O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 26
Escondido nas Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Você construiu para si mesma uma cama no fundo do buraco mais escuro e se convenceu de que essa não é a razão que você não vê mais o sol.(Paramore When It Rains)



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Era uma coisa muito estranha ter Hermione de volta. É claro, era bom e aliviante. Mas ainda estranho.
Devia ser por causa de tudo que tinha acontecido. E do jeito que tinha acontecido. E do jeito que ela tinha voltado. E, principalmente, do jeito que ela estava.
Era impossível olhar para ela e não perceber o quanto ela estava mudada. Mesmo se você não a conhecesse bem, você saberia que alguma coisa nela não estava certa. Para Pansy então, que tinha se tornado tão próxima da garota, alguma coisa estava muito errada.
É claro, ninguém esperaria que alguém passasse por tudo que Hermione passou e continuasse o mesmo. Não, Pansy sabia que Hermione voltaria diferente. Todos sabiam. Mas a sonserina nunca tinha parado realmente para pensar que tipo de mudança poderia ser essa. Se seria para melhor ou para pior. Aquilo nunca a ocorreu. E mesmo que tivesse ocorrido, ela duvidava muito que uma mudança naquele nível, principalmente se tratando de Hermione, fosse lhe passar pela cabeça.
Sempre fora de conhecimento geral que Hermione era a pessoa mais sensata, mais centrada e equilibrada entre todos eles. Bom, pelo menos costumava ser. Porque a Hermione que estava parada na frente de Pansy naquele momento, não era nenhum pouco sensata, centrada ou equilibrada. Ou até poderia ser, mais não de um jeito saudável. Nunca de um jeito saudável.
Não precisou de muito tempo de conversa para Pansy entender o que tinha acontecido. Quando tinha ido embora da mansão Malfoy, Hermione teve que arrumar um jeito de lidar com toda a tristeza, toda a culpa e sofrimento. Ela precisava conviver com aquilo. Mas não era de se imaginar que a corajosa Hermione Granger iria arrumar um jeito fácil de se fazer isso. Porque era isso que ela tinha feito, escolhido a opção mais fácil. Tinha escolhido se fechar e não encarar as coisas que tinha feito. Quer dizer, fácil pra ela. Difícil para todas as pessoas ao seu redor, que a amavam e a tinham conhecido antes de tudo acontecer. Quando ela ainda era uma sabe-tudo politicamente correta, impetuosa, amigável... e feliz.
Como se acostumar com a pessoa que ela tinha se tornado?
Pansy estava no quarto que Dumbledore tinha cedido para a garota – os professores acharam melhor não colocá-la para dividir um quarto da grifinória por causa de tudo que vinha acontecendo – e as duas já estavam conversando há algum tempo. Foi ali que Pansy começou a perceber tudo aquilo. Percebeu em uma conversa o que Draco tinha percebido ao bater os olhos na ex-namorada. A antiga Hermione tinha morrido naquele incêndio.
- Nem acredito que você está de volta... – Pansy suspirou – É surreal...
- Por quê? – Hermione perguntou – Não queria que eu voltasse?
- É claro que todos nós queríamos que você voltasse... – a sonserina hesitou – Mas ás vezes eu achava que você não viria.
- É claro que eu voltaria. – a morena revirou os olhos – Nós temos uma guerra pra ganhar.
Pansy suspirou.
- Posso fazer uma pergunta? – Hermione acenou – Você não se arrepende de ter ido embora?
Hermione riu como se aquela fosse uma pergunta idiota.
- Claro que não, Pansy. Foi a melhor decisão da minha vida.
- Mas... Você viu Draco hoje e...
A garota a interrompeu.
- Malfoy está com raiva. Ok, grande coisa. – deu de ombros - Uma hora passa. É só uma das pirraças de garoto mimado dele.
- Eu não acho que seja... ¬– Pansy tentou discordar com o tom mais suave possível, sem querer causar uma discussão – Quer dizer... O jeito que você foi embora foi injusto com ele. – ela usara a palavra injusta para amenizar. Tinha sido muito mais que injusto.
- Por quê? Porque eu não fiz o que ele queria? Eu tinha assuntos mais sérios pra cuidar, antes de qualquer coisa. Um dia ele vai entender isso.
Pansy tentou rir.
- Eu não acho que ele vá.
Hermione deu de ombros de novo.
Pansy observou a amiga em silêncio por alguns segundos, surpresa com a indiferença de Hermione em relação a Draco. Hermione nunca tinha sido indiferente a Draco. Foi naquele momento que a gravidade da mudança brutal da amiga lhe atingiu. Porque Hermione já tinha odiado Draco. E tinha o amado, sentido atração, e o odiado de novo. E sentido muitos outros sentimentos tortuosos, confusos e inexplicavelmente fortes. Mas se Hermione estava indiferente ao Draco, ela ainda estava se importando com alguma coisa? Com qualquer coisa?
- Que foi? – perguntou a grifinória, ao reparar no olhar de Pansy.
- Você ainda o ama? – perguntou, e percebeu que estava com um pouco de medo da resposta.
Hermione mexeu numa mecha do cabelo, desviou o olhar para a parede e ficou assim. A resposta nunca veio.
- Merlin... – murmurou Pansy – Não acredito que você não o ame mais...
- Por que a surpresa? – falou na defensiva - Ele claramente não me ama mais. Pelo que eu vi, ele tem outra namorada agora. Nosso tempo passou.
- O tempo de vocês passou? – perguntou indignada – Hermione, você não conhece o Draco? Ele está magoado! Você foi embora com outro cara! Um cara que ele odiava! Você não viu a cara dele quando te viu? Quando falou com você? Você o machucou! Quer dizer, - Pansy não tinha palavras para o crime que Hermione tinha cometido - você o machucou de verdade!
- Eu fiz o que eu tinha que fazer... – ela respondeu no mesmo tom - Se ele não consegue entender isso, é uma pena...
- Você está apaixonada por outra pessoa, não é? Pelo John.
Hermione riu abertamente agora.
- Eu não estou apaixonada pelo John. Ele não é o tipo de cara pelo qual você se apaixona.
- Mas você está tendo alguma coisa com ele? – perguntou desconfiada.
Hermione olhou para Pansy inocentemente.
- Minha relação com John é profissional. Não tem nada rolando entre a gente.
