Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 3
Capítulo 3: My Best Friends




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Se aquele jogo tinha tudo pra começar mal, pode-se dizer que para terminar então... Seria inevitável.

Do apito inicial ao último segundo de bola rolando aquilo parecia mais um ringue do que um campo de futebol. A bola servia apenas de pretexto para WooRi e suas amigas desferirem sequências de chutes e empurrões violentos a qualquer uma do nosso time que se aproximasse da área da goleira TaeYeon, que apenas assistia à “partida” com cara de quem não estava gostando nada do que via.

Isso ao contrário dos supostos torcedores, que vibravam a cada lance faltoso independente do time que apanhava ou que batia. Até mesmo o professor-árbitro parecia estar se entretendo, já que não fazia questão de interromper a batalha.

Claro que não ficou barato. Em pouco tempo a confusão já estava formada. JaeKyung, Victoria e Jessica também partiam com vontade em direção às canelas das adversárias. Ou melhor, das inimigas.

E eu apenas corria desorientada pelo campo, mais buscando fugir dos pontapés do que indo a procura do gol. Por sinal, já estávamos nos cinco minutos da segunda etapa e nenhum dos times havia conseguido sequer chegar a dois metros da entrada da área adversária. Mas também... Pudera. O cansaço já tomava conta das equipes. As jogadoras suavam, tinham as camisas molhadas e os cabelos grudados no rosto. Toda a vaidade de antes foi substituída pelo aspecto acabado que tínhamos a essa altura.

Em um dos meus passeios pelo campo pude jurar que ouvi, entre muitos outros gritos roucos que ecoavam por lá, WooRi dizendo para BoRa algo do tipo “quebra ela” ou “cata ela”.

Talvez eu já estivesse tão aterrorizada que passara a ouvir coisas, mas não. Pouco tempo depois vi BoRa derrapar pela grama e atingir com força a perna de JaeKyung, a fazendo voar uns duzentos metros pra frente e estatelar no chão agonizando de dor.

Pronto. Foi a cereja do bolo.

A briga se generalizou e os dois times partiram de vez para a pancadaria, agora com direito a socos, puxões de cabelo, mordidas e muito mais. Alunos que estavam na arquibancada invadiram a arena tentando separá-las enquanto eu, Jessica, TaeYeon e o professor formamos uma roda em torno de JaeKyung, que estava deitada com uma mão na perna machucada e a outra cobrindo o rosto, para vermos se a lesão havia sido grave. E de fato fora.

– Isso não é nada bom. – disse o professor enquanto analisava o tornozelo inchado dela – Vocês três fiquem com ela aqui. Eu vou chamar a ambulância. E a polícia. – e saiu correndo.

Sentei-me no gramado e repousei a cabeça de Jaekie sobre o meu colo enquanto a ajuda não chegava.

– Unnie, você está bem? – perguntou TaeYeon, se agachando e a fitando com uma expressão sincera e preocupada.

– Eu vou... matar.. aquela... desgraçada! – respondeu com um ódio imensurável, socando a mão que estava no rosto no chão.

– Você vai ficar quieta esperando aqui. – falei.

Pouco depois fomos surpreendidas por uma voz masculina.

– Ei, digam “xis”!

Quando me inclinei para ver quem estava falando conosco senti uma forte luz embaçar minha vista e depois vi o fotógrafo do jornal do colégio sair correndo. Fuck, pensei.

– Putz. – disse Jessica.

– O que foi isso? - perguntou TaeYeon.

– Ah, nem queira saber. – respondi.

Era só o que me faltava. Estaríamos estampadas na capa da edição de amanhã do maldito Seongkak News. Meu tio ia fazer questão de arrancar a minha alma do corpo quando visse aquilo. Fiquei tão irritada que nem tinha me dado conta na hora de que havia falado com TaeYeon pela primeira vez.

Um milênio depois a ambulância estacionou do nosso lado. De dentro dela saíram um enfermeiro e, curiosamente, um dos balconistas do refeitório, o LeeTeuk. Deve estar faltando mão de obra na enfermaria, conclui.

– Abram caminho! – disse ele.

– Oppa!

Ele a pegou no colo e a carregou até a ambulância, dispensando a maca. Ela se segurava nele com força, apertando o rosto contra seu tórax.

Mereço. Minha melhor amiga estava tendo um caso com o cara de quase 30 anos que vendia as bebidas do refeitório e não tinha me contado.

