Destinos Partilhados escrita por shamps_e_washu


Capítulo 12
Fora dos trilhos


Notas iniciais do capítulo

DISCLAIMER: DN e seus personagens não nos pertencem, isso é apenas um fanfic despretenciosa com intuito de divertimento (e correção de certas 'injustiças' que todos conhecemos muito bem...)

Contém spoilers do anime e do mangá, ao menos até o episódio 25.

IMPORTANTE: os capítulos que contém cenas lemon/hentai estarão devidamente sinalizados, para que os leitores que não curtem esse tipo de cena possam pula-lás.

MUITO OBRIGADA a todos que leram, comentaram e voltaram!Chegamos ao capítulo 12, finalmente, e esperamos que se divirtam!Boa leitura!

E obrigada pelos comentários e por mostrarem que não se esquecem da gente, hehe. Acreditem, ficamos muito emocionadas! Amamos vocês!



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Fora dos Trilhos

KIRA RETORNA??

Possível retorno de Kira

Uma série de mortes ocorrida no vilarejo Yukishiromiya, na província de
Chiba, pode estar ligada ao retorno de Kira. Foram 101 mortes apenas ontem,
sendo 21 suicídios, 30 acidentes de trânsito e 50 ataques cardíacos, sendo
a maioria das vítimas autoridades do governo – incluindo o prefeito local,
sacerdotes e os comandantes da força policial. Os números são assustadores, uma vez que a população do município é de 3.547 habitantes.
"Suspeita-se de que as mortes sejam atribuídas a Kira pelo número elevado em
um curto período de tempo, além do causamortis", diz Hayashima Nagase,
porta-voz da polícia local, "embora os perfis das vítimas sejam diferentes
das anteriores, que eram criminosos". Os motivos que levaram a esta execução
massiva ainda são desconhecidos. Da mesma forma, segundo Hayashima, "ainda é cedo para confirmar se Kira está realmente por trás das baixas sofridas".


A paisagem emoldurada pela pequena janela não demonstrava mudança nenhuma já há algum tempo, acompanhando o não-declarado voto de silêncio que imperava na cabine 12-B desde o começo da viagem. Apenas o som da locomotiva preenchia o ar.

Observando a monotonia do lado de fora da mesma maneira que costumava fazer na sala de aula, com a mão apoiada no queixo e uma expressão de puro tédio, Raito apenas esperava chegar logo a Yukishiromiya. O trajeto de Tókio até aquele ponto em Chiba havia sido mais que o suficiente para que calculasse, ponderasse e simulasse cada teoria e possibilidade dessa investigação repentina.

E sabia que o igualmente mudo Ryuuzaki havia tido o mesmo tempo que ele para isso. Evitou ao máximo falar e até mesmo olhar para a figura sentada ao seu lado, cuja presença o incomodava desde o começo. Mas não poderia ficar de fora desse novo agravante do caso, e, além disso, os dois sabiam como ninguém manter as aparências tanto na presença de outras pessoas quanto a sós.

- Obviamente, ele também não se deixa levar pelas emoções e sentimentos superficiais. Parece que finalmente podemos deixar tudo aquilo para trás, encerrando essa história confusa.

Deixou escapar um suspiro. Disse a si mesmo que era apenas aborrecimento, e acreditou.

Por um instante olhou de esguelha para a outra ponta do banco, onde L mantinha-se sentado e impassível, encolhido, com o queixo apoiado nos joelhos e o dedão na boca.

- Quanta tranqüilidade... mas espere aí.

Observando melhor, notou a respiração ritmada, o peso do corpo jogado para a frente e, se aproximando mais, as pálpebras fechadas sob a franja que lhe caía nos olhos. O detetive dormia. Raito piscou, um tanto surpreso. Não imaginava que ele relaxaria a ponto de cair no sono.

- Isso sim eu não esperava. Também está entediado, Ryuuzaki?

