Perdida em Harry Potter escrita por bekangel


Capítulo 2
Capítulo 1-Doce Vício.


Notas iniciais do capítulo

Nos vemos lá embaixo (:



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Como muitas das coisas que acontecem em minha vida, a leitura é geralmente algo que me atrai inconscientemente; sem perceber eu sempre estou procurando algo novo para ler, mas mais do que isso, para reforçar minhas forças, porque quando você se entrega a um livro que te faz bem tudo ao redor parece simplesmente não importar. Como se sua própria vida fosse aquela que você segue com tanta avidez e a realidade apenas um sonho distante...
           Foi em um de meus dias vagando pela internet que conheci Harry Potter. Primeiro um ou dois pensamentos perdidos, depois comentários sobre os personagens e um mês depois lá estava eu na sala de cinema assistindo a esperada estréia do primeiro filme da série. Depois disso foi só uma questão de tempo para que eu comprasse os livros e me tornasse mais uma fã ou até mais do que isso: para que eu me apaixonasse pelo jovem comensal da morte, Draco.É...eu sempre gostei dos ‘malvados’.


- Becky, você já está pronta? Seu pai e eu estamos quase saindo...-mamãe gritou do andar de baixo.
- Oh droga! - Sussurrei; ficara tão absorta enquanto escrevia em meu diário que me esqueci completamente da escola. - Irei em um minuto mamãe.
Pois é, esta sou eu, Rebecca Kiara Hutcherson, uma adolescente como todas as outras, com uma vida geralmente sem muitos acontecimentos, mas com obrigações das quais eu não posso fugir e a escola é uma delas.
Arrumei-me o mais rapidamente que pude, mas no final acabei atrasada como na maioria dos dias.
- Isto tem que parar Kiara. Já perdi a conta de quantas vezes você já se atrasou para suas aulas, se eu for chamada na escola por conta de sua irresponsabilidade eu... –mamãe estava com raiva.
- Não irá ser chamada, mãe, não se preocupe. - Interrompi-a de me passar sermão enquanto ela e meu pai me levavam à escola, dei sorte que meu pai lhe perguntou alguma coisa sobre as contas da casa e ela logo encontrou outra pessoa para repreender.

Meus pais são tão comuns como quaisquer outros. Ambos trabalham em uma firma de advocacia junto com a maioria de meus tios, primos, avós e etc. É um negócio de família que já existe há gerações, mas do qual eu não tenho a mínima vontade de fazer parte.Eles nunca estão em casa...geralmente eu só os vejo de manhã. Meu sonho é ser cantora, mas meus pais insistem em me dizer que eu não tenho chances de ter um futuro brilhante neste ramo - o que eles se referem, na verdade, é ao dinheiro. Assim como a maioria dos brasileiros eles trabalham incansavelmente em busca do sucesso financeiro; minha vida não é das mais luxuosas, eu sei que sou mal-agradecida dando pouca importância ao que tenho, mas a verdade é essa: eu não ligo para o dinheiro, isto nunca me trouxe felicidade e duvido que o faça um dia.


Cheguei à escola no exato momento em que a inspetora trancava o portão.
- Outra vez atrasada? - Eu nunca fui com a cara dessa mulher e tenho a impressão de se tratar de um sentimento recíproco. - Sinto muito, mas desta vez a senhorita terá de ficar aqui embaixo e assinar uma advertência - disse ela com um ar de autoridade que eu não suportava.
Velha antipática, justo hoje que eu já havia recebido aquele aviso ‘amigável’ de minha mãe ela inventa de me dar uma advertência.
Caminhei para o banquinho que ficava na parte mais solitária da escola e me sentei enquanto aguardava meu castigo, eu já podia até imaginar o que minha mãe diria, ‘Isto é culpa destes malditos livros que seu pai lhe comprou, você parece não ter mais vida além deles, está deixando tudo de lado, blá, blá, blá’. É claro que ela se referia aos meus livros favoritos e sua respectiva saga, mas obviamente eu não concordava com sua opinião exagerada. 
Eu não estou deixando nada de lado, pensei comigo mesma. Eu apenas tenho um passatempo diferente agora, dedico cada minuto livre à leitura, mesmo que já tenha lido Harry Potter milhares de vezes, ainda é leitura não é?

-Sim é - falei sozinhaenquanto abria a mochila e puxava o respectivo livro, já que teria que ficar aqui durante uma hora inteira, nada melhor do que passar mais alguns momentos ao lado de Hermione, Harry Potter,Draco e o restante dos personagens de J.K. Rowling.

‘Ora sua mãe e seu pai eram os melhores bruxos que eu já conheci.

Primeiros alunos em Hogwarts no seu tempo! Suponho que o mistério era por que Você-Sabe-Quem nunca tentou convencer os dois a se aliar a ele antes...

Provavelmente sabia que eram muito chegados a Dumbledore para querer algumacoisa com o lado das Trevas. Talvez ele achasse que podia convencê-los... Talvez quisesse tirar os dois do caminho. Só o que sabemos é que ele apareceu na vila em que vocês estavam morando, num dia das bruxas, faz dez anos. Na época você só tinha um ano de idade. Ele foi à sua casa e... E...-Hagrid puxou depressa um lenço muito sujo e manchado e assoou o nariz,fazendo o barulho de uma buzina de nevoeiro.

