O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 24
Left Broken and Heartless


Notas iniciais do capítulo

"Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Sabe Zé, no começo doeu não sentir nada. Mas eu consegui. Eu não sinto nada. Nada. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa. Eu queria te dizer que eu sinto muito, Zé. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé. Tati Bernardi"



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Deixada Ferida e Sem Coração

A Ordem da Fênix tivera que colocar mais feitiços no Largo Grimmauld para impedir que aquilo chamasse a atenção dos trouxas. Devia haver umas dez carruagens paradas na rua naquela madrugada. Todas com o brasão da família Malfoy.
Hermione se encontrava sozinha dentro de uma delas, envolvida por um cobertor que a Sra. Weasley lhe dera. Estava ali há horas. Até agora não tinha entendido muito bem tudo que tinha acontecido. Flashes passavam na sua cabeça de algumas coisas mas era como se tudo fizesse parte de um quebra-cabeça sem sentido. Ela não se sentia capaz de colocar todas as peças juntas e ver a situação por inteiro.
Lembrava que estava no meio do fogo abraçada a Gina e ao lado de um Neville completamente inconsciente e indefeso. Sabia que todos estavam tentando fazer algo para chegar até elas mas ninguém parecia conseguir. Então Gina desmaiara nos seus braços. Então Draco tinha conseguido apagar o fogo. Conseguiram tirar elas de lá. Chamaram médi-bruxos. Eles tinham colocado Gina numa maca e a levado embora. As carruagens tinham chegado junto com Narcisa Malfoy. Eles a colocaram dentro de uma delas. Podia ouvir vozes do lado de fora. Alguém tinha perguntado se todos tinham conseguido sair. Alguém perguntou aonde estava Neville. Alguém o achou. Ouviu gritos e choro do lado de fora. Hermione entendeu o que tinha acontecido e começou a chorar do lado de dentro.
A porta da carruagem foi aberta e Draco entrou, se sentando ao lado de Hermione. Ele passou os braços em volta dela e a puxou para si. A garota encostou a cabeça no peito dele e continuou chorando desesperadamente.
- Eu sinto muito, Draco. – ela falou em meio ao choro – Eu sinto tanto... Eles sabem o quanto? Por favor, diga a eles...
- Não foi sua culpa, Hermione...
Ela se afastou dele.
- Pára! Você sabe que foi! – ela se encostou no acento da carruagem e tapou a mão com o rosto num choro descontrolado – Todos sabem que foi!
Draco a encarou sem saber o que fazer. Não aguentava ver Hermione sofrendo daquele jeito. Por que alguém como ela tinha que sofrer tanto? Era tão injusto.
- Nós vamos para a mansão Malfoy agora, ok? – ele murmurou acariciando os cabelos dela – Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem... Todos vão ficar bem...
Ela não acreditou naquilo. Todo mundo sabia que as pessoas diziam aquilo como conforto quando não havia mais nada o que dizer.
Ele ia sair novamente para ver se ainda precisavam dele para apagar o incêndio mas parou quando ela disse:
- Neville não vai... – ela se interrompeu, talvez com medo de continuar.
Ele a olhou surpreso, pensava que ela não sabia. Em seguida, seu olhar mudou.
- Não... Ele não vai...
Ela desviou o olhar, sentindo que a dor que estava sentindo tinha lhe roubado todo o ar.
- E a Gina? – perguntou.
- Ninguém sabe...
O choro dela se intensificou e ele voltou a se aproximar.
- Não, Draco... – ela se afastou – Me deixa sozinha... Quero ficar sozinha...
Ele ia protestar mas em seguida assentiu, fazendo o que ela pedia.