Respirou fundo, cruzando os braços. Já havia visto L dormir desde a época em que ficaram algemados, e não raras vezes parava para observá-lo. Seus trejeitos infantis, atenuados durante sua função de investigador e chefe, apareciam em totalidade nos momentos de repouso como o de agora.

E por algum motivo, Raito não conseguia desviar o olhar da figura serena que de tempos em tempos meneava a cabeça suavemente e movia as retinas sob as pálpebras.

- Como um gato adormecido.

Por um instante sentiu inveja deste sono tão pacífico. Até o movimento do trem pareceu tornar-se mais brando.

- Você também me observou dormindo várias vezes, inclusive em minha casa. Também prestava atenção nesses detalhes, como eu faço agora?

Sentiu o corpo esquentar ao lembrar-se involuntariamente da visão daquela noite, no sofá de sua casa, quando acordou e viu Ryuuzaki dormindo de um jeito diferente. Ressonava tranquilamente, com um sorriso espalhado no rosto todo, e sua mão agora jogada sobre o banco segurava a de Raito com firmeza. De repente, era como se ouvisse o coração dele batendo em seu ouvido novamente.

- Isso... já estava tão distante...

Sentiu o ímpeto de mergulhar as mãos nos cabelos negros e imaginou-se pressionando-o contra o banco e juntando sua boca à dele sem nenhum apenas na imaginação, a cena fez uma gota de suor escorrer pela testa e sua boca se encher d’água.

- ISSO É RIDÍCULO!!

Levantou-se de um salto para ir ao banheiro e recompor-se, afastando as idéias esdrúxulas em sua mente, entretanto, uma freada súbita o fez perder o equilíbrio ao mesmo tempo em que o adormecido Ryuuzaki foi jogado para frente.

O resultado é que, enquanto o primeiro caiu sentado batendo as costas no outro banco, o segundo voou imediatamente na mesma direção e foi parar em seu colo. O reflexo imediato de Raito foi amparar a queda do amigo, por isso, quando se deram conta, estavam os dois abraçados no chão.

Os olhos arregalados e negros tão próximos deixaram Raito congelado, temeroso do que suas mãos poderiam fazer caso se mexessem. E L aparentava estar com o mesmo problema, desperto abruptamente em situação tão tentadora. Mas antes que pudessem esboçar qualquer reação, o som de um tiro fez os fez voltar à realidade.

Instintivamente, L cobriu Raito com seu corpo e o afastou do corredor, observando compenetrado o que viria a seguir.

- Ryuuzaki... - Raito sussurrou, ao que L fez sinal de silêncio e apontou o próprio ouvido. Raito também apurou a audição, e logo concluíram que se tratava de um assalto ao trem.

Não demorou que os bandidos chegassem ao vagão onde os dois estavam, espalhando pânico entre os passageiros despreparados com tiros para o alto e ameaças. L ainda mantinha-se agachado, espreitando, e Raito hesitou por um instante.

- Será que ele pretende fazer algo?

Quebrando a frieza de semanas, a mão de Raito alcançou o ombro de Ryuuzaki e seus olhos se encontraram quando ele virou a cabeça para trás.

- Nossa prioridade é Yukishiromiya.

Alguns momentos de silêncio seguiram-se. Para L, foi reconfortante ouvir a voz de Raito finalmente falando algo diferente de palavras duras e acusações, e o modo como ele o olhava e pressionava seu ombro lhe deu também uma ponta de alívio. Antes que pudesse responder, entretanto, a porta da cabine se abriu repentinamente.

- Estão tentando se esconder, espertinhos?

- Eles são muitos, nem sei ao certo quantos, e estão armados. Não posso arriscar.

Ryuuzaki levantou as mãos em sinal de rendimento, e Raito fez o mesmo. Foram forçados a sentar novamente lado a lado, enquanto os ladrões revistavam suas bagagens.

- Felizmente só trouxemos as identidades falsas e pouco dinheiro. Qualquer um concluiria que somos apenas estudantes tirando uma folga nos templos próximos. Mas será ruim perder os celulares.

