O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 10
Capítulo 10 - A pequena luta


Notas iniciais do capítulo

Esse parece ser grande, gente, aguentem :) Está acabando!



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Chegando lá, desabei no chão. As lágrimas começavam cair dos meus olhos.

       Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar chorando. Eu sinceramente não sabia. Não sabia se era decepção de ver que tudo era um sonho. Ou de raiva. Só sabia que eu não podia me controlar.

       As águas se movimentavam lentamente. Parei um pouco para observá-las e resolvi tentar mover as águas novamente.

       Depois de algum tempo tentando, pude ver pequenas partículas de água se erguendo. A raiva me tomou novamente. Era real. E minha melhor amiga não acreditava em mim.

       A água começou a subir e eu tinha certeza que eu poderia fazer um mini-tsunami quando ouvi Rayan me chamando. A água caiu novamente.

       - Sabia que você estaria aqui. – ele disse, saindo entre as árvores. – Você tinha prometido que não ia ficar sozinha.

       - Ah, me desculpe. – as lágrimas começaram a cair de novo. – Acho que eu precisava ficar um pouquinho só.

       - Ah, não, Alice, não chore. – ele disse, correndo até mim. – Eu te entendo. – ele me abraçou e secou minhas lágrimas.

       Nenhum de nós sabia o que falar. Para mim tudo bem, desde que ficássemos abraçados para sempre.

       Só que tinha um detalhe que eu queria saber.

       - Rayan, o que é um elemento? – perguntei, finalmente.

       - Ah, você sabe, os quatro elementos: água, terra, fogo e ar. – ele respondeu.

       Era tão óbvio. Como eu não tinha descoberto antes?

       - Quer dizer que eu sou a água.

       - Não necessariamente é. Você a controla. Você sente o que ela sente. Se ela acabar, talvez você morra. E você pode se sentir fraca perto de águas poluídas.

       - E você é a terra?

       - Sim. Acho que você percebeu já que eu estava quase queimando ontem. – ele riu.

       - É. E Verônica é o fogo e Giovanni, o ar.

       - Isso. Pelo jeito seus sonhos a estão deixando bem informada.

       - É. Mas a Verônica me odeia tanto porque eu sou a água e posso derrotá-la?

       - Não, Alice. Você não se lembra do que tinha dito ontem?

       - Que ela fugiu porque você amava uma garota e não ela?

       - Isso mesmo.

       - E isso significa que... Você... Você... – eu não conseguia terminar a frase.

       - Sim, Alice, eu te...

       - Não! – uma voz o interrompeu antes que ele pudesse terminar a frase.

       E de certa forma, eu já sabia de quem era aquela voz. E eu já a tinha ouvido antes.

       Junto com a voz veio o fogo. Era muito, mas eu podia dar conta. Me concentrei e a água começou a subir. Eu já estava pegando o jeito nisso.

        Rayan estava ficando vermelho e isso me dava mais força. A água subia cada vez. Até que eu soltei.

        A água caiu e foi jogada para todos os lados. Rayan já estava se recuperando e disse:

        - Alice, corra.

       - Mas eu posso vencê-la! – protestei.

       - Só que você não sabe se proteger. Corra e procure o Giovanni.

       - Eu já estou aqui. – ele disse, saindo das árvores. – Desculpa, cara, não pude segurá-la.

       Rayan o observou um pouco. Logo a terra começou a flutuar e Rayan jogou-a no Giovanni. Mas não era o Giovanni. Os olhos estavam brancos.

       Alguns blocos de terra pararam como se o ar estivessem segurando-os, mas a maioria foi na cara do garoto.

       - Pensa que pode me enganar? Eu conheço o meu melhor amigo mais do que você pensa.

       Ele se irritou e um mini-tornado foi se formando.

       - Muito bem. – disse Verônica. – Cuide dele. Eu cuido da garota.

       Ela tinha um sorriso malicioso nos lábios.

       Sem pensar, comecei a correr. Eu tinha que procurar Giovanni. Ou melhor, o verdadeiro Giovanni. Isso me deixava confusa, mas eu tinha me lembrado do que o verdadeiro Giovanni tinha me dito alguns dias atrás: “E Verônica viu tudo diferente. Ela e meu irmão contra nós três”. Ele tinha um irmão. E, pelo jeito, um irmão gêmeo.

       - Volte aqui, garota! – gritava Verônica. – Cadê toda a sua coragem agora?

       Ela jogava fogo, mas ele nunca me acertava. Igual no meu último sonho.  Eu não sabia pra onde correr, mas sabia que ia encontrar um rio.

        - Você me paga por roubar ele de mim. Estávamos muito bem sem você!

        Me deparei com o rio. Eu tinha que me concentrar. Mas eu estava muito cansada. Eu pensei em Rayan, no quanto ele devia estar sofrendo agora. Mas nada.

        - Muito bem, ouviu? – ela me olhou cruelmente. Eu pude ver o fogo se formando em suas mãos. Seriamente, eu estaria torrada se ela soltasse aquilo.

       Um vento forte passou por nós de repente, apagando todo o fogo, inclusive o que estava na mão de Verônica e fazendo-a cair.