— Desculpe — disse. — Mas é muito triste, conheci sua mãe e seu pai e

não podia existir gente melhor, em todo o caso... Você-Sabe-Quem matou os dois’.

                                            HP e a Pedra Filosofal.

_______________

Fechei o livro e fiquei olhando para frente sem nada ver. Já estávamos no intervalo, eu estava lendo aquela história pela milésima vez e mesmo assim não conseguia me enjoar dela. Era um mundo completamente diferente para mim, eu me sentia íntima de cada uma daquelas pessoas, quase podia ouvir Hagrid contando a história para Harry,com sei jeito desengonçado de ser.. Eu não podia negar que Daniel Radcliffe era mesmo perfeito para aquele papel, mas eu tinha um visão diferente de todos os personagens, uma mistura dos atores com as faces que eu mesma imaginava em minha cabeça; Enfim, só o que eu sabia era que o Harry e o Draco de meus pensamentos eram as criatura mais maravilhosa que eu já pude conceber em minha imaginação fértil.
- Tá pensando na morte da bezerra?
Olhei para o lado um pouco espantada, uma menina de cabelos castanhos claros me olhava com uma cara sorridente; ela era bem diferente de mim, que tenho as madeixas negras e os olhos claros, mas isso nunca nos impediu de sermos melhores amigas.

Hannah avistou o livro em meu colo e logo fez a mesma cara de tédio que eu via em todas as pessoas que nunca compreendiam minha paixão por aquela história.
- De novo isso? - Perguntou enquanto sentava-se do meu lado naquele mesmo banquinho em que eu estivera mais cedo - Sério Becky, eu não entendo a sua fixação por este pedaço de papel aparentemente sem graça nenhuma.
- Isto é porque você é desanimada demais para qualquer coisa que não envolva meninos, balada ou qualquer coisa do gênero - respondi enquanto ela me passava o lanche que havia comprado pra mim enquanto comia seu próprio - Se pelo menos uma vez seguisse meu conselho e lesse alguma coisa, você poderia entender o que sinto por este ‘pedaço de papel’ - a repreendi.
Ela apenas deu de ombros, dando uma dentada em seu pastel enquanto olhava para o lado em que seu paquera estava.
- É claro que a coisa a que você se refere é esse tal... 
- Harry Potter - completei. - Não exatamente este, mas se quisesse que eu lhe indicasse algum livro, com certeza seria...
- Está bem, está bem Kiara. - Ela me interrompeu com meu segundo nome,sabendo que eu o odiava, enquanto se levantava para jogar o guardanapo no lixo. - Falando sobre a vida real agora - lancei-lhe um olhar mau-humorado, mas ela me ignorou completamente - o Leo vai dar uma festa hoje na casa dele e nós duas fomos convidadas - ela sorria radiante enquanto compartilhava a notícia comigo.
- Naná – eu a chamei pelo apelido- Eu acho que não vou, não estou a fim sabe...

Ela me olhou repreensivamente.

-Eu sei porque você não quer ir Senhora-eu-amo-ler. – ela cuspiu as palavras – Você vai sim!Está precisando de ter uma vida social Rebecca.Eu sei que você ama ler, mas essas pessoas não são reais.EU sou real,as festas – os olhos dela brilharam- são reais!Você vai e ponto-final. – ela mandou,autoritária.

-Tá bem,mamãe,vou pensar no seu caso. – eu falei debochada.

-E além do mais, sabe quem estará lá? – ela falou feliz.

Eu a olhei fingindo interesse.

-O Gabriel  - ela falou cantarolando.

-Sério? – eu perguntei,agora realmente interessada.

Gabriel era o menino que eu estava de olho desde o ano passado.Ele queria ficar comigo mas eu era muito ingênua e recusei.Essa seria minha chance de voltar atrás.

-Seríssimo amiga...- ela estava olhando o movimento do pátio.

-Hm, quem sabe eu não passo por lá para dar uma olhadinha... – eu falei pensativa.

-Aham, Becky,sei bem o que voce vai olhar... – ela falou e nós rimos.

Cheguei em casa antes de meus pais, como de costume. Pelo horário imaginei que eles fossem almoçar fora...novidade. Eu não estava com fome, pensei por um momento e decidi dar um cochilo, passara quase a noite anterior inteira em claro lendo os últimos capítulos de uma fanfic.
Deitei em minha cama, pensando na vida enquanto o sono não vinha.
Eu não era nenhuma HarryPotterManíaca... ou era? As pessoas é que implicavam comigo, qual é o problema em se gostar tanto de algo? É como um namorado, ou um animalzinho de estimação, só que em meu caso a coisa de que eu não desgrudava era mais... sem vida. Não, eu não conseguia assimilar aquilo, para mim tudo aquilo era real, eu me via na pele de Hermione quando ela falava com os meninos pela primeira vez, eu me emocionava com cada ato simplório de amizade entre eles, eu me irritava com Draco - a loiro aguado - quando ela insistia em pegar no pé dos protagonista e me imaginava sonhando em ter Harry Potter e Ronny como melhores amigos.
Mas tudo isso não significava que eu não amasse meus amigos, ou que desse menos atenção à minha vida... Ou significava?
Bem, eu não sabia a resposta - concluí quando já estava quase adormecendo -, mas sabia que não poderia acontecer nada de extraordinário só porque eu vivia mais em Hogwarts e Londres do que aqui no Rio de Janeiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
Reviews,haha?
Bgs da Beka :*