Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 12
Capítulo 11: Into The New World




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157075/chapter/12

Nunca, mas NUNCA na minha vida antes esperei tanto por um dia quanto esperei por aquela sexta-feira. Nem mesmo nas vésperas da festa do pijama fiquei como estava agora.

A ansiedade e a expectativa eram tamanhas que cheguei a sonhar com o club duas vezes naquela semana.

E eu não era a única nesse estado.

Jia, TaeYeon, Jessica e até Tiffany - para a minha surpresa - estavam tão empolgadas quanto.

Eu estava tão eufórica que nem percebi que não tinha visto GongChan um dia sequer naquela semana.

Mal consegui me concentrar no resto das provas.

E no resto dos ensaios.

– Estão cochichando o que aí, hein?

Estávamos as cinco sentadas em círculo no chão da sala quando SungMin veio tentar pescar alguma informação. Completamente em vão, é claro.

– Não é da sua conta, idiota. – Jessica respondeu tão estúpida quanto de costume. Tinha decretado segredo de Estado sobre este assunto. Nenhum dos outros três poderia sonhar em saber o que estávamos planejando.

– Aish...

–Mas é da minha conta. – disse JaeKyung.

Ela se arrastou pelo chão como uma lagarta aleijada e entrou no meio da nossa roda, cruzando os braços e olhando fixamente nos meus olhos.

– Ei, não pergunte pra mim! Isso é com ela... – apontei para Jessica e JaeKyung logo voltou sua atenção para ela. A "mandante" do plano certamente teria uma resposta melhor.

– Ai, não podemos contar, né?! Mas em breve você vai saber o que é.

– ARRRRGHH! Vocês querem me matar de curiosidade?!

– Queremos te matar de tanto rir. – corrigiu Jia – Apenas aguarde.

– Tá, né?! Aish.. – resmungou JaeKyung – Tudo bem então. Vou sair com a minha única verdadeira amiga essa noite mesmo. Não preciso de vocês. Né, Victoria?

– Hmm, o quê? Ah, é..

Victoria estava concentrada, sentada em um banquinho do outro lado da sala e lendo um papel pequeno que mais parecia uma bula de remédio.

– Essa aí vive em outro mundo, hein?! – comentou Jia.

– Você bem que poderia falar com ela, Jia.. – pedi – Afinal, vocês duas são chinesas. Capaz de conseguirem se entender.

– Hm... tá. Posso tentar qualquer dia – concordou.

– Enfim, gente. Vamos?! – falou Jessica – Temos muito a fazer hoje. Muito...

E cada uma foi para a sua casa se preparar para aquela que seria uma das noites mais loucas de nossas vidas.

**

Mal dava pra acreditar que eu estava saindo de casa àquela hora da noite.

Tinha tirado a sorte grande.

Meus pais nunca passavam a noite fora. Nunca viajavam. Nunca faziam nada. E aí, numa bela noite, me aparecem com um “Vamos a uma viagem de negócios. Comporte-se!”.

Tinha alguma coisa errada.

Não que eu estivesse incomodada, pelo contrário. Assim não precisei nem me dar ao trabalho de inventar alguma desculpa esfarrapada para sair.

O relógio marcava meia-noite em ponto quando terminei de me arrumar. O look era simples, mas descolado. Usava um sapato com um pequeno salto, calça jeans escura, camisa branca lisa e um blazer desabotoado por cima. Não abusei muito da maquiagem, passei apenas um rímel e delineador bem de leve. Deixei meu cabelo solto e um pouco bagunçado.

Não era do tipo que se sentia 100% confiante quanto o assunto era aparência, mas estava com uma sensação boa essa noite. Algo me dizia que ela seria especial.

E eu não fazia ideia do quanto estava certa.

Quando terminei de me arrumar, sentei em minha cama e respirei fundo. Peguei o porcoelho de TaeYeon que ainda estava comigo desde que trocamos por engano na festa do pijama e o abracei. Ainda havia um restinho do perfume dela nele. O ergui pelas orelhas e deixei aquelas palavras inúteis escaparem.

“Eu te amo”.

“Não. Não você, seu bobo! Eu amo a sua dona.”


Legal. Agora eu falava com pelúcias também.