Pansy pareceu não se convencer.
- Se estivesse rolando, você me contaria?
Hermione revirou os olhos.
- Claro que eu contaria. Eu nunca escondi nada de você. E mesmo que eu quisesse, você sabe como eu minto mal. Se eu tivesse alguma coisa com o John, você descobriria em cinco segundos.
- Hermione, - Pansy a olhou tristemente – vou ser sincera com você e espero que você seja comigo. Eu estou muito preocupada com você. Talvez mais do que antes de saber como você estava. Isso é pior do que tudo que eu imaginei. Eu tô com medo por você.
Hermione soltou um suspiro.
- Olha, eu sei que eu estou mudada. Eu tenho consciência disso. Mas eu juro pra você, é só minha aparência, ok? Não há nada com o que se preocupar. Eu estou bem. Eu posso te garantir que, por dentro, eu ainda sou a mesma Hermione de antes. Você vai ver.
Pansy balançou a cabeça.
- Ok. Espero que sim.
Hermione sorriu e as duas se abraçaram.
Em seguida, Pansy foi para o seu próprio dormitório, dizendo que Hermione deveria descansar da viagem. A morena fechou a porta atrás da amiga e soltou o ar dos pulmões quando se viu sozinha.
Ou nem tão sozinha assim.
A porta do banheiro do quarto se abriu.
- Ela foi embora?
Hermione caminhou até a cama e se sentou, encarando John.
- Se não tivesse ido, você estaria em problemas.
Ele riu e caminhou até ela. Se sentou ao seu lado, começando a beijar seu pescoço.
- Você também.
- Nem tanto como você. Você ainda é um professor e eu ainda sou uma aluna.
- Uma ótima aluna... – ele agora a beijou com brutalidade, explorando cada canto da sua boca começando a levantar sua blusa. – Pensei que a Parkinson não ia embora nunca...
- Ela ficou desconfiada... – falou enquanto observava ele tirar a própria calça.
- Então temos que pensar em um jeito de tirar essa desconfiança dela. – ele falou – Ninguém pode saber disso.
Ela sorriu.
Ele a puxou para mais perto e o resto foi a história se repetindo pela enésima vez.
***
Rony observava sua namorada andar de um lado para o outro parecendo impaciente. Suspirou, se levantando da sua cadeira.
- Luna, você já procurou em todas as instantes dessa biblioteca! – exclamou Rony.
- Não procurei em todas, já que eu não achei nada! – ela respondeu sem parar para olhá-lo.
- Luna... por quê não vamos descansar, hum? Passamos a tarde inteira aqui. – ele tirou o livro que estava na mão dela e a puxou pela mão – Vamos passar na cozinha, pegar alguma coisa com Dobby e depois comer nos jardins...
- Não, Rony... – ela se desvencilhou dele – Você não entende? Isso é muito importante.
- Luna... – ele a observou por alguns segundos. Ele nunca a tinha visto tão inquieta – Por que está tão preocupada com isso? Você não precisa provar nada pra ninguém...
- Eu preciso provar pra mim, Rony! – ela desviou o olhar – Sabe, minha mãe tinha esse mesmo dom que eu. E ele se manifestou na guerra, exatamente como agora... mas ela nunca pôde fazer nada pra ajudar. Eu não sei se ela não tentou ou se não conseguiu... mas ela se foi sem fazer nada que pudesse ajudar.
- Luna, isso é loucura... você não deveria culpá-la... – ele murmurou.
- Não me entenda mal, Rony. Eu não a culpo. De jeito nenhum. Até porque, eu duvido que ela estivesse tão envolvida na primeira guerra como eu estou nessa. Mas eu quero ajudar. Se Hermione está certa sobre alguma coisa, é sobre isso. Nós temos que fazer o que pudermos para colocar um fim nessa guerra o mais rápido possível.
Ele viu os olhos dela se encherem de lágrimas enquanto ela falava e se aproximou para abraçá-la.
- Ei, calma... Luna, tenta relaxar... – ele se afastou e a observou – Tem certeza que é só isso que está te incomodando?
- É só que... – ela limpou uma lágrima – acho que estou com medo... só isso...
- Medo de quê?
Ela o observou por um instante e depois de longos segundos, decidiu ser sincera.
- Medo de não ter tempo.
- Tempo pra quê? – ele estava completamente confuso – Luna, do que você está falando?
- Você sabia que algumas pessoas não encaram a vidência como um dom? – ela contou – Para algumas pessoas, é mais como uma... – hesitou – como uma maldição.
- Já ouvi falar sobre isso... mas você não é como essas pessoas...
- Já se perguntou o porquê? – ele negou com a cabeça – Porque, Rony, num tempo de guerra, eu acho que qualquer dom, por menor que seja, é bem vindo.
- E você tem razão.
- Mas agora que meu dom se manifestou, não tem volta. Eu estou presa a ele pra sempre.
- Não sabia que você achava isso uma coisa ruim... – ele continuava sem entender – Luna, não estou entendendo aonde quer chegar.
- A ignorância é uma benção, Rony. – ela respondeu – Algumas pessoas... não conseguem lidar com o futuro. Por isso, a maioria dos bruxos que tem esse dom... ou maldição... Eles enlouquecem ou morrem cedo demais.
- O quê? – ele estava chocado – Luna, isso não é verdade. Olhe Trelawney por exemplo... está viva.
- Claro. E você realmente pode dizer que ela é a pessoa mais normal que você já conheceu?
- Não, mas... – ele parou por alguns instantes – A mulher é uma charlatã.
- Não, ela não é, Rony. Ela tem problemas. Ela não sabe separar a realidade da fantasia. Sabe o que acontece com ela? Algum aluno chega na sala dela e ela sabe que ele tem uma partida de quadribol no dia seguinte... então ela, como qualquer pessoa normal pensa, ‘bem, amanhã um balaço pode atingir a cabeça dele e ele pode não sobreviver’. Mas diferente de uma pessoa normal, ela não vai encarar isso como uma hipótese. Ela vai pensar que acabou de ter uma visão. E isso acontece o tempo todo porque, sinceramente, ela não faz mais a mínima idéia do que é real. E um dia, o cérebro dela não vai aguentar tanta pressão, e ela vai morrer. Porque é o que acontece com todo vidente, mais cedo ou mais tarde, seja por essa razão, ou por outra qualquer.
