O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 3
Capítulo 3 - Gabi


Notas iniciais do capítulo

Eu não fazia a mínima ideia de como ia ser o nome desse cap., então pus o nome da melhor amiga da Alice, já que só aí ela aparece.



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Na escola, tudo estava... diferente.

       Todos estavam comentando para onde iriam ou que fariam nas férias. Eu não tinha planos do que fazer, mas minha mãe disse que ia me fazer uma surpresa nas férias.

       Ouvi algumas garotas comentando sobre o meu aniversário. De acordo com elas, quase toda escola inteira estava animada para festa. Isso era bom. Se conseguisse fazer uma festa melhor do que Luana, minha pior inimiga, eu podia até me tornar popular.

       Me sentei no lugar mais escondido que podia ter na escola inteira. Comecei ler meu livro até que, alguma coisa pulou em mim, me fazendo gritar.

       - Feliz aniversário, Alice! – alguém falou atrás de mim.

       Eu conhecia essa voz.

       - Gabi! Meu Deus, que susto! – gritei.

       Gabi era minha melhor amiga. Era meio que da natureza dela sempre saber onde eu fico e ir me assustar. E conseguia, sempre.

       - Ah, que legal, que legal, que legal! 15 anos! Isso é muito bom, não é? – ela me ignorou.

       Gabi tinha ainda 14 anos. Fazia 15 no finalzinho do ano. Mas nem parecia. A aparência dela era a de uma garota de 18 anos. Era muito alta, tinha pele clara, olhos pretos, e seus cabelos eram pretos também, grandes e cacheados. Sempre usava jeans, a camiseta do uniforme e, em cima, uma camisa social, que a deixava mais séria.

       - Ah, bom, é normal.

       - Normal? Nossa, Alice, que desanimo é esse? Você já tem 15 anos! Ta certo que não é 18, mas mesmo assim! E, alias, de noite vai ter a festa! Todo mundo ta comentando que essa pode ser a festa do ano porque, por favor, não se ofenda, seu pai deixou muito dinheiro e sua mãe tem um bom emprego. E também porque o tema é muito bom!

       Gabi sempre dizia que o maior sonho dela é ter 18 anos e ser independente. Assim, poderia ir em baladas, viagens, tudo sem os pais.

       E ela tinha razão em pensar que meu pai deixou muito dinheiro. Ele costuma ficar o ano inteiro no navio, e eu só o via nas férias.

       E o trabalho da minha mãe era simples, mas o salário éera suficiente para manter nós duas.

       E sobre o tema, foi uma escolha muito criativa. Mas, foi muito fácil pensar nele, pois foi apenas lembrar no meu nome. “Alice no País das Maravilhas”. Por mais que pareça um tema meio bobo também, por o filme ser mais de criança, a decoração, de acordo com a minha mãe, que escolheu tudo e não me deixou ver nada, ficou muito boa, e, como o vestido de Alice é azul, provavelmente, a cor do meu vestido vai ser azul, minha cor preferida.

       - Ah, que bom que você gostou. Bem, é normal ter 15 anos, sim. A única coisa surpreendente mesmo, é a festa. Mas não é sobre isso que eu quero falar.   

       - Você é incrível! Todo mundo ta falando da festa e a própria aniversariante não! Qual é o seu problema?

       A única qualidade que você precisa ter para ser amiga Gabi é paciência. E tem que ter muita, muita paciência. Mas, eu aprendi com minha mãe que para tudo tínhamos que ter paciência.

       - O meu problema, Gabi, é até agora ter uma amiga que só pensa que eu sou problemática.

       - Ah, me desculpe! Que droga, bem no dia do seu aniversário!

       - Tudo bem. Você tem sorte de eu ter muita paciência.

       - Com certeza. Mas, por que não está tão animada com a festa?

       - Eu tive um sonho. Na verdade, um pesadelo.

       Contei tudo exatamente como tinha acontecido e descrevi a garota do meu sonho. Esse era o ponto que mais me fazia pensar. Ela falava como me conhecesse. Mas eu podia jurar que eu nunca tinha visto ela. Afinal, se tivesse, nunca esqueceria aqueles olhos.

       - Bom, eu penso que isso é mais um sonho do que um pesadelo, Alice – respondeu Gabi depois que eu terminei de contar tudo para ela.

       - Como assim um sonho? Eu estava morrendo, tecnicamente!

       - É, mais o Rayan estava no seu sonho. E estava tentando de ajudar.

       - Eu sei, mas... Bom, aquele sonho foi tão estranho que eu não posso chamá-lo de sonho.  

       - Entendo.

       - Gabi, você já viu uma garota igual a que eu descrevi?

       - Já vi sim. Eu tinha ido à sorveteria e reparei numa garota que estava junto com o Rayan. Não que eu fique reparando nas pessoas, mas ela estava tão brava e eu não podia deixar de reparar naquele par de olhos.

       - Eu sei, são tão...

       - Estranhos?

       - É. Nunca vi olhos tão... raivosos. Isso porque a cor... é estranha. Nunca vi olhos laranja. E você disse que ela estava com o Rayan?

       - Sim. Você não vai ficar com ciúmes, vai?

       Aquela pergunta simples me pegou de surpresa.

       - Eu? Com ciúmes? Por que eu ficaria com ciúmes?

       - É, por que você ficaria com ciúmes? Afinal, ele está olhando diretamente para você faz uma hora.

       - Ele está olhando para mim?

       Isso é impossível!

       - É, sim. Olhe para trás, mas discretamente.