O joguei de volta na cama e esperei mais alguns minutos até receber a tão esperada ligação de Jessica. As luzes do quarto estavam apagadas e o celular no mudo. Não queria que as empregadas desconfiassem que eu estivesse aprontando alguma coisa.

O visor do aparelho iluminou-se e eu identifiquei a foto do contato de Jessica, que era um caminhão de carga. Uma pequena piada interna.

– Oi, Sica! – atendi baixinho.

– Vem. Já estou aqui embaixo te esperando! – e desligou logo em seguida.

Peguei a minha bolsa de mão que estava na mesinha do computador, dei uma última encarada no espelho e desci as escadas o mais silenciosamente que pude.

Mal abri a porta e fui puxada às pressas por Jessica para dentro do carro. Ela rapidamente deu as instruções ao seu motorista e partimos cautelosamente. Sequer ouvi o barulho do motor daquela humilde BMW.

Já estávamos a uns cinco quarteirões de distância da minha casa quando ela finalmente falou alguma coisa.

– Você está encantadora, Sunny.

Provavelmente aquela foi a primeira vez que ouvi alguém me chamar de “encantadora” na vida. Jessica sabia ser romântica quando queria. Quis retribuir e dizer que ela também estava, mas achei melhor não dar abertura. Estava decidida a resistir às tentações e dedicar aquela noite apenas ao meu verdadeiro amor, mesmo que tivéssemos que passar o tempo inteiro só jogando conversa fora ou dançando.

O que não mudava o fato de que Jessica estava realmente maravilhosa. Ela usava um vestido preto e curto que revelava parte de suas pernas, uma jaqueta de couro e uma bota até a altura dos joelhos. Seus longos cabelos louros estavam parcialmente presos, de modo que a franja e suas mechas escuras atraíam toda a atenção do look.

– Obrigada. – respondi um pouco constrangida.

– Não tem o que agradecer. Só digo o que é verdade.

Ela tentou passar um braço sobre os meus ombros, mas eu a impedi.

– Não, Jessica. Por favor, hoje não.

– E por que não? – ela disse cruzando os braços e voltando ao seu jeito mandão de sempre.

– Conversamos sobre isso depois, Sica.. Precisamos resolver algumas coisas.

– Aish! Que coisas? – bufou. Típico da sempre impaciente Jessica Jung.

– Agora não, Sica! – encerrei o assunto de vez.

– Ok, ok, ok. Está bem! – ela resmungou, mas aceitou. Pela primeira vez foi Jessica quem atendeu a uma ordem minha e não o contrário. De certa forma fiquei surpresa.

– E então, onde as meninas estão?! – perguntei.

– Ali. – ela apontou para um grupo de garotas que estavam na frente da loja de conveniência de um posto de gasolina. O vidro do carro era um pouco escuro e eu não pude ver muito bem como elas estavam arrumadas, só que Jia usava um vestido de festa azul marinho e Tiffany um parecido, porém em um tom de verde mais escuro, ambas com os cabelos soltos. TaeYeon parecia estar usando uma blusa vermelha e jeans mesmo.

O carro estacionou e as três entraram.

Para a minha infelicidade, TaeYeon sentou no banco da frente ao lado do motorista. Tiffany e Jia se apertaram no banco de trás comigo e Jessica.

E por falar na Jia, ela já estava mais do que no clima. Abriu a janela do carro, colocou a metade do corpo pra fora e gritou um “uhuuuuuuuul”. O motorista deu risada da cena, mas teve que pedir pra ela aquietar um pouco. E eu, tímida como sou, morri de vergonha alheia.

– O que vocês deram pra ela, hein?! – perguntei.

– Gasolina! Hahah! – brincou Tiffany.

O carro fez uma curva e entramos em uma rua grande e pouco iluminada. As calçadas estavam tomadas por uma enorme fila de mulheres que quase dobrava a esquina. Fiquei um pouco apreensiva.

– Nós não vamos pegar essa fila, né?! – perguntou Tiffany – Está chovendo e eu acabei de fazer meu cabelo!

– Não, né?! – respondeu Jessica – Vamos pegar os VIPs com o meu amigo. Relax!