Rony franziu o cenho, entendendo a frustração dela.
- Há quanto tempo você vem pensando nisso sem falar com ninguém?
Ela deu de ombros.
- Há algum tempo...
Ele segurou a mão dela.
- Luna, isso não vai acontecer com você...
- Você não tem como saber isso...
- Eu não vou deixar nada de mal te acontecer.
- Você é muito doce, Rony. – ela sorriu pra ele – Mas quando se trata disso, não tem como você saber o que vai acontecer comigo... nem eu previ a minha morte. – ainda, ela pensou – Então tudo que eu sei é que nós temos que focar na guerra agora. E eu quero fazer o que eu puder pra ajudar. E eu sei... alguma coisa me diz... que eu posso fazer isso.
Rony balançou a cabeça, demonstrando que entendia.
- Tudo bem, Luna... Mas você acha realmente que vai achar qualquer tipo de resposta em algum livro idiota?
- Eu não sei... – respondeu honestamente.
- Talvez você devesse falar com alguém...
Ela não respondeu de imediato uma vez que um pensamento lhe invadiu a mente.
- Tem razão. Talvez eu deva.
***
Quando Draco entrou no salão comunal da sonserina, encontrou Taylor deitada em um dos luxuosos sofás, muito pensativa. A garota nem tinha reparado que o loiro estava ali até ele chamar sua atenção.
- Oi. – ela sorriu pra ele – Não tinha te visto.
- Eu reparei.
Ela se ajeitou na poltrona e ele se sentou ao seu lado.
- No que estava pensando? – ele perguntou – Tava muito distraída.
- Pra falar a verdade, - ela o observou – eu estava pensando num jeito de ficar numa boa agora que a sua linda e misteriosa ex-namorada e dita por alguns como sendo “o amor da sua vida” voltou, mais linda e misteriosa do que nunca.
Draco a encarou em silêncio por alguns segundos. Ainda não tinha se acostumado com aquele jeito da Taylor de ser tão sincera e franca sobre tudo.
- Antes de tudo, - ele começou – ela não é o amor da minha vida.
A loira deu um sorriso triste.
- Mas Hermione ainda é tão linda e misteriosa pra você como eu nunca vou ser, não é?
Draco revirou os olhos.
- Você é linda, Taylor. E ela não é misteriosa.
- Ah, Draco... Você sabe que ela é. Essa história toda de feitiço, poderes incontroláveis... três muito questionáveis meses fora... Ela simplesmente é.
- Entende uma coisa. – ele olhou nos olhos dela - Você não tem nada com o que se preocupar. Eu estou com você agora. Ela não significa nada pra mim.
Ela novamente sorriu.
- E é aí que eu sei que você está mentindo. Três meses atrás, você era louco pela Granger, Draco... Não pode querer me convencer que agora, depois de tão pouco tempo, ela já é indiferente pra você. Isso não existe. O que pode ter mudado?
Agora foi ele quem riu.
- Tudo. Taylor, se eu parar pra pensar, eu tenho certeza que não vou encontrar nada da minha vida que seja igual a três meses atrás. Eu estou diferente. E ela também. E o que eu sentia também. Eu não sou mais apaixonado por ela.
- Por que você evita dizer o nome dela, então?
- Taylor, - ele começou a perder a paciência – você está ficando paranóica. Esquece isso. Ela... Hermione... – ele se corrigiu - está de volta. E daí? Isso não muda nada.
Taylor suspirou.
- Ok. Me desculpa por ser uma chata. Eu só... – ela hesitou – não quero te perder.
- Você não vai. Eu prometo.
Ele a beijou e logo o assunto da volta de Hermione estava esquecido. Para Taylor, pelo menos.
***
Rony e Harry estavam jogando xadrez bruxo quando ouviram a entrada pro salão comunal da grifinória se abrir e Hermione passar pelo retrato.
- O que você tá fazendo aqui? – Rony parecia muito surpreso. E com razão, Hermione não aparecia na grifinória há séculos.
A garota revirou os olhos.
- Da última vez que eu chequei, eu era uma grifinória.
- Sério? Achei que você tinha esquecido disso!
Ela bufou.
- Olha, não quero brigar tá? Eu preciso que vocês venham comigo.
Os dois trocaram um olhar confuso.
- Pra onde? – perguntou Harry.
- Pra floresta proibida.
- O que você quer fazer lá? – Rony franziu o cenho, um pouco assustado.
- Tem alguém lá com quem eu preciso ter uma conversa... – falou vagamente.
- E por que você precisa da gente pra ir lá? – falou Harry, meio irônico - Você não é tipo, invencível agora?
- Agradeço o elogio, Harry... Mas eu não sou invencível. E mesmo que eu fosse, eu podia ser invencível o quanto eu quisesse, mas ainda não seria estúpida. Não se deve entrar na floresta sozinha, todo mundo sabe disso.
- Não acho que isso seja uma boa idéia, Hermione. – ele disse como se terminasse o assunto, voltando a prestar atenção no jogo.
- Olha, - ela se aproximou mais - eu disse que não se deve entrar sozinha na floresta. Não que eu não vou se for necessário. Eu não tenho ninguém mais para chamar. Se vocês não forem, é isso que eu vou fazer.
- Por que não chama seu treinador? – Rony perguntou.
Hermione bufou. Por quê de repente todo mundo achava que tudo que se tratava dela tinha a ver com John ou com o Draco?
- Isso não tem nada a ver com John. Tem a ver com você, Harry. – ela fez uma pausa hesitante – Eu acho que pode nos ajudar a descobrir mais alguma coisa sobre as horcruxes.
Ela não precisou dizer mais nada. Menos de cinco minutos depois, os três estavam rumando para a floresta.
- Então... – Rony começou, num tom de quem ia puxar assunto – como você está?
Hermione suspirou. Devia ter imaginado que passar um tempo sozinha com Harry e Rony implicava em alguma tentativa de uma conversa em que ela supostamente deveria se abrir ou alguma coisa do tipo. O tipo de conversa que ela simplesmente não estava ansiando para ter.
- Bem. Melhor que bem, na verdade. Como eu disse na reunião, melhor que nunca.
- Humm... – ele murmurou – Isso é... ótimo!
Ela viu os dois se entreolharem.
