O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 4
Ele que se dane por se importar


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga pra minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia.
— Tati Bernardi



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A primeira coisa que Hermione sentiu quando acordou foi medo.

Parecia um dèja vu sentir aquela dor de cabeça fortíssima e uma sensação de total confusão depois de uma festa de Casey. Ficou com medo de abrir os olhos. O que ela veria? Estaria novamente num quarto desconhecido do lado de um desconhecido? Só saberia ao ver.

Bem devagar, abriu os olhos. Mas ainda não viu nada, só seus cabelos. Com cuidado, os afastou de seu rosto e reconheceu seu quarto. Graças a Merlin!Olhou em volta mas estava sozinha na cama.

Sorriu.

Sã e salva.

Então seus olhos caíram sobre Malfoy deitado de mal jeito no seu sofá, dormindo pesado.

- Malfoy? – ela chamou da cama – Malfoy!

- Peraí, mãe...

Ela franziu o cenho enquanto segurava o riso e atirou um travesseiro que estava próximo:

- Malfoy!

Ele abriu os olhos lentamente e corou ao ver que não era sua mãe e sim a Granger.

- Ah, você...

- Sim, eu... O que está fazendo aqui? Por quê não foi pro seu quarto depois que chegamos?

- Ah... – ele começou a se levantar e se espreguiçou soltando um longo bocejo – Você estava bem pirada noite passada... Achei melhor eu ficar por aqui e te vigiar caso você resolvesse lançar um avada kedrava em si mesma ou tentasse do jeito mais clássico e se jogasse da janela. – ele suspirou – Enfim. Mas estou vendo que você já está bem melhor e já voltou a si então eu vou pro meu quarto. Já tentou dormir nesse sofá? Estou parecendo um velho com essas dor nas costas!

E então ele saiu.

Hermione ficou observando a porta bater enquanto a ficha finalmente caía.

Sim, ela estava sã e salva. Graças a Draco Malfoy.

***

Era de tardinha quando Draco ouviu passos no corredor.

Estava deitado na cama e, pela porta entreaberta, viu Granger se aproximar, parar, fazer menção de entrar, parar de novo, virar de costas enquanto parecia falar consigo mesma.

Ele franziu o cenho, se levantou e abriu a porta por completo.

- Oi!

Ela deu um pulo e se virou de frente para ele.

- Malfoy! Que susto!

- O que você está fazendo aqui?

- Eu? – apontou pra si mesma – Nada!

- Tem certeza?

Ela assentiu.

- Então não estava tomando coragem pra vir falar comigo? – falou enquanto cruzava os braços e abria um sorriso convencido.

Hermione revirou os olhos e respirou fundo.

- Ok... Olha... Só vim dizer obrigado.

Ele balançou a cabeça.

- De nada.

Ela deu uns três passos pra longe dele e... voltou.

- Também queria te dizer outra coisa...

- Estou ouvindo...

- Eu fui totalmente irracional quando achei que você não estava na Ordem pra valer... Se eles te aceitaram foi porquê você provou ser realmente confiável. E mesmo que eu não tivesse me ligado sobre isso, eu acreditaria em você a partir de hoje. Ontem eu nunca estive tão vulnerável e tão desprotegida e você poderia ter feito qualquer coisa de ruim comigo e você simplesmente... cuidou de mim. Desculpe ter julgado você.

- Quer dizer que agora... você confia em mim? – perguntou ansioso.

Ela franziu o cenho.

- É estranho dizer isso, tá? Soa estranho... Todo esse verão, todas as suas atitudes soam estranhas... Você não parece mais como você mesmo.

- Você não sabe como estar sob o domínio de Lúcio Malfoy pode mudar sua visão das coisas...

Ela deu de ombros.

- Acho que confio em você agora... Quer dizer, um pouco... Não que você se importe com isso, claro...

- Me importo. – ele fez questão de corrigi-la – Claro que me importo.

- Bom. Estou te devendo essa, então...

Ele sorriu.

- E pode ter certeza que eu vou cobrar...

***

Estavam acabando de jantar.

- Granger?

- Hum?

- Agora que você já está completamente recuperada do episódio de ontem á noite nosso joguinho pode continuar, não é?

Hermione ficou um pouco surpresa. Tinha até esquecido do jogo.

- Ah, claro que pode. – ela sorriu – Estou pronta pra outra.

- Que bom que está. – ele tomou um gole de suco – Porque é a minha vez de jogar.

