Edward desembarcou do carro, arrependendo-se instantaneamente ao passar os olhos pela fachada do local. O letreiro de néon continuava o mesmo, piscando com luzes verdes e vermelhas, sua fachada pintada com cores fortes para chamar a atenção, e as portas de vidro abertas para quem quisesse entrar: “Hanover Point” era parada obrigatória para os estudantes da cidade. O elegante homem, que usava terno, não se enquadrava com o local, mas não se incomodava com isso, virou-se para o motorista e disse.

― Emmett, pode fazer o que quiser agora, te ligarei quando quiser voltar.

― Obrigada.

Seguiu para dentro do bar, enquanto o carro partia. Ali dentro pouco mudara, as antigas mesas de mogno, com cadeiras do mesmo material, o balcão com tampo de mármore cercado por bancos altos, e até mesmo os pôsteres do Elvis Presley e dos Beatles, continuavam ao lado da antiga máquina de música. Os clientes ainda eram os universitários, e a única novidade era uma máquina de dança.

Jasper estava no balcão lendo um contrato em seu notebook, e tomando um drink, começava a achar que não seria contemplado com a visita de Edward. Pensamente, este, que não durou mais de alguns segundos, pois ao olhar para o relógio levou um susto, vindo exatamente da pessoa que aguardava.

― Muito engraçado! ― Exclamou sarcástico.

― Desculpe.

― Garotos. Há quanto tempo não vem mais aqui? Acho que desde que desistiram de serem os “garanhões da madrugada”. ― Do outro lado do balcão, uma mulher, já com seus cinqüenta e cinco anos de idade, brincava com os rapazes, apesar de muito já ter vivido, aparentava juventude em seus traços, gestos e falas, talvez o convívio com os jovens a fizesse ser uma também. Estava com as mínimas trancas do cabelo presas em um rabo-de-cavalo, o resto moreno com uma expressão de felicidade, assim como seus olhos que transmitiam alegria.

― Maria, nós crescemos, nos formamos fizemos carreira na Inglaterra. Não deu mais para voltar aqui. ― Edward explicou sua situação, no que foi retribuindo por um biquinho. Dando risada deu um beijo na bochecha da mulher atrás do balcão.

― Poderiam ter vindo me visitar antes.

― Desculpe-nos. ― Jasper pediu.

― O que eu não faço por vocês? ― Deu um sorriso. ― Então, eu sou uma empresária, preciso dos meus clientes! O que vão querer?

― O que você nos recomenda? ― Edward perguntou.

― Que tal cuba livre?

― Ótimo dois drinks, por favor! ― Com um balançar de cabeça de reprovação, e uma toalhada no ombro ela saiu deixando os dois sentados na bancada. Edward virou-se para Jasper, curioso.

― Qual é o meu novo trabalho?

― Achei que não perguntaria isso nunca.

― A curiosidade é de mais.

― Você foi contratado para tirar fotos para um anúncio de uma nova marca de roupas, coleção desenhada para jovens. O motivo de você ter vindo para cá, é que seus contratantes querem que a modelo dos catálogos seja realmente uma universitária, e cabe a você escolhe-la.

― Mas, por que simplesmente não contratam uma modelo profissional?

― Tenho duas palavras para você: milionários e excêntricos.

― Você falou três palavras. ― Colocando os copos sob o balcão, Maria interferiu na conversa.

― Tecnicamente foram duas, o “e” é apenas preposição neste caso, portanto não conta como palavra. ― Edward defendeu o amigo.

― Vocês andaram estudando, não?! Coisa que não faziam quando moravam aqui.

― Pode ter certeza.

― Afinal como achas que ficamos ricos? ― Edward completou.

***

Bella calçou os sapatos plataforma, desconfortáveis em seus pés e saiu de casa, seguindo Emmett o tempo todo. Passaram pelo mesmo corredor de anteriormente, desta vez sendo definido como “passagem dos criados”, e embarcaram em uma Mercedez. Com pouco tempo de viagem, já estava em uma pequena avenida, que era explicada por Emmett.

― Esta é a avenida “Michele Obama”, antigamente se chamava “63 avenue”, mas há pouco tempo reformaram e renomearam, enfim, longa história. Aqui se localiza todo o comércio da cidade e ali ao fim dela, para a direita fica Harvard, onde você irá estudar. Entretanto nosso destino esta a esquerda, o “Hanover Point” é um bar freqüentado principalmente por universitários, e como caloura, é sua obrigação conhecê-lo.

