09 - Harry Potter e os Guardiões da Fronteira escrita por alinecarneirohp


Capítulo 13
NOS MUNDOS INVIOLÁVEIS




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-         Você vai morrer... – a cara do garoto era amassada e feia, tinha desespero e desilusão em cada ruga precoce, ele parecia  uma criança, mas não uma criança alegre e inocente, mas uma visão apavorante de crueldade com o rosto de um menino. E não era o único.

-         E você, garoto – completou o segundo – nunca vai ser grande coisa na vida... não vai precisar conquistar nada, tudo vai lhe ser dado de mão beijada, e isso será a sua ruína. Você jamais vai se sentir útil ou amado, e vai ser sempre um covarde, com medo de dizer o que pensa... tão diferente de seus amados pais, e tão cheio de rancor por isso.

Essas palavras eram quase impossíveis de serem entendidas, porque eram ditas no meio de outras, tão duras quanto as primeiras, para Snape e Henry, que, um de costas para o outro, ouviam-nas da boca da gangue de pequenas crianças, no mesmo lugar onde haviam chegado à terra da realidade cruel.  As palavras podiam machucá-los porque pareciam as coisas mais reais que já haviam sido ditas sobre os dois, e de uma forma totalmente despida de piedade.

-         Professor, onde estamos – perguntou Henry – temos que sair daqui... eu não quero olhar para eles...

-         Calma menino – disse Snape, mas sem saber ao certo o que fazer, porque de cada beco parecia sair um outro menino para se juntar aos primeiros, sempre com a mesma expressão sarcástica e ao mesmo tempo desesperada. Snape jamais ouvira falar sobre aquele mundo, o que se sabia sobre o que ficava além da fronteira era muito pouco, a maioria no ramo da especulação, chegou a pensar em pegar a varinha e tentar algo para dispersar as crianças, mas antes que fizesse isso, um deles disse:

-         Mágica aqui não funciona, velho idiota...

Então, eles liam pensamentos, concluiu Snape. Ele soubera, antes que Snape tomasse qualquer atitude, que ele pretendia usar magia. Era cada vez pior. Involuntariamente, pegou a mão de Henry, que estava gelada. Se aquelas palavras eram duras para ele, imaginava o que não fariam com uma criança.

-         Solte o garoto! Solte – gritou um dos meninos e Snape percebeu que isso era o que eles queriam evitar: que ele e o garoto permanecessem juntos.

-         Quem são vocês? – perguntou ele, tentando permanecer calmo. Só então que viu que as crianças e tudo em volta eram sem cor, absolutamente cinzentos. Aquele mundo inteiro era preto-e-branco. Olhou para si próprio: ele permanecia o mesmo, a sua pele continuava da mesma cor.

-         Não nos conhece? Mas você é responsável por nós

-         Você e todos os seus irmãos de carne – disse outra criança.

-         Deixem a gente em paz – gritou Henry – Eu quero ir para casa!

-         Você não vai ver seu mundo outra vez – respondeu um dos meninos – vocês vão ficar aqui a vão ser tragados pela realidade cruel... é assim que tem que ser, é assim que sempre foi... vocês nos criam, nós destruímos vocês...

-         Eu não criei nenhum de vocês, eu quero sair daqui – continuou Henry – Eu quero sair daqui...

Foi então que Snape percebeu que Henry estava ficando cinzento como os outros meninos. Era isso então: se ele se entregasse à discussão com aquelas crianças, iria tornar-se uma delas... era isso que era ser tragado pela realidade cruel. Precisavam fugir daquilo. Não sabia o que fazer, mas teve uma intuição: Virando-se para o menino, abraçou-o como se ele fosse seu filho. Ele nunca fora muito bom com essas coisas, é verdade: achava crianças extremamente aborrecidas, e se fora professor, fora por amor ao ensino, e não às crianças. Mas não era certo deixar aquele menino tornar-se um monstrinho.

-         Nós vamos sair daqui – ele sussurrou ao ouvido do menino – por favor, não discuta com eles.

O menino não respondeu. Mas abraçou-se com força ao velho bruxo e disse:

-         Eu quero ver meus pais... professor, precisamos sair daqui...

