Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 16
Capítulo 14: Let it Rain (parte 2)




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Toda a minha empolgação do final da tarde havia desaparecido.

Não sabia o porquê, mas estava nervosa dessa vez. A ponto de roer as unhas que eu tinha acabado de pintar com o meu esmalte vermelho favorito.

Tocava uma canção de amor linda no rádio.

Daquelas tão oportunas que te fazem imaginar que o destino está arranjando uma forma cruel de plantar indiretas e zombar de você.

♬ jeomjeom daga seolsurok
quanto mais perto eu chego

jakku geobi najiman
mais assustada eu fico

i sarangeun meomchul suga eomnabwa
mas esse amor não pode ser impedido ♬


E eu, distraída, rabiscava o nome de TaeYeon com a ponta do dedo no vidro embaçado e umedecido do carro, molhando de leve a luva que usava na tentativa de me manter imune ao frio cortante que chegou com o inverno. A chuva caía fina, e sem pressa.

♬ wae nae sarangman deodingeojyo
por que o meu amor é tão devagar?

nae sarangman himdeuljyo
por que o meu amor é tão difícil? ♬


Perguntava aquilo a mim mesma todo santo dia. Quanto mais tinha que esperar por uma resposta, ainda que não tivesse qualquer pergunta?! Quando criaria coragem de confessar meus sentimentos a ela?

Sentia-me tão vulnerável.

E sufocada, como se precisasse tirar logo aquele peso do corpo. Ainda que minha tentativa terminasse em vão, daquela noite não passaria. Eu finalmente me confessaria a ela, a garota dos meus sonhos. Aquela que surgiu repentinamente e fez da minha vida um verdadeiro tumultuo. Estava convicta disso.

♬ geudaeman boineunde
eu olho somente para você

geudae apeseon nan meon gotman bwayo
mas quando estou logo à sua frente, sempre desvio o olhar ♬


– Aish! – impaciente, apertei o botão de qualquer jeito e desliguei o som – Chega dessa música chata! – resmunguei.

– Poxa, filha! – disse minha mãe, desviando o olhar da pista para mim por um momento – É a minha predileta da novela!

– Desculpa, estou com um pouco de dor de cabeça. – tentei disfarçar a reação explosiva de segundos atrás.

– Tem certeza que quer sair então? – ela perguntou com certa preocupação – Ligue para o Channie e diga que vocês saem outro dia.

– Não! – neguei prontamente, um pouco mais alto do que pretendia – Err.. Quero dizer, não quero desmarcar assim em cima da hora! Ele já deve estar me esperando.

– Por que você está tão arrumada?!

– C-como é? – fui pega totalmente de surpresa. Acha que meus pais nunca me notavam – Ei, nem vem! Eu não estou!

– Filha, eu te conheço. – ela olhava fixamente para a pista, mas podia sentir seus olhos me examinando e senti um arrepio maquiavélico – Você faz as unhas uma vez a cada dez meses e passa perfume a cada cinco, sem contar que só usa esse sobretudo em ocasiões importantes. Alguma coisa você está me escondendo, SunKyu.

– C-credo, mãe! – gaguejei e fingi estar indignada – Você está vendo coisa onde não tem! Só quis me arrumar para passear, ué?!

– Hum. Ok então, se você diz. – ela me encarou desconfiada e eu corei em preocupação – Já chegamos. Qualquer coisa me ligue, certo?!

– Está bem, ligo sim!

Ela contornou a avenida e parou o carro em frente ao shopping da região para que eu descesse. Peguei minha mochila que estava no banco de trás, me livrei do cinto de segurança e dei um beijo em seu rosto, agradecendo a carona e correndo para dentro do prédio. A intensidade da chuva estava aumentando e, certamente, a pequena sombrinha que eu levava para me proteger não seria o suficiente. Tinha gastado horas escovando o meu cabelo e não queria que tudo fosse por água abaixo, literalmente.

Diferente do que havia contado à minha mãe, não estava lá para ver GongChan. Minha real intenção era comprar um presente para TaeYeon, mas ainda não tinha a mínima ideia de qual seria. Não queria algo que fosse muito caro e a deixasse constrangida, preferia que fosse algo simples, porém simbólico. Aquele presente seria a minha válvula de escape, o meio pelo qual eu revelaria os meus verdadeiros sentimentos, já que eu me conhecia bem e sabia que jamais conseguiria dizer tais palavras, por mais que tivesse vontade.

