O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 25
All that's left is these ashes


Notas iniciais do capítulo

"Quem é você?", perguntou a lagarta. "Eu dificilmente saberia dizer, senhor... Eu sabia quem eu era, mas acho que eu devo ter mudado." (Alice no País das Maravilhas)



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Tudo que sobrou foram essas cinzas

Cara Senhorita Parkinson,
Estamos escrevendo essa carta para lembrá-la da reunião que acontecerá em Hogwarts nesse sábado, dia 29 de março, na biblioteca da escola. Esperamos encontrá-la lá, uma vez que há muito o que se resolver.
Cordialmente,
Ordem da Fênix
PS: Respondendo á sua última carta: novamente nós dizemos que não, nós não tivemos nenhuma notícia da Srta. Granger recentemente. Como dito antes, qualquer notícia que tivermos de Hermione será informada aos membros próximos á garota o mais rápido possível. E ao contrário do que a senhorita nos disse em sua correspondência um tanto quanto mal-educada, nós estamos sim muito preocupados com a Hermione, porém não há nada a ser feito já que ela se encontra segura com o seu instrutor, um homem da total confiança de Dumbledore. Informamos também que a partir de agora, comentários rudes da parte da senhorita serão ignorados. Não há absolutamente nada que possamos fazer.


Pansy bufou ao terminar de ler a carta e a amassou com força, a transformando num bolinho minúsculo e a atirando na lixeira da barraca. Não há nada que eles possam fazer... Claro que não há nada que eles possam fazer, eles são um bando de inúteis!
Três meses. Três meses se passaram sem uma única notícia de Hermione, a não ser um bilhete de John Stevie enviado a Dumbledore dizendo que ela estava com ele, segura. Aquele podia ser um bilhete falso, por Merlin.
Sentiu um chute na barriga e levou as mãos ao ventre.
– É... – murmurou distraída – Eu sinto falta dela também.
Pansy estava agora com quatro meses de gravidez e fazia pouco tempo que o bebê começara a chutar. Não tinha tido coragem de fazer o aborto. Por mais de uma vez tinha se sentido realmente tentada, e até tinha arrumado uma poção com umas garotas da sonserina em uma dessas vezes em que se sentiu particularmente assustada com o fato de ter um filho, mas nunca tinha ido até o fim. Agora a sonserina já estava um pouco mais tranquila com a idéia de ser mãe, apesar de ainda não saber o que iria fazer quando a menina nascesse. Sim, uma menina. Ela tinha certeza de que seria uma garota.
Lucas e Pansy não tinham voltado, exatamente. Ela não estava mais com raiva dele e ainda o amava de todo o seu coração, mas se decepcionara com a reação dele quando lhe contara que estava grávida. Por mais que só admitisse para si mesma, ele a tinha magoado. Apesar de que, Lucas estava agindo diferente agora. Mais amoroso e cuidadoso com ela. E ela não o tinha visto com nenhuma garota desde que eles terminaram, o que poderia ser um sinal de que talvez ele estivesse mudado. Ela esperava que sim. De qualquer forma, se os dois fossem voltar, ele ainda precisava provar para ela que estava diferente.
Só estava um pouco chateada porque agora a sua barriga estava começando a aparecer, e ela estava fazendo de tudo para isso não acontecer. Ninguém sabia que ela estava grávida além de Draco e Lucas. E Hermione. Mas agora que suas roupas estavam começando a ficar apertadas, a gravidez talvez deixasse de ser um segredo... e tudo que não precisava era de Hogwarts inteira comentando sobre isso.
Ah, e tinha mais uma pessoa que sabia também. Luna Lovegood. Mas essa tinha descoberto de um jeito totalmente sobrenatural. Nem Pansy tinha entendido direito como ela sabia.
As duas dividiam a barraca agora já que suas respectivas colegas de barraca não voltaram para a escola depois das festas. Gina estava na Mansão Malfoy, recebendo cuidados especiais. Ela tinha ficado com queimaduras muito sérias no corpo, devido ao incêndio. Mas estas os médi-bruxos puderam curar. O que aconteceu foi que o incêndio que Hermione sem querer causou, não era exatamente um fogo comum. Todos estavam achando que era fogo mágico, mas também não tinha muita certeza disso. Eles não entendiam direito o que tinha acontecido, mas o fogo tinha atingido as pernas de Gina e agora, de uma forma misteriosa, ela não podia andar. Misteriosa porque, aparentemente, estava tudo ok com a perna dela. A garota estava fazendo um tratamento que até estava surtindo efeito, mas muito lentamente. Se continuasse nesse ritmo, a Weasley-fêmea levaria anos até que pudesse andar novamente. Eles precisavam descobrir exatamente o que tinha acontecido para que ela pudesse se curar.