-         Eu sei... mas se você discutir com eles, vai se tornar igual... – Snape percebeu que o murmúrio das crianças baixava. Olhou para eles e viu que eles estavam falando baixinho. Havia esperança nele, muita esperança de sair dali... contra isso, aquelas crianças nada podiam fazer.

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   Kayla caminhou pela colina onde acordara até chegar a um lugar que lembrava um portão. Ficou olhando, hesitando em bater o sino pendurado na porta gigantesca. O lugar era frio, mas não lhe dava medo. Estava escuro, não havia lua no céu. Ela olhou em volta mais uma vez, e então, bateu o sino.

   Abel nesse instante, jogou-se na coluna de luz que era o portal do mundo dos mortos, pensando firmemente em Kayla. Ele não sabia disso, mas estava fazendo exatamente o que devia ser feito: aqueles portais conheciam pensamentos e intenções, e quando Abel atingiu a luz, foi automaticamente enviado para o mesmo lugar, dentro do mundo dos mortos, onde Kayla se encontrava. Rolou por dentro da luz, numa sensação muito estranha. Enfim, caiu bem à frente do portão onde ela se encontrava, no exato instante em que a menina batia o sino. Ela voltou-se assustada com a luz atrás de si, e viu Abel erguendo-se assim que o portal desapareceu. Ficaram se olhando por um instante, até que Kayla sorriu:

-         Você veio me buscar?

-         Vim – assentiu Abel – mas ninguém me avisou que o portal  fecharia atrás de mim... acho que estamos os dois presos aqui, Kayla... e não sei se existe caminho de volta...

-         Que lugar é esse?

O portão abriu e surgiu uma mulher magra, pálida e alta no vão. Ela sorriu para os dois e disse:

-         Sejam benvindos às terras sem sol, crianças

-         Esse, Kayla, é o nome do mundo dos mortos – falou Abel, estranhando o fato de não estar sentindo medo algum.

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-         Que lugar será esse? – perguntou Hope, a Gilles pela segunda vez. Eles estavam andando há alguns minutos pela planície onde haviam caído. Era um relvado alto, cuja grama, em vez do verde habitual, era de um estranho e surreal vermelho-sangue.

-         Não pode ser um campinho pitoresco ao sul de Worcestershire, isso eu posso te garantir – disse Gilles, usando a piada mais para tranqüilizar a si mesmo. Tudo que sabia sobre mundos paralelos e a relação com o seu  mundo não o agradava. Imaginava se eles não sairiam dali horas depois e descobririam que  haviam ficado setenta anos naquele lugar esquisito. Tudo bem que em setenta anos provavelmente o chato do Fall já estaria bem morto, mas ele curtia demais seu tempo para imaginar-se feliz no meio de outra época. Um barulho chamou a atenção dos dois. Eles voltaram-se na direção de onde vinha: um trote de animal ritmado, constante. Segundos depois, o animal que o prodizia surgiu no seu campo de visão, e ambos observaram, um tanto chocados, um cavalo de duas cabeças e de cor verde musgo, que passou por eles sem tomar conhecimento de sua presença. Hope sacudiu a cabeça e então tirou as luvas.

-         Que pateta que eu sou... para que eu tenho toque de Prometeu? – ela abaixou-se e espalmou as duas mãos contra o chão, esperando alguns instantes pelo habitual flash de sensações... que não surgiu. Ela agarrou a terra (que era amarelo canário!) entre os dedos, e nada aconteceu. Olhou para Gilles e disse:

-         Não está funcionando... não sinto nada...

-         Será que aqui seu toque não funciona?

-         Espere... me dê sua mão. – Gilles segurou a mão fria que Hope lhe estendeu e esperou, olhando o rosto preocupado da moça. Hope por sua vez, segurou a mão dele por quase um minuto, até se convencer que o pressentimento mágico não viria. Ergueu o rosto em direção a ele e murmurou: não acontece nada...

-         Mas que droga... será que... – Gilles num impulso pegou a varinha e murmurou um feitiço inofensivo qualquer, depois outro e outro... e nenhum deles funcionou.

-         Aqui mágica não funciona! – disse Hope, constatando o óbvio. Gilles ia dizer algo quando percebeu uma coisa muito estranha: toda a paisagem em volta deles havia mudado completamente enquanto eles se preocupavam com o fato da magia ali não funcionar: a relva vermelha desaparecera e eles agora estavam no meio de uma floresta sombria, mas que pelo menos parecia normal. Ele encarou Hope e disse:

-         Esse lugar está brincando com a gente, ou coisa parecida...

