O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 11
Capítulo 11 - Explicações


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por não postar ontem, não deu tempo!



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Acordei quase congelando, mesmo estando com o manto.

       Estava num lugar no qual parecia feito de metal. As paredes eram altas. Aquilo era uma espécie de sala do trono, porque logo à frente eu via uma cadeira enorme. Rayan e Giovanni estavam ajoelhados diante da garota que estava sentada nela.

       Me levantei e andei até eles. Sentada no trono estava uma pequena garota de, no máximo, sete anos. Ela tinha um ar de seriedade. Estava vestido um manto igual ao nosso. Tinha cabelos castanhos descendo em cachos. Era uma garotinha realmente muito linda.

       Fiquei parada lá. A garotinha era mesmo muito linda, mas de jeito nenhum eu ia me ajoelhar na frente dela.

       Rayan e Giovanni perceberam isso e pareciam meio incomodados. Então, aquela deveria ser a rainha. Quer dizer, mestra.

       Quando eles disseram sobre Bianca eu imaginei tudo, tudo mesmo, mas não... uma criança!

       - Hum... Alice? – disse Rayan. – Você tem que se ajoelhar.

       - Na frente dela?

       - É, na frente dela.

       - Mas ela é uma criança!

       - Ei! – Bianca disse. – Eu sou muito mais velha do que você. Sou imortal, garota!

       - Para mim parece que você tem, no máximo, sete anos. Você não está contando os dias ao invés dos anos, não?

       - Eu posso escolher parecer tanto uma garotinha quanto uma mulher.

       - Então porque escolheu ser uma criança?

       Ela jogou a mão para o auto, como se estivesse irritada demais. Ela poderia me matar ali mesmo, mas ao invés disse só olhou para mim e falou:

       - Ajoelhe-se logo, garota!

       - Mas isso é ridículo!

       - Não se você quer morrer. – percebi que Verônica estava na sala, ajoelhada também. Ela estava irritada, mas pude ver que se divertia também.

       - Ela pode me matar?

       - Alice, não a subestime. – Rayan me avisou.

       - Ah, matar não. – interveio Bianca. – Apenas deixá-la fraca. Fraca demais. Mais do que você ficou alguns minutos atrás. Agora se ajoelhe!

       Ela disse isso tão irritada que me deu medo e eu quase caio aos seus pés.

       - Ah, muito bem. Agora, podem me dizer o que aconteceu? Ah... Rayan me conte você, que é o mais velho.

       Rayan explicou tudo. Ele disse os motivos e acrescentou que não tinha mínima ideia de onde o irmão de Giovanni estava. Reparei que eles nunca diziam o nome dele.

       - Hum... Giovanni, conte o que aconteceu enquanto você e Alice estavam lutando com Verônica.

       Eu não sabia como Bianca sabia que nós estávamos lutando com Verônica. Poderíamos estar apenas conversando. Mas ela era a rainha. Ela devia saber de tudo.

       Giovanni explicou tudo e no final ela só falou:

       - Sinceramente, Verônica, não imaginei que você pudesse fazer algo assim.

       - Mas não é culpa minha! – ela falou, tentando se manter calma. – Ela o roubou de mim!

       - Não, ele apenas a ama. Você devia saber isso. Lutar não é a melhor solução. Não lutar desse jeito. Não se pode parar um sentimento verdadeiro.

       - Você não vê? Ela vai... Ela vai... – ela tentava falar, mas as lágrimas começavam cair. Nunca pensei que poderia ver ela assim.

       - Verônica... – Bianca disse, abaixando o tom de voz. – Você não pode continuar assim. É melhor você ficar aqui por um tempo.

       - Não! – ela gritou. – Você não pode fazer isso! Não pode me deixar presa aqui! Preciso ficar com minha mãe e... – a voz dela falhou. Tinha certeza de que ela ia falar “amigos”.

       - Se você precisa tanto ficar com sua mãe, por que fugiu?

       Verônica ficou em silêncio. Por mais incrível que pareça, eu estava com dó dela. Ela estava encolhida num canto, chorando e era uma imagem triste de se ver.

       - Ela precisa ficar mesmo? – falei, sem pensar. – Quer dizer, por que ela tem que ficar?