Se bem que eu demorei pra perceber. Ela vivia naquela fila durante os intervalos e tomava uns cinquenta potinhos de Banana Milk por dia. Sem contar que uma vez murmurou algo do tipo “adoro homens de avental”, mas eu não dei muita atenção. Achei que fosse piada porque né.

Quando me dei conta vi que TaeYeon já não estava mais lá e os guardas da escola já haviam controlado a confusão.

Fui até o vestiário, peguei a minha mochila e voltei pra casa do jeito que estava.


Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho e depois rezar para os meus pais não chegarem mais cedo do trabalho e me interrogarem. Deitei na minha cama e relaxei pra aliviar a dor nas pernas. Pouco depois dormi.

**

Já era noite quando acordei com o celular tocando. Esfreguei os olhos para ver quem estava me ligando e era o SungMin. Minha vontade era não atender, mas aquele lá não desiste nunca. Ficaria tentando eternamente.

– Fala. – atendi entre bocejos.

– Por que você foi embora sem me avisar?

Ele parecia zangado, mas dane-se. Era a minha vida e eu não tinha que dar satisfação pra ninguém. Muito menos a esse stalker.

– Porque sim – respondi.

– Eu fiquei preocupado! Você não podia ter feito isso com...

Desliguei. Meu humor não estava dos melhores. Foram muitas emoções para um único dia.

Antes que eu tivesse tempo para me ajeitar novamente na cama o celular voltou a tocar.

– ME DEIXA EM PAZ, DROGA!

– Sua grossa.

– Channie, desculpa! Pensei que fosse o SungMin de novo...

– Credo. É alguém muito mais bonito que ele!

– Ai, só você pra me fazer rir nessas horas. Seu bobo!

– É, fiquei sabendo o que aconteceu.

Gelei. Será que ele estava falando do incidente no vestiário? Porque era só daquilo que eu conseguia lembrar naquele momento.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Da Jaekie ter fraturado o tornozelo, o que mais?

Que espécie de amiga eu era? JaeKyung numa cama de hospital e eu só conseguia pensar naquela garota e na situação constrangedora que passei.

– É. Graças àquela vadia. Eu a ouvi mandando a BoRa atingir a Jaekie.

– Estou indo no hospital visitá-la. Quer ir comigo?

– Quero, claro! Vou me arrumar e em 20 minutos te encontro.

– Esteja pronta em 10. Meus pais vão nos levar. Bye, bye.


**

Quando chegamos ao hospital onde ela estava internada tivemos que aguardar até o horário de visitas, que só começava às 20h.

Tínhamos apenas 10 minutos, já que o restante era reservado para os familiares.

Entramos no quarto particular e lá estava ela deitada na cama, meio-coberta com um lençol e a perna direita imobilizada até a altura do joelho. O quarto parecia mais de hotel cinco estrelas que hospital. Imaginei que a escola faria questão de conceder o melhor tratamento possível. Foi a primeira vez em anos que um aluno se machucou em Seongkak e, certamente, meu tio não iria querer passar por negligente se isso vazasse para a imprensa.

Quando nos viu, Jaekie rapidamente pegou o controle na mesa ao lado da cama e desligou a enorme televisão LCD que assistia.

– Até que enfim alguém apareceu aqui.

– Demoramos mas chegamos – disse GongChan.

– Como você está? – perguntei me sentando na beira da cama.

– Um caco, claro. Olha pro meu cabelo! Preciso lavar com urgência.

– Ela tá falando da sua perna, sua fresca! – GongChan riu.

– Ah, o pior já passou.

– Vai ficar assim quanto tempo? – perguntei.

– Segundo o ortopedista, pelo menos 3 meses. - ela respirou fundo e encarou o teto – Vou perder o torneio.

– Haverá outras oportunidades. – falei – Você pode tentar novas audições quando se formar em Seongkak.

– Não ligo para as audições. Só queria ver aquela piranha derrotada.

– Nós vamos dar um jeito nela. Falarei com o meu tio amanhã. Ouvi a WooRi mandando a BoRa te acertar.

– Receio que não vá adiantar – disse GongChan – A BoRa vai alegar que foi sem querer e, ao julgar pelo péssimo talento dessas garotas para o futebol, com certeza vão acreditar.

– Se ao menos houvesse outra forma... – disse Jaekie – Se ao menos a Sunny aceitasse entrar para a equipe do...

– Não faz isso comigo, Jaekie.. por favor.