***

Nevava muito enquanto a Ordem da Fênix chegava na mansão Malfoy. Carruagens passavam a todo minuto pelos imensos portões, trazendo novos membros da Ordem e objetos que conseguiram ser salvos do incêndio.
Da sacada do quarto de Draco, ela encarava a vista do pequeno vilarejo ali perto e suas casas cobertas de neve. Era muito difícil encontrar algum ponto da paisagem que não estivesse completamente pintado de branco.
Hermione não chorava mais. Tinha passado as duas horas de viagem do Largo Grimmauld até a Mansão Malfoy num choro compulsivo e histérico. Draco esteve ao seu lado o tempo todo, no começo lhe dizendo palavras de conforto, mas quando viu que aquilo não ia realmente melhorar as coisas, ele finalmente a deixou chorar sozinha, no seu canto. Quando chegaram na mansão, ele a guiou até o seu próprio quarto e a deixou lá, dizendo que os elfos domésticos estavam preparando um quarto para ela e sabendo que ela ainda queria ficar sozinha. Ela agradeceu mentalmente a ele por isso.
Estava ali parada, escorada no parapeito por algumas horas e suas lágrimas pareciam ter chegado ao fim. Observava pessoas saírem da carruagem com caras tristes, arrasadas. Algumas pessoas feridas, outras desmaiadas. Tudo por culpa dela. Dela e de sua falta de controle.
Ela ainda estava com o seu fino pijama de algodão que usava para dormir e tinha a consciência de que fazia um frio fora do normal. Não porque o sentia, mas porque via pessoas chegando com os dentes rangendo, tremendo de frio.
Hermione não sentia nada, a não ser uma dor tão forte no seu peito que fazia parecer que ela ia parar de respirar a qualquer momento. Todo o seu ser estava concentrado naquela dor. Sentia como se finalmente, depois de um longo tempo caindo, ela tinha finalmente atingido o chão. Devia ter imaginado que depois de tanto tempo numa queda que parecia infinita, a dor do impacto seria aterrorizante.
A decisão dela estava tomada antes mesmo de ela saber que havia uma decisão a ser tomada.
- Hermione?
Ela começou a se virar para encarar Draco mas não precisou completar o movimento porque ele logo estava ao seu lado.
- Está frio...
Ela não falou nada enquanto o deixava colocar seu casaco sobre os seus ombros. Sentiu o cheiro dele invadir suas narinas e aquilo, de alguma forma, só tornou tudo pior.
- Draco, eu preciso falar com você... - ela começou a dizer.
- Me deixe falar primeiro, ok? - ele disse gentilmente - Tenho algo para você.
Ela o observou tirar algo do seu bolso e em seguida lhe mostrar um lindo e delicado anel, com um rubi em forma de coração bem no centro. Aquele era, talvez, o anel mais bonito que ela já tinha visto.
Ela viu ele levantar uma de suas mãos e colocar o anel cuidadosamente no seu dedo, beijando-o em seguida.
- Esse é um anel de compromisso. Pra te lembrar o quanto é importante pra mim e que eu vou sempre estar com você, não importa o que aconteça. - ela fechou os olhos diante daquelas palavras. Queria chorar mas as lágrimas não vinham. O choro ficou lá, entalado na sua garganta. - Você vai sempre andar com o meu coração no seu dedo.
Ela abriu os olhos e encarou aqueles olhos azuis que ela amava com uma intensidade assustadora.
- Draco... - ela olhou para o anel em seu dedo e o tirou dali em seguida - Eu não posso aceitar...
- Não, Hermione... - ele falou como se já esperasse por isso - É um presente, eu...
- Não, Draco. - ela colocou o anel em cima do parapeito de cimento e não o olhou nos olhos quando voltou a falar - Não só o anel. Seu coração.
Ele pareceu não entender.
- Como?
- Não posso ficar com o anel e muito menos com o seu coração. - ela murmurou - Eu vou destruir os dois, como todo o resto.
- Hermione, não diga bobagens...
Ele se interrompeu quando eles ouviram uma movimentação diferente. Os dois olharam para baixo e viram uma nova carruagem chegar. Alguns segundos depois, Gina saía de lá, numa maca puxada por médi-bruxos. Hermione a ouviu repetir várias e várias vezes, numa voz banhada em desespero, que não conseguia sentir as suas pernas.
Draco segurou Hermione pelos ombros, fazendo-a desviar os olhos daquela cena horrível e encará-lo.
- Não seja idiota, Granger. - ele falou duramente - Nada disso é culpa sua.
Ela não se moveu, apenas piscou lentamente. Quando falou, foi de forma calma e monótona:
- Você sabe que é. Todos sabem que é.
- Você não fez isso propositalmente... - ele falava de forma desesperada. Precisava fazê-la entender.
- Mas eu fiz. Se foi proposital ou não... Não importa.
- É claro que importa! – ele exclamou.
- Não! – replicou – Não muda nada!
Ele tentou protestar mas ela o cortou.
- Eu estou indo embora, Draco...
- O quê? - ele quase gritou - Nem pensar!
- Eu estou indo embora. - o tom dela não se alterava e aquilo o estava irritando profundamente – Estou te dizendo isso, não pedindo pela sua permissão. Você não pode me impedir.
Ele riu histericamente.
- Eu posso e eu vou.
- Isso não é um dos seus jogos, Malfoy! Eu estou indo embora, quer você queira ou não.
- Hermione... Não seja louca! Nós estamos em guerra, Voldemort está atrás de você... Você não pode sair por aí sem proteção!
- Eu não me importo...
- Você não se importa com você mesma? - ela não respondeu - E comigo, você não se importa?
- Você vai estar melhor sem mim...
- Sem você? - ele achou que aquilo era a coisa mais absurda que ela poderia dizer – Eu nunca ficaria melhor sem você, Hermione...
- Ficaria sim. - ele ficou feliz em ouvir a sua voz embargada - Todos vocês vão ficar melhor sem mim. Você não entende como eu me tornei perigosa?
- Você não é perigosa!
- Não sou? - ela se desvencilhou dele - Você viu o estado em que o Largo ficou? O lugar estava acabado! As pessoas se feriram... e Gina... - para sua surpresa, ela chorava novamente. Achou que não seria mais possível.  – sabe Deus o que vai acontecer com Gina! E Neville? Ele está morto! Por minha culpa! – o corpo inteiro dela tremia - Eu matei uma pessoa, Draco!
Os dois se encararam em silêncio por um tempo. Hermione tentava controlar o choro e Draco estava sentindo-se de mãos atadas. Tudo que sabia era que não podia deixar Hermione ir embora.
- Gina vai ficar bem, Hermione. - ele tentou falar - Pode demorar um tempo, mas tem milhares de tratamentos pra isso. Algum deles vai funcionar pra ela.
- E Neville, Draco? Tem noção de como a vó dele vai ficar quando souber? Ele nunca vai voltar! E a culpa é minha!
- Não é, Hermione! Para de repetir isso! Você não fez nada disso por querer!
- Por que você não consegue entender que não importa? O que está feito está feito! Os motivos são irrelevantes! - ela limpou as lágrimas bruscamente e rumou para a saída da sacada - Não quero que isso aconteça de novo! Não vou deixar acontecer de novo! Eu vou embora!
- Hermione, por favor... - ele a segurou pelo braço, a impedindo de sair, e a olhava seriamente desesperado agora - Você não pode ir embora. Você está a salva aqui.
- Eu estou. – ela murmurou - Mas todos vocês não estão...
- Hermione... Por favor... - ele a segurou mais forte, engolindo todo o seu orgulho agora - Eu estou implorando pra você ficar... Por favor. Eu te amo. Por favor, fica aqui. Fica aqui comigo. Não me deixe sozinho.
Ela o beijou e foi a coisa mais dolorosa que ela poderia fazer. Milhões de crucios não batiam a dor de deixá-lo.
- Eu te amo também, Draco... - ela tentou, a todo custo, olhá-lo nos olhos - Mas eu preciso ficar sozinha agora... acabou de verdade pra gente.
Ela se afastou e ele não se moveu. A observou sair sabendo que, ela querendo ou não, tinha arrancado o coração dele do seu peito para levá-lo junto com ela.