-         Eu acho melhor a gente seguir em frente... deve haver algum povo por aqui, não é possível que tenhamos caído num lugar totalmente desabitado!

Os dois seguiram andando pela floresta até que acharam uma estrada. Então começou a nevar, mas não fazia frio.

-         A neve não é gelada... – disse Stone, pegando um floco entre os dedos – é como se não fosse de verdade...

-         Será que estamos num mundo onde nada é real, Stone?

-         Isso não explica o fato de não conseguirmos fazer mágica aqui...

-         O pior – ela disse – é que tenho a sensação que somos vigiados por alguém e... – ela parou. Eles haviam chegado a uma curva da estrada e ela viu algo que já vira em algum outro lugar: dentro da floresta havia um unicórnio, branco e brilhante, como aquele que ela encontrara há alguns anos em Hogwarts... ela sonhara com aquilo outras vezes, e nos sonhos...

-         Black, onde você pensa que vai? – gritou Stone, assim que a moça disparou hipnotizada pela visão do unicórnio correndo floresta a dentro: sem outra saída, ele disparou atrás dela, perguntando-se o que podia fazer uma mulher adulta agir como uma menininha idiota.  Conforme corria, ele viu algo muito estranho acontecer: Hope não usava mais as roupas de auror, como antes. Ela agora usava um vestido branco e tão luminoso quanto o unicórnio, e seu cabelo crescera inexplicavelmente. Ele olhou a si próprio de relance e viu que também estava com outras roupas. Aquele era decididamente o lugar mais esquisito que podia existir. Nada parecia ter espécie alguma de explicação plausível.

-----

   Harry, Rony e Draco andavam pelo que parecia uma estrada. O mais estranho de tudo, é que ao contrário do que haviam pensado antes sobre como seria aquele mundo, estavam num lugar bonito. Se eles não soubessem que estavam no reino dos mortos, poderiam jurar que caminhavam por uma estrada qualquer. Havia vida por onde olhassem, em volta deles: árvores, sons de animais... A única coisa estranha era a ausência total de sol. Não era escuro, mas não dava para se precisar como o lugar era iluminado porque mesmo o  céu era estranho e azul anil, a despeito da falta de nuvens e principalmente de um sol que o iluminasse. Era difícil imaginar que tudo aquilo estava morto ou coisa parecida. Mas até aquele momento, não haviam visto nenhuma pessoa.

Até que numa curva da estrada, o coração de Draco deu um pulo dentro do peito: sua mãe estava parada bem ali, como que esperando por ele. Ele abriu a boca mas não saiu som: por nem um minuto lhe ocorrera que encontraria a mãe ali, porque, desde sua grande decepção com Sue, Draco não acreditava em mais nada, fosse em coisas divinas, fosse em espíritos ou anjos. Para ele, o reino dos mortos em que entrariam seria outra coisa que a imaginação humana havia renomeado. Rony e Harry ao verem a mulher não sabiam o que dizer.

-         Olá – disse Narcisa – eu vim recebê-los... Draco, não reconhece mais sua mãe? – Draco andou atônito até ela e antes de abraçá-la, olhou um longo tempo para seu rosto, os cabelos lisos e platinados eram os mesmos, mas ela ainda parecia mais bonita do que ele se lembrava. Ele queria dizer algo, mas continuava mudo, continuava não acreditando que a encontrara... tantos anos, e nem ele sabia que sentia tanta falta assim dela. Sua garganta parecia trancada, e nem chorar ele conseguia. – Eu também senti sua falta, filho. – ela disse, acariciando os cabelos dele.

Então, aconteceu. Draco chorou, como não acreditava que podia mais chorar, como não sabia que podia fazer sem sentir-se constrangido, porque aquela era sua mãe e estava viva... porque ele podia ter esperança. Harry e Rony desviaram o olhar sem saber ao certo o que dizer... era constrangedor para eles. Narcisa então disse diretamente para Harry:

-         Sua mãe também espera por você, e muitos outros...

-         Minha... mãe e meu pai?

-         É só seguir a estrada. – disse Narcisa – depois eu e meu filho nos juntaremos a vocês...