– Você é minha amiga ou não é? – perguntou um tanto séria – Você sabe o quanto eu queria isso. Por que não faz isso por mim dessa vez?

– Eu sou sua amiga e você sabe disso. Mas não me peça pra fazer isso, por favor! Eu não sou capaz...

– Claro que você é! Além do mais, quinta-feira mesmo já poderei voltar para a escola. Eu serei a coreógrafa.

– Jaekie, por favor.

– Sou eu quem te peço por favor, Sunny. Se você é minha amiga de verdade...

Eu não queria, nunca quis e continuaria não querendo participar desse torneio. Mas ela era minha amiga e eu me sentia na responsabilidade de ajudá-la. Não tive outra escolha a não ser aceitar.

– Ok, amiga. – respondi – Você venceu. Eu farei.

Ela soltou um gritinho de alegria, sentou-se e me abraçou enquanto GongChan sorria satisfeito.

– Só não me apareça no colégio em cadeira de rodas. Não quero ter que te carregar pra cima e pra baixo com esse trambolho na perna – brinquei.

– Não tem problema. O oppa me leva – disse com os olhos brilhando.

– Oppa? Que oppa? – perguntou GongChan interessado.

– O namorado idoso dela.

Levantei-me e cruzei os braços. Tinha me esquecido que ela escondeu o affair com o balconista de mim. Logo me arrependi de ter aceitado participar do torneio. Afinal, ela também não estava sendo uma boa amiga pra mim.

– Namorado? WTF?!

– Ele não é idoso. Só é mais velho e maduro que os babacas infantis da nossa escola.

– Vocês podem me explicar que história é essa, por favor? – GongChan não conseguia conter a curiosidade.

– É a sua amiga. – falei – Ela está namorando o pé-rapado que faz suco do refeitório.

– AQUELE GOSTOSO?

– Controle-se, Channie. Meus pais devem estar lá fora. E ele não é pé-rapado, Sunny. Não fale assim do Teuk.

– Não, ele não é pé-rapado. Só não tem onde cair morto.

– Que horror, Sunny. Você está sendo preconceituosa e isso não é nada bonito.

GongChan tinha razão. Quem era eu pra ter um pensamento tão preconceituoso assim? Justo eu que tinha amigos pobres, estrangeiros, gays e fatidicamente estava me apaixonando por uma... quero dizer... Eu estava gostando de alguém e não era um garoto.

– Me desculpa. – fiquei envergonhada – Mas você tinha que ter me contado, de qualquer forma.

– Verdade. Fico te devendo uma, amiga. - ela sorriu e nos abraçamos mais uma vez.

– Mas vem cá... – disse GongChan – noona, você já... errr.. vocês já...

– Claro que não, né?! Não me chamo Victoria, hehe.

– Ufa, que bom! Não quero que nenhuma de vocês perca a virgindade antes de mim – ele disse.

– Ei, você ainda é uma criança! – puxei levemente a orelha dele e todos rimos.

– Bom, agora acho que já temos que ir, noona. Mas antes, uma coisa.

Ele tirou uma canetinha do bolso e começou a desenhar duas miniaturas no gesso de JaeKyung. Dois garotos de mãos dadas, nada previsível. Um deles era mais alto e usava óculos. Embaixo das figuras escreveu:

공찬 ❤ CNU

– Prontinho.

– E o que eu quero com esse desenho? – ela perguntou.

– Nada. Mas mande energias positivas pra mim!

– Besta!

– Bom, agora nós já temos que ir. Chamarei o SungMin amanhã para a equipe e ele certamente vai aceitar. Ainda assim vamos precisar de mais um membro. O que você sugere?

– Cole um cartaz na nossa sala. Acho que depois do que aconteceu comigo pelo menos uma alma vai se prontificar a nos ajudar.

– Certo. Farei isso. Nos vemos na quinta e qualquer coisa me ligue.

– Até quinta.

Nos despedimos de JaeKyung e fomos para a casa de GongChan, onde eu passaria aquela noite.

Meus pais ficavam felizes quando eu saía de casa e os pais deles vibravam cada vez que uma garota entrava na casa deles. Talvez desconfiassem que ele fosse gay e tentavam tapar o sol com a peneira, imaginando que nós dois fôssemos namorados. Aham, Claudia.

Passamos um bom tempo conversando sobre o torneio antes de deitarmos na cama dele e dormirmos abraçados.

Amanhã seria um dia cheio.




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