― Tudo bem, mostre-me o quartel. ―Usando tom de brincadeira concordou com ele, que estacionou o carro do outro lado da rua. Os dois foram ao seu destino juntos, e, ao passarem pelas portas do estabelecimento receberam assovios vindos de fora, por bêbados.

Calmamente aproximaram-se de uma das mesas e sentaram-se, logo uma funcionária veio recepcioná-los, e com a mesma rapidez com que chegou ali, foi buscar seus pedidos.

― Aquela mulher, é professora de anatomia na universidade. ― Emmett citou apontando para uma loira, que acabara de entrar, bonita, era um substantivo de ofensa para referir-se à ela tamanha era sua beleza, Usava um mini vestido prata, de decote canoa e mangas balonê,  seu cabelo ondulado estava parcialmente preso em um coque, e calçava um scarpin preto. Sorriu ao percebê-los lá, e caminhou em sua direção.

― Emmett, como vai?

― Bem e você?

― Melhor agora. ― Se cumprimentaram com um abraço carinhoso. ― Quem é essa? Sua nova namorada?

― Não, definitivamente. Esta é Isabella, filha de Renée, conseguiu uma bolsa e veio estudar aqui. Bella esta é Rosalie, como já disse: professora de anatomia. ― Piscou em direção à mulher ao seu lado ao dizer isto.

― Prazer em conhecê-la.

― O prazer é todo meu. ― As duas cumprimentaram-se polidamente e depois se abraçaram.

― Sente-se conosco.

― Obrigada.

Espantado coma a aparência da mulher a seu lado, pegou seu copo de água e foi observar o ambiente. Esperara velhas chatas, e descabeladas como professoras e não alguém quase tão jovem quanto ela, e maravilhosamente linda. Preferira deixar os dois à sós, para que pudessem flertar o quanto quisessem sem constrangimento.

Fitou um grupo sentado ao balcão, composto por dois homens, um de cabelos loiros e o outro da cor bronze, e uma mulher que trabalhava atrás do balcão. Conversavam e riam o tempo todo, até que aparentemente o assunto ficou mais pesado e um deles fez uma ligação. Perguntava-se o motivo de tão drástica mudança, quando abruptamente foi tirada de seus devaneios por Emmett que lhe chamava a atenção do outro lado.

― Bella, me desculpe, mas deixei o patrão aqui, e ele acabou de me ligar. O levarei para casa e depois volto buscá-la. Enquanto isso pode conversar com Rose.

― Claro.

Emmett foi embora, as deixando sozinhas. Um pouco constrangidas começaram a conversar, mas logo já falavam como velhas amigas.

― Bem, então você vai para Harvard?

― Sim. ― Depois de um pouco hesitar Rosalie continuou.

― Pretende fazer que curso?

― Estou em dúvida. Não sei se Emmett já lhe falou...

― Sim, entre direito, administração e medicina. ― Isabella foi interrompida pela mulher, agora a sua frente, onde se notava facilmente um brilho nos olhos ao falar do colega de trabalho de sua mãe.

― Exato. ― Concordou sem conseguir deixar de sorrir timidamente para ela, no que foi retribuída calorosamente.

― Eu não sei o que você busca, mas adoraria tê-la na minha classe.

― Obrigada. Desde pequena eu sempre gostei de ciências, talvez seja isso mesmo que eu escolha.

― Por favor, não se sinta pressionada, escolha o que você realmente quer, e se você escolher medicina será muito bem vinda na minha turma.

― Fico agradecida.

―Vamos deixar esses assuntos chatos de lado, você vai ter, acredito, mais quatro dias para escolher.

― Sim.

― Então, pense bem. No entanto agora vamos curtir a noite. ―Rosalie chamou a garçonete, pedindo duas doses de rum puxou-a para a pista de dança.

Não muito tempo depois despediram-se com a promessa de se encontrarem novamente. No caminho até o chalé foi alertada por Emmett já considerado um amigo por ela.

― Sua mãe quase me matou. Está preocupadíssima, disse-me que você tinha entrevista amanhã cedo e que eu seria o culpado se você perdesse a chance da sua vida, e etc.

Rindo despediram-se, Bella entrou sendo recebida por uma Renée aflita e preocupada que logo se acalmou ao constatar que a filha passava bem. Cansadas recolheram-se para no dia seguinte cedo acordar.