Destinos Partilhados escrita por shamps_e_washu


Capítulo 9
Torres em ruínas


Notas iniciais do capítulo

DISCLAIMER: DN e seus personagens não nos pertencem, isso é apenas um fanfic despretenciosa com intuito de divertimento (e correção de certas 'injustiças' que todos conhecemos muito bem...)

Contém spoilers do anime e do mangá, ao menos até o episódio 25.

IMPORTANTE: os capítulos que contém cenas lemon/hentai estarão devidamente sinalizados, para que os leitores que não curtem esse tipo de cena possam pula-lás.

MUITO OBRIGADA a todos que leram, comentaram e voltaram!Chegamos ao capítulo 9, com fé, e esperamos que se divirtam!Boa leitura!



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Torre em ruínas

- Ele parou novamente, e já faz uma semana.

- Isso já está se tornando comportamento padrão. Não adianta ter muita esperança de que seja definitivo, e só nos resta contabilizar quanto tempo ele vai permanecer assim. Não é mesmo, Ryuuzaki?

- Sim, está correto, Aizawa-san. Mas ele não irá voltar.

L desviou o olhar aborrecido da sua pilha de cubos de açúcar e encarou o monitor, isso uma semana após o fatídico acerto de contas no hotel. Não falara com Raito depois disso e, obviamente, os assassinatos de Kira haviam parado também. Mas o detetive não havia compartilhado com a equipe todos esses acontecimentos.

- Sei que não é o mais correto esconder a verdade de todos que estão aqui, mas será ainda pior se eu não explicar tudo com cuidado...e depois, Sr. Yagami nem voltou de viagem ainda. De acordo com sua personalidade, seria muito prejudicial se ele retornasse e já encontrasse seu filho preso por ser o Kira e todos aqui em polvorosa.

Era o que havia decidido junto a Watari: quando Sr. Yagami retornasse, tomaria uma atitude. Além de que, não gostaria de espalhar a existência de um item como o Death Note além do mínimo necessário.

- Entretanto, é estranho que Yagami-kun não tenha feito nenhum movimento... ou estará armando alguma coisa? Não importa... estarei preparado para o que vier.

Foi interrompido nos pensamentos pelo chamado de Watari através do computador.

- Ryuuzaki, ligação do Chefe Yagami. Ele chegou hoje, mas alega que não poderá vir à Central por razões urgentes e pede que entenda.

- Razões urgentes? – estranhou, parando o cubo de açúcar a meio caminho da boca. Soichiro Yagami não era disso, e cogitou se Raito finalmente agira.

- Sim. Relacionadas a Raito-kun.

- Como era de se esperar. – ajeitou-se na cadeira, atento - Mais detalhes, Watari?

Depois de um tempo de silêncio, finalmente a resposta veio. Mesmo com o modificador de voz na tela impessoal, L pôde discernir o tom sério na voz do mordomo e braço direito.

- Ele disse que, já que vocês eram amigos, é melhor que veja por si mesmo. E quem sabe, ajude a descobrir o culpado pela tragédia.

À menção da palavra ‘tragédia’, L sentiu o peito pesar e abraçou instintivamente as próprias pernas, balançando para frente como se o assento da poltrona sumisse repentinamente. Por um instante, o cenário ao redor se tornou um borrão.

- Tra...gédia? Isso é mais um plano seu, não é, Yagami Raito?

Levantou-se de uma vez, sabendo que o carro já estaria esperando no subsolo.

E durante o trajeto todo, seguiu implorando para que essa ‘tragédia’ não passasse de um plano pérfido de Raito. Percebia que preferia um Raito vingativo e furioso a um Raito incapacitado e morto.


Uma torre muito alta, de onde tudo pode ser visto, é a realização máxima. Além do horizonte deslumbrante, o vento batendo nos cabelos dá uma sensação agradável e acolhedora.

Mas é um pouco frio. Talvez fosse bom ter um casaco.