A porta da barraca se abriu e Luna entrou com uma carta na mão.
– Também recebeu a carta da Ordem da Fênix? – perguntou Pansy.
– Sim. – respondeu a loira.
– Como se a gente precisasse ser lembrado que a reunião vai ser aqui, amanhã. – falou a sonserina – A gente mora aqui.
Luna deu de ombros.
– É só uma formalidade.
– Bom, eu acho que eles são formais demais.
Luna deu um sorriso triste, entendendo ao que ela se referia.
– Hermione não está correndo nenhum perigo, Pansy.
A morena semicerrou os olhos.
– Ah, Lovegood, por favor... Me poupe dessas suas premonições furadas! Como você pode saber?
– Eu só sei. – Luna foi até a sua cama e começou a puxar malas de baixo dela – Olha, você deveria começar a empacotar suas coisas logo. Os professores vão desmontar o acampamento no final da tarde.
Ah, sim. Eles tinham finalmente acabado de reconstruir o castelo e aquele era o dia em que os alunos se mudariam de volta para o lugar.
Pansy decidiu seguir o conselho da corvinal e rumou para o seu guarda-roupa afim de fazer suas próprias malas. Quando abriu o móvel, uma caixa que guardava lá no alto caiu, deixando um monte de coisas espalhadas pelo chão.
– Droga!
Se abaixou para catá-las e se surpreendeu ao encontrar umas fotos esquecidas lá. Em umas delas ela e Hermione estavam sentadas na cama de Pansy, uma de costas para a outra, seus cabelos se misturando e elas estavam rindo muito.
Pansy sorriu.
– Como eu sinto sua falta, sangue-ruim... – murmurou para a Hermione sorridente da foto.
Em outra foto, Draco e Lucas também apareciam e os quatro se apertavam para caberem na câmera. Mas foi a terceira que surpreendeu mais. Ela devia ter caído das coisas de Hermione e acabou se misturando com as de Pansy. Era uma foto de Hermione e Draco se beijando numa praia. Os dois estavam molhados e a grifinória aparecia de biquíni enquanto Draco estava sem camisa. O mar estava atrás, tornando a foto perfeita.
Pansy olhou para os seus dois amigos da foto com um sorriso triste. Merlin, três meses sem vê-los juntos e ela já tinha se esquecido de como os dois faziam um casal lindo. Ela esperava do fundo do seu coração poder vê-los juntos de novo ao vivo, que aquilo não ficasse somente em uma lembrança. Era perfeito demais para ficar.
***
– Chegou tarde ontem. – comentou Lucas enquanto arrumava sua mala.
– Estava na festa do Ryan com a Taylor. – falou Draco em resposta.
Ryan era um sonserino do último ano que tinha dado uma festa na noite passada. Agora que os alunos iam voltar para o castelo, ia ficar mais complicado para o pessoal da sonserina dar festas clandestinas, com os professores no pé deles o tempo todo, - não que isso os tenha impedido alguma vez. Mas quando eles estavam no acampamento, não havia tanta preocupação em serem pegos como no castelo.
Draco também estava arrumando as suas coisas. Estava tirando o monte de tralhas que havia nas suas gavetas, jogando fora algumas coisas e guardando outras.
– Hum. – Lucas o olhou – Você tem ido muito nas festas do Ryan ultimamente.
Draco olhou para o amigo com cenho franzido.
– Você está com ciúmes, Lucas?
O garoto jogou um livro que ia colocar em uma das malas na direção da cabeça de Draco.
– Seu idiota. – Lucas revirou os olhos – Só estou dizendo que há um tempo atrás você parecia ter superado essa fase de festas. E agora você está de volta com tudo.
– Por quê? Você superou?
– Minha namorada tá grávida, cara. Se eu quiser parar de pisar em ovos com Pansy, eu tenho que agir como o bom menino que eu não sou...
– Fala sério, Lucas. Você e Pansy não estão nem juntos!
– Eu pretendo mudar isso logo... E por falar nisso, o que a Taylor tem a dizer sobre essas suas festas? Ela não parece gostar desse tipo de coisa.
– Mas ela sabe que eu gosto, e respeita isso.