***

Hermione dobrou a carta que tinha terminado de escrever e se aproximou da coruja que estava parada na janela esperando para levá-la. Amarrou o pergaminho com cuidado na pata do animal e o acariciou automaticamente.
- Não demore. – murmurou para a ave.
- Bom momento pra escrever cartas...
Hermione se virou para ver sua amiga, Pansy Parkinson, parada na porta do quarto olhando para ela com um dos olhares mais tristes que Hermione tinha recebido.
- Eu sinto muito, Hermione... – falou a sonserina adentrando o cômodo.
- Pansy... – Hermione tentou sustentar o olhar da garota mas não conseguiu – Eu preciso te dizer uma coisa...
Pansy se aproximou.
- Você vai embora, não vai? – falou.
Hermione a olhou um pouco surpresa.
- Como você sabe?
- Porque você é uma das pessoas mais altruístas que eu conheço. – respondeu Pansy com a voz embargada – Mas também se tornou muito perigosa.
Hermione encarava as próprias mãos.
- Obrigada por me apoiar...
- Eu não te apóio, Hermione. – respondeu sinceramente – Mas eu te entendo.
- Obrigada, de qualquer jeito.
As duas ficaram em silêncio por alguns segundos.
- Você não precisa ir, sabe... Ninguém está te mandando embora... Nós todos vamos dar um jeito de conviver.
- Eu acho, Pansy... – falou lentamente – que eu é que não quero conviver comigo mesma agora...
- Não pode fugir de si mesma, Hermione.
Pansy já tinha parado de lutar contra o choro e agora as lágrimas desciam livremente. Nem acreditava em como as coisas tinham mudado de uma hora para a outra. Aquela era, possivelmente, a situação mais triste pela qual ela já tinha passado. Realmente entendia Hermione e por isso não tentaria impedi-lá de ir embora. Sabia que ela encontraria o caminho de volta, de algum jeito. Só não conseguia imaginar como as coisas ficariam sem ela. Com certeza, nada mais seria o mesmo.
- Eu nem sei mais quem eu sou pra fugir, Pansy. – respondeu a grifinória, com os olhos marejados.
Hermione decidiu encerrar a despedida por ali antes que se arrependesse da sua decisão. Pegou a mochila com algumas poucas coisas que haviam sobrado e colocou nas costas.
- Te vejo por aí, vadia. – respondeu já se aproximando da porta.
- Te vejo por aí, sangue-ruim.
Hermione saiu e Pansy continuou encarando a porta com um olhar perdido. Meio minuto depois, Hermione estava de volta.
Ela se aproximou da amiga e as duas se abraçaram apertado. Pansy chorando como uma criança e Hermione sentindo nada além de um vazio. Um imenso vazio que sabia que não conseguiria preencher com nada nem com ninguém.
- Se cuida, Hermione. – falou Pansy depois do abraço – Me prometa que não vai esquecer quem você é, ok? Por favor.
- Eu prometo.
Hermione não sabia disso ainda, mas aquela era uma promessa que ela viria a quebrar num futuro bem próximo.

***

Draco estava perdido. A última coisa que queria era que Hermione fosse embora. Se ela fosse, sabe Merlin quando ela voltaria. Ou se ela voltaria. Ou como ela voltaria. Achava que nunca tinha sentido tanto medo. Queria passar a pose de durão para os outros e principalmente para Hermione, mas a verdade é que ele estava tão assustado como todo mundo estava. Ou até mais.
Hermione tinha matado o Longbotton. Hermione nunca tinha matado nem uma mosca e de repente ela tinha matado o Longbotton. Claro que não tinha sido culpa dela mas... Merlin, aquilo era uma coisa terrível. Sem falar na Gina e no que aconteceria com ela.
Estava com medo de perder Hermione se ela fosse embora. Quer dizer, claro, ela já tinha terminado com ele... Mas ela se arrependeria disso mais cedo ou mais tarde, e ele aceitaria ela de volta, como prometido. Ele sempre aceitaria ela de volta. Mas se ela fosse embora, as coisas poderiam ser diferentes. Muito diferentes.
No silêncio da noite, ouviu passos no mármore do jardim e se aproximou da janela para olhar quem era. Se surpreendeu ao ver a própria Hermione indo em direção aos portões da mansão sorrateiramente. Draco fez menção de sair para impedi-lá mas uma coisa o impediu.
Uma moto parou em frente ao portão da mansão. O loiro prendeu o maxilar ao ver quem estava na moto. John Stevie. Vê-lo ali, na frente da sua casa, fez uma raiva terrível se apossar de Draco.
Hermione passou pelos portões e antes de subir na garupa da moto, deu uma última olhada para a mansão. Seus olhos bateram em Draco na janela e os dois se encararam muito sérios.
O encontro de olhares não durou mais que alguns segundos, Hermione não conseguiu olhar aqueles olhos azuis decepcionados por mais tempo. Ela subiu na moto e John pisou no acelerador, a levando embora.
Draco a deixou ir e para sua própria surpresa, esperava que ela nunca mais voltasse.