- Mas eu não tenho mais o meu casaco. O que foi que aconteceu com ele?

Ao longe, parece que algo voa pelo céu. Seria um casaco?

- Mesmo se for, não vou conseguir alcançá-lo daqui. É distante demais.

EnTão ConsTRua uMA Ponte.

Olhou para o lado e o viu, na outra torre. Costumava ser mais baixa do que essa, mas agora é do mesmo tamanho. Quase mais alta.

Ele está mastigando preguiçosamente sua maçã, como sempre. Veste o terno marrom de sempre, e traz o sorriso e os olhos vermelhos de sempre.

Mas, diferente de sempre, não recebeu o sorriso de volta.

- Não, não vale a pena. Deixe que se vá; eu mesmo me desfiz dele. Não é certo ir atrás de novo.

EO quE vaI FAzerAgo ra?

Irritou-se levemente. Porque tinha que sempre responder tudo? Às vezes, as pessoas cansam e não querem falar de seus planos pra ninguém. Essa era uma dessas horas, e como uma pessoa educada, ele deveria respeitar isso.

- Sei lá. Não importa.

ÉclaRO quE saBE.

Quem sabe se ficar falando sozinho ele não cansa e vai comer maçãs em outro lugar? Isso funciona com alguns.

quERVê-loDENovo, nÃOé?

O hálito fresco de maçã mostrou-se próximo demais, e mesmo assim o aroma não disfarçava o incômodo cheiro de morte que o acompanhava. Mas na verdade, parecia que ele não estava tentando esconder mais nada.

Continuou sem responder, sem comentar o fato de que agora ele tinha ido para a sua torre.

cosTUMávaMos tErAPEnas uma TORre anTEs,naOÉVerdADE?

- Vai reclamar disso, agora? Aconteceu naturalmente. E você vem para cá quando quer, então não sei por que esse comentário.

Não cabe MAis niNGUém aQUi.

O tom de voz mais sério e a mão dele no ombro foram os argumentos para que finalmente o encarasse.

ELE não cabEráA qui.

Nuvens grossas foram se formando no horizonte e o vento passou de frio para gélido e cortante, anunciando para logo uma tempestade. Por estar sem casaco, abraçou-se. Ele aproximou-se de seu ouvido novamente, e desta vez o cheiro de maçã tornara-se podre.

cOMFrio, DEusiNho?

- Não me chame assim, eu não gosto. – estreitou os olhos, afastando-o – E eu decido quem cabe aqui ou não. Não me venha com bobagens.

Uma expressão misturando escárnio e pena formou-se no rosto dele, ao mesmo tempo em que pousava suavemente as mãos nos dois ombros do outro. Suspirou antes de encará-lo novamente, como se já lhe faltasse a calma de antes.

quEMSabe VocêsóPrecisEDeumTEmpo.

Ao se mover para se desvencilhar dos braços dele, ouviu um tilintar no chão. Arregalou os olhos ao perceber a algema que aparecera em seu pé.

ESSA édifEREnte DAQUELA, maSNÃo teMPRoblemA.

né?

Com força assustadora e repentina, como se o sorriso largo que agora tomava sua face aumentasse seu poder, espalmou as duas mãos na direção do outro e o fez voar por alguns instantes, para logo cair torre abaixo.

Teve certeza de que morreria, a mesma certeza que tivera em uma ocasião passada. Mas desta vez, no lugar das não mãos magras e pés cortados, uma fria corrente que machucava seu tornozelo o sustentava. Enfraquecido, zonzo e de cabeça para baixo, chamou uma, duas, dez vezes por aqueles nomes que sabia serem falsos, mas que nunca falharam quando ele mais precisou.

Em resposta, apenas a risada debochada daquele que agora estava sozinho no topo da torre mais alta, a mão esquerda no bolso enquanto a direita segurava a próxima maçã a ser degustada.

vocêSÓPRecisADeUMtemPOPRapenSAR.