– Com “respeita isso” você quer dizer: “vai junto pra te vigiar”? – Draco riu – Que coisa é essa que está rolando entre vocês, hein?
– “Essa coisa” que você diz, Lucas, se chama namoro. Quantas vezes eu vou ter que te dizer isso?
E Draco e Taylor estavam juntos agora. Qual não foi a surpresa de todos ao voltarem das festas de final de ano e perceberem que os dois estavam inseparáveis. Não demorou muito para começarem a namorar.
– Mais nenhuma, cara... – deu de ombros – Eu só acho isso tudo muito estranho...
O loiro o olhou impaciente, como se já soubesse o que vinha a seguir.
– O que é estranho?
– Draco... Não me leve a mal, mas ninguém achou que essa sua história com a Taylor fosse durar mais de uma semana. Você voltou para Hogwarts das férias e começou a agir como se Hermione nunca tivesse existido e como se estivesse esperando para encontrar com a Rose as férias inteiras. Tava na cara que era só teatro. Ainda tá. Eu só ainda não entendi o que você está armando...
Draco bufou.
– Não estou armando nada, Lucas. Eu gosto mesmo da Taylor. Por que ninguém acredita nisso?
Lucas o observou.
– Porque a teoria de que você está usando ela para uma possível volta da Hermione é mais plausível?
– Ah, Lucas, não enche! – exclamou o loiro.
– Não enche você, Draco! – retrucou no mesmo tom – Vai dizer que você não pensa mais nela? Que essa sua cabeça Malfoy não está pensando em um jeito de descontar o que ela fez? E, por favor, você vai tentar me convencer que não se preocupa com ela? Fala sério, eu estou preocupado com ela. E eu nem era tão próximo dela assim.
– Ela está ótima, Lucas. Melhor que ótima, com aquele treinadorzinho estúpido dela. Você são uns idiotas por se preocuparem. Stevie não deixaria nada acontecer com a queridinha dele.
Lucas soltou o ar dos pulmões.
– Não dá pra conversar direito com você. Tá completamente fechado. Muito mais do que era antes da coisa toda com a Hermione...
– Sério, Lucas? E você vai tentar alcançar uma pontuação no NIEM’s para uma vaga na escola de psicologia do St. Mungus e esqueceu de nos comunicar?
– Seu orgulho ainda vai te matar.
Draco sorriu.
– Aí que você se engana, Lucas. Por um tempo, eu fiquei completamente cego e esqueci do meu orgulho. Foi isso que quase me matou.
– Você sabe que ela vai voltar mais cedo ou mais tarde, não sabe? Não é como se você não fosse ter que encarar essa situação nunca mais.
– Isso realmente não me interessa, Lucas.
A conversa parou por ali. Lucas não quis mais insistir naquele assunto com Draco. Era incrível como Hermione Granger podia transformar Draco, isso era inegável. Há uns meses atrás, ela tinha feito surgir um lado completamente desconhecido nele, e agora, com a mesma facilidade, ela tinha o transformado de novo no que ele era antes. Só que pior.
***
Como todo o resto da escola, Harry e Rony também se preparavam para voltar ao castelo. Quer dizer, Rony se preparava. Harry estava muito concentrado, sentado na escrivaninha, escrevendo uma carta.
– Pra quem você tanto escreve? – perguntou Rony.
– Ah... – Harry levantou os olhos do papel e olhou para o seu amigo – Para a Ordem. Estou respondendo a carta que eles mandaram mais cedo.
Rony ficou ainda mais desconfiado.
– Você sabe que aquela era tipo uma carta conjunta, não sabe? Isso quer dizer que não foi escrita especialmente á você, então você não tem necessidade de responder.
– Bom, eu... – começou meio desconcertado.
Rony não esperou que ele terminasse de inventar alguma outra desculpa esfarrapada. Se aproximou e roubou o pedaço de pergaminho em cima da escrivaninha antes que Harry pudesse entender o que estava acontecendo.
– Peraí, - o grifinório olhou do pergaminho para a cara do amigo – você está escrevendo para a minha irmã?
Harry pareceu ter ficado sem saber o que dizer.
– Rony... – começou em tom de explicação, mas não terminou a frase. Não porque Rony o interrompeu, pelo contrário, o garoto ficou parado esperando ouvir o que ele tinha a dizer, mas a verdade era que Harry não tinha nada a dizer.
– Depois de tudo que aconteceu, você ainda tem coragem de escrever pra ela? – perguntou quando viu que ele não falaria nada.
