Eu sabia que estava acordada, mas me recusava a abrir os olhos, pois a claridade de onde eu estava me perturbava mesmo com eles ainda fechados. Eu me sentia meio estranha e meus pensamentos estavam confusos. 
Estávamos no inverno, porque havia tanta luz esta manhã?

Acordei em uma suíte pequena com paredes brancas, que tinha uma escrivaninha cheia de livros empilhados e um laptop deixado de lado,uma estante enorme e abarrotada de livros e algumas malas, que por sinal eram minhas,encostadas na parede perto da janela.

‘Onde estou?’- pensei imediatamente – ‘Aqui não é um hospital...muito menos a minha casa.’

Levantei-me e percebi que estava com um conjunto de pijama rosa-claro.

Fui ao banheiro, lavei meu rosto e botei pasta na escova e quando me olhei no espelho ,levei o maior susto da minha vida.

-AHHHHHHHHHH!- berrei com todas as minhas forças enquanto jogava a escova no chão.

No espelho,não estava a menina de 15 anos com curvas generosas e cabelos pretos nos ombros.Estava uma menina de aparentemente 10 ou 11 anos, com cabelos castanhos abaixo da cintura,como os meus naquela idade,e que apesar do corpo bem desenvolvido para a idade,não era o corpo de uma menina de 15 anos.

Vi duas pessoas assustadas de uns 30 anos entrando correndo no quarto.

-Querida, você está bem? – o moço me perguntou.

-Deve ser coisa de adolescente amor, apesar da Hermione não fazer isso...Pode ser coisa de brasileiro. – a mulher falou baixinho, pensativa.

Peraí, Hermione?

-Com licença...quem são vocês?- eu perguntei com a maior cara de pau.

-Somos seus tutores por um mês querida lembra?Eu sou Jane Granger e esse é Luís Granger.Até você ir para aquele internato...como é mesmo o nome?Logparts...Hogparts...Ah é,Hogwarts,enquanto nossa Hermione irá para um internato no Brasil,em sua cidade – ela terminou de falar,pensativa,devia estar lembrando da filha e então continuou -Ah, por falar em Hogwarts,sua carta chegou ontem.Íamos te entregar mas você adormeceu antes.Vou pegar,só um minuto.

Mas, peraí.Hermione?Hogwarts?

E então eu desmaiei.

____

         Acordei com o sol à pino,devia ser quase meio-dia.Abri os olhos devagar e vi que estava no mesmo quarto de antes.

‘Ah não...ou isso é um sonho muito bom ou é um pesadelo muito ruim’-pensei.

-Veja querido,ela acordou!- Sra. Granger falou.Só depois que percebi que ela estava ao meu lado, sentada em uma cadeira.O Sr.Granger entrou no quarto,trajando um jaleco branco de dentista,que eu vi que estava escrito ‘Dr. Granger’.

-Que ótimo – ele sorriu simpático – Está melhor Rebecca?

-Ér, acho que estou – falei botando a mão atrás da cabeça,que estava doendo um pouco.

-Muito bem.Querida, vou trabalhar então.Não esqueça do almoço de nossa hospede.- ele deu um selinho a esposa, um aceno para mim e saiu pela porta(n/a:não, pela janela -.- ‘).

-Quer almoçar agora,Rebecca? –ela peguntou.

-Hm, até que não seria uma má ideia...só vou lavar o rosto e já vou. – eu afirmei.- Não vai trabalhar Sra. Granger? –eu perguntei sem querer ser intrometida.

-Não querida- ela riu de leve –Eu estou de férias,afinal,estamos em agosto não é?- ela saiu do quarto sorrindo.

E foi aí que eu percebi sem querer.Eu estava falando em inglês.Estava saindo fluentemente,sem nenhum problema.Apesar de eu ter feito aulas a minha vida toda,eu não sabia que era capaz de falar daquela maneira, tão bem.Decidi que depois ia ver o porque disso,pois minha barriga estava com um monstro dentro.Abri uma mala que estava no canto do quarto,que eu não sabia como tinha ido parar ali, mas todas as minhas roupas e mais um pouco estavam lá.Peguei um shorts jeans e uma regata branca e calcei uma rasteira preta com um laço.Prendi meu cabelo em um rabo e sai do quarto.

Apesar de eu estar com 10 ou 11 anos(eu não sabia ainda),as minhas roupas estavam do meu tamanho...estranho,definitivamente entranho.

Desci as escadas,deduzi que a cozinha seria no andar de baixo da casa,e fui procura-la.