***

John morava em um bairro trouxa, há poucas quadras do centro de Londres. A casa não era grande, mas com certeza era espaçosa o suficiente para uma pessoa. Ou seria, se não fosse a bagunça em que ela se encontrava. Na verdade, se Hermione reparasse bem, veria que a casa parecia o ringue que eles usavam em Hogwarts. Havia equipamentos de luta por toda a parte.
A garota entrou na casa seguida de John, que logo sumiu de vista. Ela procurou um lugar para se sentar no sofá velho da sala, já que este estava cheio de coisas velhas.
- Não sabe a minha surpresa quando recebi sua carta. – falou ele de onde ela agora achava ser a cozinha – Você não tem sido muito amigável comigo desde que compartilhamos aquele beijo no ringue...
Hermione revirou os olhos e se encostou no sofá. Esperava que aquela tivesse sido uma boa idéia. John tinha sido a primeira pessoa que tinha pensado em procurar e na verdade, era a única com quem ela podia falar. E também, sabia que ele não ia ficar cheio de pena dela e não ia agir todo Me-Deixe-Te-Abraçar. E aquilo era uma coisa boa. Tudo que Hermione não precisava era de olhares que a lembrassem 24 horas por dia do que ela tinha feito. Ela tinha estragado tudo. Sim, sabia muito bem disso. Sem lembretes, muito obrigada.
Tinha alcançado um outro nível de culpa. Não chorava mais há um bom tempo e realmente duvidava que fosse de novo. Estava tão cansada dos outros sentindo pena dela quanto estava cansada de sentir pena de si mesma.
- Então quer dizer que você ateou fogo na sede da Ordem da Fênix... – disse ele voltando.
Hermione viu que ele carregava uma garrafa de vodka e se sentiu horrorosamente aliviada.
- Isso mesmo.
- Pra você. – ele jogou a garrafa para Hermione e seus reflexos de luta a permitiram pegá-la – Considere meu presente de Natal. Apesar de quê, isso serve mais pra mim do que pra você, não é? Não quero que você coloque minha casa a baixo nem me mate.
Ela fez uma careta para ele e abriu a garrafa, bebendo do gargalo.
Ele se aproximou e se sentou numa cadeira ali perto.
- Você foi irresponsável, Hermione. Sabia dos riscos.
Depois de um gole generoso da vodka, ela começava a se sentir melhor.
- Eu sei. – ela respondeu após secar a boca com as costas da mão – Mas eu pensei que eu fosse só passar mal ou, na pior das hipóteses, quebrar algumas janelas. Nunca imaginei que eu fosse... fazer isso tudo.
- É. – ele deu de ombros – Odeio admitir, mas dessa vez você conseguiu surpreender até a mim. Nunca vi algo desse tipo.
Ela arregalou os olhos.
- Nunca?
- Quer dizer, não sem querer. Eu posso colocar fogo numa casa se eu quiser, Hermione. Mas vai me exigir muita força de vontade. Agora, você fez isso sem nenhum esforço. Sem nem querer. Isso me faz imaginar do que você seria capaz se se esforçasse.
- Não acho que eu queira saber... – ela murmurou.
- Deveria querer. – ele falou – Quando você finalmente conhecer a sua própria força, você vai ser capaz de fazer o que você quiser. De qualquer forma, isso só prova o que já sabíamos. Voldemort não estava de brincadeira quando colocou esse feitiço em você.
- Ele não estava de brincadeira quando quis colocar esse feitiço no Malfoy... Esqueceu que era pra ser ele?
- Ah, perdão. – ele sorriu ironicamente – Erro meu.
Ele observou Hermione perdida em pensamentos e se sentiu curioso sobre algo.
- E você abandonou o Malfoy... – ele constatou – Nem dá pra acreditar que você deixou seu querido namoradinho.
Ela bebeu em silêncio por um tempo.
- Eu tenho que conseguir lidar comigo mesma pra poder lidar com outras pessoas. Preciso ser Hermione Granger antes de ser namorada de Draco Malfoy. Só vou voltar quando estiver pronta.
Ele não falou, mas a admirou por isso.
- Se estiver disposta, você vai se tornar invencível. Posso te tornar invencível. Você vai ter todo o controle de si mesma e vai poder ajudar a pôr um ponto final nessa guerra de uma vez por outras.
- É tudo que eu quero.
- Pode levar algum tempo. – ele alertou.
- Não me importo com o tempo.
- E não sei se a sua moral grifinória vai estar de acordo com o que eu tenho em mente...
Ela deu de ombros.
- Eu não me importo. Só quero acabar com isso o mais rápido possível... Com a guerra, com essa sensação... Não me importo com nada além disso.
E era verdade, ela não se importava mais com nada.
- Acho que agora nós vamos começar a falar a mesma língua, Granger. – ele se levantou e já ia rumando para a porta de saída quando voltou e falou: - Ah, e só pra te avisar... Vou dar uma festa hoje.
Ele saiu e deixou uma Hermione chocada na sala.
Ótimo. Como se ela tivesse muito a festejar.

