O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 6
Capítulo 6 - Água-marinha




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A festa tinha acabado. Eu estava muito cansada. Tinha passado a noite inteira dançando com Gabi, conversando com Rayan ou Giovanni e todos os meus amigos. Tinha até esquecido de abrir os presentes.

       Cheguei em casa e ia direto para meu quarto, quando minha mãe me chamou.

       - Alice! – ela falou. - Sei que está cansada, mas preciso dar uma coisa para você.

       - Pensei que a festa já era meu presente. – respondi surpresa. – Mãe, não quero que você fique gastando muito dinheiro por mim...  

       - Não se preocupe com isso. – ela me cortou. – Eu não gastei nada pra te dar isso. – ela me deu uma caixinha. – Era do seu pai.

       Peguei a caixa e abri. Dentro havia um colar, com uma linda pedra preciosa azul. Era muito linda e tinha o formato de uma gota de água.

       Olhei pra ela, muito surpresa pelo que via. Estava de queixo caído.

       - É muito linda, não é? – ela falou. - Esperei até que você tivesse 15 anos. Era a idade certa para te dar. É a pedra “água-marinha”. E é verdadeira.

       - Mãe, é incrível! – eu disse. – Mas por que você não a pegou para você?

       - Ah, querida, eu não sou a pessoa certa pra usá-la. E, afinal, seu pai me deixou isso aqui. – ela foi até a sala. Quando voltou tinha outra caixa na mão. Ela abriu e havia um anel com um lindo diamante. – É o anel de noivado.

        - Muito obrigado mãe!

        - É melhor você ir dormir, foi uma grande noite. Até amanhã.

Diferentemente da outra noite, meu sonho foi bem mais calmo.

       Estava num lugar onde o cenário era inteiramente branco. Era um lugar maravilhoso, como se fosse um paraíso de neve.

       No meio de tudo eu estava com Rayan. Ele estava muito próximo de mim, como se fosse me beijar.

       Igual a mim, ele também tinha um colar, com uma pedra no meio. Ela parecia uma pedra preciosa muito valiosa e não parecia ser falsa.

      Quando parecia que ele ia me beijar, começamos nos movimentar. No fundo, uma doce música tocava.

       Fizemos uma sequência de passos tão graciosamente que eu não conseguia imaginar como eu conseguia.

       Como se o sonho girasse em torno dos meus pensamentos, eu me vi perguntando:

       - Como eu consigo fazer isso?

       - Tecnicamente são os sapatos, mas você que os controla, entende? – Rayan respondeu.       

       - Entendo. – respondi. Eu falei com tanta segurança que parecia que eu entendia mesmo o que ele tinha falado.

       Nós dois sorriamos um para o outro.

       Dei um giro e ele me ergueu com força.

       - Como você consegue? – perguntei, fascinada. – Os sapatos não podem controlar seus braços!

       - Eu já fiz aula. – ele riu. – Você nem está me controlando.    

       Eu ri e continuamos dançando, até que a música parou. Ficamos um minuto em silêncio, até que a voz dele cortou o silêncio.

       - Alice... – ele começou.

       - Sim? – eu o encorajei.

       - Sabe, você me controla sim. Controla os meus sentimentos.

Sentei na cama. Estava muito, muito frio. Eu não podia acreditar que tinha dormido sem cobertas.

       Era a segunda vez que eu acordava na melhor parte do sonho. Não conseguia acreditar! Era uma injustiça!

       Vi o sol entrando pela janela, mesmo a cortina estando fechada. Era sol forte. Não podia acreditar que eu estava com frio a ponto de congelar.

       Então me lembrei da hora. Liguei meu celular. Eram 12h37min! Eu não conseguia acreditar!

       O frio estava passando. Olhei para o meu novo colar, que estava na mesinha do lado da minha cama. A luz do sol batia nele, fazendo com que a pedra brilhasse.

       Ouvi minha mãe batendo na porta.

       - Alice, é melhor você levantar, - ela disse. – porque o almoço já está quase pronto.

       - Já vou, mãe.

       Levantei, me aprontei e cheguei na hora em que minha mãe estava tirando a lasanha do forno.

       - A Gabi ligou. – ela disse. – Ela disse que é pra você estar na casa dela 13h30min. E perguntou se depois ela pode passar aqui em casa pra vocês ficarem mais tempos juntas. Acho que ela gostou da festa. Mas o que vocês vão fazer?

       - Arrumar as malas para o acampamento. – respondi.

       - Tudo bem. Fale para ela que pode vir sim, mas que da próxima vez é para avisar antes. Não sei o que posso servir de café para vocês.

       - Você mima demais minhas amigas. – eu ri.

       Eu apertei a campainha da casa de Gabi esperando que ela abrisse.

       - Oi! – ela exclamou, animada demais. Parecia que ela tinha acordado várias horas atrás. Mas isso era impossível. Era mais de 2h00mn da manhã quando a festa tinha acabado. – Entra! Estava esperando por você!

       - Oi, senhora Animação. – respondi, sarcástica. – Faz quanto tempo que você acordou?