O carro seguiu e estacionou em frente ao lugar que dava início àquela extensa fila. Dezenas de seguranças estavam a postos. O lugar, visto de fora, era como um grande galpão de dois andares. Pude ouvir que o som já rolava lá dentro e fiquei ainda mais nervosa.

Descemos do carro e atravessamos a rua correndo, nos protegendo dos pingos da chuva embaixo da cobertura do local.

E então finalmente consegui enxergar TaeYeon, e ela estava mais divina do que nunca. Simples, porém perfeita. Usava um tênis all star cor de vinho, uma camiseta manga longa de seda na mesma cor e um jeans azul escuro. Seu cabelo estava peso, assim como a sua franja que revelava a testa. Algumas mechas louras estavam soltas e levemente frisadas.

– Uau! – exclamou TaeYeon ao me olhar – Sunny, você está...

– Linda! – completou Tiffany.

E eu nunca senti tanto ódio dela.

Eu estava prestes a ouvir um elogio da pessoa que mais amo e desejo no mundo e acabaram com o meu barato. E olha que dessa vez nem tinha sido a Jessica...

– MEU DEUS DO CÉU, QUANTA MULHER! – impressionou-se Jia ao observar melhor a fila quilométrica.

– Verdade, né?! Os homens entram pelo outro lado? – perguntei inocentemente.

– Que homens? – disse Jessica.

– Errr... pessoas do sexo masculino, oi?! – ironizei.

Jessica e Jia caíram na gargalhada e eu fiquei sem entender o que tinha falado de errado.

– Eu não contei pra vocês? – Jessica perguntou ainda aos risos e nós três fizemos cara de “WTF?” – Isso é um club GLS, Sunny!

TaeYeon e Tiffany levaram as mãos ao rosto, em choque. E eu continuei boiando. Aquela sigla não me era estranha, mas ainda assim eu não lembrava onde foi que já tinha escutado antes.

– Tá. Mas o que é ‘GLS’?

– Tá brincando que você não sabe, né? – questionou Jia.

– Não sei mesmo. E não estou vendo graça! – me irritei – Digam logo o que é isso!

– É gay, Sunny! G-A-Y, gay!

– Mas eu não estou vendo nenhum gay aqui!

Jessica parou de rir e respirou profundamente, me encarando inconformada.

– Sunny.. minha querida Sunny! Qual é o feminino de ‘gay’?

– Hmmm.. – pensei – Sei lá. Lésbica?

Inútil. Burra. Retardada.

Tudo fez sentido nessa hora.

Uma festa lésbica. Isso era mal.

Não! Espera! Isso não era NADA mal! Significava que eu estava livre pra me agarrar loucamente com TaeYeon e ninguém falaria nada quanto a isso!

“Aham, Sunny. Senta lá.” .

– Ahhhh sim, GLS! Ah tá. – tentei disfarçar o que eu estava sentindo internamente após a descoberta.

– Mas fique tranquila que o lugar está perfeitamente de acordo com os meus planos. Nossa querida amiga WooRi vai adorar, keke.

WooRi. Por que mesmo que eu esqueci que estávamos ali por causa dela?

Ah é. Porque eu respiro Kim TaeYeon.

– Ela já chegou? – perguntou Tiffany.

– Ainda não. Vai me ligar quando estiver chegando. Falando nisso, vou ligar para o Cally!

– Quem é Cally?

– Meu amigo promoter. Não estou afim de pegar essa fila enorme!

É. Ela definitivamente tinha os “métodos”.

Menos de cinco minutos depois e o tal promoter chegou.

– AIIIIIIIIII, AMIGA! – é. Ele era completamente afeminado.

– Cally!!! – os dois se abraçaram entre gritinhos e pulinhos histéricos – Bee, essas são as amigas que eu te falei.

O garoto era meio louro e mais alto que nós. Certamente não era coreano, já que seus olhos não eram puxados. Usava uma camisa branca com uma gravata borboleta rosa e calça social preta. Por algum motivo ele me lembrava o GongChan.

Ele segurou o queixo e nos analisou dos pés à cabeça.

– Ah não, Sica. Não vai rolar não!

– Ai, Cally! Como assim não?!

– Porra, Jessica! Você quer quebrar as minhas pernas?! Essas meninas têm 15 anos!

– 17. – corrigiu Jia, irritada.