Segui o cheiro e entrei em uma porta no começo do corredor.Sentei na mesa que tinha no meio da cozinha e Jane botou um prato de macarronada na minha frente.Era muita comida, mas resolvi não falar nada.Começei a comer em silencio e Jane também não falou nada.Em certo momento,ela se levantou da cadeira e saiu,pedindo licença.

         Ela voltou dois minutos depois com uma carta na mão.

-Aqui está,querida,sua carta.Como eu dizia antes de voce desmaiar – ela falou encabulada e eu devia estar vermelha – é a sua carta de Hogwarts. – ela me entregou a carta e meu estômago começou a embrulhar.Tive que me segurar na mesa para não desmaiar de choque.

‘Muito engraçado,pensei.Devo estar tendo um sonho ou meus pais estão me pregando uma peça...deve ser o HarryPotterRealityShow ou algo como Engane a maior fã da saga Harry Potter.’ – parei para pensar por um momento e nada explicaria o fato de eu ter aparecido ilesa na casa de minha maior ídola,Hermione Granger.Além do fato de eu estar uns 20 cm mais baixa e com cara de neném.Comecei a me desesperar internamente.

Jane viu que eu devia estar pálida e deixou a carta na mesa.

-Vou pegar um copo d’água para voce Rebecca. – ela saiu quase correndo até o bebedouro e voltou com um copo.Tomei em uma golada só e resolvi abrir a carta.Peguei-a e logo vi,

‘Srta. Rebecca Hutcherson,

      Bairro Kingston

     Casa 12

    Segundo quarto no segundo andar,à direita.

   Londres.’

 OMG!Eu estava mesmo em Londres.Quase me desesperei totalmente e quase comecei a puxar meus cabelos.Não sei se de felicidade ou de medo.Abri a carta e li,

‘ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA HOGWARTS

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos).

Prezada Srt. Hutcherson,

Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McConagall.

Diretora Substituta.

Nessa hora,eu quase,quase enfartei.Foi por um tris.Levei minha mão à boca que se projetava em formato de ‘O’ e a carta caiu no chão.A única coisa que me veio à cabeça foi,       

 ‘As perguntas explodiam na cabeça de Harry como fogos de artifício, e ele não conseguia decidir o que perguntar primeiro.

Passados alguns minutos,gaguejou

.— O que querem dizer com "estão aguardando a minha coruja"?

— Gárgulas galopantes! Isto me lembra uma coisa — disse Hagrid,batendo a mão na testa com força suficiente para derrubar um cavalo, e de outro bolso interno do casaco tirou uma coruja, uma coruja de verdade, viva, meio arrepiada, uma longa pena e um rolo de pergaminho.

                                                                       HP e a Pedra filosofal.      

Jane me olhava com receio.Devia estar pensando que eu era louca ou algo do tipo.Apenas pedi licença,peguei a carta do chão e subi correndo para o ‘meu quarto’.Peguei as 4 malas que estavam ali e as joguei na cama.Abri de uma por uma, procurando o que eu mais necessitava naquele momento mas não encontrei.Quando eu estava perdendo as esperanças,vi que em cima da escrivaninha estava minha bolsa tira-colo favorita.Peguei-a e abri seu zíper.Os 7 livros estavam lá.O santo Graal.

Peguei o primeiro e comecei a folhea-lo,procurando por respostas,mas de nada me serviu.Quando ia folhear o segundo,alguém bateu na porta.

-Rebecca, está tudo bem?Posso entrar? – eu quase pulei da cama com o susto.Escondi o livro embaixo do travesseiro e respondi para a Sra. Granger.

-Sim senhora. – e deitei na cama, como se tudo etivesse perfeitamente normal.

-Esqueci de te avisar Becky –a mãe da Hermione me chamou de Becky *- */parei. – Junto com a carta do internato – ela concerteza não sabia que era uma escola para bruxos – veio um anexo para mim e para o meu marido,avisando que um funcionário virá buscá-la amanha para ajudar a comprar o material da escola.- ela me olhou esperando minha reação – Ah, e antes que eu me esqueça...depois de amanha se você quise,sabe, sair para conhecer a cidade, é só me falar. – Aw, que fofa gente! Eu assenti e ela saiu do quarto,fechando a porta.

Quem eles iriam mandar para me ajudar? Hagrid?Só podia ser...ele ajudou o Harry não é? Eu me perdi em pensamentos e questionamentos.Como eu poderia ter ido parar com 11 anos na época de Harry Potter e ainda mais na casa de Hermione Granger?E o mais intrigante e um pequeno detalhe...COMO EU IA PARA UMA ESCOLA DE MAGIA SE EU NÃO ERA BRUXA? Eu comecei a me deseperar novamente.

