Jill Valentine já tinha sua pistola em punho, andava lentamente, em passos cautelosos; Vivian e Gisele seguiam a mulher, assustadas com o estrondo que acontecera nos fundos do supermercado. Algumas luzes brancas oscilavam sobre as prateleiras.

      – Fiquem atrás de mim, se eu mandar correr... Corram! – Sussurrou Jill por cima de seu ombro. Continuara com sua arma pronto para disparar.

Ao chegar à parte mais gelada do mercado, onde se encontrava carnes e bebidas, avistaram o açougue completamente destruído. Havia muito sangue e diversos produtos largados ao chão. Um cheiro forte se expandia por todos os lados. Jill e as garotas olharam assombradas com o que encontrara... Antes que pudessem sair dali, diversos passos ligeiros se aproximavam, saindo detrás do balcão do açougue.

Atentas, observavam os possíveis zumbis que surgiriam. Como Jill imaginara, por sua longa experiência com zumbis e outras criaturas sanguinárias, cinco cães totalmente destruídos e sujos de sangue se aproximavam em cambaleios.

Eram espécies inidentificáveis por seus estados precários. Alguns não tinham olhos, outros, a orelha estava dilacerada.  Rosnavam, mostrando seus dentes sujos de sangue e saliva contaminada pingando ao chão azulejado.

Jill Valentine começara a atirar, enquanto Vivian e Gisele corriam desesperadas. Começava uma perseguição angustiante, os cães corriam velozmente atrás de carne fresca que acabara de chegar. Jill, ainda atirando, corria junto das meninas. Desviavam de estantes, às vezes esbarravam em algumas, derrubando latas no caminho.

Gisele tropeçara em uma das latas, impedindo o impacto do rosto ao chão com uma de suas mãos. Um dos cães já se aproximava, preparado para degustar a menina, Jill não percebera e acabou se distraindo com outro zumbi canino.

Parecia que o fim chegara para a jovem garota de cabelos escuros, ela encolheu as pernas, tentando escapar dos dentes ensangüentados do cachorro. Os outros ainda lutavam contra Jill, Vivian havia desaparecido. Pelo jeito, ninguém poderia ajudar Gisele naquela situação...

         Quando aceitara que não ia conseguir escapar, Vivian surgira detrás de uma estante.

Jogou-se sobre o cão mutilado e enfiou uma enorme faca em um de seus olhos. O animal caíra sem mais reação.

      – Ai que nojo, ai que nojo! – Vivian se levantou, secando suas mãos sujas de sangue no seu uniforme. Logo sem seguida, ajudou Gisele a se levantar.

         Jill conseguira matar os outros cães, agora elas seguiam de volta para a entrada principal. Mas, para o desespero das mesmas, ali estava infestado de zumbis. Eles entravam por todos os lados, alguns caiam ao chão e se arrastavam.

      – Merda! – Exclamou Jill – Assim não vou ter mais bala daqui a pouco – Voltou a atirar contra os zumbis, correndo para o lado oposto junto de Vivian e Gisele.

Jill e as outras correram para o lado onde ficavam os cosméticos, chegando lá, um homem permanecia ofegante num canto de pé com uma vassoura. O mesmo se assustou ao ver Jill, Vivian e Gisele. Percorreu seus olhos sobre elas, não avistando nenhum indicio que as denunciassem como zumbis.

      – Calma, não somos zumbis – Jill disse, tentando tranqüilizar o homem trêmulo.

O homem era baixo, aparentava ter uns trinta anos. Seus cabelos negros eram escassos em sua cabeça redonda. Trajava o uniforme do mercado, gravata e calça azul. Ele ainda segurava a vassoura de piaçava, mas não parecia tão nervoso como antes. Suspirou brevemente, se aproximando de Jill e as adolescentes.

      – Como se chama? – Perguntou Jill.

      – Pedro – Ele respondeu – E vocês? –.

      – Sou Jill Valentine, essa é Vivian e aquela, Gisele... Você está ferido? –.

      – Não... – Pedro respondeu, olhando mais uma vez para um corredor da onde vinham alguns passos lentos.

      – Eles estão se aproximando, a entrada principal está impossível de passar... Tem outra saída? – Indagou Jill, levando os olhos de Pedro para si.

      – Hum... Sim, claro. Tem uma saída por onde entram os caminhões de produtos! – Ele respondeu.

      – Vamos logo, não temos tempo! – Jill logo percebera a aproximação de vários mortos-vivos. Todos seguiram Pedro, querendo logo sair daquele lugar infestado.