Harry não sabia se disparava pela estrada, ou se andava normalmente, Rony o cutucou e disse:

-         Ei. São seus pais... eu sempre lembro de você querendo conhecê-los...

Harry sorriu para o amigo e saiu correndo pela estrada com o coração aos pulos, pensando primeiro em seus pais e depois no filho, que eles talvez soubessem onde estava. Surpreendeu-se ao chegar às portas do que parecia uma grande cidade, com a diferença que não havia prédios, e sim casas pequenas, que pareciam se estender por um longo vale até onde a vista podia alcançar. Não havia também veículos, mas muitas pessoas, se movimentando e agindo normalmente. Rony chegou logo atrás dele e disse:

-         Parece que a qualidade de vida melhora, quando a gente morre... – ele não parecia tão abalado pela experiência, porque não se lembrava de ter perdido ninguém de forma significativa em todos os seus anos de vida: tinha pais e irmãos, todos vivos. Não parecia sentir falta de ninguém.

-         De fato, meu neto – disse uma voz bem atrás dele – Eu estou aqui há exatos trinta anos, e sempre gostei do lugar . – Rony se voltou devagar para dar de cara com o rosto sorridente de Ronald Weasley, seu avô. Então abriu um imenso sorriso, porque o velhinho, que morrera quando ele tinha apenas seis anos, era de longe uma das pessoas que ele mais sentira falta na primeira infância, quando ele morrera seu quarto ficara para Percy e Rony, que deixara de dormir num canto da sala.

-         Vovô Weasley... – ele riu – o senhor aqui tem cabelos...

-         Claro que tenho cabelos, e como você espichou, moleque! – disse o velhinho, abraçando o neto – venha, você vai conhecer Emma, a avó que morreu antes de você nascer, acho que ela vai chorar, só fala em você vir aqui, já há três dias.

Harry observou atônito Rony seguir rindo com o avô e viu-se sozinho à beia daquela cidade de espíritos.   Sentindo-se meio contrariado, começou a andar pela rua, achando tudo muito estranho, porque ninguém parecia se importar com a sua presença, então, sentiu uma mão em seu ombro e virou-se.

Por mais que achasse que estava preparado, quase caiu de joelhos ao ver seus pais parados, um ao lado do outro, olhando para ele como ele sempre imaginava que olhariam se um dia se encontrassem. E sem dizer nada, deu um passo na direção deles e os abraçou com toda a força que tinha ainda.

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   Snape e Henry consegiram juntos abrir caminho por entre os meninos, que se afastavam quando eles passavam, pensando firmemente que sairiam dali de qualquer jeito, a cidade parecia um labirinto estranho, cheio de ruas estreitas e vielas sem saída. Foram andando sem rumo, mas sempre confiantes, até que as crianças pareceram perder o interesse por eles e finalmente, começaram a ignorá-los. O céu cinza-chumbo estava clareando como se estivesse perto de amanhecer, e eles notaram isso. Agora era mais fácil divisar as ruas, embora todas elas parecessem iguais, mas aos poucos, a paisagem ia mudando, como se estivessem indo para outro lugar, saindo da cidade.

   A paisagem era ainda abandonada, mas agora havia cada vez menos crianças. Um cheiro acre como o de maresia enchia o ar, mas eles ainda não haviam visto mar algum.  Henry olhou adiante e viu uma coluna de luz que se erguia bastante distante, atrás de uma colina.

-         É como a que nos trouxe aqui – disse para Snape – pode ser uma saída...

-         Vamos subir a colina e descobrir...

A colina era mais íngreme que parecia, e ao chegarem ao topo eles viram que acabava numa falésia de onde se via o mar. Lá embaixo havia uma praia tão cinzenta quanto toda a paisagem, mas o mar era de um roxo vivo e azulado, e dele vinha um vento frio e cheio do cheiro de mar que eles haviam sentido antes. Quando seu vapor esparso pelo ar chegava até a boca, sentia-se um forte gosto amargo. E adiante, logo após a arrebentação, a coluna de luz erguia-se do mar às nuvens, iluminando uma pequena ilhota. Só podia ser uma saída.