       - Só se estivesse para você, Vê. – Giovanni disse. – Está tudo bem, Alice?

       - Ah, acho que sim. – respondi atordoada.

       - É uma pena mesmo você não querer ter vindo com a gente, Gi. – disse Verônica, levantando. – Você rende muito mais que seu irmão. Mas ele serve, pelo menos.

       - Como podemos derrotá-la? – perguntei, ignorando ela, enquanto mais fogo crescia em sua mão.

       - Bom, não vamos matá-la. – respondeu Giovanni, apagando o fogo. – Só precisamos fazer com que ela fique inconsciente. Acho que você não pode afogá-la.

       Verônica tentou lançar mais fogo, mas Giovanni o apagou de novo.

       - Dá pra você parar de fazer isso? – ela falou, irritada. – Isso irrita e muito!

       - Não se preocupe. – ele respondeu. – Acho que vou ficar fraco daqui a pouco.

       - É, não se preocupe mesmo. – falei. – Quando isso acontecer eu apago por ele.

       Ela se irritou lançou todo o fogo para cima de mim. Eu não consegui me mover, de repente eu tinha ficado com medo. Mas antes que o fogo chegasse até mim, Giovanni apagou-o.

       - Vamos, tenho um plano. – disse Giovanni. – Corra!

       Eu não sabia se tinha outra coisa que poderíamos fazer, então o obedeci. Corremos até encontrarmos a outra ponta do rio.

       O irmão de Giovanni tentava destruir uma parede de terra que Rayan tinha construído. Eu realmente não sabia como Rayan podia aguentar.

       - Alice, a água! – Giovanni gritou.

       Eu não sabia do que ele estava falando. Ele mesmo disse que eu não podia afogar Verônica.

       Então ele queria que eu deixasse seu irmão inconsciente. Acho que eu estava captando seu plano.

       Comecei erguer a água quando Verônica chegou, dizendo:

       - Ah, mas você não vai mesmo!

       Ela jogou todo o fogo que podia em cima de mim. Ao invés de eu queimar, eu só sentia dor, porém eu cai.

       - Giovanni, segure ele aqui. – ouvi Rayan dizendo.

       Ele correu até mim enquanto eu vi mais um tornado se formando. Para se proteger de Verônica ele fazia pequenas partículas de terra flutuar.

       Era igual ao meu sonho. Só alterava a ordem dos fatos. Eu queria poder saber o que ia acontecer depois.

       Mas eu tinha esquecido o outro sonho que eu tive. O primeiro. Nele eu queimava por dentro, igual estava acontecendo. Queimava até ficar inconsciente.

       Isso não podia acontecer.

       - Alice, está tudo bem? – Rayan perguntou.

       - Queima. – foi a única coisa que eu consegui responder.

       - Eu sei. Eu vou nos tirar daqui.

       - É meio impossível isso, não acha?

       - Eu te amo, Alice. Faço isso por você.

       Nesse momento, o fogo me acertou novamente fazendo meu corpo queimar mais, mas isso não me impediu de sorrir.

       - Eu também te amo. E vou ajudar.

       - Você não pode. Tem que ficar quieta.

       - Rayan, eu sei que ela ta mal e tal – ouvi Giovanni dizendo. -, mas eu não posso lutar com meu irmão.

       - Eu vou ajudar. – decidi. – Faça uma parede e nos proteja.

       Ele obedeceu. Fui até a água. Sabia que ela ia me fortalecer. No momento que toquei nela, senti a temperatura abaixar.

       Tentei ficar de pé. Pensei naquela garota estranha que queria, de alguma forma, me ver morta. Pensei em tudo que ela fez ao Rayan. Pensei no que ela fez para deixar o irmão de Giovanni revoltado com nós, mesmo não sabendo o que ela fez.

       Uma onda se erguia. Eu estava mais forte do que nunca.

       Apontei toda a água para Verônica. Ela parecia assustada, mas não tinha medo. Ela sabia que assim não podia ser derrotada.

       Ela já estava se preparando para fazer uma parede de fogo, quando eu desviei a água da direção dela e joguei bem no irmão do Giovanni.

       Ele cambaleou um pouco e caiu. Foi o suficiente para Verônica se distrair. Giovanni sorriu e começou a puxar todo o ar. Eu estava ficando sem ar e parecia que Rayan também. Nós dois caímos. Nossa força tinha nos esgotado e ficar sem ar era a gota d’água. Bom, isso seria bom para mim, mas você entendeu o que eu quis dizer!

       Verônica estava ficando vermelha. Ela parecia mais forte que todos nós. Até que ela desmaiou. Percebi que, diferente de eu e Rayan, ela não só caiu, mas desmaiou. Giovanni talvez tivesse nos dado um pouco de ar.

       - Estou esgotado! – disse Giovanni, caindo.

       - O que vocês fizeram com ela? – seu irmão perguntou. Tinha me esquecido da sua presença. Ele olhou furiosamente para cada um de nós. – Vocês um dia vão me pagar por isso.

       Ele se virou e saiu correndo. Percebi que toda aquela água não foi o suficiente para deixá-lo fraco. Mas, afinal, ele dominava o ar. Ele não ficaria muito tempo sem ar.

