O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Festa


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando :D



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Entrei na minha casa e fui direto pra cozinha. O cheiro estava delicioso.

       - E aí, querida, preparada para um dia muito corrido? – minha mãe falou.

       - Claro! – respondi.

       - Pois, então, comece me ajudando aqui.

A tarde tinha sido muito tediosa. Mas lembrar por que eu tive que fazer isso me fez sentir melhor. È simplesmente horrível passar por cabeleireiras, manicures, etc. sem ouvir nenhuma música pelo menos e ouvir sua mãe contando cada passo seu de quando você era pequena.

       Mas eu estava chegando ao salão de festa. Estava tudo perfeito por fora. As luzes azuis piscavam todas em um ritmo. Minha mãe tinha feito de tudo para que a festa fosse perfeita. Ela “contratou” um coelho (contratou mesmo, já que o coitado estava vestido com um terno e quando ele andava, nós podíamos ver o relógio se arrastando pelo chão). O homem que estava recebendo todos estava caracterizado como o Chapeleiro Maluco. E outra mulher estava caracterizada como a Rainha Branca.

       Eu sai da limusine. Tive que pegar meu vestido, para que ele não se arrastasse pelo chão, por mais que ele não fosse tão grande.

       O vestido era lindo, azul bem claro, com manga estilo vestido de princesa bem fofinha e sua saia descia reta, como as roupas que as mulheres usavam muito antigamente.

       Entrei no salão e o mundo pareceu parar. Eu podia ver tudo e todos de lá de cima.

       Gabi estava com um lindo vestido vermelho e preto, xadrez. Giovanni e Rayan estavam vestidos de terno. Luana estava com um vestido branco de dar inveja.

       Eu me senti como se fosse intrusa na festa de alguém. Eu, comparado a todos, devia estar... ridícula?

       Eu podia ver que o chão tinha grama de verdade. As paredes estavam cobertas de papel tactel azul, como se fosse o céu. A pista de dança era enorme. Havia um globo pendurado no meio e as luzes só eram azuis. Eu estava pensando quanto tudo aquilo tinha custado para minha mãe... Sempre preocupada com os mínimos detalhes...

       Só que, por mais que tudo estivesse maravilhoso, o meu mundo parou porque o Rayan tinha vindo.

       A festa estava maravilhosa. Eu me sentia mais tranquila agora que só o que me faltava era trocar de roupa e ir dançar com meus amigos.

       Eu ia falar com Gabi, quando minha mãe apareceu.

       - E então, querida, como está a festa? – perguntou ela.

       - Está ótima mãe! Você pensou em tudo! – respondi meio apressada.

       - Que bom que gostou. Eu fiz com que eles pusessem uma fonte ali no meio, porque eu sei o quanto você gosta de fontes. – ela continuou.

       Só quando ela falou, eu percebi que havia uma fonte no meio do salão. Eu amava ver fontes. Eu não sei por que, mas era legal ver a água subindo e caindo.

       - Ficou perfeita, mãe! Você devia fazer mais festas como essas. Assim você ganhava dinheiro fazendo o que gosta. – eu disse, tentando ver se assim ela me deixava – Agora tenho que conversar com a Gabi.

       - Não se esqueça de trocar de vestido. – ela lembrou.

       Eu tinha esquecido que eu tinha que trocar de vestido. Não ia conseguir dançar com ele e todo mundo pisando nele. Mas eu não queria tirar aquele vestido muito lindo.

       - Ah, mãe, deixa eu ficar com ele? – perguntei, implorando.

       - Ah, querida, você vai ter tempo de usar ele. Eu comprei ele! – ela falou.

       - Sério? Muito obrigado, mãe!

       Sai correndo para encontrar Gabi. Estava chegando perto da fonte, quando a voz irritante da Luana.

       - Até que sua festa não está tão ruim assim – ela dizia – Mas acho que todo mundo sabe que a minha foi muito melhor!

       Eu precisava manter a calma. Era minha festa de 15 anos! Ela não podia estragá-la. Mas a raiva me invadiu. Eu não sabia o que estava acontecendo! Eu era sempre tão paciente!

       De repente senti a água atrás de mim. Ela estava mais forte. Eu não sabia como eu sabia disso, mas eu simplesmente podia sentir.

       - Alice! – ouvi Rayan gritar. Dessa vez, mesmo eu ouvindo o som da voz dele, eu não consegui me controlar.

       - Ela está totalmente descontrolada! – ouvi Giovanni gritando. – Que demais, nunca vi algo assim desde que Verônica mudou de cidade!

       - Dá pra você parar de piadas e vir ajudar? – Rayan falou. – Faça com que ela não respire. – agora, ele estava sussurrando.

       - Mas eu não sei se posso. – ele diminuiu a voz – E se eu a matar?

       - Você não vai. Agora faça com que ela não respire antes que ela mate todos nós.

       Em um segundo eu estava sem ar. Meus olhos estavam quase se fechando, quando o ar voltou. Percebi que estava do lado de fora do salão.

       Rayan e Giovanni me deitaram na grama. Ela estava fria e úmida. Sentir a água me deixou melhor.

       - Alice, você está melhor? – Rayan perguntou.

       - Acho que sim. – pude responder.

       - Eu vou buscar um copo de água para você. Giovanni vai ficar um pouco com você e – ele fez uma pausa – tente não se lembrar do que aconteceu.

       Rayan entrou no salão. Fechei os olhos. Mesmo eu querendo obedecer, era quase impossível. Aquela garota que só queria estragar minha vida!

       Abri os olhos e percebi que as gotas de água da grama começavam flutuar. Parei um pouco para vê-las subir, esquecendo a raiva. Quando finalmente me acalmei, as gotas caíram no chão.