A chuva veio de uma só vez, devastadora e inexorável.

Pense bem, Deusinho.


L considerou várias possibilidades para a palavra tragédia, mas o que encontrou superou todas as suas expectativas. Ele jamais pensou que Yagami Raito, com sua força de vontade de ferro, o assassino frio de centenas de pessoas, chegaria a tal ponto.

E jamais pensou que ele próprio faria parte disso.

Na sala, a mãe e a irmã choravam sem parar e da cozinha vinha um cheiro forte de queimado que empestava a casa toda. Isso L percebeu assim que entrou, pela terceira vez, na residência Yagami. Mas um cheiro ainda pior vinha do segundo andar.

- Ryuuzaki! Que bom que veio...e pessoalmente! – com expressão visivelmente chocada, Soichiro segurou as duas mãos do detetive e o conduziu escada acima ansiosamente, quase o empurrando. As mãos do chefe de polícia estavam geladas e suadas como Ryuuzaki nunca vira.

Tudo naquela família de repente parecia muito errado e perturbado, como naquelas versões deturpadas do mundo real que às vezes aparecem nos pesadelos da maioria das pessoas. Como quando sonham, por exemplo, que a própria mãe é uma assassina ou que o apartamento se transferiu de repente para a parte mais perigosa e escura da cidade.

Mas L não costumava sonhar. E certamente jamais teria um pesadelo como o que presenciou quando adentrou, pela segunda vez, o quarto de Raito.

O cheiro de podridão que identificara na sala vinha do cesto de maçãs podres em cima da mesa, infestadas de vermes e moscas, que também voavam pelo recinto. Os móveis estavam jogados e remexidos, as gavetas da cômoda quebradas do outro lado do quarto, a luminária vazando a um canto. Notou, pela escuridão que tomava o ambiente, que aquele provavelmente era o cômodo mais mal-iluminado da casa. No momento, apenas parcos feixes de luz atravessavam as cortinas rasgadas e possibilitavam a visão.

Aproximou-se mais, guiado pelo pai do garoto. Em circunstâncias normais, jamais entraria em um lugar tão fétido, mas Raito sempre o fizera avançar para um ponto além do que considerava seguro. Desde o começo.

E mesmo agora, prostrado na cama, febril e alheio ao mundo, ele conseguia esse feito.

- Raito...kun...?

Não podia acreditar que aquele corpo doente pertencia à mesma pessoa que conhecia por Raito. Emagrecido, com ferimentos inflamados na cabeça e pelo corpo, paralisado com o olhar inchado e vidrado no teto, sua vida só se confirmava pelo respirar difícil e descompassado e os espasmos aleatórios que anunciavam uma convulsão a qualquer momento. Cheirava a vômito, do qual surgia uma poça seca ao lado da cama, e o colchão mostrava sinais de funcionamento intestinal – provavelmente, havia sido uma diarréia.

L ficou um tempo encarando essa figura patética e, realmente, trágica, como se esperasse que ele a qualquer momento fosse rir e olhá-lo com desdém, dizendo: “Que tal, Ryuuzaki? Assustei você, hein. Talvez estejamos quites agora”.

- O encontramos assim, Ryuuzaki. Não temos a menor idéia do que aconteceu, mas o pegaremos.

- Pegar...? A mesma roupa do hotel... de uma semana atrás...

- Quem fez isso com ele. Está ferido e a casa está um caos. O maldito vai pagar pelo que fez com meu filho! – externando a dor de pai através da raiva, Soichiro não percebia a dor completa que invadia também Ryuuzaki. Este sentia que Raito finalmente o atingira de verdade, o suficiente para matá-lo.

- Sim... pegaremos...esses olhos...você chorou, Raito-kun? Pra quem está olhando? Quem está buscando?