Harry revirou os olhos.
– Não é a primeira vez que eu escrevo pra ela.
Rony soltou o ar dos pulmões.
– Você é inacreditável...
– Não é desse jeito que você tá pensando... – começou Harry – Eu não estou dando em cima dela nem nada disso... É só que... ela deve se sentir sozinha lá e...
– Então você está escrevendo por pena?
– Não! – exclamou – É só que... eu meio que sinto falta dela... A primeira carta eu escrevi porque eu queria saber o que ela estava pensando... sabe... com tudo que vem acontecendo. Não esperava que ela respondesse, mas ela respondeu. E eu respondi de volta, e por aí foi... - ele olhou para Rony e viu que ele não tinha expressão nenhuma então acrescentou – Não quero que fique chateado com isso, Rony.
O ruivo se sentou na sua própria cama e respirou fundo.
– Eu não estou chateado, Harry. Gina está passando por uma coisa muito complicada, e se tiver qualquer coisa que possa distraí-la um pouco disso, pode ter certeza que eu não me importo.
– Valeu, cara...
– Então, o que ela te disse? – perguntou Rony – Ela não conversa muito com a gente da família sobre isso, então...
– Ela disse que acredita que o tratamento que estão fazendo nela vá funcionar... É o que todos acreditamos... E ela disse que está preocupada com Hermione. – Harry deu um sorriso triste – Todos estamos, não é?
– É. – concordou Rony – Acho que esse é o conceito geral.
– Onde você acha que ela pode estar?
– Não tenho idéia. – ele fez uma pausa - Só espero que esteja bem.
– Acho que Hermione sabe se defender sozinha.
– Não foi isso que eu quis dizer... – falou Rony – Acho que não temos dúvidas de que Hermione pode dar um jeito em qualquer um que tentar machucá-la... Mas acho que o que aconteceu no Largo prova que ela não é muito capaz de se defender de si mesma.
Harry acenou, concordando.
– Queria que ela estivesse aqui. – ele murmurou – A gente daria um jeito de cuidar dela.
– Não conseguimos fazer isso da primeira vez... – comentou Rony num tom amargurado.
Harry olhou para o ruivo.
– Você também sente isso, não é? – perguntou o moreno – Como se tivesse falhado com ela?
– Nós éramos os melhores amigos dela... – disse Rony.
– Deveríamos ter nos focado mais em protegê-la... – completou Harry.
– Do Malfoy? – perguntou.
– De tudo. Mas acho que menos do Malfoy. – Harry recebeu um olhar surpreso de Rony – Quer dizer, eu não suporto o cara... Mas acho que ele fez mais por Hermione do que a gente. Ele gostava mesmo dela.
– Mas agora ele tá com outra...
– Não acho que ele goste mesmo dessa garota. Ele só deve estar com o orgulho ferido. Ele fez tudo que podia por Hermione e ela foi embora.
– Se Hermione voltar... Você acha que ele vai perdoá-la?
Harry pensou por um instante. Tinha visto o comportamento de Malfoy nos últimos meses. Parecia que ele estava se esforçando ao máximo para voltar a ser o mesmo idiota que ele era antigamente. Na verdade, achava que ele estava se esforçando até demais. Não parecia que ser um idiota era uma coisa que vinha facilmente para o Malfoy. Pelo menos, não mais. De qualquer forma, ele estava tentando provar para todos que nada tinha mudado, que ele ainda era Draco Malfoy. E com certeza, dar segundas chances á nascidas-trouxas não se encaixava no estilo de vida do antigo Malfoy.
– Não. – Harry respondeu - Ele não vai perdoá-la.
***
Estavam todos no salão principal naquela noite, para o primeiro jantar no castelo depois da invasão dos comensais. Era estranho estar ali - Pansy pensou - já estava muito acostumada com o acampamento.
– Olá, linda! – Lucas se aproximou, se sentando ao lado dela na mesa da sonserina.
– Oi. – Pansy respondeu vagamente. Draco tinha acabado de entrar no salão com Pansy e vinha na direção deles.
– Ai, ninguém merece.
Lucas seguiu o olhar dela e sorriu.
– Você odeia a garota tanto assim?
– Sim. – respondeu Pansy, rudemente.
– São só seus hormônios falando...
Pansy o fuzilou com o olhar. De uns tempos pra cá, qualquer coisa para Lucas era “os hormônios de Pansy falando”. Ela revirou os olhos. Como se ela já não tivesse aquele temperamento antes de estar grávida.