       Peguei meu bloquinho e minha caneta na minha bolsa.

       - O que você está fazendo, Alice? – Gabi perguntou, como se eu fosse uma lerda.

       - Estou sendo discreta. – respondi.

       - E como você pretende ser discreta com um bloquinho e uma caneta?

       - Observe e aprenda.

       Estava escrevendo, quando de repente, ah, sim, de repente, minha caneta caiu. Não tão longe, mas caiu para trás. Obviamente eu tinha que me virar para pega-la.

       Olhei para Gabi e falei:

       - Ops! Acho que minha caneta caiu, não é?

       Ela revirou os olhos.

       Virei-me para trás e, por um segundo, meus olhos se encontraram com aqueles olhos marrons de Rayan. Fingindo estar olhando para baixou me agachei, e vi que os olhos dele seguiam meus movimentos. Sua expressão era de dó.

       - Ele está mesmo olhando para mim. – falei, me contendo para não gritar – Mas eu só não entendo aquela expressão de dó.

       - É isso que eu estou tentando entender. – Gabi respondeu – Alice, você não acha que o seu sonho não está relacionado com sua vida, talvez?

       - O que? Aquilo só foi um sonho! Por que você acha isso?

       - Porque, raciocina, no seu sonho, ele tinha uma expressão de preocupação pelo o que tinha acontecido com você, não é?

       - Isso...

       - Então, agora ele está com dó de você porque isso pode acontecer. Além disso, ele parece estar preocupado agora também. Você não está ouvindo?

       - Ouvindo o que?

       - A conversa deles.

       Olhei assustada para ela. Eles estavam a metros de distância!

       - Como você consegue ouvi-los?

       - Não sei. Apenas estou ouvindo, você não?

       - Não! Eles estão muitos distantes para eu conseguir ouvir!

       - Acho que é por causa do vento. Minha mãe disse que o vento pode trazer as conversas dos outros.

       Eu olhei para ela como se ela fosse doida.

       - Sobre o que eles estão falando? – perguntei.

       - Estão falando de alguém. Uma garota. Ela está em perigo. Precisa ser alertada, antes que descubra. E Rayan tem certeza que é essa garota mesmo. Quem será a garota? E o que será que vai acontecer com ela?

       - Não sei, continue.

       - Pelo jeito, Rayan gosta mesmo dessa garota.

       Tentei disfarçar a dor que eu senti. Então, Rayan já gostava de alguém. E eu tinha certeza que não era eu. Era meio que impossível eu estar em perigo. O único perigo existente agora era Luana ir para minha festa (o que não era impossível, porque minha mãe me obrigou a convidar a sala inteira) e ela estragar minha festa. Mas, com certeza, não era daquele perigo que eles estavam falando.

       - Mais alguma coisa? – perguntei, tentando esconder a tristeza em minha voz. Mas parece que não tinha funcionado.

       - Não. Mas, olhe Alice, eu tenho certeza de que eles estavam falando sobre você. Lembre-se do seu sonho. Nele você estava em perigo.

       - Não seja tola, Gabi! Meu único perigo agora é a Luana!

       - Seu único perigo, por enquanto, é a Luana. – ela me corrigiu.

       - Até parece que você quer que eu corra perigo!

       - Nesse caso sim, já que até você quer isso.

       - Gabi! Não sou eu e ponto final, entendido?

       - Então porque ele não para de te olhar? Não tem outro lugar para olhar?

       - Eu não sei! Deve ter alguma coisa no meu cabelo, ou minha blusa pode estar suja, mas não sou eu!

       - Se sua blusa tivesse suja eu não pularia em cima de você minutos atrás!

       - Gabi! Esquece isso, vai.

       - Tudo bem. E aí, você vai no passeio?

       - Que passeio?

       - O da escola, qual mais seria?

       O passeio da escola. Tinha me esquecido disso. E eu queria ir tanto! Ia ser muito divertido. Nós íamos acampar e eu tinha certeza que Rayan ia, porque ele sempre adorava qualquer lugar que era da natureza. Ele gostava muito de terra. Eu era só um pouco diferente. Gostava de lugares com água.

       - Ah, vou sim. Amo ficar perto da natureza.

       - Ah, que pena, você ficara tão sozinha...

       - Você não vai?

       - Claro que não! Tem tanta terra! Vou sair de lá toda suja!

       - Ah, Gabi, me poupe! Vai ser legal! E lá tem água para a gente tomar banho também, é claro! E, afinal, quase todo mundo da escola vai. E, talvez, o garoto que você gosta vai estar lá!

       Gabi nunca me dissera o nome da pessoa que gostava, mas já me dera algumas dicas. Mas eu nunca descobri. Não era muito boa nisso.

       - É, ele vai sim.

       - Então. E nós vamos acampar, alguém leva violão para tocar e cantarmos de noite, em volta de uma fogueira... Vai ser tão divertido!

       - Tudo bem, eu vou.

       - Ah, que legal!

       - Mas eu não trouxe autorização!

       - Fala para sua mãe trazer de tarde. Eu vou dar um jeito em tudo. E, se quiser, eu posso ir na sua casa ajudar você fazer as malas.

       - Nossa! Está com muita disposição hoje! Mas lembre que hoje você não vai ter tempo para isso...

       - E o passeio é só segunda. Então, amanhã eu vou na sua casa. De um jeito ou de outro, você vai mesmo nesse passeio.

       - Ta bom então. Vamos o sinal da aula vai tocar daqui a pouco.

       No momento em que ela falou isso o sinal tocou.

       - Vamos, então.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando :)



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