O som da ambulância se aproximava, anunciando que logo Raito iria para o hospital. Como se isso fosse um consolo por si só, Soichiro sentou-se em um canto, massageando as têmporas. Sem dar atenção à sirene, L mirava cada ferida de Raito - obviamente piores pela exposição, presença de insetos e pelo tempo sem tratamento.

Mirou as mãos dele, fitando com pesar o sangue seco que tomava as unhas, e também os cortes causados tanto pela fina porcelana do hotel, quanto pelas mãos de um enraivecido Ryuuzaki. Fechou as próprias mãos, como se sentisse novamente o impacto de quando o jogou contra a parede – o pior de todos os ferimentos.

- Eu o machuquei tanto?

Olhando em volta, quase podia refazer os passos de Raito, como em uma reconstituição - algo que fizera muitas vezes, na verdade. Ele entrou sem dar atenção ao cheiro de queimado na cozinha. Subiu correndo as escadas e foi direto às gavetas, remexendo-as febrilmente até que voassem de suas mãos. Isso incluiu a TV. Em seguida, jogou longe a luminária e também rasgou as cortinas, e nesse momento suas forças já faltavam, pois não conseguiu arrancá-las, apenas entortá-las. Mas ainda pôde socar o teclado e o monitor do computador, o que terminou de arruinar suas mãos completamente, e cego por mais essa dor, cambaleou e vomitou aos pés da cama. Pelos joelhos sujos, é provável que tenha se apoiado em cima da poça para subir na cama e lá ficar. Quando a crise passou, o choque resultou em uma disfunção intestinal. O que culmina na situação atual.

- E você se machucou muito também...

- Mas o mais importante é que meu filho fique curado... o mais importante. – Soichiro concluiu, mais para si do que para L.

- Sim. O mais importante... Era tão importante assim, aquilo? A ponto de se anular agora que não o tem mais?

Ajoelhou-se ao lado da cama e passou os dedos pelos cabelos sujos e desarrumados de Raito. Não havia reação nos olhos. Nem expressão no rosto. As funções fisiológicas estavam certamente ali, mas o espírito não dava sinais de presença.

- Onde está você, Raito-kun?


- Watari, por favor, vamos dar uma volta. Algumas.

- Como quiser, Ryuuzaki.

- Não posso acreditar que vá acabar assim. Depois de tudo... de que me adianta ter as provas e a vingança? Nada surtirá efeito...

Ryuuzaki suspirou e, tirando uma bala do bolso, começou a desenrolar o papel devagar. De alguma forma, sentia-se incompleto e também envergonhado por ter se deixado levar pelas emoções e assumir riscos tão grandes. Mas, mais do que um ataque de ciúme ou uma fraqueza carnal, o que realmente o perturbava era outra coisa.

Pela sua cabeça, passavam imagens de várias situações envolvendo Raito. Os dias aprisionado. Os momentos em que ele duvidava da própria identidade durante a investigação. O choque no helicóptero. Após isso, a morte de Amane Misa e as lágrimas dele no velório. E ainda, a confusão pessoal envolvendo eles e a garota, que agora resultava naquilo que acabara de testemunhar.

- Como não pude perceber que ele estava a ponto de quebrar? Ou eu me recusei a notar...? De qualquer forma, o preço foi alto. Pensei que eu pudesse enxergá-lo por completo, mas essa era um parte escura demais até para mim... tolo detetive L.

Mastigando a bala de olhos fechados, foi interrompido nos pensamentos negativos por uma voz rouca e debochada.

- Parece que Raito se acabou mesmo hein?Kkkkkkkkkk...

Ao olhar rápido para o lado, a princípio assustado, prendeu a respiração por alguns segundos e logo depois se controlou.

- Shinigami, eu presumo. – encarou o monstro com os olhos estreitos.

- Ryuuk é o meu nome. Sou o shinigami original do caderno que está com você agora. Carro legal, esse. É a minha primeira vez em um. Tem maçãs por aí?