***

Draco encarava o teto do seu quarto na mansão Malfoy. Parecia hipnotizado. As paredes do quarto eram verdes e prateadas e ele tentava se concentrar nelas para evitar sentir o que estava sentindo. Na verdade, ele estava tentando se concentrar em qualquer coisa para não sentir o que estava sentindo. Hermione tinha ido embora. Com John Stevie. Parecia que ele estava vivendo em um dos seus pesadelos. Hermione não podia tê-lo deixado para ir embora com John Stevie. Era surreal demais.
Para ser sincero, ele achava que tinha entrado numa realidade alternativa. Porque não era possível tanta coisa ruim acontecer assim de uma hora para outra, em menos de vinte e quatro horas. Parecia um desastre cumulativo. E o que era aquilo que ele estava sentindo? Draco nunca tinha sentido aquilo nos seus dezessete anos de vida. Era aquilo que todos chamavam de coração partido? Ele sempre achara aquele termo um exagero. Sempre achara que as pessoas que descreviam aquela dor eram aquele tipo de gente que gostava de sentir pena de si mesmos, que vinham prazer em ficar enterrados na tristeza. Mas agora ele via que não era verdade. Na verdade, no momento ele estava achando que o termo “coração partido” não fazia jus ao que estava sentindo. Parecia que alguém – lê-se Granger – tinha pegado seu coração e pisado nele de salto fino. Ele se sentia miserável. Não tinha nem vontade de se mexer. E ele seriamente achava que tinha perdido a capacidade de respirar normalmente. Havia um bolo em sua garganta e ele tinha vontade de vomitar, apesar de ter certeza que aquilo não iria ajudar muito na sua situação. Dizem que é apenas um coração partido. Então por que todo o seu corpo doía? Ele queria desesperadamente se livrar daquele sentimento. Precisava se sentir bem novamente. Seu pai tinha razão. Se apaixonar era mesmo a pior coisa que poderia acontecer na vida de alguém. Draco nem lembrava o porquê tinha ficado feliz quando o feitiço tinha sido quebrado. Como pudera ser tão ingênuo e achar que aquilo era uma coisa boa? Como pudera achar algum dia que a Granger tinha sido a melhor coisa que acontecera na sua vida? Ela tinha sido a pior. De longe, a pior.
- Toc-toc.
Ele desviou seu olhar para a porta e viu Pansy entrando no seu quarto. Ela tinha uma expressão triste e o olhava com uma pena que Draco não suportou encarar. Voltou a olhar para o teto.
- Vim ver como você está...
Ele não respondeu. Nem pareceu ouvir o que ela dizia.
Pansy suspirou e se sentou numa poltrona que havia do lado da cama do amigo.
- Draco, sei que está chateado por Hermione ter ido embora mas... Se coloca no lugar dela. Ela precisava de um tempo com ela mesma.
Agora Draco a olhara.
- Com ela mesma? – ele falou com a voz carregada de rancor – Então me responde, Pansy... Porque parece que sua amiguinha não é tão sincera com você como você pensa... Por que ela saiu daqui na garupa do treinador queridinho dela?
Pansy arregalou os olhos.
- O quê? O que você quer dizer?
- Quero dizer o que eu disse. – ele bufou – Ela fugiu com o John.
- Claro que não. – Pansy riu – Você deve ter se confundido, não é possível.
- Eu não me confundi, Pansy. Eu não sou idiota. Eu vi os dois saírem daqui juntos.
Pansy não parecia ter resposta para aquilo.
- Parece que ela enganou a todos nós. – ele falou.
- Draco, - ela se levantou e se aproximou dele na cama – deve ter uma explicação plausível pra isso. Hermione nunca iria embora com John. Não do jeito que você tá pensando.
- Ela terminou comigo, Pansy. Se tiver alguma explicação, eu não quero saber. Nada que diz respeito a Hermione me interessa mais.
- Isso não é verdade! – ela exclamou – Você ama Hermione, assim como ela te ama!
- Ela não me ama... Eu fui um idiota em achar que ela me amava... E quanto a mim, eu vou dar um jeito de matar esse amor o mais rápido que eu puder.
- Draco... – Pansy respirou fundo e puxou o rosto do amigo obrigando-o a olhá-la – Olha, eu sei que você está magoado. Imagino o que deve estar sentindo, eu sei que é horrível. Mas vai por mim, essa não é a melhor maneira de lidar com isso.
- Sério? – ele perguntou arrogantemente.
- Sério. – ela respondeu sem se abalar com o tom dele – Por mais triste que você esteja, fingir que o que vocês tiveram nunca aconteceu ou que não significou nada pra você só vai te machucar mais. Vocês tiveram bons momentos juntos, momentos que te fizeram feliz. Não deixe o que está acontecendo agora apagar isso. Só vai tornar tudo pior.
Draco se afastou dela.
- Engraçado, Pansy. Porque eu não acho que nada do que eu fizer vai tornar as coisas piores do que elas já estão. Então eu não tenho nada a perder. Agora, se não se importa, eu quero ficar sozinho.
Pansy se levantou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Se surpreendeu quando viu Narcisa parada no corredor.
