Essa era a hora do dia que eu queria poder dormir, na aula o sono me atacava de tal modo que eu mal conseguia manter os olhos abertos. A aula é o momento em que o cérebro dá uma pane e ficava lento, lento.

Às vezes fico até brava comigo mesma, porque eu sempre tinha que ficar cansada na hora em que eu devia estar atenta e prestando atenção na matéria?

Ok, eu admito que dormir cedo não é uma coisa que eu costumo fazer com frequência, mas não é culpa minha! Porque os melhores filmes só passam às dez horas e porque eu sempre me esqueço de fazer alguma coisa importante e só me lembro lá pela meia noite. E dai a minha mãe vem me acordar lá pelas 7:30, 8:00 da madrugada – sim 7, 8 horas pra mim é madrugada, - fala serio, quem em plena consciência vai dormir as 3 e acorda as 7? 4 horas de sono é o mesmo que nada! Eu acordo podre de cansada e ainda sou obrigada a aguentar mais 4 horas de aula? Pelo amor de Deus!

Eu sempre brigo internamente comigo mesma, tipo uma discussão mental com o meu lado mais responsável. Meu lado responsável me diz para guardar o livro, desligar a TV ou o computador e ir dormir... Eu até já tentei, mas eu não consigo, eu não tenho a habilidade de dormir quando quero, tipo, fechar os olhos e contar carneirinhos não adianta pra mim. Então eu fico pensando na vida e quando eu caio no sono já são umas 2 da madrugada. Então ultimamente tenho mandado meu lado responsável ir passear! E obvio que toda ação gera uma reação, não muito boa consequentemente, se cair de sono no meio da aula pode ser considerada uma coisa “não muito boa”.

Bom, pulando o fato de eu estar sonambula, hoje aconteceu uma coisa que foi no mínimo constrangedora – eu podia até dizer que foi engraçada porque mais tarde até pude rir disso, mas na hora só foi muito embaraçoso. Eu estava em meu momento zumbi, em que eu andava quase de olhos fechados pelos corredores da escola, estava quase terminando o segundo período e eu fui tomar um pouco de agua e fui ao banheiro me olhar no espelho, é claro – uma das coisas que os meninos não entendem sobre nós meninas, nós sempre precisamos dar uma olhadinha no espelho para confirmar que ainda estamos do mesmo jeito, e reclamar sobre algo de que não gostamos em nós mesmas. É, eu tenho que concordar com os meninos de que isso é incompreensível.

Bom, eu estava andando para fora do banheiro e indo beber agua, quando de repente apareceu do nada  e... BAM!

Eu trombei com tudo num cara que estava vindo na direção contraria. “WOW” ele exclamou e me segurou pelos cotovelos, tentando me ajudar, pois com o impacto eu cambaleei tonta para trás. Eu já não estava muito bem da cabeça, com essa meus neurônios foram pro espaço. E eu não devia estar com uma cara muito boa, pois ele se inclinou para me olhar.

- Você esta bem? – perguntou ele, parecendo preocupado.

Eu ainda não havia me recuperado, eu pisquei algumas vezes, mas não consegui responder, só fiquei para ali olhando pra ele desorientada.

Ele franziu a testa e passou um braço pela minha cintura para me apoiar e me ajudou a sentar em um banco. Ele se agachou na minha frente tentando ter uma visão melhor do meu rosto, ele não falou mais nada e eu só consegui ficar olhando pra ele com cara de tonta.

Eu não estava assim por causa da trombada, mas sim por causa da pessoa com quem trombei, era sem duvida nenhuma o cara mais lindo que eu já vi na vida! Ok! Eu to exagerando, um pouquinho. Mas ele era uma coisa! Tipo um príncipe ou um desses atores lindos de morrer, que você só fica olhando de boca aberta. Ele tinha olhos verdes, o cabelo bagunçado e de um estranho tom de bronze, o tipo de rosto que se vê nas revistas.

- Você ficou um pouco tonta né? Tá melhor? Quer que eu pegue um copo d’agua?

Meu Deus que voz! Eu precisava responder alguma coisa, se não ele ia chamar a ambulância. Então falei a primeira coisa que me veio na mente.

- Oi! – ok, agora sim fiquei parecendo uma idiota! Que coisa estupida para se falar! Ele estava perguntando se eu estava bem e não me cumprimentando, aff, eu queria poder me chutar agora.

Ele sorriu parecendo um pouco mais calmo. Nossa e que sorriso! Fez meu coração já acelerado ficar a mil. Eu resolvi responder antes que ele pensasse que eu era retardada.

- Hã... acho que tô meio tonta ainda e eu preciso muito beber alguma coisa.  – Na verdade eu já estava melhor, mas tudo para mantê-lo ali um pouquinho mais.

Ele se levantou foi até a janela da cantina, que ficava ali de cara pro pátio, e então se virou para mim.

- O que você gosta de beber? Coca, Guaraná?

- O que você tá fazendo? Não precisa comprar...

- Coca, Guaraná...? – perguntou ele novamente, interrompendo-me.

Eu suspirei.

- Sprite.

Ele sorriu, acho que ele achou minha resposta engraçada. Se virou novamente para a mulher que esperava e pediu uma latinha e dois canudinhos. Não pude deixar de reparar em como ele estava vestido: uma camiseta cinza claro por baixo de um casaco preto, uma calça jeans escura e sapatos. Eu gostei do estilo dele despojado, mas arrumado.

Ele voltou e se sentou ao meu lado no banco, me entregou a lata já aberta e com os canudos, eu tomei um gole. Seus olhos seguiam cada movimento meu, era um pouco constrangedor então eu resolvi agradecer, para quem sabe ele parar de me olhar como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.

- Obrigado! - eu disse meio tímida e super agradecida.

- Não foi nada, tenho que admitir que foi um prazer. – eu o olhei e ele estava sorrindo daquele jeito de tirar o folego de novo. – Ter trombado com você, quero dizer.  Um belo começo, pode se dizer.

Ele estava me deixando confusa. Ele gostou de ter trombado comigo? “Um belo começo”, ele disse. Eu sorri, ainda meio confusa.

- Meu nome é Edward. – ele estendeu a mão, e eu o cumprimentei.

- O meu é Isabella. – Ele segurou minha mão mais tempo do que o necessário.

- Como eu já disse: é um prazer.

- Oque você quis dizer com “um belo começo”? – eu não pude me segurar, eu tinha que perguntar.

Ele riu.

- Só que foi um bom jeito de eu entrar para a escola.

- Entrar para a escola? Você vai estud...

- Não. Vou dar aula de inglês e aula de musica. – ele me interrompeu, vendo que eu estava chegando a conclusão errada.

Ah, ele é professor!

Epa! ... Ele é professor?!