- Ok. – começou Harry – Nós sabemos que você disse na Ordem que estava bem. Mas a gente estava esperando que você entrasse em mais detalhes com a gente.
Ela olhou para eles como se não tivesse entendido o que ele tinha dito.
- Não tem detalhes, Harry. Eu estou bem. Depois que eu saí da Mansão Malfoy, admito que não foi o ponto alto da minha vida... mas quando eu comecei a me dedicar completamente ao treino, sem distrações ou qualquer coisa que tirasse o foco do meu objetivo, eu fiquei bem.
- Por distrações, - Rony pareceu hesitar por alguns instantes - você inclui o Malfoy?
- Sim. – ela respondeu - Principalmente o Malfoy.
- Olha, Hermione... – Harry falou – Nós não gostamos do cara. Mas é meio injusto você chamar o Malfoy de distração quando ele te ajudava tanto antes de você ir embora.
Ela suspirou.
– Eu não sei o que deu em todos vocês pra sentirem tanta pena do Malfoy ultimamente. Parece que muita coisa mudou mesmo por aqui... Porque quando eu fui embora, Malfoy não era digno da pena de ninguém.
- Hermione...
- As pessoas ficam falando e agindo como se eu tivesse partido o coração dele ao ir embora... mas pelo que eu estou vendo, ele está muito bem. Bem melhor do que quando estava comigo, se quer saber minha opinião. Todo mundo está esquecendo o real motivo de eu ter ido embora e focando só nos supostos sentimentos do Draco. Eu fui embora porque do jeito que estava, eu ia acabar me matando e matando toda a Ordem da Fênix antes que nós pudéssemos sequer começar essa guerra de verdade. E agora a mesma coisa: estão fazendo parecer que eu voltei pelo Malfoy e que eu quero que ele me perdoe e blá blá blá. Eu não quero que ele me perdoe. Principalmente, porque não há nada o que perdoar. Eu fiz o que tinha que ser feito. Ponto final. E eu não voltei por ele. Eu voltei pra lutar nessa guerra com vocês. Isso é tudo que eu quero.
Os dois apenas ficaram em silêncio, a observando.
- Que foi? – ela perguntou.
- Você está muito diferente. – falou Rony.
Ela bufou.
- Não estou diferente, só amadureci. Aprendi algumas coisas nesses três meses.
- Mesmo? – falou Harry incrédulo – Porque, pra mim, tá parecendo que você desaprendeu muitas coisas nesses três meses. Como o que é se importar com as pessoas que você ama... ou... – ele hesitou por um instante, mas achava que depois daquele discurso dado pela garota, ela merecia ouvir – como é amar...
Ela não pareceu se abalar.
- Que ótimo, Harry. Muito obrigada pela sessão de julgamentos precipitados. Agora se não se importam, estamos prestes a entrar na floresta proibida e um pouco de concentração não faria mal a ninguém.
Ninguém falou mais nada, apenas seguiram em silêncio.
***
- Nós já podemos saber o que estamos fazendo aqui?
Eles andaram em silêncio por uns dez minutos enquanto Hermione os guiava uns cinco metros a frente, mas eles estavam se afastando cada vez mais do castelo enquanto as árvores pareciam maiores e o lugar ia ficando mais escuro.
- Eu estou procurando pelos centauros.
- O quê? – os dois perguntaram em uníssono.
Ela suspirou.
- Olha, eu sei que isso pode parecer meio estranho mas... podem confiar em mim?
- Huum, - Rony fingiu  pensar – não quando aparentemente você parece que perdeu a cabeça.
- Rony, essa é uma das nossas pouquíssimas opções!
- Opções pra quê, Hermione? – perguntou Harry.
- Eu já disse, para achar as horcruxes! Vocês sabem que centauros entendem muito de adivinhação, não é?
- Então é por isso?! – Rony exclamou – Hermione, você nunca acreditou em nada disso!
- Eu sei, mas eu acho que é perfeitamente normal eu dar á adivinhação algum crédito desde que Trelawney acertou algumas coisas sobre a minha vida!  E talvez, só talvez, se eu tivesse dado mais atenção ao que ela me disse, - ela hesitou – as coisas teriam sido um pouco mais fáceis... se eu tivesse sido mais cuidadosa...
Ela olhou para eles e viu que estavam prestes a consolá-la, então ela tentou mudar o rumo da conversa:
- Então, eu acho que, já que estamos completamente sem opção aqui, não custa nada ouvir o que quer que ele possa ter a dizer.
- Se vamos entrar na floresta proibida a procura de centauros, eu diria que me custa muito. – disse Rony.
- Por favor, - ela revirou os olhos – já deveria estar acostumado a entrar aqui a essa altura.
- Não, Hermione... – ele olhou em volta – esse é o tipo de coisa com o qual você nunca se acostuma.
Harry suspirou.
- Podemos voltar ao assunto principal? – ele olhou para Hermione – O que te faz pensar que eles vão nos ajudar, mesmo que possam? Não sei se esqueceu, mas eles não são muito fãs dos humanos.
- No começo do ano escolar, Pansy se perdeu na floresta e eu vim atrás dela com Malfoy e Mason. Eu acabei encontrando um centauro que me levou até ela e, eu acho que se eu puder encontrá-lo de novo, ele talvez queira nos ajudar.
- E se não quiser...?
Ela deu de ombros.
- Então nós vamos ter que correr muito.
 Os dois não contestaram dessa vez, apenas continuaram andando. E eles andaram muito. Depois de quase duas horas de caminhada, não havia nenhum sinal de centauros no lugar.
- Hermione, acho melhor a gente voltar. – falou Harry parecendo cansado e entediado – Está ficando tarde...
- Não... – ela deu mais alguns passos á frente – Nós temos que achá-los!
- Eles não querem ser encontrados, Hermione! – ele falou, levemente irritado – Não dá pra perceber isso?
Hermione bufou.
- Olá! – ela falou mais alto que o normal – Eu sei que vocês estão aí e que podem me ouvir... – olhou em volta se achando meio idiota - Por favor, nós só queremos conversar! Nós precisamos muito de ajuda!
Houve alguns segundos de silêncio, então eles se assustaram com uma voz forte vinda do meio das árvores.
- O que faz aqui, srta. Hermione?
Ela demorou alguns segundos para se recuperar do susto.
- Vim fazer algumas perguntas... – respondeu - saber se pode nos ajudar...