– E além do mais, - ele continuou – você odiava Hermione antes, e depois ficaram amigas.
– É diferente. E justamente por eu ser amiga de Hermione, é que eu tenho que odiar Taylor. É como se fosse código de garotas.
– Bom, talvez você esteja sendo muito amiga da Hermione ultimamente, e esquecendo de ser amiga do Draco, o cara que você conhece desde sempre.
– Isso é injusto. – Pansy falou – Não é como se eu estivesse escolhendo lados ou alguma coisa do tipo...
– Eu só estou dizendo que, eu sei... Talvez Draco esteja forçando a barra e cometendo um erro com esse negócio de voltar a ser o que era antes, mas eu não o culpo. Quer dizer, Hermione cometeu um erro bem maior. E ela nem está aqui. Talvez ela nem volte, Pansy.
Draco e Taylor finalmente chegaram e sentaram próximo a eles.
Dumbledore levantou da sua cadeira.
– Bem vindos de volta a Hogwarts. Acho que posso falar por todos quando digo que estamos felizes em estarmos de volta aos nossos confortáveis quartos e camas. Tão felizes que vão gostar de saber que nós professores vamos oferecer um baile de Boas Vindas para todos vocês.
Um burburinho correu por todo o salão. Dumbledore tinha razão, todo mundo gostou de saber daquela notícia. Ou pelo menos, quase todo mundo, porque Pansy sinceramente não conseguia entender como um simples baile podia deixar todos rindo á toa quando havia uma guerra se intensificando á cada segundo que se passava fora dos limites daquele castelo.
***
Eram oito em ponto e todos os membros da Ordem da Fênix se encontravam na biblioteca reformada da escola. Haviam colocado uma enorme mesa de madeira dentro da biblioteca e cadeiras em volta do móvel. Todos os membros da Ordem estavam presentes e parecia que as cadeiras haviam sido meticulosamente contadas, pois havia uma cadeira para cada pessoa. Tanto que havia uma cadeira sobrando, e apesar de ninguém ter dito nada, todos sabiam que era a cadeira de Hermione.
Ninguém a tirou de lá e quando as pessoas foram se sentando, Luna e Pansy acabaram ficando cada uma de um lado da cadeira vazia. Imaginaram que Hermione estaria entre elas se ainda estivesse ali.
Dumbledore entrou na sala e se sentou na ponta da mesa e então as poucas pessoas que conversavam se calaram. Mas ao contrário do que pensavam, o diretor não começou a reunião. Ele apenas ficou lá parado, olhando para as outras pessoas, com o seu famoso sorriso sereno.
Lupin foi quem falou:
– Já podemos começar, Dumbledore.
– Não, não podemos, meu amigo. – respondeu o diretor – Só vamos começar quando todos os membros da Ordem estiverem aqui.
Diante daquela fala, todos olharam em volta mas, com exceção de Hermione, não faltava ninguém. Todos os olhares confusos se voltaram para Dumbledore novamente.
– Então isso quer dizer que não vamos ter essa reunião hoje? – perguntou Lucas, que estava ao lado de Pansy. – Porque Hermione com certeza não vai aparecer.
Dumbledore não respondeu, apenas continuou sorrindo.
Draco, que estava ao lado de Lucas, arqueou uma sobrancelha, desconfiado. Não sabia porquê, mas seu coração tinha ficado acelerado de repente.
Luna soltou uma exclamação de surpresa, ao mesmo tempo que parecia voltar de algum transe, chamando a atenção de todos.
– Ela tá aqui. – disse com um sorriso.
– O quê? – perguntou Pansy, chocada – Quem tá aqui? Você enlouqueceu?
– Não! – exclamou a loira – Hermione tá aqui no castelo, ela tá vindo pra biblioteca agora!
O silêncio reinou na sala e um segundo depois eles começaram a ouvir passos no corredor. Todos começaram a se entreolhar.
Lucas olhou para Draco e podia jurar que o loiro estava mais pálido que o normal. Ele se remexia desconfortavelmente na cadeira enquanto os passos ficavam cada vez mais próximos.
A porta dupla da biblioteca se abriu e todos olharam para a garota parada ali. Ela sorria para eles como se os tivesse pego fazendo algo errado.
– Não acredito que vocês iam mesmo começar sem mim!
