto irritado.

– Que papéis são esses? – perguntou Jia.

– Coisas que a Sunny pediu para a Vic imprimir. Encontrei com ela quando estava descendo. Ela disse que estava sentindo um pouco de náuseas e iria passar na enfermaria e depois ir para casa.

– Ah, entendo. Ligarei pra ela mais tarde então. Mas calma aí. Eu pedi para ela imprimir SETE. Aqui tem uns SETECENTOS!

– Bom, foi o que ela me entregou. E ah, ela pediu para eu te entregar isso também.

Jessica tirou do bolso uma moeda de 500 won e a colocou na palma da minha mão, usando a sua para fechar meus dedos em torno da moeda de um jeito delicado e... esquisito. Eu não estava acostumada com outras pessoas além do Channie e do SungMin me tocando. Mas devia ser um hábito dos americanos. Afinal, eu não conhecia Jessica bem a ponto de entender porque ela tinha feito isso.

– Merda, Victoria! E lá se foi o meu último dinheiro da semana. – lamentei.

– Se quiser eu posso te dar ou emprestar – disse Jessica.

– Não! – disse SungMin tentando parecer firme – Deixa que eu cuido disso.

– Eu ofereci primeiro – ela retrucou.

Jessica encarava SungMin com fogo nos olhos, como se fosse avançar em cima dele a qualquer instante. E ele retribuía com suas caretas feias.

Era aquilo mesmo que estava acontecendo? Os dois estavam brigando para ver quem iria me emprestar dinheiro? Me senti desconfortável. Como se fosse um objeto a leilão.

– Ei, parem. Eu agradeço, mas não preciso. Além de tudo o Channie está me devendo uma grana, não é?

– Eu? Ah, eu. É verdade. Estou...

O sinal tocou novamente. O intervalo havia terminado, felizmente.

– Você me ajuda com essa papelada, Fany?

– Claro. – ela respondeu.

– Eu levo. – disse SungMin ainda olhando fixamente para Jessica – Somos da mesma sala, esqueceu?

– Então leve. Aproveite e cole nas portas de todas as salas do nosso corredor, ok? E tchau.

Eu era especialista em me livrar do SungMin. Despedi-me dos garotos e reforcei que iríamos nos encontrar na sala de mapas ao final das aulas da manhã.

Assisti às três últimas aulas um pouco desconcentrada, preocupada com a Victoria, tentando lembrar quem era o garoto que estava com o GongChan, pensando no que acontecera entre Jessica e SungMin e, principalmente, sentindo falta de TaeYeon do outro lado da sala. Por quê diabos aquela garota mais faltava do que ia?

Ainda assim, uma ponta de esperança surgiu, dizendo que eu ainda iria encontrá-la hoje.

**

A sala de mapas fazia jus ao nome. Era praticamente um museu abandonado, já que poucos ou quase ninguém se interessava por cartografia em Seongkak. Estava mal iluminada, as cadeiras empoeiradas, as paredes e o teto cobertos por mapas geográficos que representavam praticamente cada metro quadrado de terra sul-coreana.

A primeira coisa que eu, Jia, Tiffany, Jessica e SungMin fizemos ao chegar foi abrir as cortinas e janelas. Depois varremos, arrastamos as cadeiras para deixar bastante espaço livre no meio e ligamos os equipamentos de som que conseguimos com a professora Jang. Ela ficou realmente feliz quando soube que tentaríamos participar. Disse até que iria indicar uma aluna realmente talentosa para a nossa mini-audition de mais tarde.

Fuck yeah! Ao menos uma candidata já havia! E dependendo do nível de flop do evento, ela nem precisava ser tudo aquilo. Mesmo que fosse muda e tivesse uma perna só nós iríamos aceitá-la. Até porque, além da Jessica e da Jaekie, nenhum de nós era realmente bom.

Jia e Victoria são excelentes dançarinas, mas cantando... não obrigada. A Jia até que é boa com rap, mas só. A Fany é exatamente o contrário: canta divinamente, mas dança tão mal quanto um ahjussi embriagado. O SungMin é mais ou menos como eu, quebra um galho tanto cantando quando dançando. Só que ele tem uma grande vantagem com relação a mim... o aegyo. Era capaz de deixar qualquer garota no mundo encantada com seu carisma e jeitinho de criança. Qualquer uma menos eu, claro. Ele também era bom com instrumentos, em especial com a guitarra.