Enquanto L ponderava, um dos bandidos chegou e cochichou algo ao homem antes que ele saísse. Ele olhou em volta coçando a cabeça, e em seguida dirigiu-se a Raito.

- Você deve servir.

Puxou-o pelo colarinho com força, enquanto outro homem arrancava uma garota da cabine em frente e a levava sob prantos. Raito também começou a ser escoltado para fora.

- Posso ao menos saber para quê? - disparou, impassível.

- Estamos recrutando reféns. Tenho certeza que seus pais pagarão muito bem pela sua saúde, mauricinho. - afagou os cabelos de Raito com a mão sebosa, arrancando um tufo. O garoto apenas contorceu a expressão, sem gritar.

- Desgraçados...vou julgá-los, esperem só.

Raito só teve tempo de vislumbrar uma sombra e ouvir um baque surdo antes do bandido cair ao chão, atingido por um golpe vindo de trás – um chute potente, concluiu mais tarde.

- Ryuuzaki? Seu maluco!

- Você ser levado como refém não contribui para chegarmos ao nosso destino, não concorda? – falava tranquilamente, esvaziando a pistola com apenas dois dedos enquanto Raito entrava na cabine novamente.

- Que seja. Precisamos sair, e talvez possamos utilizar a janela. – olhou para fora com cautela - É, parece limpo. Vamos embora, antes que mais deles apareçam.

Dito e feito. Assim que Raito pôs os pés para fora e L subia na janela, ouviram som de gatilho e uma voz vinda de fora da cabine.

- Parado aí, esquisito!!

Sem alterar a expressão e mover um músculo, Ryuuzaki apenas olhou firme para o garoto fora do trem e passou-lhe uma instrução com a voz mais serena possível.

- Corra e não olhe para trás.

Como se atingido por um mecanismo de comando, Raito acelerou o mais rápido possível em linha reta, sem pensar em nada. Só pareceu recobrar a consciência quando, após alguns metros, ouviu um disparo perigosamente próximo. Primeiramente olhou para trás sem interromper a marcha, mas o que viu o forçou a parar imediatamente, freando e derrapando tão bruscamente quanto o trem.

Uma eternidade transcorreu em um instante perante a cena de Ryuuzaki caído de costas, o branco da camiseta e o negro dos cabelos contrastando com o verde do gramado onde jazia, e, alguns metros atrás, o criminoso também misteriosamente caído e imóvel.

Fixou os olhos na figura de L. Ensaiou dar alguns passos, dois ou três, mas o tempo parecia ter congelado de tal forma que era impossível se mover mais do que isso.

- Levante-se.

Esperou mais. Obviamente ele se levantaria, batendo a terra das roupas, e perguntaria com ar sonso e irritante “o que Raito-kun está olhando”.

Mas isso não acontecia, por mais que visualizasse.

Diminuiu a distância entre eles. Não podia ver seu rosto, seus olhos, nem distinguia sua respiração. Sentiu o próprio coração bater mais forte e o sangue esquentar em um misto de euforia, dor, frustração e incredulidade. Os pensamentos se embaralhavam, processando tal imprevisto, mas rapidamente sintetizou tudo.

- L. Morreu.

Uma tremedeira estranha o atingiu, seus olhos quase saltavam das órbitas ao mesmo tempo em que lágrimas surgiam dentro deles. Um sorriso nascia e morria freneticamente em sua face e uma risada escrachada insistia em desfazer-se na garganta, enquanto suas mãos e pés simulavam uma corrida não realizada e um forte abraço naquele corpo magro.

- Não acredito. DEsEjO. Lamento. Levante. MoRRa. CaIA. Viva. L. Ryuuzaki.

Finalmente chegou aos pés dele, trazendo no rosto um sorriso torto e lágrimas hesitantes dançando nos olhos opacos. Se seu rival, seu inimigo, havia sido posto para fora do jogo por um movimento tão inesperado, agora finalmente poderia realizar todas as suas aspirações.