       - Sabe, Alice, é melhor você conseguir controlar melhor sua raiva agora. Eu sei que é difícil, mas é a melhor coisa a fazer. – Giovanni falou, cortando o silêncio.

       - Eu sempre fui tão paciente! – falei – Eu não sei o que está acontecendo comigo!

       - Sim, eu também era muito paciente. - ele disse.

       Eu olhei para ele, com curiosidade. Eu me lembrava da vez em que Rayan tinha brincado com ele falando que ele gostava da Gabi. Ele quase tinha matado Rayan. Foi só um soco, mas pelo jeito foi forte, porque Rayan ficou até sem ar.

       - Bom, agora nem tanto – ele completou, vendo que eu estava pensativa.

       Rayan entrou com um copo de água. Giovanni se levantou e retirou, tentando ser discreto.

       - Tome, Alice. – ele disse. – Não ligue para o que Luana diz. Você tem que tentar se controlar agora.

       - Está tudo bem... – eu o tranqüilizei.

       - Não, não está. Vamos, levante.

       Eu tentei levantar, mas acabei caindo no braço de Rayan. Meu coração disparou e o mundo novamente parou.

       - Eu estou me sentindo tão fraca. – reclamei.

       - Eu sei, - ele respondeu – é normal.

       - Normal?

       - Bom, eu já passei por isso, então posso dizer que é normal.

       Rayan deixou eu me apoiar nele. Nós sentamos na fonte. A água estava calma. De repente uma música calma começou a tocar.

       - Quer dançar? – perguntou Rayan. – Essa música é mesmo muito linda. E ainda é da sua trilha sonora.

       Eu ri. Para combinar com a festa minha mãe pegou umas músicas inspiradas em Alice e também de sua trilha sonora.

       - Claro. – eu disse, estendendo a mão para que ele me ajudasse.

       Ele me puxou para perto e começamos a dançar. Eu ainda estava com meu vestido e atrás da gente a fonte estava mais calma. Uma típica cena de romance. Sem contar que meu coração estava em disparada.

       Eu deitei minha cabeça em seu pescoço. Eu podia sentir o cheiro do seu perfume, um perfume doce.

       Ergui minha cabeça, até que nossos lábios ficassem o mais perto o possível.

       Nos movíamos perfeitamente com a música. Poderíamos ser um par perfeito. Era só ele querer...

       A música tornou-se mais rápida, mas mesmo assim não perdemos o ritmo. Quando ela parou, eu quase continuei dançando, se não fosse por Rayan ter parado e eu quase ter caído.

       - Me desculpe – ele sussurrou em meu ouvido, me empurrando mais para perto. – Quer dançar mais uma?

       Eu ia responder que não, porque a outra música parecia ser mais rock, quando vi os dois pontinhos alaranjados de cedo no meio das moitas. Rayan olhou para mesma direção do que eu. Seu olhar se tornou preocupado.

       - Alice, porque você não vai lá para dentro avisar sua mãe que está tudo bem? – Rayan falou. – Ela deve estar preocupada.

       - Me diga o que são aqueles dois pontinhos laranja que eu vou. – eu respondi.

       Em um segundo os pontinhos tinham sumido e eu ouvi um barulho.

       - Que pontinhos?

       Eu ia responder quando Gabi chegou falando:

       - Alice, está tudo bem? Você perdeu o controle! Eu nunca vi isso! E então, do nada você para e quase cai se não fosse pelo Giovanni e o Rayan. E você não viu a água! Parecia que ia pular em cima da Luana e... – ela parou, percebendo que Rayan estava por perto. – Ah, oi, Rayan. Será que eu posso roubar a Alice um pouquinho?

       - Claro, estava falando para ela entrar mesmo – ele respondeu.

       Quando entramos, percebi que tudo tinha voltado ao normal. As pessoas estavam dançando. Parecia que nada tinha acontecido.

       Passei pela Luana. Ela me fuzilou com os olhos. Desviei meu olhar e perguntei pra Gabi:

       - O que você estava falando sobre a água mesmo?

       - Ah, é! – ela falou- Nossa, ela começou a subir, que quase chegou ao topo. Como se isso fosse um filme. Era o cenário perfeito!

       - Hum... – respondi meio sem interesse em saber do que tinha acontecido. Estava pensando em Rayan e na nossa dança.

      - Nossa, Alice, onde você está? Aqui ou no mundo dos sonhos?

      - Não sei, onde você está?

      - Aqui, por quê?

      - Você está me vendo?

      - Estou sim, mas por quê?

      - Isso significa que eu estou aqui então!

      - Você sabe que eu não estou falando sobre isso. Você parece estar tão longe, perdida em seus pensamentos... Você está pensando nele, não é?

      - Sim, eu estou pensando nele. Algum problema?

      Estava começando a me sentir irritada. De novo. Por uma coisa tão tonta!

      - Não, nenhum. Mas é legal ver essa sua carinha de sonhadora. Daí você entra num mundinho que não tem muito a ver com a realidade. Pra falar a verdade, seu mundo de sonhos está muito próximo a realidade.

      - Você fala como se soubesse como é estar nesse “mundo de sonhos”.

      - Só porque eu não sou o tipo de menina que aprecia o amor como você, não quer dizer que eu não amo e nem sonho. São características normais de todos os seres humanos e...

       - Tudo bem, já entendi! – falei, cortando o discurso dela. – Então quer dizer que você sabe o que é o amor? E posso saber quem é o sortudo?

       - Não, você não pode. Você vai descobrir. Afinal, eu que descobri que você gostava do Rayan, e não você que me disse!

       - Ah, por favor, Gabi, conta!

       - Não, se um dia eu quiser, eu dou uma dica. Agora, vamos aproveitar a festa. Você tem que trocar de roupa também...


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