-         Audrey, quero que entre com Peter pelos fundos, vou convencer Bela a aceitar a hospedagem, e James a se tornar amigo de Peter...

-         Ah, não terá problemas com o menino James...Mas Bela... –disse Audrey analisando os trajes de Peter.

-         O que tem para o jantar? –Peter ainda sentia que havia espaço no estomago e Harry sentia que ia ser divertido ter Peter com eles.

-         Muito bem, agora vão, tenho que entrar.

Harry ouviu os passos de Marie, a empregada que era um bule, correndo para atende-lo, enquanto Peter e Audrey iam para os fundos.

-         Oh! Desculpe a demora senhor Harry.

-         Não tem importância Marie, onde está Bela e James?

-         Eles estão na sala senhor.

Harry foi até a sala e abriu a porta devagar, viu Bela e James no chão brincando com o trenzinho de James; o menino que era uma xícara, ele tinha doze anos agora e era tratado como da família desde que ele e sua mãe, Marie, voltaram ao normal. Bela estava incrivelmente linda, como sempre, e Harry a achava mais bonita ainda quando não estava se importando com as regras de etiqueta ou com sua aparência.

-         Tio Harry! –James correu para abraça-lo –quer brincar de trenzinho? Só falta terminarmos de montar os trilhos!

-         Diga-me James, não gostaria de brincar com um garoto da sua idade?

-         Ora, Harry! Mal James chegou de férias e já quer faze-lo voltar para a escola? –Bela riu e continuou a montar os trilhos, James foi ajuda-la –e depois sou uma ótima maquinista, não acha James?

-         É sim tio Harry!

          Harry sorriu e sentou-se no chão para ajuda-los.

-         Eu estive pensando se não podíamos chamar um garoto para passar as férias com ele... O que você acha James?

-         Uau! Tio Harry! Posso mesmo chamar um de meus amigos de escola?

-         Bem, e se fosse uma amizade nova James, não ia ser legal?

-         Espere um instante Harry! –Bela não sabia o que era, mas tinha certeza de que Harry estava tramando alguma coisa –O que está pensando que vai fazer?

-         Ok...Bem, há um garoto que gostaria de chamar para passar as férias com James...

-         È alguém legal tio Harry?

-         Muito legal James...

Bela não estava gostando daquilo, Harry estava tramando alguma, disso ela tinha certeza.

-         Quem pode ser tão legal a ponto de você fazer tanto mistério Harry?

-         Hum... Não sei se conhece Bela...É Peter Pan.

-         Peter Pan? –James não reconhecia este nome, mas Bela...

-         Um delinqüente!

-         Um delinqüente? Bela, é só uma criança...

-         Não!

-         Bom, já é tarde demais para isso!

James estava nas nuvens! Havia ganhado um belo presente: ia conhecer um garoto delinqüente! E não era só isso, ia passar as férias inteirinhas com o garoto delinqüente! James saiu correndo, não ia perder mais um segundo de suas férias!

Já Bela...

-         Isso é um absurdo! Como pôde Harry?

-         Como eu pude? Bela já disse que é só uma criança...Por favor, por James!

-         Não ponha James nisso!

-         Vamos jantar...Você vai ver o quanto Peter é bom.

Ao chegar na cozinha James ficou estático, era um verdadeiro choque ver os dois no mesmo local, Audrey e Marie ficaram como estátuas diante daquela cena, Peter era loiro, de olhos azuis e tinha uma bela postura, mas suas roupas estavam imundas, cheias de folhas e gravetos; seu rosto não deixava a desejar, em volta de sua boca havia chocolate e molho fazendo um grande contraste com sua pele branca e seus cabelos estavam muito despenteados. James tinha cabelos tão negros quanto seus olhos, era um menino bem cuidado com roupas limpas e elegantes, tinha a aparência de um jovem príncipe. Mas na mente das duas crianças havia a mesma idéia.

-         Você é o garoto mais estranho que já vi! –disseram os dois juntos, e depois caíram na gargalhada, estava bem claro que apesar de tudo eram apenas crianças.

-         Ok meninos, vou por o jantar. –disse Marie aliviada, enquanto os dois saiam da cozinha.

            Era um tanto apertado, mas Branca já havia estado ali antes, era o seu primeiro dia e tivera muito que fazer, a casa passou muito tempo fechada, mas ela conseguiu arrumar tudo. Sentia falta dos anões e, tudo bem ela confessava, de Richard. Mas não ia voltar tão cedo.

            Branca sabia que talvez tivesse sido melhor ficar na casa de Richard ou ir para o castelo que seu pai deixou, mas não ia aceitar o que Richard estava fazendo e foi no castelo que mais sofreu, apesar de ser corajosa a ponto de enfrentar o marido e a sociedade, não conseguia ter a mesma coragem para enfrentar o passado e o novo morador do castelo: o espelho...

    Robin estava com tanta energia aquela noite que deixou Meg cansada logo, ela estava deitada apenas com o lençol cobrindo seu corpo, enquanto Robin andava de um lado para o outro somente de calças. Ele estava completamente feliz.

-         Ah Meg, tinha que ver! Eu estava lá como se fosse um deles! Quando Harry falou sobre a importância que a gente tinha e Richard sobre o fato de eu influenciar os humildes eu me senti muito orgulhoso! Não por mim...Mas por todos da aldeia...Meg, tudo isso quer dizer que temos importância para a sociedade! E aqueles idiotas ricos tiveram que admitir!

-         Você está muito feliz não é?

-         È claro!

-         E... Você gostaria de ser um idiota rico?

-         Hum... Não seria tão ruim...Mas não seria idiota, ajudaria a aldeia.

-         E teria uma princesa?

-         Uma?

-         Só pode ser uma Robin...

-         Então não teria nenhuma!

-         Você nunca vai mudar não é? Diga-me...Harry é a tal Fera?

-         É sim...Por que?

-         Bom, dizem que ele é bem bonito e... –nesse momento Robin parou de andar. Será que ela o havia afetado de alguma forma? –Bem, esqueça...

-         Não. Continue...

-         As meninas comentaram que ele devia ser bem selvagem na cama...

Robin se aproximou da cama e sentou.

-         E...O que respondeu?

-         Quer mesmo saber?

-         Hum... Quero...

-         Disse que se a Fera quisesse meus serviços eu faria sem cobrar...

Eles ficaram calados por um tempo se olhando, parecia que Robin queria ter certeza de que ela estava falando a verdade.

-         Você... Realmente faria isso?

-         Não sei Robin...Olha, você me deixou bem cansada hoje... Gostaria de descansar um pouco... Você se importa?

-         Não, tudo bem...Vou para o bar comer...

-         Leve a chave...Caso queira voltar...

-         Ok...- e saiu.

Meg ouviu a porta bater e suspirou. O que seria aquilo? Será que ela estava depositando esperanças no seu relacionamento com ele? Impossível! Eles sempre foram amigos, deitavam-se juntos por puro prazer, não por amor...Ela tentou esquecer aquilo tudo e, aos poucos, dormiu.