08.1 - Como Perder Sua Alma escrita por alinecarneirohp


Capítulo 3
A noite dos deserdados – morpheus black




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Sempre que se conta nossa história, nos somos cruéis e desalmados e os caçadores de vampiro são sempre bons e virtuosos... bem, isso não corresponde à verdade sempre, acredita? Está certo que não temos alma nem respiramos... mas a maioria de nós, a grande maioria, ainda tem um coração. Isso pode parecer um clichê, mas é a mais pura verdade, ninguém dá um vampiro melhor que um sujeito de coração partido, porque vampiros são todos românticos, mesmo quando estão com as presas sujas de sangue e a aparência de uma fera.

Quanto aos caçadores... resumidamente falando, estou neste ramo há mais de trinta anos, e conheci alguns que você não deixaria sequer passar pela soleira de sua porta. Sujeitos arrogantes, muito orgulhosos do sangue do velho Van Helsing nas veias, mas que sequer olhavam para dentro de sua própria casa, muitos extravasam suas psicoses tendo licença para acabar com os vampiros, exatamente como dizem que foi o velho Van Helsing, cujo sangue conseguia matar um vampiro... não foi à toa que as famílias Van Helsing e Black se tornaram co-irmãs... os dois patriarcas eram muito parecidos.

Conheci Morpheus Black bem depois que me tornei um vampiro, e o admirei muito... tudo bem, que ele atravessou o meu caminho e eu fui obrigada a traí-lo, mas isso faz parte da trajetória de um vampiro. Ele também cometeu suas traições. Ninguém nunca o perguntou porque ele se tornou um vampiro. Apenas o acusaram, dizendo que ele fora uma aberração e se revoltara com isso, mas eu sei a verdade. Morpheus Black se tornou um vampiro porque nunca foi amado nem aceito.

Imagine o misto de dor e vergonha de ser um aborto? Nascer trouxa no meio de uma família de bruxos tradicionais... ainda ter a aparência de um semimonstro... Morpheus foi o vampiro mais feio que já conheci. Ele não tinha um único fio de cabelo, era branco, tinha olheiras profundas e olhos sampaku, desses que lembram olhos de peixe morto. Além disso tinha orelhas meio pontudas e mãos em garra. E ele me garantiu que tinha essa aparência quando era um humano .

Os pais o escondiam, afinal, havia o irmão mais velho e a irmã menor, ambos bruxos geniais... procure-os um dia em “Hogwarts, uma história” ambos estão lá: Thelonios e Lisandra Black... que depois se casou com um Potter, sabia? Mas a pobre Lisandra morreu muito jovem, ela protegia o irmão dos pais, mesmo assim, Morpheus perdeu toda a identidade com a família e se refugiou entre os trouxas. Ele trabalhava como fotógrafo, que era o mais próximo de magia que havia no século XIX. Em pouco tempo, era o fotógrafo mais aclamado de Londres.

Mas a comunidade mágica o desprezava... afinal ele não se comparava ao primeiro fotógrafo bruxo, que inventou o encanto e a poção que faz as fotos bruxas se moverem. Era um espinho no peito de Morpheus essa vida renegada, ele não era parte de nada, não se sentia trouxa nem bruxo... não era nada.

Uma tarde, um homem entrou em seu estúdio com uma moça, que era sua noiva... o nome da moça era Wilhemina... você conhece bem esse nome, não, Harry Potter? Ele queria uma recordação de sua amada, uma vez que ia partir para uma mensagem numa terra distante. O nome deste homem era John. E ele voltou muito mais tarde do que imaginava... e antes dele veio outro, atraído pelo rosto impresso na foto tirada por Morpheus: Vlad Tepes... o milenar Dracula.

Morpheus não entendeu muito bem o que aquele homem queria... naquela época não era muito fácil nem barato tirar fotografias, mas o homem estava disposto a pagar muito para ter quantas imagens de Mina pudesse, pagava bem, adiantado e em dinheiro. Não que Morpheus fosse mercenário, mas ele então era humano. Dracula vinha todas as noites e sempre trazia a moça em transe, a discreção de Morpheus em não fazer perguntas sobre isso fez com que o vampiro confiasse cada vez mais no fotógrafo.

Então, uma noite, Vlad apareceu sozinho, Morpheus estava num mau momento. E Vlad começava a ser notado, precisaria fugir de Londres antes que o velho Van Helsing o achasse... foi então que ele confessou sua natureza para o amigo. Ele não queria vampirizar Morpheus porque sabia que ele era da família bruxa mais tradicional do oeste londrino... fazia pouco tempo que Lizandra Black havia morrido, e isso rompera de vez a frágil relação de Morpheus com a família... este sentia-se mais uma aberração que nunca. Ele se propôs a ajudar a fuga de Dracula de Londres.... mas pediu o presente em troca.

O presente... tornar-se um vampiro puro, um vampiro por escolha... beber o sangue de um grande mestre vampiro e morrer sem ter seu sangue sugado. Um vampiro nascido desta forma é dez vezes mais forte que aquele que nasce depois de servir de alimento a outro vampiro. Na noite em que Morpheus se tornou um vampiro e Dracula fugiu de Londres, o velho Van Helsing pediu ajuda a Thelonius Black, ironicamente sem o conhecimento que o irmão mais novo deste tornara-se um vampiro puro. Mas Thelonius sabia que seu irmão procurara Vlad, e queria salvar sua alma antes que ele fizesse sua primeira vítima.