- Eu sei, Malfoy...

Ela se levantou.

- Vou ler um pouco antes de dormir. Não esquece que também é sua vez de lavar a louça.

- Ok...

Draco sorriu quando viu Hermione sair da cozinha.

- Um... Dois... Três... Quatro...

- AAAAAAAH! MALFOY!

Ele caiu na gargalhada.

***

Draco estava dentro do quarto de Hermione – estava passando muito tempo lá – sentado na beirada da cama encarando a porta do banheiro da garota.

- Não acredito que fez isso comigo! – falou Hermione de dentro do banheiro.

- Não é nada demais! – ele falou com a voz esganiçada. Ela sabia que ele estava morrendo de rir daquela situação.

- Nada demais? – ela gritou – Eu vou ter que ficar sem sair de casa!

- Por um ou dois dias, somente! – ele respondeu – Também não é como se você saísse muito de casa!

- Não acredito nisso!

Ouviu-se um clique e então Hermione abriu a porta.

Draco quase caiu da cama de tanto rir.

Ele tinha colocado um balde de tinta roxa em cima da porta do quarto de Hermione, assim quando ela abriu a porta, a tinta caiu com tudo em cima da garota. Mas não era só a tinta, antes fosse. O idiota do Malfoy tinha colocado uma poção dentro da tinta que iria fazer o cabelo de Hermione ficar roxo por 48 horas.

Hermione estava se achando ridícula mas Malfoy estava achando aquilo tudo hilário. Tinha imaginado como Granger ia ficar de cabelo roxo mas aquilo... Aquilo era muito mais do que ele poderia imaginar!

- Muito engraçado! – ela pegou um livro em cima da sua escrivaninha e se aproximou de Malfoy – Olha só, tem uma mosca aqui!

E ela começou a “matar a mosca” batendo com o livro em cada centímetro do corpo de Malfoy.

- Ai, Granger! Sua louca!

Para fugir das livradas, ele acabou se deitando na cama e Hermione teve que se ajoelhar ao seu lado para continuar “matando a mosca”.

- Hey, Granger! – ela falou enquanto tentava se defender – Está esquecendo das regras do jogo!

- Jogo? Não tem jogo, Malfoy! – respondeu com uma voz inocente sem parar de “matar a mosca” – Eu juro que tem uma mosca aqui!

Ele finalmente conseguiu segurar os pulsos dela com força fazendo com que ela se assustasse de modo que seu corpo acabou caindo sobre o corpo de Malfoy na cama.

- Trapacear não vale, Granger... – ele sussurrou percebendo que seus rostos estavam muito próximos.

Um flashback passou pela cabeça de Draco. Hermione drogada tentando lhe beijar... Ele lembrou de como foi sentir os lábios dela durante alguns segundos e desejou que ela lhe beijasse de novo... Dessa vez não haveria desculpas para se afastar dela, ela não estava bêbada nem nada...

Claro, o fato de ela ser uma sangue ruim ainda estava ali... Mas, fala sério, quem se importava com isso? Draco não. Não naquele momento.

Nem nunca mais.

A cabeça dele voltou para o presente. Hermione não havia se afastado nem tratado de diminuir a distância entre suas bocas então Draco decidiu tomar uma atitude. Uma mão tocou a cintura da garota enquanto a outra segurava sua nuca. Ele aproximou seu rosto dela, seus lábios estavam quase se tocando e...

O encanto se quebrou.

Hermione ouviu o barulho de uma coruja se aproximando, seus olhos se arregalaram e foi como se ela caísse em si, como se se tocasse do que estava prestes a fazer.

- Edwiges!

Ela se afastou dele e Draco se segurou para não soltar uma exclamação de frustração. Droga de coruja! Ele se levantou passando a mão no rosto assustado... Assustado com o quanto queria aquele beijo.

Enquanto ele se recuperava da decepção, Hermione lia a carta de Harry sem prestar total atenção no que o amigo dizia... Sua cabeça ainda estava no que quase tinha acontecido com Malfoy.