Conversamos por alguns minutos, ou algumas horas - talvez. Jessica e SungMin já estavam voltando a se estranhar quando o relógio na parede marcou 13h40. Estávamos ficando preocupados. Tínhamos que devolver a sala às 14h e nenhum sinal de candidatos até aquele momento.

– Droga. – disse SungMin impaciente, batendo a ponta de sua caneta na mesa.

– Aposto que você não colou os flyers direito. – desdenhou Jessica.

– Eu não colei nada. Pra sua informação eu fui entregando de mão em mão mesmo.

– Ah, então está explicado porque não veio ninguém.

– Gente, por favor! – interrompi antes que outra discussão começasse – Não vamos brigar. Vai aparecer gente sim.

Eu estava certa. Dois segundos depois a porta se abriu e uma garota entrou lentamente, nos olhando um pouco assustada. Ela era alta, magra, tinha os cabelos castanhos com uma franja bem cortada que escondia sua testa. Usava uma camisa xadrez em tons de vermelho, uma calça legging preta e bota de cano longo. Ela foi até o centro da sala e se apresentou para nós. Todos a encaravam como se fosse uma miragem. A nossa salvadora!

– Boa tarde. Eu me chamo Oh SeungA e gostaria de entrar para o grupo.

– Claro! Você está dentro! – gritou SungMin empolgado.

– Err.. tá. Mas eu não vou precisar cantar ou dançar? – ela perguntou timidamente.

– Ah, nem precisa. – ele insistiu.

– Acho que deveríamos sim ver a performance dela antes. Não concorda, Sunny? – Jessica virou-se para mim.

– É... acho que sim.

– Tudo bem. – a garota respondeu – Eu preparei algo realmente especial e quero mostrar a vocês.

– Quando você quiser. – disse Tiffany.

Eu não consegui entender muito bem o que aconteceu em seguida. Ela levou um CD até o rádio, o colocou para tocar e voltou correndo para o centro da sala pra pegar a coreografia do começo.


”1.2.3.4 DO YOU WANNA?” ♫


Putz. Aquilo não poderia ser sério. Não tive como segurar e fiz o gesto sagrado: o duplo facepalm.

E foi ficando pior.

”MODU DA WONHANAENDAERO ATILLISSAI” ♪


Meus olhos não acreditavam no que estavam vendo. Era a imitação mais ridícula de Son Dambi que eu presenciara na minha vida. Tanto no vocal quanto na coreografia exagerada, aquela garota não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. E o pior, esbanjava confiança como quem estava arrasando.

Fierce? Até que sim. Desastroso? Com certeza.

Quando ela terminou e se curvou para nos cumprimentar, ficamos sem palavras. A vergonha alheia pairava no ambiente e nenhum de nós sabia como reagir. SungMin então... estava perplexo.

– Então.. cof cof.. é... – gaguejou a jurada Tiffany.

– Bem.. você.. – tentou Jia.

– Gata, desculpa mas não vai rolar.

Jessica era mesmo uma garota de atitude. E fria. Por mais que tivéssemos que ser sinceros, era difícil em uma situação como aquela.

A menina ficou arrasada. Saiu correndo porta afora, batendo-a com violência. Pude ouvir os soluços dela no corredor e senti pena. Mas logo depois comecei a sentir mais pena de nós. Nossa última esperança fora por água abaixo.

– É, gente... f%*&deu.

Não tinha mais o que ser feito. Faltavam só cinco minutos para as 14h e resolvemos desistir. Desanimados, começamos a reorganizar a sala. Eu já estava desmontando o suporte do microfone quando ouvimos a porta abrir novamente.

Era ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa fic estou escrevendo para um pessoal de um dos fóruns que frequento. Alguns personagens surgem randomicamente conforme eles vão me pedindo (como a SeungA nesse cap haha) :p tenho esses quatro capítulos prontos. Caso gostem, continuo a escrever e postar aqui ^^