Continuaram o caminho feito por Pedro, chegaram próximo a uma porta, que parecia trancada. Quando Vivian e Gisele olharam para trás, perceberam que agora os zumbis estavam mais próximos. Surgiam entre as estantes e outros corredores. Eram dezenas, provavelmente Jill não conseguiria impedir todos com sua pistola.

      – Tenta abrir isso! – Ordenou Jill Valentine, enquanto atirava contra os zumbis mais rápidos. Pedro começara a sacudir a maçaneta, lançava alguns objetos sobre a porta, mas... Nada acontecia.

      – Estamos perdidos! – Desesperou-se Gisele, observando mais dezenas de zumbis surgindo por todos os lados, deixando-os sem saída.

      – Ah, não estamos mesmo! – Jill deslizou seus olhos por todos os cantos, procurando uma idéia. E fizera efeito, ela correu entre os zumbis, golpeando muitos com cotoveladas e chutes. Correu até uma estante e pegou uma garrafa de álcool... Voltou para onde estava Pedro, Vivian e Gisele encurralados.

      – Você enlouqueceu? – Vivian perguntou, abismada com a ousadia da mulher.

Jill, ignorando a repreensão da garota, abriu a garrafa de álcool e jogou sobre toda a fronteira que existia entre eles e os mortos-vivos.  O resto do liquido e a garrafa já fazia, lançou contra os zumbis mais próximos.

      – Vamos sentir um cheirinho de churrasco agora – Brincou ela, dando um tiro sobre o chão e criando uma listra de fogo que serpenteou por todo caminho. Jogou todos os objetos inflamáveis ao seu alcance sobre o chão, alimentando as chamas que ainda não cessara.

Sem hesitar, correu até Pedro.

      – Saía da frente – Ordenou ela. Sendo obedecida... Atirou com sua pistola sobre a maçaneta que Pedro insistia em sacudir. Para alivio de Vivian e os outros, a porta se escancarou, expondo um enorme depósito com caixas empilhadas.

      – Graças a Deus! – Vivian, Gisele, Pedro e Jill correram para fora, antes que o fogo se apagasse e permitisse que os zumbis continuassem a sua busca por carne fresca.

         O portão estava aberto até a metade, o suficiente para Jill e os outros passarem. E assim fizeram, escaparam finalmente do supermercado.

Estavam agora em frente a um enorme prédio e uma praça vazia. O crepúsculo ainda era frio e garoava incessantemente.  Por ali, haviam alguns carros largados pela esquina, mas, até então, nenhum sinal de zumbis.

      – O que faremos agora? – Vivian interrompeu o silêncio.

      – Vamos tentar voltar para o carro... – Jill começara a andar, sendo seguida após alguns segundos por Vivian, Gisele e Pedro.

      – Creio que andar não seja a maneira mais segura nessa situação – Retrucou Pedro, com sua mesma voz trêmula que estivera quando encontrou Jill e as estudantes.

      – Tem outra sugestão? – Jill perguntou por cima do ombro, fitando o homem.

      – Por que não pegamos um caminhão? Acho mais útil contra esses monstros! – Respondeu ele.

Jill Valentine parou. Realmente não era uma idéia ruim o que Pedro sugerira... Virou para o mesmo e perguntou:

      – Tem a chave de algum caminhão ai? –.

      – Hum... – Pedro apalpou todos seus bolsos, tirando algumas chaves do bolso de sua calça – Sim, tenho – Sorriu, sacudindo as mesmas no ar.

         Seguiram então até o caminhão estacionado ao lado do supermercado. Chegando lá, o caminhão era realmente grandioso, estampava-se ali o logotipo do mercado em azul e vermelho. Pedro abriu o veiculo, dando passagem para Vivian e Gisele.

Jill, antes que pudesse entrar, foi surpreendida por um zumbi que lhe atacou por trás.

Caiu sobre o chão, distanciando as mandíbulas nervosas da criatura do seu pescoço com uma das mãos. Tentou atirar contra o mesmo, mas, para sua infelicidade, a bala acabara. Vivian e Gisele gritavam, enquanto Pedro permanecia estático e sem saber o que fazer.

Jill continuava lutando para escapar do morto-vivo, quando um tiro fora disparado na cabeça do zumbi, que tombou ensangüentado sobre o corpo de Jill.

Ela levantou, jogando o zumbi para o lado. Ergueu seus olhos e pôde ver com nitidez, sobre a luz de um poste, um homem de cabelos castanhos claros trajando uma calça jeans e jaqueta preta.