Sk High School escrita por hyunnie


Capítulo 10
Capítulo 9: Bad Girl


Notas iniciais do capítulo

cap ultra mega curtinho só pra não faltar com a palavra de um cap por semana ;;



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– Sunny! Ei, Sunny!

Aquilo não podia estar acontecendo.

Não no meio da prova final de matemática.

Não com a senhora Park me observando como se eu fosse algum tipo de delinquente juvenil que precisasse de atenção 24/7, prestes a sacar uma arma e atirar na classe inteira.

SungMin definitivamente tinha minhocas ao invés de neurônios. Era um completo sem noção.

– Sunny! – ele sussurrou insistentemente – Me empresta a sua calculadora, por favor!

Eu só tinha uma calculadora e não pretendia me desfazer dela. E mesmo que tivesse outra sobrando, como é que ele esperava que eu a entregasse?!

– AGORA NÃO DÁ! – murmurei com raiva, fazendo o máximo de esforço possível para não mexer a boca.

– Meu Deus, alguém me salve! Estou desesperado!

Com o canto do olho pude notar que ele estava mesmo. Encarava a folha da prova com uma expressão angustiada, as mãos trêmulas afundadas nos cabelos negros e os pés inquietos batendo no chão.

Era sempre assim, esse pavor todo.

Não era a toa que já tinha reprovado o 3º ano duas vezes.

Sim, eu ficava com pena em vê-lo daquele jeito, mas o que eu poderia fazer? Não estava nos meus planos ter o mesmo destino que ele.

Meus pais me matariam.

E meu tio ajudaria a ocultar o cadáver.

Tentei me concentrar na minha própria prova. Tinha que responder só mais duas das trinta questões e depois preencher o gabarito.

Eu estava confiante e tinha uma boa razão pra isso. Passei o final de semana inteiro estudando, tentando de qualquer maneira não pensar em TaeYeon, Jessica, GongChan, Victoria ou quem quer que fosse. Foi difícil, mas consegui decorar aquela bíblia de estatística quase que inteira.

Com toda a certeza do mundo me daria bem nessa prova.

Pelo menos era o que eu achava.

– Ei, pega aqui!

Congelei quando ouvi um sussurro familiar vindo da mesa de trás e senti algum objeto cutucando a minha cintura. Sem me virar, levei uma mão até o objeto e o segurei com cuidado.

Percebi que era uma calculadora quando toquei as teclas.

Agora era simples. Só esperar a velha professora piscar e eu daria um jeito de entregar o aparelho para SungMin numa velocidade mais rápida que a da luz.

Ela desviou o olhar para a porta. Era a hora certa.

Quando fiz sinal de que ia me mexer, ouvi a voz arranhada e cansada da senhora Park e no mesmo momento soube que eu era uma pessoa morta.

– Ora, ora, ora! – ela disse caminhando lentamente com os braços cruzados até a minha mesa.

Meus dentes começaram a bater incontrolavelmente enquanto os olhos negros da velha se aproximavam cada vez mais.

A classe inteira agora me olhava em pânico.

– Vejo que a senhorita SunKyu estreará a nossa nova sala de detenção! Não é magnífico?! – ironizou.

E com um sorriso satisfeito ela pegou a minha folha e a picou em dezenas de pedacinhos.

Segurei-me pra não chorar.

Eu estava ferrada.

– Você me permite te acompanhar até a porta, senhorita?

– Com prazer. – respondi fungando o nariz com raiva.

– ESPERA! – vi TaeYeon arrastando sua cadeira e ficando de pé ao lado da mesa quando já estávamos na metade do caminho. – Era só uma calculadora! É que.. é que... a dela parou de funcionar e eu só ia emprestar a minha..

– Com a resposta na tela?! – bradou a senhora Park – Você pensa que eu nasci ontem, mocinha?!

– Óbvio que não, professora! - ela gritou de volta - Com certeza a senhora não nasceu ontem. A senhora nasceu há uns quinhentos... Não, espera. Uns oitocentos anos atrás!

Ela estapeou a mesa e a sala explodiu em risos.

E eu fiquei chocada. Não consegui acreditar no que tinha acontecido.

A tímida e doce Kim TaeYeon tinha acabado de desafiar a professora mais temida e odiada de toda Seongkak. Nenhum aluno em sã consciência seria capaz de fazer isso.