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   Gilles chamava em vão por Hope, que continuava a correr pela floresta, até que ele acelerou mais que ela e seus dedos roçaram a ponta do seu vestido, que agitava-se enquanto ela corria. Ele achou que isso já acontecera em algum momento, mas não soube precisar quando fora. Repentinamente ela virou-se para ele com o rosto espantado. Então, sem aviso, ele sentiu o chão sumir de sob seus pés, e os dois caíram no vazio.

   Gilles a via gritar, enquanto esticava a mão para tentar alcançá-la, sem saber como nem porque estavam caindo no abismo invisível... não, ele não podia perdê-la, ela não podia cair daquele jeito... ele arremessou o corpo para frente, e de forma que seria fisicamente impossível no mundo real, a segurou pelos braços trouxe-a para si, abraçando-a com toda força possível.

   E isso fez a queda cessar repentinamente. Gilles a estreitou mais de encontro ao peito, sentindo a respiração acelerada e o coração disparado pela adrenalina que a queda lhes injetara na circulação, ao encontro do  dela. Foi quando ele teve certeza absoluta que a amava . De olhos fechados e sem saber porque, ele sorriu, e juntando uma coisa a outra, lembrando-se de quando sentira algo semelhante antes, ele soube onde estavam.

-         Stone... – ele a ouviu perguntar – o que aconteceu? Eu... me lembro de tão pouca coisa... onde estamos?

-         Você saiu correndo atrás de um unicórnio – ele abriu os olhos ainda sorrindo – acho que nunca tinha visto nada tão lindo na vida... sua roupa era branca...

-         Branca? Eu me lembro do Unicórnio, então eu lembro que caí e tive medo... e lembro de você... – ela calou-se e olhou para ele.

-         Olhe em volta... – ele murmurou e relaxou os braços em volta dela. Hope desviou o olhar de seu rosto, e boquiaberta, viu que estavam flutuando soltos no espaço... lá embaixo, a terra parecia um pequeno brinquedo, e acima deles, dava para ver uma lua cheia dez vezes maior do que a que ela via da janela de seu quarto. Além, muito além da terra, o sol brilhava confiante. – Isso foi um sonho que tive – começou Gilles – Há muitos anos atrás... meus poderes de bruxo foram bastante tardios... até os oito anos, eu parecia um aborto. – ele parou para olhá-la e ver sua expressão intrigada, mirando-o com interesse. – eu comecei a ler sobre coisas de trouxas, e fiquei fascinado pelas viagens espaciais... e uma noite sonhei que era um astronauta e caminhava pelo espaço... e no dia seguinte, meus poderes apareceram, finalmente.

-         Mas... não estamos no espaço, estamos?

-         Não – ele começou a gargalhar – definitivamente, não...

-         O que é tão engraçado?

-         Estamos no mundo dos sonhos, minha querida... estou no meu sonho... flutuando com a garota dos meus sonhos – disse ele, beijando-a então sem aviso algum.

Hope demorou um instante para perceber que estava sendo beijada, e quando isso aconteceu, ela percebeu entre chocada e estupidamente feliz, que todos os seus sentidos davam resposta: ela agarrou-se a ele sem saber porque, as mãos percorrendo as costas largas do rapaz, sentindo a eletricidade do toque dele na pele de sua nuca, sentindo a quentura de seus lábios e a maciez de sua língua contra a dela... era bem diferente de...

-         Bernardo! – ela disse afastando Gilles de si. Os dois caíram sentados no chão, pareciam agora estar numa sala de um palácio, e Hope viu Bernardo Fall em pé entre eles, como a culpá-la de um crime terrível.

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-         Você é a morte? – perguntou Kayla à mulher esquálida que abrira para eles o portão do mundo dos mortos. Ela era alta  etinha cabelos negros arrepiados e um rosto muito branco, serenho e simpático. Os olhos pareciam maquiados demais, e os lábios eram negros. Usava uma jóia muito bela, com o símbolo egípicio da eternidade, o Ank.

-         Me chamam assim... mas tenho muitos outros nomes – disse a mulher – não era para nenhum dos dois estarem aqui, não chegou a hora de vocês... mas eu esperava que vocês viessem...

-         Esperava? – perguntou Abel, incrédulo.

-         Esperava. Você veio aqui para fazer algo importante e retornar... e eu, no papel de guardiã dos meus domínios na fronteira, tenho de ajudá-lo.


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