Hermione,

Como é que andam as coisas aí? Rony e eu estamos com saudades, queríamos que estivesse aqui com a gente. Ainda não entendi porque você preferiu passar as férias aí sozinha ao invés de com a gente... Mas enfim, depois falamos sobre isso, não foi pra isso que escrevi... Estou escrevendo porque Gina e eu conversamos e ela me falou umas coisas que aposto que você já sabia que ela ia dizer (e poderia muito bem ter me avisado) e... bom, ela não ficou muito feliz com o que eu falei e agora ela nem olha pra minha cara... Na verdade, ela mal sai do quarto... Só para as refeições mesmo... Acho que ela está muito muito mal e Rony já está começando a ficar desconfiado que o problema sou eu. Gostaria de te pedir um favor. Será que você não pode conversar com Gina sobre isso? Por favor, eu não quis magoá-la, eu só falei a verdade... Queria que ela não ficasse tão sem graça perto de mim também, a gente devia ser amigos...

Aguardo sua resposta

Beijos, Harry

No final da carta, a atenção de Hermione estava completamente voltada para a carta.

Então Gina tinha se declarado mesmo. E Harry tinha dito que não sentia nada por ela... Uma parte de Hermione ficou feliz por isso, a outra parte ficou triste por Gina... Tudo bem que a parte que ficou triste foi muito menor mas enfim... Gina devia estar arrasada e Hermione era sua melhor amiga, ela tinha que fazer alguma coisa! Mas o quê?

- Deve estar feliz.

Hermione se assustou e se virou para encarar Malfoy que estava bem atrás dela, lendo a carta por cima do seu ombro.

- Não estou feliz... – ela se afastou e colocou a carta em cima da escrivaninha – Ela é minha amiga e deve estar péssima.

- Ah, qual é! – ele revirou os olhos – Até você ficaria feliz com uma situação dessas... Ou vai dizer que queria que eles namorassem e fossem felizes para sempre?!

- Você não entende...

- É, tem razão. Não entendo.

Então ele saiu do quarto batendo a porta e deixando uma Hermione confusa no quarto.

***

Hermione escreveu á Sra. Weasley pedindo que ela deixasse Gina se encontrar com ela no Beco Diagonal (dali há dois dias, claro, quando o cabelo de Hermione voltasse a sua cor normal) e pôs-se a pensar também no que faria com Malfoy para revidar o episódio do cabelo roxo... Era sua vez de jogar. Sra. Weasley não demorou a responder dizendo que Gina poderia sim se encontrar com ela e que sua carta veio em boa hora já que a garota parecia estar implorando para falar com Hermione. Molly ainda acrescentou que Gina estava mesmo precisando de uma conversa de garotas porque por algum motivo, desconhecido pela mãe, a garota só fazia ficar no quarto e chorar.

Ao ler isso, Hermione se sentiu verdadeiramente mal pela amiga e começou a pensar no que diria pra ela quando estivessem juntas.

Foi para a sala e encontrou Malfoy assistindo TV – ele estava ficando viciado em filmes e séries -, se sentou ao lado dele.

- Vamos para o Beco Diagonal daqui há dois dias, ok? Podemos aproveitar e comprar nosso material escolar.

- Ok. – respondeu sem tirar os olhos da TV.

- Por que você tá tão estranho? – perguntou confusa – Primeiro você saiu do meu quarto batendo porta e agora nem olha pra mim. O que aconteceu?

- Não aconteceu nada, Granger.

- Bela maneira de mostrar...

Ele finalmente a olhou, mas ao ver sua expressão Hermione preferiu que não o tivesse feito.

- Quão falsa você pode ser? Marcou um encontro pra consolar sua amiga enquanto está dando pulos de alegria pelo motivo que ela está em lágrimas!

- Eu não estou dando de pulos de alegria! – respondeu chocada – Eu estou triste pela minha amiga!

- Ah, claro... – disse sarcástico.

- Eu estou! – ela sacudiu a cabeça mais confusa ainda – Peraí, o que você tem a ver com isso? Se eu sou falsa ou não, e eu não sou!, o problema é meu!

- Eu não sei, Granger! – ele se levantou e parecia muito vermelho. Droga! Não era para estar dando esse piti todo – Não sei porque ainda estou aqui, não sei porque me divirto com você ou gosto da sua companhia, não sei porque cuidei de você ontem! Eu simplesmente não sei porquê eu me importo tanto!

E de novo ele saiu deixando Hermione sozinha e confusa.

***

Os dois dias se passaram rápido.

Hermione não conseguiu pensar em nada para Draco e eles mal se falaram naqueles dias. Depois da conversa que tiveram, os dois ficaram muito confusos – principalmente Draco – e só se falaram para dizer o essencial.