– Vejo que do buraco de onde você veio não ensinam as pessoas a terem modos, senhorita TaeYeon. Peço que acompanhe a sua colega até a detenção.

Vi JaeKyung roendo as unhas no fundo da sala. Tudo que ela não precisava era de duas integrantes do grupo suspensas de uma vez. Por sorte aquilo seria só uma detenção, mas se TaeYeon não calasse a boca logo teríamos problemas maiores.

– Claro! Qualquer coisa é melhor do que ficar aqui olhando pra essa sua cara velha!

TaeYeon repetiu o gesto da senhora Park e rasgou a própria prova. Colocou a mochila nas costas e saiu pisando firme, agarrando com força a minha mão quando passou por mim.

**

Eu estava assustada e envergonhada.

Nunca tinha pisado na sala de detenção na vida. Sempre fui uma aluna exemplar e agora estava ali, no meu último semestre, andando pelo corredor mais escuro de Seongkak, o “corredor da morte”, como era conhecido.

E como se não bastasse, TaeYeon estava comigo.

Ela bufava de raiva, completamente irreconhecível.

Para o meu alívio, descobri que a sala de detenção não passava de uma sala de aula como todas as outras, tirando o fato de estar imunda e empoeirada.

– Se essa é a sala nova, não quero nem saber como era a antiga. – disse TaeYeon enquanto assinávamos a ficha de entrada.

– Senhora Park, né? – perguntou a inspetora como se já soubesse a razão de estarmos ali.

– A própria. – respondi.

– Ah, nem se preocupem. O castigo dela é bem simples.

– Temos que ficar aqui por quanto tempo?

– Até terminarem tudo.

– Terminar o que?

– De lavar o chão e todos os vidros. A vassoura, os esfregões e os panos estão ali. – ela apontou para um armário azul enferrujado nos fundos da sala. - vou providenciar água pra vocês.

Era só o que me faltava pra completar aquela manhã: ter que bancar a empregada.

– Certo. Vamos começar logo pra terminarmos logo. Ok, Sunny?

TaeYeon me olhou e piscou de um jeito tão adorável que eu pensei que fosse derreter ali mesmo e, por um momento, aquela detenção não me pareceu algo tão ruim assim.

**

3 horas, foi o tempo que precisamos para deixar aquele muquifo brilhando.

Mas pra mim não durou mais do que 20, talvez 30 minutos.

Foi a primeira vez que passei tanto tempo com ela, a garota dos meus sonhos. Conversamos sobre milhões de coisas aleatórias, dançamos com os nossos esfregões, brincamos de imitar os professores (e o coreano fail da Victoria) e eu pude descobrir muito mais sobre ela nessas poucas horas do que nas duas semanas anteriores.

Descobri outro lado de Kim TaeYeon.

O lado bobo, brincalhão e divertido, que talvez só SungMin tivesse conhecido até agora.

Por sinal, estava devendo essa pra ele. E para a senhora Park também, claro. Nunca imaginei que seria tão bom ter a minha prova final de matemática anulada.

E também nunca pensei em como era bom faxinar. Nem o meu próprio quarto eu limpava direito e agora tudo o que eu queria era repetir aquela experiência com todas as 350 salas do colégio.

Tudo para passar mais tempo com ela.

Ao lado dela.

A sós com ela.

Assim que terminamos tudo e assinamos a ficha de saída, descemos até o refeitório. Para a minha surpresa, nossa mesa estava praticamente vazia.

Tiffany almoçava sozinha. Olhava para a sua comida como se estivesse com a cabeça em outro mundo.

– Vou procurar o meu irmão. A gente se fala no ensaio.

TaeYeon e eu nos despedimos desajeitadamente e fui me sentar ao lado de Tiffany, que tomou um pequeno susto quando notou a minha presença.

– O que houve, Fany? – perguntei um pouco preocupada.

– Ah, é mesmo. Você não sabe ainda. – ela disse e movimentou-se um pouco mais para o lado, deixando espaço para eu sentar mais perto.

– O que eu não sei?

– Vou pegar, espera.

Tiffany revirou a sua mochila e tirou de dentro dela um jornal amassado.

Deja vu.

No mesmo momento eu soube que se tratava do nosso querido “Seongkak News”.

