O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 4
Capítulo 4 - Pontinhos laranja


Notas iniciais do capítulo

Quem está gostando me fala e quem não está também! Aceito todo tipo de critica :)



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Finalmente, no final daquela manhã, o sinal tocou.

       Depois de um ano inteiro, aquela era a música que eu mais queria ouvir. Mais nenhuma aula até o começo do outro ano. De noite, tinha minha festa e na outra semana o passeio da escola. Mas, isso ia ser meio decepcionante, pois sentiria um pouco de saudade de Rayan.

       - Ah, Alice, Alice, Alice, Alice! – Gabi falou atrás de mim com um tom de alívio em sua voz. Eu sinceramente achava que Gabi gostava muito de meu nome, porque sempre o repetia muitas vezes.

       - O que, Gabi? – respondi.

       - Tudo está tão diferente, não é? Apenas olhe em sua volta e percebera que todos ficam mais entusiasmados no final do ano.

       Olhei em minha volta. Os populares conversavam sobre as viagens que iam fazer e sobre as festas que poderiam fazer as escondidas. Seria um prazer imenso dedurar eles para seus pais, mas, infelizmente, nunca éramos convidados para esse tipo de festa.

       A turma dos nerds (sim, a nossa escola era dividida como se fosse uma escola dos Estados Unidos. Deve ser porque ela tinha uns grupos sobre diversos assuntos, na qual participávamos) estava conversando sobre tudo o que tinham aprendido durante esse ano e planejando o que faria no ano que vem e discutindo assuntos sobre as matérias. Eu simplesmente não sei como eles agüentavam estudar tanto.

       A turma dos esportistas estava planejando algumas corridas, caminhadas e horários que iriam à academia.

       Aqueles que iam se formar estavam tanto animados quanto tristes. Sentiriam saudades de todos, depois de anos juntos, e alguns namoravam, mas estavam animados porque iriam para faculdade. Alguns estavam falando de empregos de verão.

       A turma dos normais (pessoas como eu e a Gabi) estava misturada conversando animados sobre planos para as férias.

       - É – finalmente respondi -, todos estão muito animados, menos alguns dos formandos, mas isso é normal. Mas, o que você vai fazer nas férias? 

       Notei que Gabi nunca me falara o que ia fazer e para onde ia.

       - Não sei. Meus pais querem ir num lugar onde poderemos fazer trilha, mas não como um acampamento igual o da escola. Eu não queria ir. Mas, sou meio que obrigada. Queria ir com você para a praia.

       - Você sabe que minha mãe deixa você ir conosco.

       - Eu sei, mas o problema são os meus pais. Eles nunca deixariam. Eu sinceramente não estou a fim de ir à praia, mas, pelo menos, eu ficaria com você.

       Eu sorri. Gabi sempre me assustava, me zoava, mas gostava mesmo de mim.

       - Você por acaso já pediu para eles?

       - Não sou tão louca

       - Apenas tente.

       - Posso tentar...

       - Promete?

       - Sim, eu prometo.

       Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, uma voz atrás de nós falou:

       - Boa tentativa, Alice. Uma festa de 15 anos. Mas isso não pode me derrubar, e você sabe mesmo disso.

       Me virei e vi Luana com suas “amiguinhas leais”.

       - É o que você acha, Luana? – respondi sarcástica. – Porque, se vai ser tão ruim, você vai, então?

       - Porque vai ser um prazer zoar da sua festa, Alice.

       Eu estava começando a perder minha paciência. Isso não era normal, mas aquela garota era tão...

       O mais incrível era sentir que água se rastejava até mim, me fazendo mais forte. Alguém precisava me distrair. Alguém...

       - Alice?

       Aquela voz...

       - 15 anos não é?

       Me virei. Naquela hora tudo sumiu. Era como nos filmes. Dois pontos de luzes no escuro, sem ninguém por perto.

       - Ah, oi, Rayan. – mandei um aceno.

       -Parabéns. Sabe, quando eu fiz 15 anos, pareceu que tudo mudou...

       - É, ta tudo mudando rápido demais mesmo.

       Eu não tinha percebido, mas Luana não estava mais por perto. Nem as pessoas. Estávamos andando. Atrás de nós ouvia duas pessoas andando. Provavelmente Giovanni e Gabi.

       - Então, vai no passeio segunda?

       - Ah, vou sim. E você?

       - Ah, sim, claro! Eu adoro terra! Bom, eu tenho que ir. Até de noite! Podemos conversar mais...

       - Ah, claro! Tchau!