Na manhã em que marcaram de ir ao Beco, Hermione se atrasou porque estava lavando o cabelo. Depois dessa lavada, seu cabelo iria voltar a cor normal e ela mal podia esperar pra ver seu cabelo castanho de novo.

Eles iriam via flu. Draco estava esperando Hermione na lareira e não pôde deixar de soltar um sorrisinho cínico ao ver a garota descer com os cabelos molhados, de volta a cor normal.

Não demoraram a entrar na lareira e se verem naquela rua estreita e intupida de gente mesmo em meio a Guerra. O ministério tinha colocado vários aurores em todos os lugares do Beco o que tornava o lugar seguro para as compras.

Hermione viu Gina ao longe, sentada cabisbaixa na mesa da sorveteria e se aproximou de lá com Malfoy no seu encalço. A ruiva não pareceu se surpreender ao ver Hermione chegando com Malfoy, já deviam ter avisado ela sobre isso. A morena sentia o coração apertar ao ver o estado da amiga e suas mãos começaram a tremer enquanto chegava mais perto. As colocou no bolso do casaco para disfarçar.

- Hermione! – ela disse com a voz chorosa quando a morena já estava perto o bastante pra ouvir – Harry disse que não sente nada por mim! – contou enquanto as lágrimas escorriam – Disse que era pra genter ser só amigos! – ela secou o rosto com um lençinho – Eu tô tentando não chorar porque eu sei que não vale a pena mas eu tô péssima.

Draco arqueou uma sobrancelha enquanto Hermione abraçava Gina. A mais nova dos Weasley estava tentando não chorar pelo Potter? Imagina se estivesse querendo chorar!? Ela iria fazer um lago! Como Potter podia deixar uma garota assim? Tudo bem que ele já tinha visto várias garotas exatamente daquele jeito por ele mas... Fala sério, ele era Draco Malfoy! O Potter era... eca... O Potter! Com aquela cicatriz nojenta, aquele cabelo de quem se olhou no espelho de manhã e aquele jeito lerdo de sempre! O que a Weasley via nele??? Ela até que era bonitinha, podia arrumar alguém melhor! Mas a pergunta que não queria calar e que assombrava a sua mente dia e noite era: O que Hermione via nele? Ela era linda, inteligente e...

E aí ele sacudiu a cabeça para se livrar daquele pensamento.

O que estava acontecendo com ele?

- Granger, vou ir comprar nossos livros, ok?

- Certo, Malfoy. – ela respondeu – Encontro você na Floreios & Borrões.

Ele as deixou sozinhas.

***

Hermione ficou uma hora conversando com Gina. Logo a garota teve que voltar porque Molly tinha estipulado um horário pra chegar em casa (mesmo o Beco estando lotado de aurores, a mulher não queria seus filhos andando de um lado para o outro sendo todos tão comprometidos com a guerra) e Hermione foi procurar Malfoy na Floreios & Borrões.

- Achei que não ia vir nunca... – falou o loiro se aproximando dela.

- Acha que eu demorei? – perguntou rindo – Foi bem rápido pro estado dela... Ia demorar bem mais se ela não tivesse que ir pra casa.

- Granger... Você já parou pra pensar no que vai acontecer se um dia ela descobrir o que você sente pelo Potter?

Hermione ficou muito séria.

- Ela nunca vai descobrir.

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque só você e eu sabemos... Eu nunca vou contar.

- E se eu contar? – perguntou com o intuito de assustá-la.

Hermione não se abalou.

- Eu vou negar. – respondeu sem se alterar – Em quem você acha que eles vão acreditar? Na melhor amiga ou no pior inimigo?

O tom de voz que ela usou fez Draco rir.

- Qual é a graça?

- Granger, eu nunca pensei que diria isso, mas você daria uma sonserina perfeita. Talvez você teria ficado na sonserina se não fosse o fato de ter nascido trouxa.

- Eca. – foi tudo que ela disse enquanto se afastava a procura de livros.

- Nós não somos tão ruins, sabe... – ele a acompanhou – E talvez, quem sabe... se isso tivesse acontecido... a gente teria se conhecido melhor bem antes.

Hermione desviou a atenção de um livro que tinha pegado e encarou Malfoy.

- Gostaria de ter me conhecido melhor antes, Malfoy?

- Bom... – ele fingiu estar olhando um livro que havia pego – você não é tão ruim quanto eu imaginei...

- Hum.