Phobos apareceu e o trio prendeu a respiração. Ele parecia mais assustador do que ela se lembrava.
- Centauros não são como essas videntes charlatãs que você pode procurar sempre que quiser saber alguma coisa sobre o futuro. Nós não fazemos isso.
- Eu sei. – ela disse – Mas isso é realmente importante... é sobre a guerra... e não é sobre o futuro também, é mais sobre o passado...
- Eu sei o que você vai me perguntar... – ele disse – Você quer saber mais sobre as partes da alma do Lord das Trevas. Sobre as horcruxes.
- É. Olha, não precisa nos dizer muita coisa... –se apressou a dizer - só o que você puder... qualquer coisa, qualquer detalhe pode ser de grande ajuda... não faz nem idéia...
- Aí que a senhorita se engana. – ele se aproximou – Eu faço.
Eles não disseram mais nada e Phobos continuou:
- Como vocês sabem, o Lord das Trevas dividiu sua alma em sete partes. Uma ainda está com ele, havia uma parte naquele diário que o senhor Potter destruiu cinco anos atrás, e há outra que a senhorita Granger trouxe da sua viagem. – Hermione não se surpreendeu que ele soubesse disso – Sua teoria está certa, ele a escondeu em castelos, mas saber aonde elas estão vai muito além da minha capacidade de adivinhação.
- Sério? – falou Rony – Tá dizendo que a gente entrou aqui só pra ouvir um monte de coisa que a gente já sabe?
- Rony... – Harry murmurou – Cala a boca.
- Por favor, Phobos... – Hermione falou - Não há realmente nada que possa dizer para nos ajudar? Qualquer coisa?
- Eu não disse isso...
Rony revirou os olhos.
- Ok. Então você pode nos dizer o que sabe pra gente dar o fora daqui?
Hermione lhe lançou um olhar nervoso.
- Elas estão em castelos, - ele falou - e eu não saberia dizer em quais castelos estão. O que eu sei é que não será fácil quebrar nenhuma delas.
- Como assim? – Harry perguntou – Quer dizer, tudo que eu precisei fazer com o diário foi enfiar a espada da grifinória nele.
- Não vai ser assim tão fácil das próximas vezes, sr. Potter. Os senhores devem saber que mesmo que achem todas as horcruxes, o trabalho de procurá-las terá sido em vão se não conseguir destruí-las. E, para isso, vocês precisam saber como destruí-las.
- Você pode nos dizer como?
O centauro deu um pequeno sorriso.
- Esses objetos... só o ato de tentar destruí-los podem causar sérios danos a quem o fizer. Alguns vão colocá-los em sério perigo físico e outras vão, o que é seriamente pior, mexer com a mente de vocês. O bracelete que a senhorita Granger encontrou precisa ser usado. Durante 7 horas.
- Isso não parece tão ruim... – disse Harry.
- 7 horas seguidas da maldição cruciatus. Uma dor excruciante sem parar. Se não for usado pela pessoa certa, vai fazer você ir á loucura antes que a horcrux possa ser destruída.
Os três trocaram um olhar preocupado.
- E vocês vão se deparar com um colar. A jóia mais preciosa que vocês poderiam ver. E a pessoa que usá-la terá 7 horas de profunda depressão. Todos os sentimentos ruins que ela tiver se tornarão piores... Toda dor, toda insegurança... esses sentimentos se tornarão tão impossíveis de suportar que a pessoa vai querer morrer mais do que já quis qualquer coisa na vida inteira. E ela vai fazer de tudo para que isso aconteça. Absolutamente tudo.
Hermione nunca diria em voz alta, mas tinha que admitir que estava um pouco assustada. Não sabia dizer o que esperava das horcruxes, mas tinha bastante certeza que achava ter alguma coisa a ver com um monstro pulando do objeto ou alguma coisa do tipo, não algo que passaria a acontecer na sua mente, te destruindo por dentro. Ela, particularmente, preferia mil vezes a hipótese do monstro. Afinal, depois do que tinha acontecido no Largo, sabia muito bem que não era expert em lutar contra si mesma.
- Vocês também irão encontrar um quadro...
- Um quadro? – Harry questionou – Voldemort escolheu um quadro como uma horcrux?
- O quadro não é a horcrux, sr. Potter. O que está dentro dele é. O quadro é uma chave de portal que o levará para o lugar em que ele retrata. Lá, vocês terão 7 horas para encontrar a horcrux e destruí-la com a espada de grifinória.
- E se não conseguimos encontrá-la...?
- Vocês ficarão presos lá para sempre.
Rony fez uma careta.
- O sonho de férias de qualquer pessoa...
- E uma das horcruxes tentará impedir que os senhores a destruam.
- A própria horcrux tentará nos impedir? – Harry franziu o cenho – É a cobra de Voldemort, então?
Phobos não respondeu.
- A horcrux mais fácil de destruir será aquela que, acredito eu, causará mais dúvida. O destino da pessoa que a destruir será inevitável.
Os três ficaram em silêncio depois dessa frase. Hermione não sabia se Phobos tinha uma tendência para o drama ou se aquilo tudo era tão ruim quanto o tom dele dava a entender que era. Talvez fosse um pouco dos dois.
- Bom, - ela falou, cortando o silêncio – acho melhor irmos andando...
- Finalmente! – exclamou Rony, já começando a andar.
- Esperem um pouco.
- Tem mais? – o ruivo perguntou.
Um objeto apareceu na mão de Phobos e ele entregou á Hermione.
- Isso deve ser de ajuda para os senhores... – ele disse.
Ela pegou o objeto e viu que era uma bússola que não apontava para o norte, ao invés disso...
- Está apontando para o castelo. – ela falou.
- Está apontando, mais precisamente, para o colar no dormitório do senhor Potter. É o objeto com magia negra mais próximo. Essa bússola aponta para artefatos das Trevas.
Hermione olhou do objeto da sua mão para Phobos e em seguida esticou a bússola de volta para ele. O colar não era a magia negra mais próxima, ela sabia disso.
- Está quebrada. – ela falou, deixando Harry e Rony confusos.
Phobos não fez menção de pegar a bússola. Apenas a olhou.
- Só aponta para objetos.
Hermione levantou uma sobrancelha, em sinal de compreensão, e colocou o objeto no bolso.
- Muito obrigada, Phobos. – ela falou se virando para os meninos – Vamos embora.