– Que seja! – ele reclamou – Se descobrirem que eu estou colocando gente menor de idade aqui eu estarei fodido! Já me basta você e a sua outra amiga, Sica!

– Ai, Callyzinhooo! Por favor! Eu posso te recompensar..

Ele fez uma pausa e, pelo visto, pensou bem.

– Hmmm.. Como?

– Te passando o telefone do nosso querido Lee Joon...

Joon?! Agora até o namorado de WooRi estava envolvido em seus planos maléficos. Jessica só podia estar de brincadeira.

– Telefone do Joon? – disse Cally – Hm.. Se é assim, que mal tem, né? – ele retirou alguns tickets do bolso e distribuiu para nós junto com uma pulseirinha verde fluorescente. – Isso aqui dá direito a open bar pra vocês. Usem com juízo!

– Wahhhh! Te amo, amigo! – Jessica encheu o garoto de beijos e ele nos autorizou entrar.


Passamos por um corredor escuro e fomos revistadas pelas seguranças, que nos deixaram seguir sem nenhum problema até a pista principal, que era imensa.

Tão logo entramos e a minha visão foi perturbada por todo aquele jogo de luzes coloridas que iluminavam a pista. Isso sem contar o volume altíssimo da música. Ainda bem que o DJ era ótimo e nós adorávamos música eletrônica.

Mas gente, realmente tinha muita mulher naquele lugar. Certamente lotaria com mais aquele monte que esperava do lado de fora. A maioria já estava dançando e se divertindo. E elas eram, diga-se de passagem, deslumbrantes. Uma mais linda que a outra. As idades eram variadas, mas a grande maioria deveria ter entre 21 e 25 anos. Me senti menor do que nunca perto delas.

No fim da pista, onde estava o DJ, havia um grande palco. Também havia outros pequenos palcos em formato de circulo com uns mastros estranhos no meio. Jessica explicou dizendo que se tratava do “queijo”, onde as pessoas poderiam subir e dançar uma tal de “pole dance”. Preferi não saber mais detalhes.

Pelo menos uns quatro bares estavam espalhados pela pista, sem contar o do segundo andar, que era o maior de todos. As bartenders também eram lindas.

Subimos a escada para o segundo andar, onde ficava a área VIP. Tinha pouca gente por ali, mas ainda estava cedo. Lá havia pequenas áreas com sofás, poltronas e mesinhas extremamente luxuosas decoradas com vasinhos de flores, como em um lounge.

Eu estava de boca aberta.

E ainda tinha mais, segundo Jessica. Uma área externa com piscina e tudo o mais.

Sentamos em um dos sofás e ficamos observando o movimento lá embaixo por alguns minutos, admiradas com tudo aquilo que estávamos vivenciando pela primeira vez em nossas vidas (a Jessica não conta).

TaeYeon se sentou ao meu lado e tudo o que eu consegui pensar naquele momento era que ela era a garota mais fantástica entre aquelas centenas que estavam ali. O centro da minha atenção. A única que conseguia mexer comigo. A única que eu gostaria de ter ao meu lado naquela noite e em todas as outras noites, manhãs e tardes da minha vida.

– Isso... é... incrível! – disse Jia se levantando e se agarrando à barra de proteção do andar, olhando para a pista com brilho nos olhos.

– Daebak, não é?! – disse Jessica repetindo o gesto da chinesa – E olha que existem outras boates muito melhores nesse país, hein?! Isso aqui não é nada!

– Muito legal aqui mesmo. – falou TaeYeon.

– Sim! – concordei – O palco perfeito para a nossa vingança!

“Como se você tivesse se importando” – falei pra mim mesma.

– Gente, ela chegou! – disse Jessica estudando o visor de seu celular, que estava vibrando. – Vou busca-la! Me esperem aqui.

– Você vai trazer ela pra cá?! – perguntou Tiffany preocupada.

– Não. Vou deixar ela lá embaixo com umas amigas.

– Amigas? Que amigas?!

– Vocês logo verão. – ela sorriu com o canto da boca e sumiu de vista.

E eu finalmente me interessei pela tal vingança...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ps: Cally é um amigo meu que eu quis colocar na fic hehe aparecerão outros mais pra frente :P
e o club continua semana que vem com o capítulo 12: Sweet Revenge ;D