Ele a olhou mas ela não estava mais prestando atenção nele.

- Não vai dizer nada?

Hermione o olhou confusa.

- Quer que eu diga o quê?

- Não sei! Que tal: “É, Malfoy, você também não é tão ruim!”

- Ok... – falou mecanicamente – É, Malfoy, você também não é tão ruim...

- Não! – ele exclamou.

- Não o quê? – perguntou mais confusa ainda.

- Agora você só falou porque eu disse pra você falar!

Hermione arqueou uma sobrancelha e apenas o observou por alguns minutos.

- Qual é o seu problema? – perguntou ela. Não foi uma pergunta retórica, ela realmente queria saber o motivo de Malfoy estar tão estranho ultimamente.

- Por que você é tão indiferente a mim? – ele perguntou frustrado.

- Como assim?

- As garotas se jogam aos meus pés! Qualquer menina de Hogwarts daria qualquer coisa pra passar o verão comigo, sob o mesmo teto que eu! E você não está nem aí! Por quê?

- Eu te disse. – respondeu com tranquilidade - Não sou como as outras garotas.

É. Agora Draco entendia o que ela quis dizer.

***

Hermione e Draco voltaram do Beco Diagonal já de noitinha. Draco cedeu ao seu novo vício e foi assistir TV e estranhou quando Hermione veio do quarto arrumada.

- Vai sair?

- Vou. Pode cuidar de si mesmo por um tempo?

- Acho que sim.

- Que bom.

Ela saiu de casa sob o olhar desconfiado de Malfoy e foi para a praçinha que havia no bairro onde ela morava. Ali era o ponto de encontro dos jovens do lugar desde sempre e foi ali que Hermione marcou com uma velha amiga.

Não demorou muito a encontrá-la ao chegar na praça.

- MJ! – chamou – Aqui!

Hermione sorriu para a garota que se aproximava. Mary Jane – MJ para próximos – era amiga dela desde criança, assim como Casey, mas MJ tinha se afastado de Casey antes que ela pudesse fazer o mesmo estrago que fez com Hermione.

- Hermione... – as duas se abraçaram – Nossa, quanto tempo! Como está no colégio interno?

- Ótima. E você? Já foi pra faculdade?

- Passei pra Oxford! – falou animada – Me mudo pro campus assim que o verão acabar!

- Maravilhoso! – disse com sinceridade.

- É... – sua fisionomia se entristeceu um pouco – Olha, ouvi dizer o que aconteceu há uns dias atrás na festa de Casey. Acho que não foi a primeira vez, né?

- Não... – Hermione suspirou.

- É horrível que Casey tenha ficado tão má com o tempo... Te disse pra se afastar dela antes que coisas ruins acontecessem.

- Eu sei. Agora eu entendi bem o recado...

- Que bom. – ela sorriu – Mas fiquei sabendo que no fim não foi tão ruim assim, né? Me disseram que você saiu muito bem acompanhada de um loiro gostosão.

Hermione riu.

- Bom... Ele não é meu namorado nem nada, entende? – suspirou - Na verdade, foi pra falar sobre ele que eu quis me encontrar com você. Preciso que me faça um favor.

- Que tipo de favor?

- Sabe... Aquele ali tá precisando levar um susto... E dos grandes!

***

Quando Hermione voltou pra casa, Draco ainda estava na sala. Ele reparou que ela estava sorridente e com cara de quem estava aprontando alguma. Aquilo fez Draco ter calafrios. Era a vez de Hermione jogar e se ela estava tramando algo com certeza era contra ele.

A garota, por sua vez, mal podia acreditar no quão brilhante a sua idéia era. Iria acabar de uma vez por todas com aquele jogo, ela iria ganhar e poderia tirar sarro de Malfoy por toda a sua vida por isso. Tudo bem que seria trabalhoso e teria que disfarçar bem para Malfoy não perceber que aquilo fazia parte do jogo mas se desse tudo certo...

Na manhã seguinte, Hermione fez questão de acordar mais cedo e colocar a mesa do café. Tratou de providenciar a primeira parte do plano e colocou meio frasco de poção dentro do café de Malfoy.

Quando ele desceu, a primeira coisa que fez foi tomar o café sem nem desconfiar e Hermione mal pôde se aguentar de felicidade.

Continuou o plano.

- Sabe, Malfoy... – começou enquanto mordiscava uma torrada – Recebi um telefonema de uma amiga minha ontem...