- Um... novo... mundo... construÍDopOrKIra..

Perdido em seus devaneios, quase ignorou a tosse repentina vinda do rosto enterrado na grama, e, ao notar o movimento do corpo, sua expressão adquiriu mais desespero.

- Não! Ainda não!

- Ryuuzaki! – agachou-se, ajudando o outro a virar-se de bruços. Apesar do baque, não apresentava ferimentos mais sérios do que um arranhão no braço. Passou a mão nos olhos, notoriamente aliviado.

- Essa passou perto.

- “Essa passou perto”? É tudo o que tem a dizer depois de um susto desses? FAÇA-ME O FAVOR!!

Deu-lhe um coque na cabeça com os dedos fechados, e levantou-se resmungando. Apesar da surpresa, L considerou aquilo um bom sinal.

- Bem, são os fatos... – levantou-se de um salto, vendo que Raito se agachava ao lado do bandido caído – Ele caiu no momento em que atirou.

- Está morto. E com a mão apertando o peito. Provavelmente...

- Eu diria certamente, Raito-kun. – aproximou-se também – Um ataque cardíaco. Devemos estar próximos do portador do caderno, e toda a cautela é pouca com nossos rostos agora. Mas a vila está próxima, e quanto antes chegarmos, melhor.

Começou a andar calmamente, mas percebeu que Raito não fez menção de segui-lo, ou sequer de se mexer.

- Irônico, não? – sua voz soou mais grave e com um escárnio velado – Sua vida acabou de ser salva por um Death Note.

- Mas foi o próprio caderno que a pôs em perigo. Eu diria que estamos quites. E você deve agradecer também.

- Por que diz isso? – finalmente levantou-se e começou a caminhar tranquilamente, com as mãos nos bolsos da calça. L o encarou, sentindo-se incomodado por aquela postura.

- Isso elimina minhas suspeitas sobre você estar por trás desse incidente.

O outro apenas levantou uma sobrancelha.

- Você sempre suspeita de mim, mesmo que algo aconteça a quilômetros de distância. Mas entendo o que quer dizer. Não faria sentido você ter sobrevivido a esse infeliz, se eu estivesse por trás disso tudo. Não é?

- Precisamente. Mesmo que minha morte acidental fosse muito conveniente para você, não é?

- Conveniente?

Andou alguns passos em silêncio até ultrapassar Ryuuzaki, falando apenas quando já estava de costas para ele, sem interromper a caminhada.

- Nada me daria mais prazer do que ver-te morto nesse instante. Isso é um pouco mais do que conveniência.

- Gentil como sempre, embora mentiroso... – L confidenciou a si mesmo, sabendo que tanto Raito Yagami quanto Kira não desejariam sua morte imediata e acidental. O primeiro, apesar da raiva e da distância, tocou seu ombro para garantir que não tentasse nada perigoso demais no trem, e o segundo, bem, desejava ter a morte de L sob seu total controle em nome de uma vitória completa.

- Esse é o meu melhor e mais bem guardado trunfo. Mas agora que está praticamente confirmado ser este o caso de um outro Kira, precisarei tomar cuidado redobrado com o que ele fará... e com o que Raito pretende fazer com ele.


Em poucos minutos de procissão silenciosa, a vila de Yukishiromiya tornou-se visível. À primeira vista, não havia nada de especial no lugarejo. Poucas casas, ruas vazias, muitas árvores e a escadaria de um templo no ponto mais distante. Provavelmente, três ou quatro horas seriam suficientes para conhecer a cidade inteira, assim como as pessoas mais importantes.

- Vieram visitar os templos da cidade, jovens? – um velho se dirigiu a eles assim que passaram o portão da cidade, de uma cadeira de balanço em frente à primeira casa da rua.

- Sim, estamos aqui para isso, relaxar um pouco. – Raito respondeu sorrindo, exalando seu carisma – E parece que viemos ao lugar certo.