Ninguém sabia o que dizer então ninguém disse nada. Apenas encararam aquela pessoa que só podia ser Hermione, mas não se parecia nenhum pouco com a Hermione. Aquela pessoa tinha cabelos lisos, Hermione tinha cabelo cacheado. Aquela pessoa tinha cabelos pretos, Hermione tinha cabelos castanhos. Aquela pessoa usava roupas pretas e apertadas, Hermione usava as roupas mais leves possíveis. Mas ainda assim, era Hermione, apesar de ser difícil encontrar algo nela que estivesse igual a última vez que a viram. Até seu olhar estava diferente. Não sabiam exatamente como Hermione estaria depois de tudo que tinha acontecido, mas aquilo com certeza não era o que esperavam.
Dumbledore se levantou e encarou o grupo de pessoas boquiabertas.
– Eu entrei em contato com a Srta. Granger na última semana e disse á ela, e acho que todos concordam, que já era hora de voltar. – ele se voltou para a garota – Pode se sentar, Srta.
Hermione rumou para a cadeira entre Luna e Pansy e antes de se sentar, quase foi derrubada por uma Luna eufórica.
– Mione! – ela disse – Seja muito bem vinda de volta! Nós todos quase morremos de saudade e preocupação!
Pansy observou a garota em silêncio e a viu sorrir. Um sorriso completamente diferente do de antes. Um sorriso que não atingiu seus olhos.
– Obrigada, Luna.
As duas se sentaram e foi a vez de Lupin falar.
– Hermione... – ele disse olhando para a garota como se ainda não acreditasse que ela estava mesmo ali – Você está bem? Aonde você esteve?
Aquela com certeza era a pergunta que não queria calar. Todos a olharam esperando uma resposta. Hermione sorriu e cruzou as pernas.
– Eu estou ótima, Lupin. Não havia motivos pelo qual vocês se preocuparem. Eu apenas prolonguei as minhas férias de Natal pra colocar as coisas em ordem. Uma coisa, em especial. Meus poderes. Eu finalmente tenho controle absoluto sobre eles. Incidentes... não vão mais acontecer. Não tem mais nada dentro de mim com o poder de me controlar.
– É bom ouvir isso. – Moody disse – Quer dizer que vamos poder começar a usar seus poderes para algo de interessante?
– Alastor! – repreendeu Molly Weasley, que estava do lado do seu marido, encarando Hermione com uma expressão indescritível.
– O que? Não é a verdade?
– Moody está certo. – disse Hermione - Meus poderes vão finalmente servir pra alguma coisa.
– Ótimo. – respondeu o auror, satisfeito.
– Na verdade, - ela falou com um sorriso misterioso – eu não poderia passar uma temporada fora sem trazer um presente pra vocês.
E dizendo isso , ela fez um aceno no ar fazendo aparecer um bela bracelete, com o formato de uma cobra, na palma da sua mão. Ela o colocou na mesa e todos a encararam com idênticas caras de interrogação.
– Interessante escolha de cores, hã? – ela falou.
O bracelete era todo prateado. Havia duas esmeraldas nos olhos da cobra, que brilhavam toda vez que a luz lhe atingia. Verde e prata.
– Sonserina...? – murmurou Pansy.
– O que é isso, Hermione? – foi Harry quem perguntou.
– Vocês conseguem ver o que está escrito aqui? – ela apontou para a parte interna do bracelete – Diz ‘Família Gaunt’.
Os olhos verdes de Harry se arregalaram e ele completou:
– A família da mãe de Voldemort.
Um silêncio questionador reinou novamente na sala. Hermione podia sentir as perguntas se formando na cabeça deles. Ela sorriu de lado.
– Eu trouxe uma horcrux de presente pra vocês. O que acham disso?
As perguntas que antes se formaram, começaram a saltar da boca dos membros da Ordem ao mesmo tempo, causando um enorme falatório. Todos olhavam de Hermione para o colar colocado em cima da mesa.
– Vamos todos ficar em silêncio. – falou Dumbledore, mais alto que todos mas sem alterar seu tom – Por que não deixamos a Srta. Hermione explicar tudo calmamente?
– Obrigada. – ela acenou a cabeça para Dumbledore – Bom, nessas férias, eu acabei tendo muito tempo para pensar... Então eu comecei a analisar a guerra e a pensar que o primeiro passo para acabar com isso de uma vez por todas é encontrar todas as horcruxes e destruí-las. Isso parece muito óbvio, mas com todas as coisas que vem acontecendo ultimamente com a Ordem da Fênix, isso acabou ficando em segundo plano.