- Um o quê? – perguntou confuso.

- Um telefonema! Eu já te expliquei o que é isso, loiro aguado!

Ele revirou os olhos diante do apelido e fez sinal que ela continuasse.

- Bom, ela te viu na festa da Casey e te achou bem bonitinho...

- Bonitinho? – ele a olhou sem parecer nem um pouco lisonjeado com o elogio – Ela é louca? Eu sou lindo!

- E modesto também! – Hermione completou.

- Isso quer dizer que você me acha lindo? – perguntou sugestivamente.

- Isso foi uma cantada? – perguntou impaciente – Olha, Malfoy, está ficando meio obsessivo com essa coisa toda de eu não ligar pra você, ok?

Ele desviou o olhar.

- Certo. O negócio é que ela quer te encontrar hoje, sabe? Ela gostou mesmo de você!

- Ela nem me conhece!

- Deve ser por isso que ela gostou de você! – ela deu de ombros, irônica – Então? O que me diz?

Draco considerou por um instante. Por aquilo ele não esperava... Já não bastava ficar delirando sobre a Granger e como seria beijá-la e tocá-la, ela ainda vinha com essa de querer marcar um encontro com ele e com uma amiga? Qual era o problema daquela garota, afinal? Nenhuma garota nunca tinha apresentado Draco Malfoy para uma amiga quando ela própria ainda não tinha tentado de tudo pra ficar com ele! Ou Granger tinha um seríssimo problema a ser tratado e estudado profundamente ou ele, Draco Malfoy, estava perdendo seu charme.

- Ok... Granger. Não vai fazer mal nenhum pra mim dar uns amassos na sua amiguinha.

Hermione fez uma cara de repulsa.

- Você é ridículo! – ela o ofendeu apenas por costume.

- Ciúmes? – ele perguntou sorrindo sedutor.

Ela ficou muito séria.

- Já falei pra parar com isso!

***

A noite não demorou a chegar.

Draco se arrumou e Hermione explicou para ele aonde o garoto deveria se encontrar com MJ então depois de dizer “Espero que ela seja bonita, Granger” ele saiu. Hermione tomou aquilo como um tchau.

Sozinha em casa, assistindo TV sentada no sofá, ela começou a imaginar como Malfoy ficaria quando não conseguisse fazer o que ele estava cansado de fazer com as garotas de Hogwarts. Ele deve ficar arrasado.

Hermione soltou uma gargalhada e se lembrou das palavras de Malfoy... Que ela deveria estar na sonserina... Talvez aquela afirmação tivesse um pouco de fundamento, afinal.

A garota acabou pegando no sono no sofá e acordou só quando ouviu o barulho da porta sendo aberta.

- Malfoy? – ela chamou.

- Quem mais, Granger? – ele respondeu num tom mal-humorado. Bom sinal.

Ele se sentou ao seu lado no sofá e bufou parecendo frustrado.

Hermione preparou sua voz mais inocente.

- Voltou cedo. Como foi o encontro?

- Péssimo.

- Por quê? – perguntou fazendo-se de decepcionada.

- Algumas coisas... não saíram como o esperado.

- Como assim? – ele pareceu hesitante e ela acrescentou – Ah, qual é! Só você pode dar pitaco na minha vida amorosa?

Ele bufou novamente.

- Ok... Mas se você contar pra alguém, Hogwarts inteira vai ficar sabendo da sua paixão platônica pelo santo Potter!

- Tudo bem. – respondeu se segurando para não rir. – O que aconteceu?

- Esse é o problema... Nós estávamos lá, o clima foi esquentando e... nada aconteceu.

- Como?

- É, é! Foi o que você entendeu! Pela primeira vez, meu amiguinho aqui me deixou na mão!

Hermione arregalou os olhos e começou a rir. A poção tinha dado certo. Yeah!

- Não tem graça! – ele falou num tom que fez Hermione ficar séria imediatamente.

- Tudo bem, parei...

Os dois ficaram em silêncio por um tempo.

- Então? – ela perguntou – O que você vai fazer sobre isso?

- Não há nada a fazer, Granger. Isso não vai se repetir. – falou convicto.

- Como pode ter tanta certeza?

- Vou ter quando eu chegar em Hogwarts e encontrar as garotas.

- Não tem medo? – ela perguntou num tom misterioso – Quero dizer, se isso aconteceu... foi por algum motivo... Não acha que deveria tomar certas providências para se certificar que não vai mais acontecer?

