Internato Ausgefallen - Flores escrita por itsritz


Capítulo 25
Capítulo 26




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Faltavam poucos dias para as férias de inverno. Todos se sentiam bem. Exceto por Katherine. Como Lua raramente ficava no quarto, Katherine passava as noites lá, sozinha, pensando consigo mesma.

Em uma dessas noites, Katherine se sentia muito mal. As luzes do quarto estavam apagadas, as cortinas fechadas, não se via nada. A garota encontrava-se sentada no chão, as costas apoiadas na cama.

Além daquele seu problema de machucar feio as pessoas quando se irrita, Katherine era um pouco dependente de sangue. Era como uma droga pra ela. Às vezes ela se transformava em gata e saía às escondidas da escola para abordar alguém em um beco e matá-lo. Katherine geralmente procurava pessoas ruins, assaltantes, desordeiros, vândalos. Mas ela se sentia mal por ser tão cruel. Enquanto esquartejava a pessoa sentia-se bem, sentia-se tranquila, pois seu desejo por sangue, morte, estava saciado. Mas depois ela pensava no que havia feito e se sentia um monstro.

Esses dias, ela não havia saído. Estava pensando em como era terrível, o que ela fazia, e estava tentando parar. Mas ela não suportava mais. Sentia um frio intenso na barriga, suas mãos tremiam. Ela gostava, gostava dessas coisas. Sangue, dor, morte. Mas depois sentia-se mal por gostar disso.

Agora ela tinha medo de ficar perto das pessoas, principalmente Jynx. O fato de ela ter um carinho especial por ele, carinho de irmã, claro, fazia com que fosse provável ela sentir muito desejo na presença do sangue dele. E ela temia acabar atacando-o por algum motivo. Principalmente agora que ele estava com Katie, e Katherine não ia com a cara dela.

A garota encarou o próprio pulso. Se ela sentia desejo por sangue, porque não saciá-lo consigo mesma? Mas havia o risco de ela acabar se machucando demais. Além disso, Katherine se odiava. E, na presença do sangue de alguém que ela odeia, ela podia acabar matando a pessoa. Isto é, se matando.

Alongou a unha do dedo indicador, que se tornou afiada. Prendeu a respiração enquanto encostava-a bem em cima de uma veia no pulso. Tinha medo de fazer isso. Mas não aguentava mais, precisava fazer uma coisa. O sangue brotava de um pequeno furo no pulso de Katherine. Ela parecia tão feliz e inocente, porque um problema desse tamanho foi atrapalhar isso? O sangue foi escorrendo até o antebraço da garota.

Enquanto aproximava os lábios do corte, Katherine pensou em seu passado. Vinha de uma família incomum. Eram todos gatos, inclusive ela, apesar de sua habilidade anormal de transformar-se em humana. Eles eram uma família de gatinhos abandonados, sozinhos, tristes, que comiam apenas lixo que achavam nas ruas. Katherine sempre fora uma gata agressiva, sim, mas nunca desse tanto. Uma noite, apareceram alguns adolescentes no beco onde eles moravam. Vendo a família indefesa de gatos, eles quiseram "divertir-se" um pouco. Mas ao final da "brincadeira", todos encontravam-se mortos, exceto por Katherine. Ela fugiu, e foi logo depois que Jynx encontrou-a.

O gosto do sangue estava bom. Mas não era como o sangue de Lua, tinha ódio misturado. Katherine sabia, sabia que isso ia acontecer. Fechou os olhos com força e penetrou a unha mais fundo na pele, ignorando completamente a dor. Katherine gostava da dor.

Como previra, ela sentiu vontade de se matar. Mas não faria isso, ela não teria coragem. Não era certo consigo mesma, nem com sua família, nem com ninguém. Saía mais sangue dos cortes do que o esperado. Algumas gotas pingavam no short branco de Katherine, mas ela não ligava, e continuava sugando o máximo que conseguia dos machucados.

Será que isso que ela estava fazendo teria um fim ruim? Provavelmente. Sua outra mão estava cerrada em um punho, como que uma relutância para que ela não se machucasse mais. Mas era muito difícil de segurar, uma vez que o desejo de mais sangue e o desejo de se ver morta era muito grande. Katherine nunca havia tentado fazer isso consigo mesma, não sabia que a sensação era assim tão forte.

Ouviu o barulho da porta do quarto de abrindo. Não quis olhar. Sabia que seria interrompida, portando apenas aproveitou seus últimos segundos com o sangue, antes de ser repreendida. Quem seria, na porta?

- KATHERINE! - alguém gritou.

Katherine presumiu que havia sangue no chão também. Não abriu os olhos, ela sabia que era Jynx gritando. Agora que estava possuída pelo sangue, sabia que seria fácil acabar machucando-o. Desejou que ele não se aproximasse.

Mas ele se aproximou. Afastou os cortes dos lábios de Katherine e ajoelhou-se na sua frente. A garota finalmente abriu os olhos para encará-lo, o olhar desfocado. Jynx respirava com dificuldade.

- O que está fazendo? - perguntou ele, muito bravo.

Katherine não respondeu. O sangue pingava de seus lábios e pulso para suas pernas e para o chão. O corte latejava. Ela adorava o modo como o corte latejava.

- Katherine! - gritou Jynx. O quarto estava tão escuro que Katherine não conseguia ver quase nada, apenas sentir o hálito de Jynx muito perto.

Jynx levantou-se e saiu correndo pela porta do quarto. Katherine nem procurou refletir sobre o motivo disso. Apenas continuou a lamber o sangue que pingava dos cortes, sem conseguir pensar em mais nada.

O garoto voltou com algumas ataduras que provavelmente pegara da enfermaria. Pegou o braço de Katherine à força e começou a enrolá-las nos cortes, que eram muito fundos. O sangue ainda saía aos montes, mas Jynx trouxera muitas ataduras.

Por não conseguir mais ver o sangue, a cor foi retornando aos olhos de Katherine. Finalmente ela percebeu o que estava acontecendo e o que fizera. Olhou para o chão e para suas roupas, ambos cheios de sangue. Seu sangue. Seu corpo estava tomado por prazer, tranquilidade e tristeza. Mas mais tristeza. Nunca pensara que conseguiria fazer isso consigo mesma. Sim, sempre que machucava ou matava alguém, ou que experimentava um pouco de sangue, ela se sentia tranquila, mas isso não durava muito. Sentiu medo. Antes que percebesse, lágrimas quentes começaram a sair de seus olhos e escorrer por suas bochechas.

Jynx segurava Katherine pelos pulsos. Ele sabia que, depois de coisas como essa que acabara de acontecer, ela podia acabar machucando-o. Não tinha medo da dor que Katherine poderia estar sentindo, uma vez que ele estava tocando seu machucado. Jynx sabia que Katherine adorava essa dor.

O garoto percebeu que ela estava chorando. Aproximou-se e beijou-a no rosto várias vezes, nos pontos onde haviam lágrimas. Puxou-a e a colocou sentada em seu colo, depois a abraçou. Ficaram muito tempo assim, sem dizer nada. Katherine ainda soluçava.

Jynx sabia que não podia perguntar a ela o porque disso tudo. Ele até sabia, parcialmente. Sabia da necessidade dela de um pouco de sangue às vezes, e do prazer que ela sentia ao fazer isso com alguém. Mas nunca acontecera de ela fazer isso consigo mesma. Portanto, ele pensou, havia mais coisa envolvida. Mas ainda não era hora de perguntar. Se ela quisesse falar, ela o faria.


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Notas finais do capítulo

Ah cara, desculpe, mas eu acho eles absurdamente fofos HSUAHSUAHSAH