- Espera um pouco... – falou Harry.
- Ah, Merlin... – Rony murmurou.
- Por que você está nos dando essa bússola e passou todas essas informações, quando nem queria nos ajudar pra começo de conversa?
Hermione olhou para Phobos. Aquela era realmente uma ótima pergunta.
- Porque eu, ao contrário de outros na minha espécie, sei o que é certo a se fazer.
Harry ficou confuso.
- O que isso quer dizer? – perguntou.
- Eu lamento que, em tempo como esses, nem todos nós possam ser íntegros – vendo que o trio continuava sem entender nada, ele completou - Há centauros guardando uma horcrux nas proximidades da cidade de Brampton.
Os três se entreolharam, chocados e extasiados com aquela informação.
***
A iminência de uma festa no dia seguinte estava deixando os alunos de Hogwarts com os nervos a flor da pele. Andar pelos corredores de Hogwarts e ouvir os cochichos sobre aquela grande festa fez Hermione se lembrar do baile no quarto ano e como ela queria desesperadamente que Rony a convidasse para acompanhá-lo na época, apesar de estar feliz também por alguém como Vitor Krum tê-la reparado e gostado dela o suficiente para chamá-la a um evento público como aquele. Eram preocupações tão banais mas que pareciam tão importantes na época. Amanhã ela estaria indo á festa completamente sozinha e não se importava nem um pouco com aquilo. Apesar de achar que teria que arrumar alguém lá para tirar da boca do povo que ela estava supostamente envolvida com John. Não sabia da onde eles tinham tirado aquilo, uma vez que os dois eram muito cuidadosos, mas imaginava que era a primeira coisa que vinha a cabeça das pessoas quando se ouve falar que uma garota passou três meses sozinha com um cara como John. De qualquer forma, - ela pensou dando um pequeno sorriso – os boatos tinham fundamento apesar de não terem provas. Aquilo só não podia chegar nos ouvidos dos professores e, por consequência, de Dumbledore. Tudo que ela menos precisava era ser afastada de John naquele momento. Aquilo também causaria um escândalo e tanto, é claro, mas Hermione não se importava realmente com isso.
Como também não se importava que ia chegar atrasada na sua primeira aula de poções depois que voltou de suas “férias prolongadas”. Assim que empurrou a porta de madeira da sala e essa fez uma barulho profundamente irritante, não teve como não chamar a atenção de todos. Inclusive do seu querido professor, que conseguiria ser mais irritante que a droga da porta.
- Senhorita Granger. – ele falou da sua mesa – A senhorita está terrivelmente atrasada.
Hermione apenas pestanejou.
- Eu meio que percebi isso. – falou.
Ele respirou fundo, com certeza odiando o sarcasmo dela.
- Parece que o número de estudantes dessa escola que se acham verdadeiras celebridades e pensam poder fazer o que querem só faz aumentar. – seu olhar caiu sobre Harry, que estava sentado em uma das últimas cadeiras ao lado de Rony – Eu tiraria 100 pontos da grifinória, - ela ouviu seus colegas de casa prenderem a respiração – mas eu duvido muito que isso vá afetar a senhorita Granger de qualquer modo.
Ele tinha razão. Hermione não estava nem aí para quantos pontos a grifinória tinha. Na verdade, ela se perguntava como alguém ainda podia se importar com aquilo.
- Mas eu acho que algumas horas do seu precioso tempo de celebridade tomados para a limpeza da biblioteca vá importar muito pra senhorita.
Ela deu de ombros e sorriu em seguida.
- Tanto faz. Aposto que Madame Pince vai dar uma ótima companhia!
Snape sorriu de um jeito perverso.
- Não, acho que não. Eu acho que vou tomar minhas providências para que o senhor Malfoy e a senhorita Rose supervisionem sua detenção. Ouvi dizer que os três tem muito assunto para colocar em dia e que poderiam fazer uso dessa oportunidade.
Todos se surpreenderam com isso e olhavam de Taylor e Draco sentados lado a lado para Hermione ainda parada na porta. Claro, não era surpresa que Snape, sendo membro da Ordem e bem próximo da família Malfoy, estivesse a par dos acontecimentos do Natal. Fala sério, áquela altura do campeonato, havia quem duvidasse que Filch não estivesse a par de todos os fatos. Mas usar aquilo para punir uma aluna não era meio que anti-ético? Devia saber que Snape não se importaria com aquilo.
Ele só não contava com o fato de que Hermione não parecia se importar com aquilo tão pouco.
- Com certeza. Podemos chamar John também e aí é que vamos poder ficar lá conversando por horas, como velhos amigos.
Ela continuou sorrindo quando terminou de falar, só deixando Snape ainda mais furioso.
- Vá se sentar de uma vez, Granger.
Ela fez o que ele disse. Avistou uma cadeira vazia ao lado de Parvati e foi até lá, passando por Draco no caminho, que tinha observado tudo aquilo muito sério.
***
-Você é inacreditável.
Aquela foi a primeira coisa que John disse a Hermione quando entrou no quarto da garota aquela tarde. Ela estava deitada na cama e sorriu pra ele quando o viu.
- E o que te fez se dar conta disso?
- Falar de mim no meio da aula de poções quando o idiota do Snape estava fazendo uma piadinha maldosa sobre o seu ex-namoradinho? Muito sensato.
- Nossa, - ela revirou os olhos e riu - tinha esquecido de como os boatos se espalham rápido nesse lugar.
- Hermione, - ele a olhou muito sério – isso não é brincadeira. Se alguém descobrir sobre a gente...
Ela bufou e o interrompeu.
- John, todo mundo já estava falando sobre isso de qualquer jeito.
- Rumores, Hermione. As pessoas vão falar de tudo, até do que não existe, mas dar motivo para eles falarem...?
- Ai, John, que saco! Tudo bem se preocupar com eles descobrirem, mas isso já é demais! Eu só fiz uma brincadeira! – ela se levantou da cama o encarou, começando a perder a paciência – Do que você tem tanto medo, afinal? Eles vão achar um absurdo se descobrirem o que rola entre a gente, mas e daí? Não pensei que você se importasse com eles. O máximo que podem fazer é nos mandar embora. O que isso tem demais? Eu já fui embora uma vez e sobrevivi, muito obrigada. Não preciso da Ordem, nem de Dumbledore, nem de ninguém.
