O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 12
Capítulo 12 - O castelo de gelo


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo, um pequeno! haha, que emoção *--*



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- Pelo jeito sua conversa com a Bianca foi boa. – disse Rayan, me abraçando por trás e me dando um beijo na bochecha. – E você também não está ferida. Que milagre!

       A sensação de felicidade me tomou de novo, junto com a sensação dos braços de Rayan envolta de mim.

       - Bom, no fundo, até que ela não é tão brava assim. – eu disse, rindo.

       - Só se for com você. Mas ela sempre fica mais calma, mais adulta quando conta para nós a história. Tem alguma coisa que ela não conta para gente. – ele disse, pensativo.

       - Eu sei. – eu comecei a pensar o que poderia deixar uma pessoa assim. A única coisa que me deixava triste assim era pensar que Rayan não podia gostar de mim como eu gostava dele.

       - Bom, você disse que ia me levar para o meu quarto. Vamos? – eu disse, interrompendo nossos pensamentos.

       - Tudo bem. – ele respondeu.

       Andamos boa parte do caminho sem falar nada. Não estávamos nem tão perto, nem tão longe um do outro. Até que nossos dedos roçaram um no outro e paramos.

       - Ah, Alice... – ele parecia não saber o que dizer.

       - Olhe, não diga nada. – eu me ouvi dizendo, as palavras saindo sem eu ter intenção de dizê-las. – Eu preciso dizer, depois de tudo. Eu te amo. De verdade. E eu não me importo se essa Verônica também te ama. Não quero que nada nos separe... Claro, se você me amar também.

       Ele ficou em silêncio por um tempo. Primeiro parecia preocupado, como se não gostasse de mim. Logo sua expressão mudou para pensativo, como se analisasse cada palavra que eu disse. Depois ele apenas sorriu e me disse:

        - Ah, Alice – ele disse. -, é claro que eu te amo! Muito. – ele pegou minha mão e apertou. – Eu só quero ficar com você. Não sabe como me dói lembrar dos meus sonhos em que você sempre gritava de dor.

        Percebi que tínhamos começado a andar de novo. A cada vez que nos aproximávamos do lugar que estávamos indo, mais frio eu sentia. 

        Nenhum de nós sabia mais o que falar. Só fomos andando de mãos dadas até que ele parou na frente de um castelo de gelo.

        - Alice, esse é seu “quarto”. – ele disse, quase rindo da minha expressão.

        - Você só pode estar brincando! – eu disse, olhando para ele e para o castelo.

       - Não. Agora, abra as portas. Quero ver como é aí dentro. Eu nunca entrei, mas amo esse lugar.

       Entendi o que ele queria dizer com aquilo. Esse era o lugar em que se passava o meu sonho e eu tinha certeza que nossos sonhos eram iguais, pelo menos, uma parte deles.

       - Porque você não abre? – eu brinquei com ele. – Você tem que ser um cavalheiro.

       - Bom, você por acaso já observou essa porta? É de gelo, é muito pesada então só quem controla a água que pode movê-la. Você sabe, o gelo é água congelada.

       - Ah. – foi a única coisa que consegui responder, me sentindo totalmente lerda.

       Apenas movi a mão como se abrisse a porta e ela começou a se abrir, lentamente.

       - Uau. Tem certeza que essa porta é difícil de abrir? – eu disse, enquanto a porta se abria, rindo.

       Eu parei de rir quando aquela parede se abriu. Era um quarto perfeito. O chão era de gelo e a cama era normal, com lençóis brancos e azuis. Ao lado dela tinha uma cômoda azul, com portas retratos em cima. Na outra parede tinha um guarda-roupa também azul.

       Dei um passo para entrar no quarto e acabei escorregando, mas me apoiei na cama.

       - Alice! – Rayan gritou. – Ah, desculpa, esqueci de avisar que você precisava por os patins para andar no gelo. Estão aqui, do lado da porta.

       Fui gatinhando pegar os patins.

       - Eu devo estar parecendo uma criança. – disse.

       - Foi por isso que eu não entrei no quarto. – ele riu.

       Passei o outro par de patins para ele.

       - Eu não sei andar com essa coisa! – reclamei.