– E como você sabe disso? Você não esteve aqui durante três meses. – foi Draco quem falou, e todos o olharam. Inclusive Hermione.
Pela primeira vez em meses os dois se encararam olho no olho. A raiva por trás da voz dele era óbvia e o ar ficou mais pesado na biblioteca de Hogwarts naquele momento. Nenhum dos dois sabia o que sentiram naquele momento. Porque apesar de só terem se passado três meses desde que eles eram namorados, se amavam e não negavam para ninguém, a sensação era de que mais de três anos tinham ido embora. Então eles estavam ali, a menos de um metro de distância, mais próximos fisicamente do que não estiveram em meses, e se sentiam mais longe do que nunca. Era uma coisa inexplicável. Alguma coisa tinha se quebrado entre eles. Na verdade, os dois estavam quebrados, destruídos por dentro. Não eram mais os mesmos.
– Por quê? – ela falou, finalmente tirando os olhos dele – A Ordem mandou membros em alguma missão de buscas pelas horcrux ultimamente? – ninguém falou nada e Hermione sorriu presunçosamente – Foi o que eu pensei. Bom, voltando ao assunto. Eu comecei a tentar pensar como Voldemort. E a pensar em todas as coisas que ele gosta, que parecem significar alguma coisa pra ele. Foi quando eu me lembrei de uma conversa que eu tive com o Malfoy. – ela olhou brevemente pra ele – Voldemort parece ter uma fissura pelo castelo de Hogwarts. Tanto que construiu um castelo para si próprio. E eu me lembrei que a primeira horcrux de que nós ouvimos falar, o diário de Tom Riddle, estava aqui. Então eu comecei a pensar, ‘e se talvez essa fissura dele não for só por Hogwarts, e sim por castelos em geral...’ Nisso, eu também tinha começado a fazer pesquisas sobre Voldemort... sobre a vida dele... Fui parar na Borgin & Burkes porque eu achava que a melhor forma de saber mais sobre a horcruxes era sabendo o que Voldemort tinha feito, ou pelo menos por onde ele tinha andado, desde a época que ele se formou em Hogwarts, até seu retorno antes da primeira guerra. Falei com muita gente...
– E todos simplesmente sentaram lá, respondendo felizes da vida enquanto você indagava o passado do maior bruxo das trevas de todos os tempos? – perguntou Lucas. – Ninguém tentou te matar ou alguma coisa assim?
Hermione fez uma pausa.
– Houve alguns inconvenientes, sim... mas... digamos que... eles não tiveram escolha. – todos pararam para pensar no que aquela frase poderia significar - E depois, nada que um feitiço de memória não resolva. Bom, o que importa é que eu descobri que Voldemort morou durante um tempo na aldeia de Bamburgh. E que surpresa, a cidadezinha tem um castelo. Então eu decidi fazer uma visita. Não foi difícil achar a horcrux depois que eu cheguei ao castelo.
– Então foi isso? – Harry perguntou – Você simplesmente, chegou lá, pegou a horcrux e foi embora. Simples assim? Ela não estava escondida?
– Estava, mas achá-la não foi um problema.
– E não havia magia negra a protegendo?
– Havia, mas isso não foi um problema também.
Um silêncio se formou enquanto Hermione apenas o encarava.
– Por que nós estamos com o pressentimento de que você está escondendo alguma coisa, Hermione? – perguntou Rony.
– Eu não sei. Talvez vocês estejam tendo aulas demais com a professora Trelawney e começaram a ver coisas que não existem também. – eles continuavam a encarando e ela bufou – Por favor, vocês deveriam me agradecer. Eu trouxe uma horcrux pra vocês. Se estão decepcionados por eu ter roubado toda a ação de ir atrás dela, não fiquem. – Hermione observou a jóia – Eu não acho que vai ser assim tão fácil destruí-la. Eu dou essa honra toda pra vocês...
Por mais que odiassem admitir, de certa forma ela estava certa. Eles não faziam nada a respeito das horcruxes há um tempo, e ela ter trazido uma era brilhante. Ela ter descoberto aquilo era brilhante. Em meio á tudo que tinha acontecido com a garota, eles tinham se esquecido de como ela era inteligente e perspicaz quando se tratava de resolver um mistério.
– Então, as horcruxes estão em castelos. – falou Harry – Isso é... – ele parou pra pensar numa palavra – muito vago. Há centenas de castelos no Reino Unido. E ainda há a possibilidade de eles não estarem apenas no Reino Unido.