- Shinigamis só comem maçãs? – meneou a cabeça, sem deixar de olhar o tal Ryuuk, que se portava como se fosse um convidado de honra no veículo. Devia ser mesmo o shinigami de Raito.

- Kkkkkkkkk...essa piada foi boa, né? Raito se inspirou em mim, e fez exclusivamente para você.

- Ah é? E porque você só apareceu para mim agora? Acabaram as maçãs?

- Demorei o mesmo tanto que demorei para ir na casa do Raito na primeira vez. Achei que ele fosse melhorar nessa semana, mas mais parece um saco de batatas apodrecendo. Não é divertido.

- Gosta de se divertir, então? – o tom de voz alterou-se naturalmente ao ouvir a comparação nada agradável de Raito a batatas podres.

- Claro. E gosto de maçãs também.

- Entendo. Então tenho uma proposta para você, Shinigami. – inclinou-se para frente, como se tivesse pressa. – Todas as maçãs que você puder comer, mas em troca quero que me conte tudo sobre o Death Note.

Os olhos de Ryuuk pareceram brilhar e o sorriso espalhou-se pela cara, mas o toque de ironia não se retirou.

- Você L, é mesmo osso duro!! Nem perde tempo! Mal o moleque saiu da jogada, vai entrar em campo com tudo!Kkkkkkkk...

- Não tenho que te explicar minhas aspirações. - Preciso saber em quê exatamente Raito se meteu... é a única possibilidade que vejo para ajudá-lo. Além disso, realmente quero entender o que está acontecendo, de uma vez por todas. É minha melhor chance, mesmo que tenha acontecido de uma maneira trágica.

- Nem quero saber. Além disso, nunca vi isso acontecer, mas se você roubou o caderno e o dono antigo morreu, ele passa a ser seu.

- Raito não está morto.

- Mas parece uma questão de tempo, hm? E pra mim, quanto mais tempo na Terra, mais maçãs eu ganho. Então é bom que o Death Note tenha um dono!

L não respondeu. Já analisara a personalidade do tal Ryuuk e, mesmo que não parecesse boa companhia, certamente teria todas as informações que desejasse.

- Watari. Vamos voltar ao hotel.

Não disse mais nada, apenas se curvou mais ainda nos joelhos, traduzindo sua resolução nesse movimento.

- Raito não vai morrer. Não vou deixar que tudo acabe assim.


Algumas horas depois, todos se encontraram na Central, já a par do que acontecera com Raito. O clima não poderia ser pior.

- Agradeço a todos por estarem aqui – olhou especialmente para o Sr. Yagami – pois é um comunicado bastante importante. Como já sabem, Chefe Yagami precisará se ausentar para cuidar de Raito-kun. E também, Kira está parado no momento. Então, a minha proposta é que todos voltem aos afazeres diários, se afastando das investigações exclusivas daqui, até que algo interessante aconteça.

Um certo rebuliço se espalhou entre os incansáveis perseguidores de Kira.

- Eu e Watari podemos coordenar as coisas, e certamente todos serão chamados ao menor sinal de pista. Mas penso que concordem não ser frutífero ficarmos aqui neste momento tão incerto.

- Quer dizer que nos tornamos inúteis, Ryuuzaki? – Aizawa tomava o caminho mais direto.

- Por favor, não me entendam mal. Acredito que compreendam o quanto a situação está delicada, e também não seria justo mantê-los aqui até se desmotivarem. Isso só favoreceria Kira.

Após conversarem um pouco entre si, concluíram que o silêncio de Kira e o afastamento do Chefe acabariam por prejudicar a força de vontade de todos, por maior que fosse.

- Mas e você, Ryuuzaki? Vai ficar aqui sozinho?

- Pode me visitar se quiser, Matsuda – sorriu perante a inocência solidária tão típica do policial – Mas preferencialmente no hotel. Estarei lá de vez em quando, justamente para manter este lugar intacto.