       - Porque esse episódio pode se repetir. – Bianca respondeu como se fosse uma coisa óbvia. -  Não vê como ela está? Ela queria te ver morta!

       - Poderíamos fazer de outro jeito. Talvez se convivermos juntas? Tenho certeza que Rayan e Giovanni não vão deixar ela me machucar. Ela talvez nem tente.

       - Não, não tem outro jeito. E ela pode aprender novos truques aqui.

       - Alice, entenda, ela é perigosa demais para ficar por perto. – Rayan interrompeu Bianca. – Ela descobriu coisas que nem era para ela saber. Vocês não podem viver no mesmo mundo. Não por enquanto.

       - Tudo bem. – concordei. Eu era uma contra três, já que sabia que Giovanni ia estar do lado deles. Não tinha como eu vencer.

       - E quanto a nós? – Giovanni perguntou.

       - Vocês ficam aqui até anoitecer. Quando acordarem amanhã, estarão em suas barracas. Giovanni e Rayan podem ir descansar nos seus... Ah, você sabem! E Alice – ela olhou para mim. -, você fica. Quero conversar com você. Depois chamo um de vocês para levar ela.

       Giovanni e Rayan pareceram nervosos, mas eu mandei um olhar como se dissesse “Vão, eu vou ficar bem” e eles se retiraram.

- Bom, vamos a outro lugar. – Bianca disse quando os garotos saíram. – Deixei o manto aqui. Ou melhor, leve-o. Deve estar frio lá fora.

       Eu ia dizer que tínhamos estado fora antes e não estava frio, mas achei melhor não questioná-la.

       Quando saímos, uma rajada de vento quase me derrubou.

       - Eu sempre gostei mais do frio. Por isso faço o ar se movimentar mais – Bianca disse, como se lesse minha mente. – Mas eu não quero falar disso. Vamos, estamos quase chegando.

       Estávamos perto de uma praça. A maior parte estava gramada. No meio tinha uma pequena caixa de areia. Muitas árvores cercavam a praça e tinha mais ou menos dez bancos nela.

        - Venha, sente-se. – Bianca sentou e apontou para o lado. – Chamei você para conversar sobre sua atitude.

       - Q-que atitude? – gaguejei.

       - Essa de ajudar a Verônica de uma forma diferente. – ela respondeu e eu me acalmei. – Se você quer saber, é uma bela atitude para quem acabou de quase ser morta pela pessoa que quer ajudar.

       Fique sem palavras. Ela percebeu e continuou:

       - Quanto ao irmão do Giovanni, vamos ver se podemos encontrá-lo. Se ele quiser aperfeiçoar seus poderes, com certeza vai ficar um pouco fraco. Assim, talvez possamos localizá-lo.

       - Eu não entendo porque ele apoiou a Verônica. Por causa do pai dela e a mãe dele morreu? – finalmente falei.

       - É o amor, Alice. – ela respondeu, suspirando. – Você já viu o que o amor pode fazer.

       Apenas assenti.

       - Você ainda não sabe como aconteceu tudo, não é? – ela perguntou. – Sabe o que aconteceu, mas não sabe de que forma.

       - Não. Giovanni disse que Rayan me contaria depois. – respondi.

       - Bom, eu mesmo conto. Você sabe que o pai da Vê queria conquistar o poder. Só que, diferente de como aconteceu, ele lutava sozinho. Ele sempre fugia no final. Nunca foi derrotado por alguém, porque ele era mais velho. Seu pai era um pouco mais novo, enquanto Priscila e Anne, a mãe de Rayan e Giovanni, eram novas para nós. Nós só descobrimos que elas eram elementos anos depois.

       Senti um aperto no meu coração quando ela comentou do meu pai. Eu me lembrava muito bem dele, por mais que eu não visse muito ele. Ele trabalhava em um navio e quase não sobrava tempo para nós. Mas eu não culpava.

       - Por um tempo Carlos, o pai da Vê, parou de lutar. Pensamos que ele tinha dado um tempo para pensar melhor, mas não sabíamos o quanto estávamos errados. Ele só estava preparando mais um ataque.

