O dia começou normalmente, a turma de Stefanie não mudou seus hábitos só por causa de ontem, fiquei satisfeito com isso parecia que na escola nada iria mudar então além de satisfeito fiquei conformado, pois sabia que muitos dos que vieram a minha casa no dia anterior não gostavam de mim e só estavam ali por insistência de Stefanie, ou ao invés de insistência seria ameaça?  Acho que não o poder de convencimento dela não era tão forte assim.

 Depois da aula fui para casa e estaquei ao ver minha mãe preparando a comida e Dennis em uma poltrona sentado elegantemente lançando-me um sorriso bem diferente da primeira vez em que o vi era totalmente sincero.

 -Oi Steve. –Disse ele enquanto eu erguia uma sobrancelha nervosamente aquele homem não estava bem minha mãe estava longe de nós e mesmo assim ele me tratava daquele jeito?

 -Oi. –Respondi tenso enquanto subia as escadas rapidamente colocando minha mochila no quarto me trocando e voltando a sala onde Dennis brincava com meu gato.

 -Qual é o nome dele?  -Perguntou ele encarando-me gentilmente enquanto eu observava com uma expressão com certeza hilária.

 -Bom eu ainda não decidi. –Falei tentando agir normalmente.

 -Chien?  -Perguntou ele sorrindo.

 -É-é bonito. –Impressionante agora dei de gaguejar? –Mas Chien significa cachorro em francês.

 -Eu sei, mas acho que combina com ele. –Disse enquanto acariciava o pelo negro do gatinho.

 -É. Pode ser... –Falei me aproximando dele e de Chien.

 Sentei-me no sofá um pouco afastado da poltrona em que Dennis estava e logo Chien veio enroscar-se em minhas pernas.

 -Você está diferente... –Sussurrei mais para mim mesmo, mas infelizmente ele escutou.

 -Eu?  Diferente como?  -Perguntou ele com um olhar de duvida sincero.

 Antes que eu pudesse “lembrá-lo” de sua agressão a mim minha mãe chegou à sala chamando-nos para almoçar. O almoço foi tranqüilo Dennis sempre sendo gentil comigo e minha mãe que estava sorrindo lindamente enquanto uma duvida surgia em minha cabeça a duvida mais idiota talvez... Será que é possível Dennis ter duas personalidades? Já havia visto isso em filmes e em casos de policia que passa na TV, mas não sabia ser possível então aquela estranha duvida foi crescendo, crescendo, crescendo e quando vi já estava com uma dor de cabeça terrível de tanto pensar jogado no sofá, e ainda a quem diz que pensar é bom... Claro que é, mas às vezes é insuportável!

 Enquanto ainda dava uma de Gabriel o Pensador, ouvi a campanhinha tocar varias vezes e fiquei feliz por minha mãe não estar ali porque Jeanne não suportava este tipo de coisa.

 Fui atender a porta vendo uma Stefanie com um sorriso de orelha a orelha acompanhada de sua prima e com um carro logo atrás buzinando e dando a partida e logo se fora.

 -ED, esta tudo pronto! –Disse ela enquanto eu permitia a passagem das duas.

 Estávamos na sala Stefanie sentada com sua pasta em mãos e a outra menina olhava tudo atentamente, era óbvio que ela não prestara atenção em como a casa era esquisita, a meu ver já que não sabia o que ela estava pensando, enquanto eu olhava atentamente para minha amiga.

 -Você quer jogar?  -Perguntei vendo que mal havíamos começado a falar e a mais nova já estava com uma cara de tédio, pois havia perdido o interesse em observar, ligando ao mesmo tempo o vídeo game e a TV.

 -Ok. –Disse ela animada enquanto eu olhava Stefanie que fazia uma bagunça de papeis na mesinha de centro.

 -Oh! –Disse Stefanie apontando para um esquema em uma das folhas. –Vou explicar.

 -Ficou planejando isso a noite toda né? –Perguntei já sabendo a resposta.

 -Isso. Bem vamos fazer o seguinte, vamos ao shopping, mais precisamente no prédio, vamos tipo assim enrolar a segurança, caso o Eric não possa convencer o tio dele, a deixar a gente entrar. Ai então caso ele deixe iremos perguntar onde é a sala do Dennis, por que eu falei com o Potato e ele disse que o tio trabalha no mesmo setor que ele e caso não deixe vamos dar um jeito de te colocar lá dentro para que você interrogue o cara, tudo isso claro acompanhado de um gravador de voz para depois mostrarmos a sua mãe e ela dar um pé na bunda daquele trouxa.

 Alguns segundos de silencio se fez presente, só era quebrado pelo som do vídeo game e as risadas de Larissa.

 -Francamente com um apelido desses, o que vai ser deste tal de Eric? Francamente Potato? –Falei deixando-a irritadíssima.

 -Seu jegue! Você só tava levando em conta o apelido do Eric? E não deu nem importância pro meu plano?! E logo este que acho que foi o melhor daquela noite?! –Eu ri da expressão dela ela estava quase arrancando os cabelos e me mostrava suas olheiras que ficaram por causa da noite mal dormida enquanto falava varias coisas desconexas e xingava-me de “baka” que se me lembro bem significava idiota em japonês.

 -Estressada aquieta o facho! Eu prestei atenção só queria... –Antes de terminar a frase pensei nas coisas que ela iria fazer se ouvisse que eu só estava provocando-a. –... Só queria dizer que estava impressionado com o apelido dele. –Menti terrivelmente mal, mas por sorte ela caiu!

 -Ok, iai o que você acha? –Perguntou ela ansiosa.

 -Ótimo, está muito bom mesmo, mas você acha mesmo que nossos pais vão deixar todos nós irmos ao shopping? Sozinhos? –Perguntei, precisava me certificar de que aquele plano seria perfeito.

 -Bom, eu não pensei nisso... –É claro que não pensou, é você que bolou o plano e mesmo assim não pensou?! –Eu tive uma idéia... –Disse ela sorrindo como o gato Chester do filme Alice in Wonderland.

 -Para com isso é assustador... –Falei sendo sincero.

 Jogamos algumas partidas de luta no vídeo game e depois Stefanie me passou uma lista com nomes e telefones para ligar para seus amigos informando-os, ela faria o mesmo, do plano e logo a campanhinha tocou, atendi a porta e a mulher dizia ser a mãe de Stefanie e logo as três partiram animadas.

 Fiz o que Stefanie pediu e liguei para seus amigos todos me trataram bem e então eu percebi que Stefanie só passou-me a lista dos amigos dela que iam um pouco com a minha cara para que não houvesse problemas provavelmente, depois que tudo estava acertado relaxei e sentei-me no sofá e comecei a pensar que eu não me importava muito em ir pra França e sim me importava com minha mãe, vela com aquele homem mesmo depois dele ter parecido outra pessoa hoje mais cedo não me agradava nem um pouco e estava disposto a colocá-lo na cadeia por dois crimes: estelionato e agressão ao menor.

 Depois disso sorri realmente aquela loucura no papel parecia que ia dar certo, mas e na pratica?