- Que tipo de providências? – perguntou ele entrando no jogo dela.

- Já pensou se isso acontece com uma garota de Hogwarts e ela espalha isso pro castelo inteiro? Um garoto como você deve dar bastante importância pra reputação... E isso vai te colocar na lama se os outros descobrirem.

Draco ficou um pouco mais pálido.

- Merlin... Como eu não pensei nisso antes?

- É, Malfoy...

- Mas você diz que pode ter um motivo... Que tipo de motivo?

- Quem pode saber? – ela deu de ombros – Alguma coisa está te... entupindo, sei lá.

- Ok. – ele balançou a cabeça como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo – O que você sugere, então?

- Que tal uma poção? Li uma vez na biblioteca de Hogwarts que existem poções para evitar isso... Só até você descobrir o que está...

- Se disser “entupindo” de novo... – interrompeu em tom de ameaça.

- Tá. O que você acha?

Ele pensou por uns instante.

- Onde acho a receita dessa poção?

***

Draco não dormiu á noite.

Granger tinha razão. E se isso se espalhasse por Hogwarts e acabasse com a reputação que ele demorou tanto tempo pra construir?

Mas esse não foi o motivo real para ele ter ficado á noite inteira acordado. Ele ficou pensando no motivo para ele não conseguir transar. Só uma coisa lhe vinha a cabeça.

Granger.

Será que ele estava tão atraído por ela assim que não iria poder transar com ninguém enquanto não transasse com ela? Se esse fosse o motivo, o problema era bem maior do que já parecia porque, vamos ser sinceros, em qual realidade alternativa a Granger iria transar com ele?

***

No dia seguinte, eles estavam de volta á Floreios & Borrões, muito mais cheia do que dias atrás devido a proximidade da volta ás aulas.

- Pode deixar que eu faço isso pra você, Malfoy. – Hermione falou driblando as pessoas até chegar no balcão – Imagino como deve ser difícil pra você, então não precisa falar nada. Tudo o que você vai ter que fazer é ficar parado do meu lado, de boca fechada!

Os dois pararam lado a lado na frente do balcão e a mulher gorducha com óculos quadriculados olhou para eles.

- Bom dia. – começou Hermione observando que Draco estava atingindo um tom de vermelho - É que meu amigo Draco aqui está com alguns problemas com... sabe... bom, digamos que o amiguinho dele não anda muito afim de se levantar naquela hora... então nós queremos um livro que tenha uma poção para ele não ter mais esses problemas...

Ela não foi nem um pouco discreta ao dizer isso. Algumas pessoas de Hogwarts que estavam de olho neles desde que chegaram (“Draco Malfoy junto com Hermione Granger?”) prendiam a risada e olhavam para Draco com expressões de choque. Malfoy, por sua vez, sentiu vontade de virar uma avestruz, cavar um buraco e enfiar a cabeça dentro.

Pelo que parecia, naquele dia em especial, Granger tinha deixado a discrição em casa.

***

Hermione e Draco chegaram em casa e foram logo fazer a poção.

Malfoy estava muito quieto e o silêncio dele estava encomodando Hermione.

- Que foi? – perguntou a castanha acrescentando mais ingredientes a poção – Tá estranho até pra você...

- Granger, - ele falou – acho que eu sei o motivo do meu “problema”.

Hermione parou tudo o que fazia e olhou para ele com o coração acelerado. Ele tinha descoberto!

- Sabe? – sussurrou ela.

- É. – ele se aproximou – Eu sei.

Ele puxou Hermione pela cintura e a beijou a segurando firme em seu abraço para que ela não tivesse chance de escapar. Houve um momento de hesitação por parte da garota e então Draco se sentiu radiante quando sentiu Hermione corresponder o beijo.

Eles ficaram assim por algum tempo, se beijando sem pensar em nada... Nem que costumavam ser inimigos nem que ele era sangue puro e ela sangue ruim nem que ele era sonserino e ela grifinória. Só havia os dois, qualquer problema era irrelevante.

Draco só se afastou quando sentiu seu corpo corresponder como deveria quando Hermione deu uma leve mordida no seu pescoço.

- Meu Deus... – sussurrou Hermione assim que Draco se afastou.

- Eu sabia! – ele exclamou – Era você o motivo!

- O quê?