Eu estava sentindo  um misto de emoções.Descrença,desespero,felicidade,saudades...Eu queria poder falar com minha família.Era isso!Eu tinha celular...será que naquela época celular já existia?Será que eu conseguiria usar o meu? Será que eu tinha trazido meu celular? Então eu fui procurar na minha bolsa e por incrível que pareça ele estava lá,intacto junto com seu carregador.Quando eu o liguei vi que estava sem sinal.Fiz um muxoxo e comecei a me movimentar desesperadamente pelo quarto a procura do mesmo. Nadica de nada,nem um mísero pontinho.

Sentei em um canto do quarto e enfiei minha cabeça entre os meus joelhos.Não chorei,mas eu pensei em tudo que tinha acontecido.Lembrei de meus pais,meus amigos,o idiota do Gabriel...lembrei de meu doce vício,seus personagens,minha diva J.K... fiquei olhando para o teto claro tentando assimilar tudo pelo que passara nos últimos momentos.
Decidi começar fazendo uma retrospectiva de meus próprios pensamentos à procura de qualquer explicação plausível.
Eu me lembrava de ter ido aquela festa, me lembrava de ter conversado com Gabriel e ele ter me beijado, me lembrava de ter ficado um tempo com a Hannah e de ter ficado sozinha dançando logo depois... Aquela claridade que entrava pela janela me impedia de continuar de olhos abertos então peguei o travesseiro e o coloquei em cima de meu rosto na tentativa de pensar melhor.
Aos poucos eu ia me recordando. 
Eu havia saído correndo depois que Gabriel deu uma de o galinha do século, chegara a sair da casa de Leo e corrido por alguns metros quando decidira atravessar a rua...
- Oh meu Deus! - arfei, lançando o travesseiro longe enquanto me sentava corretamente, chocada com a última lembrança que tivera. Eu fora atropelada por um carro que viera em alta velocidade na minha direção e depois disso a única coisa de que me lembrava era de acordar aqui neste quarto, mas como poderia ser?
- Será que eu...morri? - falei perplexa, mas algo me disse que não era aquilo que havia acontecido. - Eu posso estar em coma por causa do acidente e em consequência estou sonhando com aquilo que mais esteve em minha mente nos últimos meses. - é, aquela explicação era mais lógica, mas mesmo assim não era a mais consoladora.

Depois de uns quinze minutos,levantei dali de cabeça erguida.Decidi que não ia chorar nem me lamentar. Caramba, que sonho estranho... era tão vívido, mas ao mesmo tempo impossível! Eu não me lembrava de ter chegado ali, apenas de ter acordado do nada. Mesmo assim eu nunca tivera pensamentos tão reais como pareciam ser aqueles: o cheiro, o toque, a visão, tudo parecia ser de verdade, mas, no entanto não fazia sentido algum.
 Num impulso impensado dei um beliscão forte em mim mesma e logo me arrependi porque doeu - e muito. Minha cabeça rodava, agora a história do coma não parecia mais tão convincente nem mesmo para mim, mas então qual era a explicação? Eu fora magicamente transportada para dentro de meus pensamentos? Não, nada daquilo parecia ser apenas pensamentos...

Comecei a juntar as peças.Hermione estava em minha casa, fazendo uma espécie de intercâmbio e eu estava aqui em sua casa só que eu que havia recebido a carta da Hogwarts e não ela.Ela parecia não saber de nada...Eles iriam mandar alguém para me ajudar o material porque os pais de Hermione são trouxas e não podem entrar no beco diagonal...Mas eu também sou trouxa não é?Mas eu recebi a carta...aquilo não poderia estar acontecendo,não mesmo! EU ESTAVA PERDIDA DENTRO DO LIVRO DE HARRY POTTER?No primeiro livro para ser mais exata, porque eu voltei aos meus 11 anos.Provavelmente Hermione está em minha casa,com 11 anos e não sabe nem que magia existe.Eu troquei de lugar com ela,agora eu devo ter seus poderes apesar de isso ser praticamente impossível.

Eu daria um jeito em tudo não é?Teria que dar...Eu não sabia o que tinha acontecido de verdade, mas se eu estava mesmo dentro da história,em coma ou qualquer coisa parecida, teria que dar o mesmo rumo para ela e botar a trama nos eixos para poder voltar para casa ou dar um jeito de sair do estado deprimente de coma, ou para de sonhar loucamente.