- Sempre me perguntei o que aconteceria com ele se o namoro não desse certo. – a mulher disse - Acho que agora vamos descobrir.
Pansy suspirou.
- Eu acho que isso é uma daquelas coisas que você simplesmente não quer saber. – a garota falou – E eu não quero mesmo saber. Estou preocupada com ele.
- Eu também. Tudo isso é muito novo. E ele foi surpreendido por um sentimento muito forte de repente. Não teve a oportunidade de lidar com sentimentos menores até se apaixonar de verdade.
Pansy cruzou os braços.
- Não acredito que Hermione fez isso com ele.
Narcisa deu um sorriso triste.
- Não deixe a raiva de Draco te influenciar, Pansy. Hermione está lidando com seus próprios problemas, ela fez o que ela teve que fazer. Eu sei que vocês se tornaram grandes amigas, então você deve conhecê-la bem. Sabe que ela é uma boa garota.
***
Hermione olhou no relógio pelo que seria a vigéssima vez em menos de dez minutos.
Não devia fazer nem uma hora que a festa de John tinha começado e a garota sentia como se já tivesse se passado uma eternidade. E pelo jeito que as coisas estavam indo, parecia que levaria mais algumas dezenas de eternidades até aquilo chegar ao fim.
Tomou mais um gole de bebida.
A música alta estourava seus tímpanos, mesmo depois de tudo que ela tinha feito para tentar abafar o som. E ela já tinha feito muita coisa. Primeiro se afastara da multidão de pessoas da sala e do quintal do lugar. Não funcionou. Depois se trancara no banheiro. Nada. Sentara na banheira vazia que havia no cômodo e trancara o box. Nada.
Todos seus esforços tinham sido em vão então ela tinha decidido que ficaria por ali mesmo, bebendo e pensando em tudo que tinha acontecido na madrugada anterior. Ela não gostava de se lembrar, mas lutar para não pensar naquilo dava muito trabalho. Com sorte, depois de um tempo parada ali, fazendo nada além de beber, ela caíria no sono e se esqueceria de tudo.
Foi o que aconteceu. Mas ela não tinha conseguido se esquecer de tudo nem no seu sono. Claro, deveria ter imaginado que pesadelos iriam assolar a sua mente a partir daquele dia. Aquele em particular, tinha sido especialmente horrível. No sonho, ela estava colocando fogo em Neville na floresta proibida. Ele implorava por piedade mas tudo que ela fazia era assisti-lo morrer aos poucos. Bellatriz e Voldemort estavam lá também, e riam enquanto viam o que ela estava fazendo.
Hermione acordara assustada.
Esticou o braço para fora da banheira procurando sua garrafa de bebida e a puxou ao seu encontro, levando-a a boca. Nada saiu.
- Ótimo. – ela murmurou ao perceber que já tinha bebido todo o conteúdo da garrafa.
Não viu outra opção além de ter que sair para a festa para ver se conseguia arrumar uma firewhisky ou uma garrafa de vodka. Se levantou com desânimo e abriu a porta, sendo surpreendida pelo barulho alto de pessoas falando e a música que estava em um volume ensurdecedor.
Se aproximou de um grupo de pessoas que pareciam estar fazendo algum tipo de jogo de bebida. Perto deles havia uma garrafa fechada de firewhisky. Hermione se aproximou para pegá-la, mas alguém foi mais rápido e a impediu.
- Ora ora, parece que temos uma ladra aqui. – falou uma mulher que deveria estar por volta dos vinte e cinco anos.
- É uma festa. – falou Hermione – A bebida não deveria ser de graça?
- Não aqui. – outro cara que parecia um pouco mais velho respondeu – Se quer beber, vai ter que jogar.
Hermione bufou e revirou os olhos.
- E que tipo de jogo é esse?
Os que estavam em volta se entreolharam e sorriram.
- Quem conseguir beber do barril – ela apontou o barril de madeira – por mais tempo pode levar quanto álcool conseguir beber.
- Só isso?
- De cabeça pra baixo, é claro.
Hermione deu de ombros.
- Moleza. – ela deu de ombros – Tô dentro.
Um minuto depois, Hermione se viu segurada de cabeça para baixo com uma borracha entrando na sua boca e obrigando-lhe a ingerir uma quantidade absurda de cerveja trouxa de uma vez só. Ouvia as pessoas gritando e ouviu uma certa garota falar em recorde antes de todos começarem a gritar. Alguns minutos depois, eles a viraram novamente e Hermione riu enquanto era colocada no ombro de dois caras fortões e eles lhe entregavam uma garrafa de vodka de tamanho surreal.
- Precisamos de uma música para comemorar isso! – falou um deles enquanto eles iam para a pista improvisada na sala – Abram espaço para nossa quebradora de recordes. Ela merece uma dança depois dessa!
A colocaram no chão e a música recomeçou. Hermione abriu a garrafa com um feitiço e todos gritaram surpresos quando ela recomeçou a beber, pensavam que ela não aguentaria mais nada. Hermione riu de toda aquela atenção e começou a dançar junto com eles. Enquanto todos começavam a dançar em volta dela, a música ficava cada vez mais alta, só que dessa vez Hermione não se importou. Começou a dançar junto com eles.