- É! Era você! – ele apontava para ela – Eu não consegui transar com sua amiga porque de uns dias pra cá, eu só penso em você! – ele se aproximou dela de novo – Eu só quero você!

- Não! – Hermione se esquivou dele ainda sem acreditar no que tinha acontecido. Como uma brincadeira tinha ficado tão séria? – Você não me quer.

- Eu quero sim! – ele exclamou – Hermione, nos últimos dias eu só tenho pensado nisso! Em como é o gosto dos seus lábios, em como seu corpo é quando tocado e... Eu sei que é errado e tudo isso mas...

Ela ainda estava em choque por ele tê-la chamado pelo primeiro nome mas se forçou a interrompê-lo.

- Não, Malfoy, me escuta! – ela respirou fundo tentando se acalmar – Isso foi só o jogo, entendeu? Não tem nada de errado com você, não tem motivo nenhum! Eu pedi pra MJ se encontrar com você e coloquei uma poção pra você não conseguir ir até o final! Era tudo o jogo, ok? Eu só queria que você ficasse paranóico por um tempo, só isso!

Aos poucos, Draco foi digerindo tudo que Hermione estava dizendo. Era o jogo. A merda do jogo que ele próprio tinha inventado! E agora ele tinha falado tudo que estava sentindo por nada.

Não havia palavras para dizer o quão furioso ele estava.

- Só isso??? – ele perguntou sarcástico – Só isso?

Hermione notou o tom dele e ficou um pouco assustada.

- Era só uma brincadeira, Malfoy. – tentou amenizar – Aprendi com o mestre...

- Se você fez isso comigo, Granger, eu diria que a aluna superou o mestre! – ele não tinha nem começado – O que você está fazendo na grifinória, afinal? Você enganou o chapéu seletor também para ele não te mandar pra sonserina?

- O quê?

- É, porque se ele te mandasse pra sonserina você não ia mais poder manter sua pose de santinha, não é? – Draco não estava gritando mas as palavras dele tinham tanto veneno que deixou Hermione enjoada – A quem você quer enganar? Você se apaixonou pelo Potter quando sabia que a Weasley, a mesma Weasley que você diz ser sua melhor amiga, era apaixonada por ele desde sempre.

- EU NÃO PUDE EVITAR! – ela gritou em plenos pulmões.

- Sim, você podia! Você podia se afastar dele e deixar caminho livre para sua amiga mas você não deixou. E por quê? Porque se afastar dele causaria sofrimento demais á você! Quanto egoísmo, Granger!

- PARA COM ISSO!

- Você finge se importar com o sofrimento dela por ele não estar apaixonado por ela mas você está radiante por dentro com isso! E você sabe que está! Você mente pra si mesma fingindo que não! Porque você quer acreditar que você é uma pessoa melhor do que você realmente é! Porque você precisa estar bem com a sua consciência!

Draco viu os olhos de Hermione se encherem de lágrimas e ficou feliz com isso.

- Agora você vai chorar? Ouvir a verdade dói, não é, Granger? E a verdade é que você passou todos esses anos em Hogwarts dizendo o quão ruim nós sonserinos somos quando você é tão ruim quanto eu!

Hermione se aproximou dele e deu um soco bem no seu nariz com toda a força que conseguiu reunir. Em seguida ela saiu e rumou para o seu quarto. Draco ouviu ela bater a porta ao longe.


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Notas finais do capítulo

N/A: Oiie, pessoal! Como andam? Saudade de postar! Foi mal a demora mas somou os meus muitos compromissos, á falta de tempo, ao desânimo pra revisar e ainda á falta de inspiração, aí já viu né! Mas tá aí, capítulo 4 de presente pra vocês!!! Muito obrigado ao pessoal que leu, muuuito obrigado ao pessoal que votou, muito obrigado ao pessoal que comentou e muito obrigado ao pessoal que comentou E votou!

XD

Então, Draco foi péssimo com a Hermione, né? Vamos combinar que ele é o loiro mais gostoso do mundo mas sabe ser mal quando quer. Quero saber a opinião de vocês e os chutes do que vai acontecer. O próximo capítulo é o último do verão e a partir do sexto a história já se passa em Hogwarts, aí as coisas vão começar a esquentar. :P Tenho muuuuitos planos pra essa fic, apesar de ainda não ter um final pra ela, mas não me animo de postar se vocês não comentam, então, por favor, digam o que estão achando, sim???

BjuX e até a próxima!



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