Histórias de Uma Estudante Qualquer escrita por Vivian


Capítulo 24
Amor, tempo e uma xícara de café.


Notas iniciais do capítulo

Faz muito tempo que não posto as histórias que produzo, e quando digo "muito tempo", é realmente MUITO TEMPO: há dois anos essa conta está inativa. Se alguém ainda tem interesse nela, agradeço muito, de coração.
Confesso que senti que o nível da minha escrita caiu e muito, mas aqui está a minha produção mais recente. É uma pequena confissão, provocada por uma recente desilusão amorosa... Surpreendentemente para mim, não trato simplesmente de amor aqui.
Espero muito que gostem, boa leitura!



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É engraçado pensar em amor. A maior parte das vezes em que me deparo com tal palavra em mente, sua definição é confundida com paixão – algo muito mais efêmero que o tal “amor”, uma coisa tão passageira quanto a sensação de fome ou sede. Comer um sanduíche resolve seu problema da mesma forma que um ou dois encontros com um rapaz ou uma moça podem resolvê-lo. Paixão. Ela surge repentinamente, se hospeda em seu coração, e depois desaparece. Deixa algumas marcas, mas nada que o tempo, tão mágico, não cure. Afinal, o tempo é solução para muitos problemas. Mas hoje em dia, não se tem tempo nem para apreciar o gostinho amargo de uma xícara de café, quem dirá vivenciar o sentimento tão especial que é o amor.

Já ficamos impacientes se uma página da Internet leva mais de dois segundos para carregar; quem dera esperar passar aquela dorzinha inconveniente que se chama paixão não correspondida. A medicina ainda não inventou remédio para a chamada “paixonite”, infelizmente, e os românticos de plantão desejam veementemente que essa surja logo – só eles sabem como é difícil enfrenta-la. Um resfriado não é nada comparado a uma paixonite. Não se sabe se ela vai durar dois dias, dois meses ou dois anos, ao contrário do primeiro, que depois de uma semana (e muito mel, vitamina C e lencinhos de papel) já se cansa e vai embora. E adivinhem só: apenas o tempo tem a resposta para isso. Porque não se pode premeditar o rumo e a duração da vida. De uma paixão. De um amor.

Porque, afinal, só o tempo sabe distinguir uma paixão do amor.

Foi engraçado como há uma semana, eu achava que estava apaixonada. Que havia encontrado o homem perfeito para mim, a primeira pessoa que pensei poder chamar de “amor da minha vida”, palavras até então inéditas em meu vocabulário vasto. E o fiz, erroneamente, com esse rapaz. Nesse momento, rio ao admitir tê-lo chamado de “amor da minha vida”, um jovem que conhecera fazia apenas duas semanas – não importava que ele me contara metade de sua vida, que descobri sua paixão por Direito Constitucional (conversas entre estudantes de Direito sempre acabam em loucuras assim), que gostava muito mais de escutar Jack White que Beyonce – ele era apenas uma pessoa interessante. Nada além disso.

Mas lá fora meu coração selvagem, rebelde, forçando minha mente a imaginar mil cenas em que namorávamos, nos encontrávamos novamente, fazíamos coisas a dois. Imagens dignas de filmes românticos, os quais sempre repudiei de forma assertiva (Nicholas Sparks e os românticos sonhadores que me perdoem). E repito: havia apenas duas semanas desde que o conhecera, ocasião em que tivera também a oportunidade de conhecer seu beijo. Mas, nas sábias palavras de Brandon Flowers da banda The Killers... Era apenas um beijo. Era apenas um beijo.*

E depois de uma crise existencial (ou melhor, paixonite) de sete dias de duração, voltei a vê-lo, agora a decepção da minha vida, não mais o amor – ele não ligava para mim, iria partir para a Alemanha dentro de alguns meses e estava desapegado às coisas que ocorriam aqui. Eu, como já dito, havia sido apenas um beijo. Eu, que tolamente imaginei mil cenas de amor, não significava absolutamente nada.

Caí em mim mesma. Amor o caralho. Perdoe minhas palavras de baixo calão, mas não há maneira mais precisa de definir o que pensei. Fui boba ao pensar que duas semanas seriam suficientes para que eu encontrasse, e soubesse que havia encontrado, o “amor da minha vida”.

Tempo, Vivian. Você se esqueceu dele.

E, novamente, coloco a culpa na geração atual, que não tem mais paciência de tricotar um cachecol ou esperar um vídeo carregar no YouTube sem apertar a tecla F5 no primeiro sinal de que a Internet está mais lenta que o normal. Culpa dessa geração na qual nasci, a qual pertenço. A geração que não espera uma paixão se transformar em amor. A geração que não pode nem esperar o café esfriar um pouco antes de bebê-lo, quem dirá saboreá-lo.

*A canção específica a que me refiro é Mr. Brightside, vale a pena conferir.

(Os artistas e as redes sociais mencionados não são fictícios. E sim, eu me chamo Vivian, para quem não sabe.)


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Notas finais do capítulo

O apoio dos leitores, se houver algum, é muito bem-vindo. Por favor, deixe um comentário me contando o que achou, críticas e sugestões seriam de grande ajuda também!
Obrigada pela leitura!



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