– Pronto, lá vem. – falei irritada – Qual a página?

– Cinco. – ela respondeu cabisbaixa.

– Vejamos.

Tão logo abri a página em questão e vi uma foto gigante e desfocada, provavelmente tirada de um celular. Nela GongChan e WooRi se encaravam furiosamente. No plano de fundo Lee Joon aparecia cruzando os braços e alguns outros alunos assistiam aquilo tudo, que parecia ser a preliminar de uma luta do UFC.

No final da página havia uma imagem na vertical, menor e retangular. Era a foto de formatura de JaeKyung, do ano passado.

Corri os olhos para o título da matéria, que ocupava aquela página inteira, e comecei a ler, arregalando mais e mais meus olhos a cada palavra.



COLUNA SOCIAL


ALUNO HOMOSSEXUAL DO 1º ANO ACUSA GO WOORI E KIM JAEKYUNG DE LESBIANISMO


POR YOON BORA

É isso mesmo o que vocês acabaram de ler, alunos e alunas! Nossa escola não é mais um lugar seguro. Além de gays agora também temos lésbicas!
A revelação foi feita pelo aluno homossexual do 1º ano Gong ChanSik, que insinuou em uma discussão sexta-feira passada que a aluna-modelo de nossa escola, Go WooRi, tivera um relacionamento lésbico com sua ex melhor amiga de infância: Kim JaeKyung, do 3º-2.
Procurada pela nossa redação, Go WooRi desmentiu as acusações. “Isso é tudo fruto de inveja.”, contou. “Esse garoto, ChanSik, sempre teve interesse no meu namorado (Lee Joon, 3º-1). E agora resolveu inventar essas baboseiras para prejudicar a minha imagem.”

(...)

Porém, quando perguntada sobre a opção sexual de JaeKyung, WooRi não negou. “Sim, ela é mesmo lésbica, e foi por causa disso que me afastei dela. Ela tentou me beijar uma vez à força e eu, obviamente, não deixei. Tenho nojo de gente assim.”

(...)

Muito emocionada, a aluna concluiu a entrevista com um apelo. “Por favor, queridos colegas! Não se deixem enganar por esses boatos horríveis e infundados sobre mim que estão circulando pelo colégio. E que os inventores sejam devidamente punidos! Kisses!”.




– EU NÃO ACREDITO NISSO!

Amassei o jornal e atirei pra longe, acertando sem querer o copo de um menino do 8º ano que passava com sua bandeja.

Estava explodindo de raiva e não sabia quem eu gostaria de assassinar primeiro: a maldita WooRi por causa das declarações mentirosas ou o imbecil do GongChan por sair por aí dando pano pra manga?

Ele sabia da existência do maldito jornal, sabia que a maldita Bora é uma das redatoras e ainda assim sai tocando nesse assunto com tamanha irresponsabilidade.

Esse assunto... espera.

Muita calma nessa hora.

Alguma coisa estava mal contada.

WooRi e JaeKyung tiveram mesmo um caso?! Se isso fosse mesmo verdade, por que ela nunca tinha me contado?! E porque diabos GongChan saberia disso?!

– Acha que pode ser verdade, Sunny? – perguntou Tiffany, quebrando o momento de silêncio. – Quer dizer.. eu não tenho nenhum preconceito, você sabe..

– Sei, nem eu tenho. – respondi um pouco constrangida – Mas não, não pode ser verdade. Não acredite nisso. Perguntaremos à própria JaeKyung mais tarde no ensaio.

– Se ela aparecer, né... – Tiffany respirou fundo.

– Como assim se ela aparecer? Aliás, onde está todo mundo?! – questionei finalmente me dando conta.

– Jessica, Victoria e Jia estão no banheiro consolando JaeKyung. O SungMin eu não sei.

– Consolando a JaeKyung? Como assim?

Se eu bem a conhecia, só isso não seria motivo para deixar JaeKyung arrasada. Pelo contrário, ela nunca se importava com as provocações de WooRi. Sempre dizia que não cansaria a sua beleza com gente baixa e eu a admirava por isso.

Se fosse comigo já teria descido a mão pra cima daquela vadia.

– Bem, o oppa terminou com ela depois que leu a matéria.


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Notas finais do capítulo

roubei a linha com as asinhas do flight b1a4 lol