– Acho que essa a intenção dele. – falou Hermione – Ele sabia que mesmo que relacionássemos os castelos com as horcruxes, ainda seria como procurar uma agulha num palheiro.
– Nesse caso, mais quatro agulhas. – falou Rony.
– Talvez eu possa ajudar. – Luna se pronunciou – Quer dizer, minhas visões devem seguir para alguma coisa, não é?
– Se eu sei alguma coisa sobre esse seu dom estranho, Lovegood, é que você não escolhe quando vai ter as visões. – falou Pansy – Não dá pra simplesmente sentar e esperar que você sonhe... ou surte... ou seja lá o que você faz...
– Eu estou melhorando.
– Acho que Luna pode tentar ajudar. – falou Lupin - Assim como todos podem também, quer tenham poderes ou não. Os castelos são muitos, mas nós também somos e talvez, tudo que precisamos fazer é pesquisar sobre eles e tentar achar alguma relação, qualquer que seja, com Voldemort.
– Não vai ser assim tão fácil. – Hermione respondeu – Eu achei fazendo pesquisas, e perguntando pra pessoas, mas ainda assim não descobri muita coisa. Foi sorte. E se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos tempos, é que não se pode contar com ela.
– Podemos tentar. – ele respondeu e a garota deu de ombros.
– Acho que podemos encerrar a reunião aqui. – Dumbledore disse – Há muito a ser feito.
Todos começaram a se levantar, e Harry se pronunciou, tirando a horcrux de onde Hermione a tinha tirado.
– Eu vou arrumar um jeito de quebrá-la. É minha responsabilidade.
Draco, que havia permanecido quieto por todo o tempo, revirou os olhos. Potter era tão mártir que daria até pena se não fosse tão patético.
Ele foi o primeiro a sair dali, não aguentava nem mais um minuto daquilo. Ou pelo menos achava que tinha sido o primeiro, até encontrar Hermione parada no corredor o encarando assim que ele saiu.
– Então, - ela sorriu – você sentiu falta da sua Hermione?
Ele a encarou com desprezo.
– Sim, mas ela morreu naquele incêndio junto com Longbottom.
O sorriso dela logo desapareceu.


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Notas finais do capítulo

N/A: Olá pessoal! Desculpa a demora pra vir esse capítulo, mas esse daqui não estava terminado ainda, e como final de semestre é uma loucura, eu tive que esperar entrar de férias para terminar! E demorou ainda mais porque eu estava acrescentando mais algumas coisas nos capítulos que eu já tinha escrito... coisas sobre a guerra... porque já tava mais do que na hora de eu focar mais na parte da guerra e menos na parte do romance. Eu estava escrevendo todas as cenas de romance e pulando as cenas sobre o desenvolvimento da guerra que eu deveria escrever, então eu tirei essa semana para refletir sobre o rumo que a guerra ia tomar e desenvolver essa história de castelos e tal... Eu já tinha pensado nisso há um tempo, mas eu precisava fazer uma pesquisa sobre os castelos da Inglaterra e desenvolver a idéia, para quando a Hermione voltasse, e como eu disse, estava totalmente sem tempo e quando tinha tempo, mais inclinada ao romance. A boa notícia é que agora que eu estou de férias, vou começar a escrever non stop, para terminar logo essa fic e começar outros projetos. Sobre a história da fic... Eu sei que a revolta com a Hermione é um sentimento geral no momento, mas vamos ter paciência com ela. Tenho certeza que mais cedo ou mais tarde, ela volta pro eixo. ;-) Uma coisa boa, que eu acho que vocês vão gostar, é que como o pessoal vai começar a dar uma focada em destruir as horcruxes agora, vocês vão ver mais do Rony, Harry e Luna. Da Gina também, mas ela ainda vai demorar um pouquinho para reaparecer... Eu acho que agora que isso tudo aconteceu, vocês podem começar a entender melhor o significado da música Dear John para a fic. Foi por causa dessa música que eu dei esse nome para o personagem do John. Quando eu li os agradecimentos do cd da Taylor Swift, estava escrito assim sobre essa música: Pra alguém que deixou meu mundo muito sombrio por um tempo, e eu pensei que se encaixava quase perfeitamente para a fic.
Comentem mais tbm, pessoal! Quase não fiquei sabendo o que vocês aqui do nyah acharam do capítulo anterior, e ele foi muuuuito importante pra fic! Preciso saber o que vocês estão achando...
beijooos :~*