O filho mais velho de Van Helsing e Thelonius ficaram em Londres combatendo os vampiros neófitos que Vlad deixou para trás. Van Helsing foi atrás do velho mestre... e a guerra começou. Nós, os vampiros, chamamos a noite de dezoito de dezembro de “A noite dos deserdados”, pois foi nesta noite que Thelonius e Jon Van Helsing primeiro acabaram com mais de cem vampiros em Londres... sobraram apenas os quatro grandes.

Morpheus Black, Alphonse Etoile, Hermany Limoge e o jovem neófito Sirius Theodore Black... a primeira vítima de Morpheus. No momento do grande confronto entre os dois irmãos, o jovem Sirius saiu das sombras e revelou ao pai a terrível verdade. Ele fora convencido pelo tio e se deixara vampirizar. Thelonius não teve coragem de matar o próprio filho... mesmo que para salvar a alma do rapaz. Na noite dos deserdados, quatro grandes caixões lacrados foram despachados para a América. Morpheus deixou para trás um túmulo no cemitério da família, com uma funesta gravação: “Um dia estaremos todos juntos...” Ele lançou a maldição dos vampiros.

Morpheus prometeu transformar em vampiros toda a descendência masculina dos Black... em respeito a memória de Lizandra, deixou de fora as mulheres, que sob sua proteção eram intocáveis. Thelonius soube disso, e quis livrar o filho restante da maldição. Recém chegado da Transilvânia, Van Helsing deu a solução. Um anel de prata, fundido por um ourives bruxo, um anel mágico contendo em um invólucro de cristal, em três partes iguais o sangue de um Black, o sangue de um vampiro e sangue imune de um Van Helsing.

O sangue de um Black faria o anel intransferível. O Sangue imune, tornaria aquele que o portasse invulnerável... e o sangue de um vampiro, dado de boa vontade, alertaria o portador para a presença ou a proximidade de um vampiro... mas como fazer um vampiro ceder seu sangue de boa vontade?

A solução foi das mais inusitadas... lembra que eu te disse que ninguém é melhor vampiro que um sujeito de coração partido? Sirius Theodore... bruxo brilhante de vinte e dois anos, fora impedido de casar-se com uma jovem, tudo porque ela era trouxa... mas a jovem não o esqueceu. Além de trouxa ela era pobre, e procurou o velho Thelonius para saber o que acontecera com seu amado.

Thelonius é tido como um herói, mas fez algo muito sujo. Ele levou a moça para a América e a deu como moeda de troca para o filho... e trouxe o frasco com o sangue de um vampiro, dado de boa vontade.... juntou ao seu sangue e ao do velho Van Helsing para fazer o anel dos Black. O outro filho passou a usá-lo, e se propôs a vir para a América para matar os vampiros e acabar com a missão.

América. O melhor lugar para um vampiro viver. Aqui ninguém repara muito no que os outros fazem, e já havia vampiros aqui bem antes dos quatro grandes... pelo menos um estava no sul organizando uma sociedade deles com regras de sobrevivência e convivência com os sangue quente: a família.

Hans Hagen vampiro antigo, descobriu que um vampiro podia sobreviver sem matar, e manteve ao seu lado vampiros supostamente pacíficos que se contentavam em apenas se alimentar de parte da vida e dos sonhos dos sangue quente... ele mandou um emissário a nova Iorque para falar com os quatro grandes... e a América foi dividida. Ao sul, os vampiros da família, os que não queriam matar... aqueles que queriam manter-se em pequeno número.

Ao Norte, a Aliança... os vampiros dos quatro grandes, aqueles que matavam e morriam com mais facilidade. Aqueles que não tinham vergonha de bater no peito e dizer: “Sou um ser das trevas, aceite-me ou não...” E por mais de cem anos seria assim, conturbado, inquieto, violento... o clã da Aliança era o lar das traições... nunca nenhum vampiro, tirando Morpheus, foi importante na aliança por mais de trinta anos... os que estavam abaixo dele o traíam, e ele caía. Os que estavam por cima, oprimiam os que estavam por baixo... até que eu me tornei um dos quatro grandes tomando o lugar de Morpheus...

Mas antes de saber sobre isso, é importante esclerecer o que aconteceu com os Black restantes... um anel, que ficou para Nemo Black, filho de Thelonius... uma imensa fortuna, e em pouco tempo, os Black estavam unidos com os Van Helsing para acabar com os vampiros da Aliança. Thelonius tinha medo que toda sua descendência se tornasse vampira. E foi por isso que ajudou Van Helsing a fundar a irmandade, a começar a fortuna que sustenta os caçadores de vampiros até hoje. E mandou seu filho para a América, mas este não teve coragem de matar o próprio irmão e retornou a Londres... vinte anos depois ele mandaria os filhos, e um deles cairia diante de Morpheus... e assim seria ao longo de cinco gerações, em que o anel passaria de mão em mão e treze filhos dos Black se tornariam vampiros... é quando eu e Lubna entramos nesta história.


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