- A cidade costumava ser mais animada, mas, bem, vocês devem ter visto os jornais. Algumas pessoas fugiram, sabe. – inclinou-se para frente, ensaiando um sorriso de gatuno – Consciência pesada, provavelmente.

- Sem dúvida. Mas aqueles que não têm nada a dever podem continuar suas vidas sem culpa, não é? Por outro lado, a cidade deve ficar famosa agora, e receber mais visitantes para animá-la.

- Vocês são os primeiros em anos a aparecer por aqui, e eu sempre morei nesta casa. Mas espero que esteja certo, garoto! Adoraria ver faces novas, só para variar.

- Pelo visto o senhor conhece a todos aqui...

Enquanto Raito continuou um bate-papo amigável com o senhor, L verificou os celulares que recuperara do bandido no trem e percebeu que estavam sem sinal, o que significava uma investigação a dois sem possibilidade de contato com a Central. Sorriu para dentro.

- Perfeito. À moda antiga, então.

Dez minutos depois, caminhavam pela cidade conhecendo praticamente cada morador, sua reputação, famílias e os lugares a se visitar e a se evitar sob a ótica de um dos nativos mais antigos. E também que nenhum estranho havia chegado lá nos últimos tempos.

- Acha que ele pode estar escondido nas redondezas?

- Tanto pode ser isso quanto pode ser alguém da cidade mesmo. Não faz sentido Kira ter atacado aqui de repente, em um lugar tão distante e pacífico. Algum morador pode muito bem estar se livrando de seus desafetos como único objetivo.

- Também acho isso, mas o incidente no trem me faz pensar que ele não está agindo sozinho, concorda?

- É bem provável. Por um lado, isso torna a cidade inteira suspeita, por outro, facilita chegarmos ao articulador.

- Sim, quanto mais pessoas envolvidas, maior a chance de fracasso.

- Por isso Raito-kun sempre agiu como Kira preferencialmente sozinho. – passou à frente, sem olhá-lo – Creio que Fujitaka-san da livraria, sendo uma pessoa de má reputação, deveria ser visitado agora. Ele tinha farpas com mais da metade das vítimas.

Raito o seguiu, sabendo que ele dizia a verdade. E não estava certo? No fim das contas, Misa só complicou as coisas, e por isso não pretendia ter mais nenhum aliado. Esse novo Kira tinha que morrer logo.

- E como se fosse diferente com você, Ryuuzaki, que se mantém isolado do mundo e só faz contato com pessoas o mínimo necessário para cooperação profissional ou manipulação pura e simples, como eu. E sabe muito bem disso. Que nós dois escolhemos estradas solitárias e paralelas, e qualquer tentativa de encruzilhada destruiria uma delas para a outra continuar.

Olhou fixamente para as costas brancas à sua frente, ignorando que tantos pensamentos voltados a repulsa de L significavam que ele precisava lembrar-se constante e fortemente desse ódio para que o sentimento se tornasse genuíno.

- Chegamos, Raito-kun. – L parou em frente ao pequeno estabelecimento – Suas habilidades sociais serão úteis novamente.


Lá dentro, enquanto Raito conversava com o velho Fujitaka, o detetive mais experiente inspecionava cada ponta das prateleiras empoeiradas com olhos e dedos apurados. Displicentemente caminhou por todo o lugar, que mais parecia um sebo desorganizado, folheando livros, observando espaços vazios e tudo o que considerou digno de nota.

- Melhor lugar para se guardar um caderno. Óbvio e caótico.

A conversa na mesa do proprietário parecia animada, e L checou isso no momento em que abriu um livro qualquer e dele caiu uma antiga foto. Nela, uma garotinha de mais ou menos 12 anos, longos cabelos negros e olhos apertados e inocentes, sorria ao lado de uma mulher bonita e de rosto semelhante ao da criança. Atrás, uma data que indicava três anos desde que fora batida. Vendo que não era notado, dobrou a foto e a guardou no bolso.