***

A única coisa que fazia Draco acreditar que a manhã tinha chegado na mansão Malfoy era o relógio que estava pendurado na parede e que ele podia ver da sua cama. Nevava muito naquele dia. O tempo estava muito escuro e fazia muito frio, principalmente naquela enorme mansão, que já era fria por si só. Principalmente no estado emocional que todos na mansão se encontravam. Principalmente no estado emocional que ele se encontrava.
Alguém bateu na porta.
Ele não respondeu, na esperança que aquela pessoa o deixasse sozinho.
O completo oposto aconteceu e sua mãe entrou no quarto.
- Trouxe seu café da manhã, querido. – ela entrou trazendo uma bandeja.
- Não estou com fome, mãe. – falou apático.
- Impossível. Você não come nada desde que... – ela se interrompeu e suspirou, colocando a bandeja em cima da cama – Bem, desde que tudo aconteceu.
- Eu não quero.
- E eu quero que você coma, Draco, então você vai comer. – ela se sentou na cama e o encarou – Vamos, pelo menos uma maçã.
Ela pegou a fruta e esticou na direção dele. Draco bufou e se sentou, aceitando a fruta da mulher.
- Então, - ela falou – como você está?
- Ótimo. – ele respondeu muito concentrado na maçã – E você?
Ela franziu o cenho.
- Péssima forma de mudar de assunto, filho. – ela o analisou de cima a baixo – Estou muito preocupada com você.
- Você não tem motivo nenhum pra se preocupar...
- Claro que eu tenho. – respondeu ela como se fosse óbvio – Você não sai desse quarto...
- Mãe, se não se lembra, todo feriado e férias que eu passava em casa, eu ficava no meu quarto. O tempo todo. Isso nunca te incomodou. Então era de se esperar que agora que a minha casa foi invadida por um bando de sem-tetos, eu continuasse com esse pensamento. – ele a olhou – Qual a diferença agora?
- Qual a diferença? – ela quase riu do absurdo daquilo tudo – A diferença é você, Draco. Obviamente, você não é mais aquele menino. Você mudou. E eu pensei que aqueles “sem-tetos” como você diz, significassem alguma coisa pra você...
Ele riu arrogantemente.
- Significassem alguma coisa pra mim? – Narcisa ficou chocada com o tom dele, com o tom de nojo dele – Eles nunca significaram nada pra mim!
- Aquelas pessoas te abrigaram quando você era um “sem-teto”, Draco. Se não fosse por eles, sabe Merlin aonde você estaria agora...
- É, mãe. Eu deixei meu orgulho de lado e me deixei ser abrigado por uma sangue-ruim. Esse foi o começo do fim.
- Draco! – Narcisa repreendeu – Não fale assim da Hermione!
- E você não fale nada da Hermione! – Narcisa se surpreendeu ao ver uma raiva profunda nos olhos acinzentados do seu filho ao falar o nome da garota – Ela está morta pra mim.
 - Claro que não está! – disse mais preocupada do que nunca – Você a ama. E, sinceramente, está exagerando. Draco... Você está sendo extremamente egoísta! Hermione está com problemas. Problemas muito, muito sérios. Você viu o que aconteceu. Não foi culpa dela, ninguém está dizendo isso... mas querendo ou não nós temos que enfrentar os fatos. Ela matou uma pessoa. Um colega da grifinória. Causou sérios danos a uma garota que, pelo que eu entendi, costumava ser a melhor amiga dela. Três dias se passaram e mesmo com toda a magia avançada que a Ordem está usando, ninguém sabe exatamente o que aconteceu ou se ela vai ficar bem. Isso tudo está nas costas de Hermione. Você não pode exigir que ela fique aqui como se nada tivesse acontecido... E mesmo que ela tenha ido embora com aquele homem... ele é o treinador dela... É a pessoa mais indicada para ficar com ela nesse momento. – ela viu que ele fez uma careta e percebeu que tinha chegado até a ferida – É ele, Draco. Não você. Por mais que você não queira admitir, só ficar com você não iria ser suficiente pra Hermione agora.
Ele pareceu estar se segurando para não falar algo, mas por fim perdeu a luta contra si mesmo.
- Eu sempre fui o suficiente pra ela, ok?! – Narcisa se surpreendeu novamente ao ver que ele parecia á beira das lágrimas – Era pra mim que ela sempre corria! Eu sempre fazia ela se sentir melhor!
- Draco... – murmurou Narcisa com o coração na mão.
- E então esse cara chegou e tudo mudou! Ela mudou! Então o problema não sou eu, ok? O problema é ela!
- Eu não disse que o problema é você, Draco. Nem é ela. O problema são os poderes dela... E isso aconteceu porque eles chegaram num ponto em que nem você nem ela podiam lidar com isso. E foi Dumbledore que chamou esse instrutor... Então se tem alguém que pode ajudá-la a lidar com os poderes, é ele. E você tem que aceitar isso.
Ele não respondeu.
Narcisa ficou em silêncio por algum tempo.
- Draco... Isso não significa que ela não te ame. Espere ela voltar e eu tenho certeza que vocês vão resolver isso.
 Ele riu como se aquilo fosse absurdo.
- Eu não vou esperar por ela. – ele disse – Acabou pra mim e pra Hermione. Eu vou seguir em frente o mais rápido que eu puder... Na verdade, - ele se levantou e rumou para a escrivaninha do seu quarto – eu preciso escrever uma carta agora mesmo então seria ótimo se você me desse alguma privacidade.
Narcisa suspirou.
- Ok. Vou deixar a bandeja aqui caso você sinta fome.
Ele deu de ombros e se sentou na escrivaninha enquanto sua mãe saia do quarto.
Pegou um pergaminho e molhou a pena na tinta, começando a escrever sua carta:
Querida Taylor...

***

Hermione dançava há meia hora, sempre com uma garrafa na mão. John apenas a observava de onde estava sentado com alguns amigos. Estava terrivelmente sexy. Ele nunca a tinha visto parecendo tão livre, tão despreocupada. Estava descalça, seus tênis perdidos em algum lugar, e a blusa branca que usava estava molhada, de suor e da bebida que havia derramado mais cedo.
- Quem é essa gata, John? - perguntou um dos caras que estava perto dele.
- Essa é minha aluna, de Hogwarts.
Todos a olharam. Hermione não prestava atenção em nada, a não ser na música e na sua bebida.
Quando a música mudou e uma batida sensual começou, ela terminou de beber o conteúdo da garrafa na sua mão e começou a mexer os quadris de uma forma que prendeu a atenção de todos os caras que estavam por perto. O movimento dela era inocente, estava completamente fora de si e não tinha a mínima intenção de fazer o que fazia com eles naquele momento.
John tomou um último gole da bebida que estava na sua mão e deixou o copo de lado, indo até onde Hermione estava e começando a dançar com ela. Foi se aproximando devagar, sem querer assustá-la. Ela apenas riu quando o viu e continuou dançando sem se encomodar com a aproximação dele. O homem não perdeu tempo. Se aproximou por trás e a segurou pela cintura, colando seus corpos. Hermione continuou rebolando e John aproveitou a sensação dos seus corpos se tocando. As mãos dele escorregaram pela barriga dela, descendo para parte interior da sua coxa e acariciando a pele dela por cima da roupa.
Ela passou as mãos pelos cabelos ainda dançando e deixando seu pescoço á mostra. John viu aquilo como um convite e levou á boca até o pescoço dela, sugando-o com força. Voltou as mãos para a cintura dela e começou a levantar a sua blusa. Hermione continuava bebendo e rebolando feito louca então não deu muita atenção quando a mão dele passou por baixo da sua blusa, a acariciando. Os homens que estavam ali apenas olhavam enquanto John começava a explorar o corpo da garota com a boca, enquanto suas mãos subiam para os seios da garota, apertando-os por cima do sutiã.
Ele sabia que se aproveitava do estado emocional dela, mas nunca tinha sido um cara que se importava com nenhuma dessas coisas. Tinha bebido mais do que deveria e tudo que pensava era que sempre tinha pensado em pegar Hermione de jeito e parecia que aquele dia finalmente chegara.
Depois de um tempo, ele continuava sem se satisfazer em apenas tocá-la. A puxou pela cintura e a guiou até o quarto, enquanto tudo que ela fazia era cambalear e beber.
Chegando lá, ela se deixou cair com tudo no chão. Continuou bebendo deitada no tapete sujo dele enquanto John fechava aporta, abafando as conversas e a música.
Ele se sentou de frente para onde ela estava deitada e afastou as suas pernas, se posicionando entre elas enquanto tirava a própria calça e cueca.
Começou a descer a calça dela lentamente, aproveitando para acariciar mais suas pernas e em seguida tirou sua calçinha.
- Me diga se quiser que eu pare. - falou ele sabendo muito bem que ela não diria nada porque ela não parecia estar entendendo nada do que estava acontecendo.
Como ela não disse nada, nem pareceu que ia se afastar, ele apenas a segurou pela cintura e a penetrou com força.
Hermione finalmente pareceu voltar um pouco a si. Engasgou com o álcool na boca ao sentir o órgão rígido dele dentro de si. Tossiu um pouco e limpou a boca, pensando em se afastar. Mas quando ele começou a se movimentar rápido dentro dela, não pensou em mais nada. Apenas soltou o ar dos pulmões e deixou a bebida de lado pela primeira vez na noite, enquanto sentia o prazer se espalhar pelo seu corpo. Ficou lá parada, enquanto ele a segurava firme pela cintura e fazia tudo sozinho. Fechou os olhos aproveitando a sensação de prazer que ele a proporcionava.
Era bom sentir alguma coisa, pra variar.