       “Só que naquele tempo seu pai já trabalhava, você sabe. Era uma obrigação, e ele não podia largar o emprego só para lutar. Então resolvemos que Anne ia junto. Se acaso Carlos atacasse enquanto ele trabalhava, Anne ia o proteger.”

       - Mas porque a Priscila não foi junto? – interrompi a narração dela. – Quer dizer, como elas eram novas, as duas juntas iam ter a mesma força que meu pai ou Carlos.

       - Que poder Priscila teria no meio do mar? Duvido que juntando a terra dos vasinhos de plantas ela conseguiria proteger alguém. – ela respondeu, sarcástica.

       “Agindo como uma criança de novo” Alice pensou. Por um momento ela tinha esquecido que estava com uma garotinha no parque. Ela falava como alguém que tinha mais experiência.

       - Então, como ia dizendo – ela continuou -, Anne e seu pai foram até o navio. Eu não sei como, mas de uma forma, Carlos conseguiu invadir o navio. No momento em que ele invadiu, seu pai estava trabalhando. Então, ficou tudo na mão de Anne. Ela lutava forte, e apagava todo o fogo. Ao contrario de seus filhos, não conseguia deixar alguém sem ar. Mas seu poder continuava forte.

       “Sem querer, acabou fazendo um mini-tornado, ali no mar mesmo. Seu pai foi ver o que estava acontecendo. O navio ia balançando e seu pai tentava controlar o mar para proteger todos. E foi aí que aconteceu.

       “Carlos não pensava muito antes de fazer as coisas. Não pensava nas consequências. Pensou que, atacando seu pai, Anne ficaria fraca. Então o atacou. Só que Anne nem percebeu. Seu pai ficou muito fraco, e sem ele para controlar a água...”

       Ela tentava controlar o choro. Era como se ela estivesse falando de um filho dela.

       -... o tornado abalaria o navio até que ele afundasse. – eu terminei.

       - É. Ele afundou. – ela se controlou. – Anne não tinha controle do ar no mar. E seu pai... Ele estava muito fraco.

       As lágrimas começaram a cair. Naquele momento, eu parecia mais nova do que a menina ao meu lado.

        - Ah, Alice. – ela disse, me abraçando. Se alguém visse essa cena, poderia acha engraçado. Mas, naquele momento, eu percebi como era bom o abraço de uma criança.

        - Tudo bem. – eu disse. – Continue. O que aconteceu com Carlos?

        - O desgraçado – ela deu risinho. -, acabou sobrevivendo! Só que conseguimos pegá-lo. Íamos fazer com ele a mesma coisa que vamos fazer com Verônica: tentar mostrar que ter o poder pode não ser tão bom. Mas ele não queria saber. Ele ficou preso aqui. Até hoje tentamos mostrar para ele que lado seguir.

        - Então... Quer dizer que se Verônica não se recuperar ela vai ficar aqui até morrer?

        - É.

        Ficamos um minuto em silêncio. Eu pensava como seria a vida de Verônica se ficasse aqui para sempre. E como é a vida de seu pai.

        Olhei para Bianca. Seus olhos vagavam pelo nada, como se tivesse vendo algo que não estava na nossa frente. Queria poder ler sua mente. Ela parecia muito triste, e eu queria ajudá-la.

        - Alice – ela disse, ainda olhado para frente. -, você me perguntou por que eu preferia ficar na forma de uma criança.

       Ela deu uma pausa. Esperei ela continuar.

       - Você percebeu que na maior parte do tempo, eu ajo como uma criança. Você por acaso já ouviu que “joelhos machucados doem menos que corações quebrados”?

       Eu não respondi. Nós duas ficamos em silêncio, enquanto eu refletia sobre a frase. Com certeza uma coisa havia acontecido no passado para fazer com que ela quisesse ser criança para sempre.

       - Hum... – falei, quebrando o silêncio. – Ok, pode ser o que você quiser. Só que, por favor, quando precisarmos falar com você, seja uma mulher adulta. É mais fácil eu me ajoelhar na sua frente assim.

       - Se eu ficar na forma de uma mulher adulta, vocês não precisariam se ajoelhar. – ela riu. – Mas, tudo bem, posso dar um jeito nisso. Agora, vamos. Vou chamar Rayan para te levar ao seu... quarto. Espero que você goste.

      E ela se retirou, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem :)



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