Pouco depois, Raito o olhou rapidamente e ambos entenderam que era hora de ir. Antes de saírem, o velho ainda ajeitou os óculos e sorriu amigavelmente.

- Tenham uma boa estada! Não é sempre que recebemos visitas, por isso costumamos tratá-las bem.

- Certamente, já estamos tendo. Até mais, Fujitaka-san.

- Descobriu algo interessante, Raito-kun? – perguntou quando já andavam em público novamente, próximos ao centro da cidade.

- A versão dele para outros acontecimentos é interessante. Gosta de falar, já que é um velho sozinho, perdeu a filha e a neta em um acidente há três anos. Disse que se ouvirmos falar mal delas não é para acreditar, pois essa cidade tem mais invejosos do que colméias têm abelhas, e parece culpar meio mundo pela tragédia.

- Suspeito em potencial, embora eu não tenha achado cadernos ou mesmo folhas soltas. Apenas isso. – retirou a foto do bolso – Ao menos, as garotas têm rosto agora. Vale a pena investigar mais sobre essa tal tragédia, buscar vitimas em poten... o que está olhando, Raito-kun?

- Nós é que estamos sendo observados, Ryuuzaki. – apontou com a cabeça para o outro lado da rua, onde duas sorridentes garotas se acotovelavam – Tente ser simpático, elas são duas.

L fez a expressão de aborrecimento mais sincera possível quando Raito acenou e a dupla atravessou a rua de braços dados e olhos brilhantes. Enquanto elas não chegavam, virou-se seriamente para o rapaz.

- Eu sei que você é o popular em todos os lugares, mas estamos no meio de uma investigação, Raito...

- Ora, Ryuuzaki. Não vê uma placa de “Informações aqui” pairando sobre elas?

- Que golpe baixo.

- Como se já não tivesse feito isso de uma maneira muito mais pervertida. – disparou, fazendo o sangue de L ferver e ele abrir a boca para responder duramente, mas as jovens chegaram primeiro.

Imediatamente afastou-se com as mãos nos bolsos quando elas começaram a conversar animadamente com Raito. Uma súbita vontade de chutá-las e arrancar o garoto dali à força crescia a cada segundo, nessa faceta tão velada do calmo Ryuuzaki. Mas aquele era o seu suspeito, o seu culpado, o seu inimigo e o seu amante, não importava o estado da situação; era o seu Raito-kun e não suportava que fosse de mais alguém, mesmo que falsamente.

E foi com esse espírito que sentiu um leve toque no ombro direito. A mais baixa e quieta das meninas, com aparência semelhante à de Misa em um estilo mais romântico e cabelos negros na altura do ombro, sorria para ele com as faces levemente ruborizadas. Tudo o que ele não precisava agora.

- Posso ajudar?

- Seu amigo e minha irmã estão se dando bem, eu só estou um pouco constrangida. É um pouco... frustrante ter uma irmã tão bonita.

- Deve ser.

- Qual é o seu nome?

- Yamada-kun! – ouviu Raito chama-lo pelo nome da identidade falsa – Depois nos encontraremos no hotel, tudo bem? Vou jantar fora.

L fez que sim com a cabeça, incrédulo ao ver Raito sair conversando animadamente com a garota desconhecida. Apertou as mãos dentro dos bolsos e virou-se para a pequena ao seu lado.

- Conhece alguma confeitaria?

Ela abriu o sorriso mais radiante de todos.

- A melhor, Yamada-san.


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Notas finais do capítulo

Notas finais: demorou, mas VEIO! Nunca pensem que desistimos dessa história, quando ela mal começou! Não estão muito interessados nessas notas finais, né? Vão logo pro próximo capítulo, meu!
E não se esqueçam de ler as fics da Ety (Etecétera), que escreveu a matéria do começo falando do retorno de Kira. Ela é jornalista e ficwriter e tem poemas lindíssimos sobre nosso querido L!