***

Hermione saiu da casa em direção a piscina carregando um copo de vidro numa mão e uma garrafa de firewhisky na outra. Vestia apenas lingerie por cima de uma camisa velha que tinha pego de John. Usava-a aberta na frente, deixando amostra a calcinha e o sutiã. Seu cabelo embolado estava preso em um nó mal feito no topo da cabeça. Se sentou na espreguiçadeira que havia ali com as pernas para fora, uma de cada lado. Colocou o copo na sua frente e o encheu até a borda com a bebida da garrafa.
A manhã havia chegado no lugar e todos já haviam ido embora, deixando apenas Hermione e John no lugar. Quando Hermione acordou naquele dia, deitada no chão sujo de John, a única prova que a noite passada tinha sido real era os copos de plásticos e as garrafas de bebidas espalhadas pela casa. Claro, ela sabia o que tinha acontecido, apesar de não se lembrar muito bem de como. Ela não se importava, na verdade.
John se aproximou apenas de samba-canção e se deitou na espreguiçadeira que havia ao seu lado. O homem observou-a beber todo o conteúdo do copo de uma vez só e em seguida enchê-lo com mais bebida.
- Pra quem estava com medo de beber, Granger... Acho que eu não sou uma boa influência pra você... Te ensinei muitas coisas que fariam Dumbledore me demitir no mesmo instante que soubesse.
Ele esticou a mão, tocando seu joelho e subindo lentamente pela parte interna da sua coxa. Parou quando encontrou a calcinha e ficou brincando com o elástico da peça. Hermione fechou os olhos quando sentiu os dedos dele na sua pele. Prazer. Era a única coisa que a lembrava que ainda estava viva, a única coisa que conseguia sentir. Ela sentia que teria que se prender aquilo se quisesse se manter sã.
- Se você deixar, posso te ensinar muitas outras coisas...
Ele se curvou em direção a ela e lhe beijou, começando a retirar a camisa que ela usava.
- Espero que seja melhor nisso do que é como influência...
Ele a puxou pela cintura para o seu colo.
- Eu sou.


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Notas finais do capítulo

N/A: Bom bom, já posso até ver a necessidade de me assassinar brilhando nos olhinhos de vocês nesse momento. Espero de verdade que eu não perca leitores depois desse capítulo.
Eu venho tentando preparar vocês pra isso há muito tempo... Tanto na fic como nas minhas notas, mas eu sei que é impossível agradar todo mundo e eu realmente queria levar a fic pra esse lado. Pensem comigo, não dá pra fazer a Hermione matar uma pessoa e machucar outra seriamente e depois levar a fic como se isso fosse outro surto de poderes qualquer.
Eu já sabia que isso ia acontecer há muito tempo. Eu sabia que, em algum momento no meio do caminho, Hermione ia esquecer quem ela era e ia fazer umas besteiras... algumas sem querer, e outras não tão sem querer assim. Mas fiquem tranquilos, eu não vou fazer a Hermione como uma vadia maluca nem nada disso. Ela só vai passar por uma fase um pouco sombria agora... Entendam, ela matou uma pessoa e causou danos muitos sérios á Gina, enquanto a ruiva estava tentando apoiá-la. É muita coisa pra lidar. Então é normal que ela cometa alguns erros enquanto tenta lidar com tudo isso e se concentre em outras coisas para manter a dor longe, mesmo que essas coisas não sejam muito legais.
E como vcx puderam ver, Hermione quebrou o coração do nosso loiro favorito. E o Draco vai ter que lidar com essa coisa toda de coração partido que ele nem sabia que existia... Podem imaginar um Malfoy de coração partido? Bom, o meu Malfoy de coração partido vai estar mais cruel do que nunca. Já deu pra vocês verem que ele ficou com muita, muita raiva, né? Pois é. Ele passou o tempo todo preocupado em não magoar Hermione e acabou que foi ele que ficou magoado (não que ele vá admitir isso).
A fic dá uma reviravolta a partir desse capítulo. Ainda tem muuuuita coisa pra acontecer. Mal posso esperar pra vocês ficarem sabendo.
E mais do que nunca, eu preciso saber o que vocês estão achando da fic. Então comentem e me digam. Sugestões, palpites, críticas construtivas são muito bem vindos.
Por último, mas não menos importante, muito obrigada a AmyMalfoy pela linda recomendação. ♥



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