Passei em frente a algumas lojas, mas pouco do que vi me agradou, até encontrar na vitrine de uma delas um lindo óculos de sol Ray-Ban. O modelo era aquele Wayferer de armação branca e fez meus olhos brilharam quando o vi.

“Óculos de sol lembra verão, que lembra – obviamente – sol e que lembra Sunny! Sou foda!”, admirei minha própria capacidade de atribuir valores bestas a objetos. ”Se bem que... estamos em pleno inverno e... não é só no verão que quero que ela lembre de mim...”, sentei em um banco em frente à loja e continuei a confabular comigo mesma. ”Então acho que vou comprar um cachecol ou qualquer coisa do tipo, já que estamos no inverno! Mas... uma hora o inverno vai acabar também...”..

Foi então que tive uma ideia genial e concluí a noite de compras levando o óculos, um par de luvas, um perfume floral francês maravilhoso e um colar de ouro com uma pequena folha seca como pingente. Coloquei tudo em uma caixa que também comprei, embrulhada em papel de presente.

Só a imagem de TaeYeon usando cada um daqueles itens já me fez corar e sorrir feito uma boba. Estava tão empolgada que demorei a perceber que tinha ignorado minha própria restrição de não abusar no valor do presente, mas não liguei. Ela merecia cada centavo gasto.

Para completar, comprei um envelope e um cartão, e escrevi à caneta os seguintes dizeres:

"Nos dias ensolarados ou nos dias frios e nublados.
Caminhando sobre as folhas secas ou admirando pavilhões de flores recém-desabrochadas.
Por todos os dias, horas e minutos das quatro estações...

Estarei pensando em você,
minha Kim TaeYeon."


Tudo pronto. Agora era só começar a rezar para tudo dar certo, ou pelo menos para não dar ‘tão errado’. E por mais que estivesse quase explodindo em nervosismo, até que eu tinha um pouco de confiança.

Estávamos cada vez mais próximas.

Dei mais algumas voltas pelo shopping, esperando o relógio marcar logo 21h. Tinha que depois pegar um táxi para chegar até o endereço passado por CNU, que ficava quase que do outro lado da cidade.

Aproveitei para procurar alguma coisa para o CNU também. Ele fora tão gentil comigo e me deixou tão contente com o convite que não eu poderia deixar de agradecê-lo.

Passei em frente a uma loja daquelas que vendem roupas de casais e não resisti, tive que entrar. Logo na primeira prateleira vi um par de camisetas com a frase “Let’s fly together!”, uma escrita em azul claro e a outra em rosa. Elaborei um plano mental e levei as duas, embrulhadas individualmente.

Finalmente deu a hora e eu desci até a entrada do shopping, ligando em seguida para o ponto de táxi que ficava lá perto. Minutos depois o taxista estacionou e me ajudou com as sacolas, colocando-as no banco de trás e abrindo a porta da frente para mim.

– Para onde vamos, minha jovem?! – perguntou assim que tomou o volante.

– Rua dos Prazeres, número 1.069. – já tinha até decorado o endereço, tantas foram as vezes que olhei para aquele papel – Por gentileza.

– Tem certeza? – ele me encarou com um olhar confuso.

– Sim, tenho. Por quê? – respondi preocupada.

– Hm, por nada.

E o rapaz não falou mais nenhuma palavra durante todo o percurso, que durou pouco mais de meia hora. Percebi depois o motivo. Quanto mais nos aproximávamos de chegar, mais assustada eu ficava. Entramos em cada rua escura, silenciosa e com construções de má aparência que era inevitável não ficar apreensiva. Por sorte, a tal Rua dos Prazeres não parecia ser um lugar perigoso ou violento, mas apenas pobre e sujo. De qualquer forma, pedi aos céus em pensamento para que os meus pais nunca descobrissem que eu pisei em um lugar desses.

Paramos em frente a um bar, reconheci pelas mesinhas do lado de fora. Alguns homens de meia idade já estavam na porta do lugar, segurando seus copos de cerveja ou fumando, estudando o cair da chuva.

Achei mais seguro pegar o meu celular e ligar para CNU avisando que já tinha chegado.

– Alô?! – disse a voz dele do outro lado da linha.

– Oi, dongsaeng! – respondi entre os ruídos da ligação. O sinal do meu celular era quase nulo naquela região – É a Sunny!

– Ah, oi noona! Você já chegou?

– Sim. Estou aqui em frente... eee.. você pode vir me buscar?

– Claro! Estou saindo agora mesmo, me espere!