- Muito legal essa sua valentia, Hermione. – ele respondeu – Mas eu preciso, se eu quiser mesmo encontrar com Lúcio Malfoy e acabar com a raça daquele imbecil.
Ela revirou os olhos e se sentou na ponta da cama novamente.
- Ah, é... Tinha esquecido da sua obsessão com a família Malfoy...
- Hum. Você devia ser a última pessoa  a esquecer... – ele fez uma pausa e a encarou – E por falar em encontrar Lúcio Malfoy, eu tenho uma novidade pra você.
- E qual é?
- Você está olhando para o mais novo membro da Ordem da Fênix.
Ela franziu o cenho.
- Sério? Nossa, eles estão deixando qualquer pessoa entrar agora, hein?
John riu.
- Dumbledore não seria idiota a ponto de recusar minha ajuda. E eu achei que seria uma ótima forma de cruzar com o Malfoy já que ele deve querer ver sua cria mais cedo ou mais tarde.
Hermione não disse mais nada.
– E por falar na cria, como o amor da sua vida está lidando com a sua volta?
Ela sorriu.
- Ele não é o amor da minha vida. E eu não acho que ele se importe...
- Aposto que ele se importa mais do que quer admitir.
- Tanto faz. – ela deu de ombros – Não importa mais. Ele não me importa mais.
John sorriu ao ouvir isso e se aproximou da garota sentada na cama, mordendo seu pescoço e a fazendo se deitar enquanto começava a explorar seu corpo com as mãos.
- Não sabe como é bom ouvir isso de você... – ele disse entre mordidas – Você é bem melhor quando está longe dele.
Ela usou um dos golpes ensinados pelo próprio John e o deitou na cama, trocando de posição e ficando por cima dele. Se sentou no seu abdômen definido e o olhou.
- Não fique tão lisonjeado. Você não me importa também.
Ele acariciou a perna dela e sorriu maliciosamente.
- Tudo bem pra mim.
Ela assentiu.
- E relaxa, o baile é amanhã e eu vou dar um jeito de tirar essas desconfianças da boca desses intrometidos.
Ela se curvou e mordeu os lábios dele, enquanto começava a tirar sua camiseta e o arranhava propositalmente no processo.
- Algum desses idiotas de Hogwarts vai se dar bem?
- Isso não é da sua conta.
Ele a puxou com a intenção de fazê-la olhá-lo, segurando o queixo da garota com firmeza, quase ao ponto de machucá-la.
- Presta atenção no que eu vou dizer, Hermione. Se passou pela sua cabeça, pelo menos por um segundo, em fazer isso usando Draco Malfoy, pode esquecer. Se você tocar nele amanhã, pode ter certeza que vai ter que acertar contas comigo depois.
Ela se afastou do aperto dele e sorriu.
- E eu posso saber por que não pode ser ele? – ela falou com um olhar desafiador – Ele não é como qualquer outro cara dessa escola?
Ele a olhou impaciente, como se ela estivesse tentando lhe fazer de bobo.
- Eu não vou dividir uma garota com um Malfoy, entendeu? – ele disse – E você não vai usar essa situação pra matar saudades daquele idiota.
Ela não respondeu. Apenas arqueou a sobrancelha. Ele decidiu não tocar mais no assunto, o recado estava dado. Se concentrou somente nela e no que estavam prestes a fazer. Era assim com Hermione, quando estava com ela nesses momentos, se esquecia de tudo e de todos. Ainda estava completamente ignorante ao fato de que, quando estava com ela, não era somente prazer que sentia. Que a achava irresistivelmente gostosa, mas que também era mais que isso. Precisava aproveitá-la enquanto ela ainda não tinha se deixado influenciar pelos seus amigos e pelo idiota do Malfoy e voltado a ser a mesma boba de antes.
***
Um pouco depois da hora marcada, Hermione foi para a sua detenção, honestamente curiosa do que aconteceria lá. Tinha plena noção de que aquelas horas que passaria no mesmo cômodo que Draco e a sua adorável namorada não seriam um tédio total. Impossível.
Snape a tinha mandado tirar a poeira de todos os livros da biblioteca, e sua detenção não acabaria até que terminasse a sua tarefa. Não poderia usar magia, claro. Mas Snape parecia ter esquecido de que não estava lidando com uma aluna com níveis comuns de magia, então Hermione pretendia dar um jeito nisso no segundo em que o trabalho manual começasse a ficar entediante.
Mas uma coisa a surpreendeu ao chegar na biblioteca. Taylor não estava lá. Somente Draco, sozinho, lendo um livro em uma das mesas de madeira do lugar.
- Está atrasada. – ele falou sem tirar os olhos do livro.
- Onde está sua namorada? – ela perguntou com um ar de riso. – Pensei que iria trazê-la para colocarmos o papo em dia, como Snape sugeriu.
Ele levantou a cabeça e a encarou sério.
- Sendo assim, onde está seu treinador?
Ela deu de ombros e rumou para a sua primeira prateleira, sem dizer mais nada. O silêncio reinou enquanto Draco se via numa luta interna. Apesar de não querer dar o braço a torcer, queria muito poder conversar com ela, pelo menos por alguns segundos... Por mais que não quisesse admitir, precisava se certificar de que ela tinha realmente ficado bem... Que ela tinha ficado bem sem a ajuda dele.
- Aonde você esteve, Hermione? – ele perguntou de repente, a fazendo olhá-lo.
- Você está falando civilizadamente comigo? – ele a encarou impaciente – Quer dizer, desculpa o meu espanto mas tudo que você tem feito desde que eu voltei é me confrontar ou dizer que eu estou morta, seja lá o que isso signifique.
- Vai responder minha pergunta ou não?
Ela voltou sua atenção para os livros.
- Eu estive... por aí...
- Isso não foi nenhum pouco vago.
Ela deu de ombros.
- Por que você quer saber? Isso não te importa.
Ele demorou um pouco para responder, depois suspirou e disse:
- Tem razão. Não me importa.
Ela voltou a encará-lo e em seguida se aproximou dele com um leve sorriso no rosto.
- Então... quanto tempo levou até você superar a minha partida e atacar a Taylor? Dizem por aí que eu te deixei de coração partido...
Ele revirou os olhos.
- Quem disse isso, não tem idéia do que está falando.