       Eu parei. Atrás de mim Gabi se aproximava.

       - Você tinha que ver a sua cara na hora que reconheceu que era a voz dele. – Gabi gargalhava – Você ficou muito... cômica – percebi que ela fez um esforço para achar a palavra certa.

       Ela viu que eu não conseguia responder e continuou:

       - Você está apaixonada com toda certeza. Eu posso ouvir o seu coraçãozinho daqui. Sabe, acho que você tinha que tomar muito cuidado quando fosse se apaixonar. E você escolheu ele... como se ele precisasse de você. Você tinha tanta certeza que ia ser ele e mais ninguém. E ele te olha como se a vida dele dependesse de você viver ou não.

       - Verdade? – foi a única coisa que eu consegui responder.

       - É. E no começo quando ele falou sobre os 15 anos, ele parecia mesmo estar com dó de você.

       - Mas, por que será?

       - Não faço a mínima ideia.

       - Gabi, preciso ir. Minha mãe vai ficar me esperando.

       - Ta, tchau! Até de noite!

       Eu estava saindo da escola. Minha casa não ficava tão perto, mas também não ficava tão longe.

       - Ei, Alice!

       Atrás de mim, Giovanni corria tentando me alcançar.

       - Oi. – respondi. Não queria conversar com ele, mas via que era minha única opção, já que ele morava alguns quarteirões depois da minha casa.

       - Feliz aniversário. Sabe, 15 anos pra mim não foi a melhor coisa na minha vida. Nem pra Rayan. E pra mais alguma garota...

       - Vê? – perguntei. Não sabia o nome da garota inteiro, mas sabia que era dela que ele estava falando.

       - Isso – ele falou sem mesmo ficar surpreso por eu ter adivinhado -, mas pra ela foi pior. Ela, bem, não entendeu muito bem... como admirar os 15 anos. – ele falou, pensando sempre nas palavras que falava.

       - Como assim?

       - Ah, deixa isso pra lá. Mas tome cuidado, Alice. Tente não se irritar muito. Não quer que alguém morra afogado, não é?

       Achei estranho. Era para eu ter cuidado... para não machucar alguém? Afogar alguém?

       - Que?!

       - Ah, nada, foi uma... piada. Mas não sou tão bom nisso... Mas, agora, você precisa prestar muita atenção no que faz. Tudo bem se o seu sentimento for calmo. Como sempre. Afinal, estar apaixonado sempre faz alguém ficar calmo...

       - Que?!

       Agora sim eu estava surpresa. Como ele sabia. Será que Rayan sabia? Gabi tinha contado pra ele?

       - Ah, eu errei, quer dizer, estar... hã... estar feliz sempre faz alguém ficar calmo e...

       - Tudo bem, não precisa explicar.

       - Olhe, Alice, estou falando demais. Então é muito bom te avisar: tente ficar o mais longe o possível da garota do seu sonho. Sabe, a garota de olhos alaranjados...

       - Como você sabe?

       - Do que?

       - Do meu sonho. Da garota. Como você sabe?

       - Todos nós temos esses sonhos nessa noite. Rayan ficava sozinho. Eu e meu irmão ficávamos juntos com Rayan. E Verônica viu tudo diferente. Ela e meu irmão contra nós três... Então é fácil de adivinhar que você sonhou com nós cinco.

       Eu ia responder. Mas então percebi que tinha alguém entre as moitas. Dois pequenos pontos laranja pareciam sair das moitas.

        - Alice? Alice, para onde está olhando?

       Ele virou a cabeça na direção pra onde eu olhava. Sua expressão mudou. Estava tão tenso...

       Os dois pontos iam se transformando em quatro.

       Uma forte rajada de vento passou por nós, quase me levando junto com ele. O mais surpreendente foi que Giovanni nem se moveu.

       Dois pontos se apagaram com o vento.

       - Alice, acho melhor você ir pra sua casa.

       - Tudo bem. Até de noite...

       Não pude deixar de achar aquele garoto muito estranho. Ele pensava muito antes de falar, ficava tenso, olhando pra todo lugar, como se precisasse se proteger... Ou me proteger.

       Mas também não pude deixar de pensar no que disse. Tudo era muito confuso, ainda mais agora.

       Juntei tudo o que ouvi, vi e senti naquela metade de dia. O último elemento, a água correndo até mim, estar em perigo, a expressão de dó de Rayan. Parecia que todas essas peças faziam parte do mesmo quebra-cabeça, mas não podiam se encaixar...


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