Paguei a corrida ao taxista e ele me ajudou a tirar as coisas do banco traseiro e a descer. Em seguida, o carro partiu cantando pneu. “Eu, hein? Tenso!”, pensei.

Fiquei esperando embaixo do toldo que cobria a entrada e, poucos segundos depois, CNU apareceu. Estava vestido em um conjunto branco com um avental por cima, e logo concluí que ele trabalhava no bar. Lavando louças, era o que tudo indicava.

Uma a uma, fui encaixando as peças daquele quebra-cabeça que envolvia os irmãos Kim.

Ele me cumprimentou feliz e pegou as minhas sacolas e a minha mochila, me guiando para dentro do bar com uma mão em minhas costas.

O espaço não era grande. Havia meia dúzia de homens como os da entrada sentados junto ao bar, e poucos outros espalhados pelas mesinhas dispostas em frente ao palco de madeira, conversando sobre assuntos aleatórios do dia-a-dia. Não fossem as garçonetes que circulavam por lá, estaria apavorada em ser a única mulher no meio daquele bando de ahjusshis semi-bêbados.

Olhei para todos os cantos e, por mais que estivesse escuro, não consegui encontrar TaeYeon. CNU me levou até uma mesinha que ficava logo à beira do palco e pude notar que já havia alguns instrumentos por lá, incluindo um piano de aspecto antigo, mas muito bonito.

– Ela já está terminando de se arrumar e eu vou também. – ele disse assim que me sentei – Posso guardar suas coisas lá dentro?

– Claro! Por favor. – sorri em agradecimento.

– Não vai demorar mais que dez minutinhos, prometo! Vou pedir para trazerem um suco pra você, ok noona?

– Sem problemas. Eu espero!

– Está bem! - ele sorriu de volta e sumiu por uma porta ao lado do bar. Tentei espiar o que tinha lá dentro, mas não consegui.

Pouco depois, uma das garçonetes me trouxe um suco de laranja e eu o tomei quase que em um gole só, já tremendo de ansiedade enquanto esperava a apresentação.

Antes dos irmãos aparecerem, dois garotos subiram ao palco. Ambos aparentavam ter mais ou menos a idade de CNU e, um deles, eu reconheci assim que o vi tomar a guitarra. Era o famoso Baro, o garoto do Cyworld. O outro se escondeu atrás da bateria, mas vi que tinha o cabelo castanho com um “tufinho” levemente arrepiado no meio. Achei fofo.

Momentos depois, CNU entrou e se sentou em frente ao piano, já com a roupa trocada. Ajustou o microfone à sua altura e fez alguns sinais para os colegas.

Ao meu redor, nenhum dos clientes parecia interessado no show, mas quem se importa? A qualquer momento TaeYeon entraria e me veria lá, torcendo por ela, enviando a minha energia para que fizesse o seu melhor.

E ela cantaria para mim.

Apenas para mim.

Exatamente como foi no dia de sua audição para o nosso grupo.

As luzes do palco se apagaram e um único spot iluminou o centro, onde um microfone já estava a postos.

Eu estava gelada e trêmula, mas o culpado dessa vez não era o frio. Era ela. E a cada segundo que se passava eu ficava mais e mais atordoada, como se a minha vida dependesse de sua presença, como se o meu oxigênio tivesse que ser processado pelos seus pulmões antes de chegar aos meus.

Ouvi o som do piano trazendo lentamente as primeiras notas daquela música que eu já conhecia bem, e vi a silhueta da minha amada caminhar em direção à luz central. Meu coração disparou, lutando desesperadamente para fugir do seu lugar no meu peito.

Foi quando eu a vi, mais linda do que nunca. Parecia uma miragem. Ou melhor, uma pintura. Perfeita. Exatamente como se tivesse acabado de sair de um quadro renascentista e brotado naquele palco.

Usava uma saia de tule em um tom bem leve de rosa, pouco acima dos joelhos. A camiseta era branca e lisa, mas acompanhava uma jaqueta de couro preta. Para deixar o visual ainda mais rocker, combinou a meia calça escura de bolinhas com o tênis all star branco. Para a minha surpresa, seu cabelo não tinha mais somente algumas as mechas louras. Ele fora pintado inteiro naquela cor.

Ela fechou os olhos e tomou o microfone. Pude sentir sua voz tocar o meu coração de uma forma tão mágica que eu não saberia traduzir em palavras.

Era aquela música.

A do carro, da novela.

Aquela que eu recusei ouvir até o final poucas horas atrás.