       - Então controle seus passos. – ele disse. – Os patins também são de gelo. Você pode os controlar até que se acostume a fazer os movimentos.

       - Quer que eu controle os seus também?

       - Não, obrigado. Já fiz aula.

       Fui controlando meus passos até chegar à mesinha. Peguei um dos porta-retratos. Mostrava um homem de cabelos castanhos e encaracolados e olhos da cor do oceano. Não precisei de muito tempo para reconhecê-lo.

       - Meu pai. – eu disse.

       - É sim. – Rayan respondeu. – Está vendo aquela outra foto? É sua mãe, ele e você no colo. Sua mãe era muito bonita quando jovem. Já vejo a quem você puxou.

       Eu sorri para ele. Minha mãe realmente era muito linda. E continuava sendo. No colo do meu pai estava uma menininha muito pequena e magrinha. Devia ser um dos meus primeiros dias de vida.

       - Bom, Alice, recebi ordens de que você deveria pôr um dos vestidos que estão nessa porta do guarda roupa. – ele disse, apontando uma porta. – Escolha um e se vista, para que nós podermos sair lá fora. Vou te esperar lá.

       Abri o guarda roupa. Tinha um milhão de vestidos dentro dele. Todos eram lindos. Não tinha como eu escolher um só.

       Acabei escolhendo um rosinha claro que ia até o joelho e de amarrar atrás do pescoço.

       Me olhei no espelho do banheiro, que ficava ao lado. Meu cabelo estava todo despenteado.  Penteei- o prendi com uma piranha, deixando apenas alguns fios da frente solto.

       - Perfeito. – disse para mim mesma.

       Sai do quarto e encontrei o Rayan patinando no que parecia ser uma pista de patinação.

       Agora eu sabia onde estava no meu sonho. As paredes pareciam ser de gelo também. Não tinha teto e o sol entrava. Só que não parecia estar derretendo.

       Rayan se virou quando percebeu que eu estava por perto.

       A boca dele se abriu lentamente, mas ele não falava nada. Ele ficou assim por uns minutos até que falou:

       - Nossa, você está maravilhosa.

       - Obrigada. – respondi. – Hum... Esse lugar é lindo. Já sonhei com ele.

       - Eu também. Provavelmente o mesmo sonho que você. Portanto você já sabe o que fazer. – ele disse, sorrindo e estendendo uma mão para mim.

       Sorri e peguei a mão dele, deixando que ele me ajudasse.

       Quando cheguei perto dele, estendi meus braços em volta do pescoço dele, enquanto ele segurava minha cintura.

       Começamos a se mover no mesmo ritmo que a música. Eu não sabia para que lado estávamos indo, apenas deixei que ele me conduzisse.

       Acabei mergulhando em meus pensamentos. Encostei minha cabeça no peito de Rayan, fechando os olhos.

       Eu ouvia seu coração batendo rápido e ri.

       - O que foi? – ele perguntou.

       - Seu coração. – respondi. – Você está nervoso.

       - Eu fico nervoso perto de você. Mesmo sabendo que você me... ama? – aquilo saiu como uma pergunta.

       - Eu te amo. – respondi. – Você não acredita?

       - Não, eu acredito, claro. Só é duro me convencer. Nunca pensei que melhores sonhos se tornariam realidade.

       Eu também não acreditava, mas sentir suas mãos suaves na minha cintura provava que sim.

       Fiquei pensando nos dias a partir do dia do meu aniversário de 15 anos. Parecia que mais que um ano tinha se passado, mas foram apenas alguns dias.

       Algumas coisas tinham mudado. Eu agora tinha um “poder”. E tinha alguém que me amava do meu lado.

       Eu era meio triste sem o Rayan, era o que Gabi dizia.

       Lembrei da tristeza da Bianca. Pensei de novo se a tristeza que ela sentia era a mesma que a minha. E, se fosse, de quem ela gostava. Ou era meu pai ou era Carlos.

       Fique com a segunda opção. Acho que seria difícil suportar amar alguém que era seu inimigo e que você mantinha preso.

        A música parou e Rayan disse:

       - Vamos. Bianca fica uma fera se nos atrasarmos.


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Notas finais do capítulo

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