       - Hum... Acho que umas quatro horas atrás. Venha.

       Entrei no quarto de Gabi. Estava tão organizado que eu realmente pensei que ela tinha acordado quatro horas atrás.

       - Então, o que é essa maravilha no seu pescoço? – ela perguntou.

       Eu estava usando o meu novo colar. Ele era tão lindo e eu fiquei tão encantada com ele que decidi nunca mais tirar, a não ser quando for dormir ou tomar banho.

       - Eu ganhei da minha mãe. – respondi. – Ela disse que era do meu pai. É realmente muito lindo. Ela disse que não pegou pra ela porque não era a pessoa certa pra usá-la.

       - E por que ela demorou 15 anos para dar para você? – perguntou ela, curiosa.

       - Não sei. Ela disse que era a idade certa para me dá-la.

       Eu realmente não tinha pensado nessa questão. Eu poderia usar durante 10 anos esse colar e não faria nenhuma diferença.

        - Estranho. Sabe o que eu reparei ontem, na festa? – ela disse.

        - Não, o que?

        - O Giovanni estava usando ontem, só ontem, um anel, que eu devo dizer, era realmente muito, muito, muito lindo! Parecia uma pedra de verdade, igual esse seu colar. Mas parecia que estava também cortada ao meio.

       O silêncio tomou conta do quarto.

       - Então, vocês se beijaram? – Gabi falou, quebrando o silêncio.

       - Do que você está falando? – respondi, fingindo não saber de nada. Mas é claro que eu sabia! Ela estava falando de ontem, na festa, na hora que eu e o Rayan ficamos a sós perto da fonte.

       - Não se faça de desentendida que eu sei muito bem que você sabe sobre o que eu estou falando! Estou falando sobre você e o Rayan, ontem, quando eu cheguei!

       - Ah, bem, se não fosse por você nós teríamos nos beijado!

       - Ah, Alice, eu não acredito! Me desculpa! Parecia que vocês já tinham se beijado! Desculpa mesmo.

       Eu ri. Ela parecia se culpar só por entrar na hora errada. Se bem que ela poderia ter entrado depois...

       - Tudo bem! Acho que ele nem tinha a intenção mesmo...

       - Ah, não! – ela exclamou, me interrompendo. – Nem vem com essa! Era óbvio que ele tinha a intenção! Alice, acorda! Ele te ama!

       - Ah, não, acho que ele não estava raciocinando muito bem! Sabe como é, não sei o que aconteceu, mas por um minuto o ar acabou, acho q isso afetou um pouco ele!

       - O ar acabou?! Quando?!

       - La, na hora que a Luana veio me irritar e você disse que a água começou a subir...

       - Nossa, eu nem percebi! Acho q você está ficando louca!

       Bom, isso sim era estranho. Para falar a verdade, eu não notei ninguém saindo do salão para tomar ar. Será que só eu tinha ficado sem ar?

       De todo jeito, se eu estivesse louca, eu não era a única. A água da fonte de dentro simplesmente não poderia “subir” sozinha!

        - Estou falando sério! – exclamei. - E até agora não entendi isso de “a água subiu”!

        - Seu aniversário estava meio estranho mesmo! Mas, mesmo assim, estava muito legal! Nunca vi o Giovanni tão... arrumado!

        - Você gosta dele, não é?

        - Não! De onde você tirou essa ideia ridícula? Ah, sim, da sua cabeça! Esqueci, você tem um probleminha. Mas não se...

        - Não tente negar! – interrompi ela. – Você fala até demais dele, tem horas!

        - Tudo bem, eu te perdoo por essa falha. Você deve estar cansada por causa de ontem!

       Eu devia saber. Era mesmo muito difícil brigar com a Gabi. Ela nunca mudava de opinião nas brigas e era bem convincente!

       Mas isso estava muito óbvio...

        - Ok, não vou discutir com você. – falei. – Por mais que eu sei que estou certa! Agora vamos arrumar suas malas.

       - Ah, Alice, você sabe que odeio acampar! – ela reclamou. – Eu tenho mesmo que fazer isso?

       - Tem sim! Se você é verdadeiramente minha amiga você vai, porque ninguém ficaria comigo lá. E, afinal, todo mundo vai! Todo mundo!

       Destaquei a palavra como se estivesse falando “Giovanni” ao invés de “Todo mundo” para ver que ela mudava de ideia. Nem precisei insistir mais. Ela respondeu:

       - Tudo bem, eu vou! Mas só porque você é minha amiga!

       Eu sorri, sabendo que essa não era razão para Gabi concordar tão facilmente.

        - Sei! Mas, então, vamos arrumar? – perguntei. – Só uma coisa: acho que é melhor você não levar esse sapatinho que está na sua mão!

       - Ah, por quê? – ela reclamou.

       - Deve ser porque ele tem um salto de sei lá quantos centímetros. Você vai cair rapidinho com isso...


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Notas finais do capítulo

Talvez poste mais um cap. de noite, pessoas :) Estão gostando?



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