E a cada nova palavra que ela cantava, uma gota era somada ao mar de lágrimas que se formava em minhas pálpebras.

Na medida que a canção evoluía e sua voz se tornava mais e mais penetrante, os instrumentos a acompanhavam em intensidade. Queria que ela me visse, me notasse ali logo à sua frente, mas estava tão entregue àquela canção que nada no mundo seria capaz de desperta-la.

Pelo menos era o que eu pensava.

♬ wae nae sarangman deodingeojyo
por que o meu amor é tão devagar?

nae sarangman himdeuljyo
por que o meu amor é tão difícil? ♬


Ditas essas palavras, seus olhos finalmente se encontraram aos meus.

Sua voz fraquejou e ela me encarou surpresa por longos segundos, piscando repetidas vezes, como se não acreditasse no que estivesse vendo. Notando a tensão que se formou, sorri em meio às lágrimas, que já não faziam mais cerimônia e caíam como a chuva lá fora, e soprei um pequeno beijo. Arrependi-me segundos depois, pensando que não poderia ter feito algo mais idiota, mas ela o recebeu com tanta naturalidade que não pude evitar inflar ainda mais em confiança.

Daquele momento em diante, ela cantou olhando para mim. Apenas para mim. Sem desviar seus olhos dos meus por um segundo que fosse. E eu, claro, me senti a pessoa mais especial do mundo.

Pela primeira vez a ideia de estar apaixonada me fez realmente feliz.

Finalmente tive certeza de que meus sentimentos eram correspondidos, seus olhos não mentiam.

Quando a canção terminou, levantei e a aplaudi solitariamente. Emendei também alguns gritinhos e assovios em apoio. Ninguém mais ali parecia notar algo além de suas bebidas, mas só em ver o quão grande eram os sorrisos de TaeYeon e CNU, fiquei com a sensação de missão cumprida.

Comemorei em saber que o show não terminava ali. CNU deixou o piano e assumiu o baixo, e o bando de ahjusshis tarados finalmente aprovou o que veio a seguir: uma versão tão fierce e sexy de “I Love Rock ‘N’ Roll” que foi digna de deixar até Britney Spears com inveja.

E tudo o que eu conseguia fazer era rir e dar meus ataques de fangirl, intercalando gritinhos de “Kim TaeYeon, fighting!” com “Unnie, saranghae!”, o que a fazia sorrir lindamente.

Mais algumas músicas depois, o show foi encerrado. Os ajusshis já estavam mais para lá do que pra cá e os garotos pareciam cansados. Era quase meia-noite e, teoricamente, teríamos que acordar cedo para ir à aula no dia seguinte.

TaeYeon sentou na beira do palco, e eu me aproximei para ajuda-la a descer, agarrando sua mão.

Tão logo seus pés tocaram o chão à minha frente, ela me envolveu em um abraço-surpresa, forte e interminável. A sensação de ter seus braços envoltos ao meu pescoço era a melhor coisa que eu poderia sentir. Já não tinha mais noção de tempo ou espaço. Nada mais parecia existir naquele momento além de nós duas.

Repousei meu rosto em seu ombro e tive meus sentidos completamente ludibriados quando inalei o cheiro tão bom de sua pele. Meu corpo reagiu imediatamente, causando pequenos espasmos e arrepios em todas as regiões imagináveis.

Aquele abraõ durou pouco mais de um minuto, mas para mim pareceu uma eternidade, uma vida. Quando enfim se desvencilhou, ela tomou minhas duas mãos e me encarou de uma forma tão misteriosa que me deixou apreensiva. Por vários segundos, tudo o que se pode ouvir fora o som calmo da sua respiração misturar-se às batidas descompassadas do meu coração.

O longo momento de silêncio me deixou desesperada. Não poderia deixar aquela oportunidade escapar, sabia que não seria capaz de me declarar se não fosse naquele exato instante. Travei uma batalha comigo mesma na tentativa de obrigar aquelas palavras a saírem.

– Você está.. TaeYeon, eu...

– Shiu. Não precisa dizer nada. – ela levou um dedo aos meus lábios e me calou antes que eu conseguisse estragar tudo. Automaticamente fechei os olhos e dei um pequeno passo para trás, engolindo seco – Vem comigo!

E fui arrastada porta a fora.

Em meio à tempestade.


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Notas finais do capítulo

a música cantada pela Tae http://www.youtube.com/watch?v=f0I0Vd-y2pM&feature=player_embedded



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