       - Bom, o que fazemos agora? – perguntou Giovanni.

       - Precisamos avisar Bianca e ir até... – Rayan parou. – Como podemos chamá-lo?

       - Palácio? – sugeriu Giovanni.

       - É, palácio, que seja.

       - Mas como chegamos até lá? – perguntei, seja lá sobre o que eles estavam falando.

       - Bianca dá um jeito. – Giovanni respondeu.

       - Mas os professores vão perceber. – falei.

       - Com eu disse, Bianca dá um jeito. – ele respondeu, calmo.

       - E quem é Bianca, afinal? – eu estava ficando irritada.

       - Hum... Como podemos chamá-la?

       - Rainha? – sugeri.

       - Por que você acha que ela é nossa rainha? – Rayan perguntou.

       - Porque ela mora num palácio!

       - Bom, eu acho melhor chamá-la de mestra. – falou Giovanni.

       - Melhor. – concordou Rayan. – Ela domina os quatro elementos e também sabe algumas coisas de metal.

       - Porque o metal depende de cada cultura. Mas, voltando, temos que ligar para ela. Quem aqui pode ficar tomar conta de Verônica, caso ela acorde? – Giovanni completou.

       - Nem olhe para mim, estou esgotada. – eu disse.

       - Idem. – disse Giovanni. – E é melhor você ficar aqui, Rayan. Acho que só você pode convencê-la a parar.

       - Tudo bem. Pegue meu celular. Acho que tem o número dela. – e virou para mim. – Vá com ele. Se ela acordar, não vai gostar de ver você por aqui. E pegue seu manto também.

       - Hum... Eu perdi meu manto. – disse.

       - Acho que não. – disse Giovanni. – Verônica pegou. Sabe, seria melhor se você pensasse que tudo não passou de um sonho. Eu o encontrei no mato. Deixei ele na barraca.

       - Ok, então vão logo. Prefiro que ela não acorde aqui. – apressou Rayan.

       Estávamos na metade do caminho quando eu falei:

       - Por que o seu irmão ficou no lado de Verônica?

       Ele respirou fundo. Pensei que ele não fosse responder até que ele disse:

       - Acho que é por causa da morte de nossa mãe. Acho que ele quer se vingar. Ou porque ele ama Verônica.

       - Se ele ama Verônica, porque a deixou aqui?

       - Não sei.

       - Mas como ele quer se vingar?

       - Acho que, se ele enfraquecer todos nós, Bianca vai ficar fraca. Pelo menos a água e a terra ela não vai dominar. Verônica também quer que Bianca fique fraca, mas é mais para que ela possa dominar todos os elementos no lugar dela.

       - Então ela ia nos enfraquecer, mas não ia enfraquecer Rayan, e depois enfraquecer seu irmão para depois lutar com Bianca.

       - Isso.

       - Mas como ela pode nos enfraquecer?

       - Do mesmo jeito que fez hoje.

       - Então podemos ficar mais fracos do que já ficamos hoje?

       - Sim. Mais fracos do que ela ficou.

       Essa ideia me fez estremecer. Eu mal aguentava ficar de pé.

       - Mas... Eu mal aguento andar! Não dá pra nós ficarmos mais fracos do que isso... Dá?

       - Bom, se ela nos pegar só, sim.

       - Mas então ela vai nos matar!

       - Se ela cometer o mesmo deslize que já foi cometido anos atrás, sim, ela vai nos matar.

       - Que deslize?

       - O Rayan te conta depois. Espere aqui. Vou ligar para Bianca.

       Eu sabia que isso era relacionado com a morte do meu pai e da sua mãe também. Pelo que eu me lembrava, a mãe de Rayan estava viva e o pai também.

       Talvez o pai de Verônica quisesse dominar todos os elementos antigamente e acabou matando meu pai e a mãe de Giovanni. Só não derrotou Bianca porque naquele tempo nós, Rayan, Verônica, Giovanni, seu irmão e eu, já tínhamos nascido. Fazia sentido.

       Eu estava ficando boa nisso.

       - Ela disse que dá um jeito pra nós irmos lá. – Giovanni disse, saindo da barraca. – Isso não é bom...

       - Por que não? – perguntei.

       - Só é possível chegarmos lá quando estamos fracos. Da última vez que cheguei lá, estava tentando apagar uma queimada.

       - Então como vamos chegar lá?

       - Tenho uma vaga ideia. Tomara que eu esteja errado.

       - Porque precisamos ficar fracos?

       - Porque é sinal que precisamos de ajuda. Quase ninguém pode ir lá... no palácio. Só quando precisa de ajuda mesmo.

       Chegamos perto do rio. Verônica já tinha ido até o palácio.

       Não deu nem tempo para nenhum de nós faláramos. Em um segundo estávamos no chão. Rayan estava vermelho, como se estivesse queimando. Giovanni estava ensopado, se afogando. E eu estava sem ar. Não podíamos nos proteger.

       Eu não conseguia mais me mover. A dor não cedia até que meus olhos se fecharam.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, foi o melhor cap. para mim!



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