- Tudo bem, então...

Em parte decepcionados, em parte conformados, os investigadores se retiraram. Com exceção de Sr. Yagami, que se dirigiu à L em particular.

- Ryuuzaki... obrigado. Isso me tira um peso das costas, e nesse momento, eu preciso me dedicar inteiramente à família.

- Foi a melhor decisão a ser tomada. Desejo que o senhor e Raito fiquem bem, que tudo volte a ser como era antes. Será que isso é possível?

- Realmente, obrigado, Ryuuzaki. Eu o julguei mal, devo confessar, quando considerei que não levasse em conta o que as pessoas sentem, mas agora vejo que é o contrário. E sei que... bem, você é o melhor amigo do meu filho. Tomara que esteja aqui quando ele... retornar, pois tenho certeza de que a sua amizade o ajudará muito a se recuperar.

- Farei o possível. – nesse momento, se deu conta do quanto poderia ser falso ao aparentar uma expressão desprovida de culpa.

- Isso me alivia sinceramente. Bem, me retiro agora. – cumprimentou e se dirigiu à saída.

- Sr. Yagami.

- Sim?

Poderia ter dito “me avise se algo acontecer”, ou “estarei aqui se precisarem de mim”. Mas outra frase saiu de sua boca, e parecia ser a única capaz de dizer.

- Me mantenha informado.

- Certamente, Ryuuzaki. Com licença.

Mal o chefe de polícia deixou o recinto, L enfiou as mãos com força nos cabelos e bufou. Os elogios do pai de Raito foram mais terríveis do que agulhas embaixo das unhas.

- Ajuda na recuperação? Certamente! Ele ficaria muito recuperado se me matasse... – sorriu nervosamente – Melhores amigos... se soubesse de tudo, não diria tantas palavras lisonjeiras, Sr. Yagami... e nem você, Matsuda-san...

- Arrependido, Ryuuzaki?

- Não, Watari. – suspirou, girando na cadeira como uma criança – Foi o melhor a fazer. Isso já ultrapassou em muito o escopo do Caso Kira, e não pretendo envolver mais pessoas nessa questão tão íntima e pessoal. Mesmo que haja um Death Note envolvido, o que eles poderiam fazer? E eu sei que Kira não voltará. É melhor liberar todos.

- E assim também não corre o risco de, porventura, ter que admitir ter ficado íntimo de Raito e ser em parte responsável por sua ruína, não é?

L encarou os olhos do mordomo e levou o dedo à boca, tendo no rosto toda a expressão de culpa que escondera de Soichiro.

- Eu sou uma pessoa horrível.

- Todos que amam erram, Ryuuzaki. Você só não está acostumado a errar. Agora, devo ir buscar seu sorvete?

Apenas fez que sim com a cabeça, e logo seu espírito não estava mais ali. Em seu coração, preferia estar com Raito onde quer que fosse, mas não sabia onde encontrá-lo. O aspirante a deus estava perdido dentro dele mesmo, e L não tinha essa rota.

- Mas vou descobrir.

Levantou-se, se dirigindo até o andar inferior, no cofre onde guardara o caderno da morte. Olhou para ele com um misto de fascínio e precaução.

- Nem que seja com sua ajuda.


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Notas finais do capítulo

Notas Finais: pois é, não nos matem por favor . Isso tudo é necessário..e temporário...dói na gente também, acreditem XD Mas se vocês acharam isso ruim...bem, digamos que a tempestade sempre piora antes de melhorar...(fogem das pedradas)MAS!É nessas horas que todas devemos lembrar do início do cap.1, certo? o

Por favor, apesar de trágico vai ser legal E abre novas possiblidades hihih... Tipo, vocês achavam que ia ser fácil assim? XD

No próximo capítulo: a situação parece só piorar e piorar para os dois garotos, mas um acontecimento em particular força L a tomar uma atitude. O que pode salvar Raito de si mesmo?