Ela arqueou a sobrancelha e virou de costas para ele novamente, voltando para a estante.
- Já que estamos fazendo perguntas aqui, por que você não me diz quanto tempo levou pro Stevie te levar pra cama?
Ela parou de repente e se voltou para ele.
- Como disse?
Ele a olhava como se tivesse perguntado do tempo.
- Você me ouviu muito bem.
- Se eu te ouvi bem, você ficou louco, Malfoy. Da onde tirou essa história?
Ele se levantou e ficou bem de frente pra ela.
- Hermione, você acha que eu sou idiota ou esqueceu com quem tá falando?
- Não, eu continuo com a minha teoria de que você ficou maluco. – ela estava completamente séria agora, não acreditava que ele tinha tocado naquele assunto – Não há nada entre John e eu.
- E isso é o que você quer que todos acreditem. – ele cruzou os braços – Olha, eu sabia que você tinha mudado muito, mas depois que eu vi vocês dois juntos... Eu descobri que você praticamente sofreu uma metamorfose. Mentir na cara de todo mundo desse jeito? A Hermione de antes nunca seria capaz.
- Não foi você mesmo que disse que a Hermione de antes estava morta? E eu não tô mentindo. Isso é coisa da sua cabeça. Eu nunca dormiria com John, ele é meu treinador! Não vou ficar aqui ouvindo você falar essas idiotices...
Ela fez menção de se virar para sair mas Draco a segurou pelo braço, a impedindo.
- Me larga, Malfoy!
- Você esqueceu mesmo com quem tá falando. Me diz, Hermione! Admite!
- Não tem nada pra dizer! – ela falou, começando a ficar nervosa de verdade. Estava fazendo de tudo para não olhar nos olhos dele mas o sonserino estava tão perto... Ela não achava que seria tão difícil mentir pra ele assim. – Não está acontecendo nada!
- Ah, sério? Então você não está tendo nada com aquele idiota?!
- Não estou! – ela disse de olhos arregalados.
- Eu não acredito em você!
- Como não? – ela se forçou a olhar para ele e parecer o mais inocente possível – Você acha mesmo que eu seria capaz de ficar com alguém que eu não amo?
Draco suspirou, como se estivesse entediado com as mentiras que ela estava dizendo.
- Sabe o que eu acho, Hermione? Eu acho que a Hermione de antes não. Mas você? Eu nem sei quem você é! Eu só sei de uma coisa: você não é mais a garota que me disse no verão que sexo significava mais pra você.
- Eu sou a mesma pessoa!
- Como eu disse... Você esqueceu com quem tá falando... Esqueceu que eu sempre soube quando você ia mentir antes mesmo de você começar a falar??
- Você também se esqueceu de muita coisa, não é?! Como pode me acusar de uma coisa dessas?! Você acabou de dizer, você me conhece!
- Eu te conheço?! – ele riu – Eu não conheço mais você, Hermione...
O tom que ele usou enfureceu mais Hermione do que qualquer coisa que ele pudesse fazer. Na verdade, “enfurecer” não era exatamente a palavra que ela usaria para descrever o que sentiu. Mas era isso ou pensar que as palavras dele a tinham magoado.
- Então você não pode sair por aí espalhando boatos sobre mim! – ela praticamente gritou se desvencilhando dele.
- Ué, ficou nervosa por quê? Quem não deve não teme. – ela podia jurar que o olhar dele naquele momento quase beirava ao nojo. – Sabia que se os professores descobrirem sobre o seu caso, eles te colocam para fora de Hogwarts?
- Por que você se importa? – ela falou – Mesmo que eu estivesse dormindo com ele, o que eu não estou, isso não seria da sua conta! Você não tem mais o direito de se meter na minha vida!
- Eu não me importo. E não precisa ficar nervosa, Granger, eu não vou contar do seu amante pra ninguém. Como você mesmo disse, eu não tenho mais nada a ver com a sua vida!
- Que bom que sabe disso. – ela se afastou e disse – Diz pro Snape que ele pode tirar todos os pontos da grifinória se ele quiser, eu já tô de saco cheio dessa detenção!
E saiu da biblioteca batendo a porta, deixando Draco sozinho.
O loiro fechou os olhos e respirou fundo, tentando entender o que tinha acontecido e sem acreditar que tinha perdido o controle daquele jeito. Então era verdade. Hermione estava mesmo dormindo com John. Aquilo só o deixou com mais raiva do que ele já estava. Todo o tempo em que eles namoravam e ele achava que os seus ciúmes eram sem fundamento... Todos os dias em que ele ficou sem ver Hermione porque ela estava treinando com John... Ele balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Hermione não o trairia. Pelo menos não a Hermione de antes.
Era tão estranho ter que separar isso na sua cabeça. A Hermione de antes e a Hermione de depois. Sinceramente, preferia nunca ter conhecido a Hermione de depois. Queria se lembrar dela somente até o dia do incêndio. Mesmo que no dia do incêndio, ela tivesse terminado com ele... ainda era sua Hermione. Ele ainda podia lidar com aquela Hermione... Mas agora, ele só conseguia sentir um ódio terrível dela. Se arriscava a dizer que era um ódio ainda mais forte que o que sentia antes, quando eles eram crianças. Só não sabia se sentia ódio pelo que ela fez com ele, ou pelo que ela fez com a garota que ele amava.


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Notas finais do capítulo

N/A: Olá pessoal! Como andam? Primeiro de tudo, eu queria agradecer ao pessoal que comentou. Muito obrigada mesmo... Só queria que vocês comentassem mais... Eu fico muito desanimada com a falta de comentários aqui no nyah... Quero muito saber o que estão achando...
Eu não sei se esse é o momento pra dizer isso, mas eu estou com essa idéia na cabeça e eu preciso muito compartilhar, saber o que vocês vão achar, etc... Eu estou pensando em uma continuação prO Preço de Amar Um Malfoy. Mas não uma continuação enoOoOrme como essa fic. Uma coisa menor. E tipo, não vai ficar nenhum assunto pendurado de uma fic pra outra. Tudo que estiver pendente nessa fic vai ser resolvido aqui, independente de continuação. A história vai ser Pós-Hogwarts e com um enredo diferente... Vai ser tipo, mais ou menos cinco anos depois do final dessa fic... A idéia surgiu porque eu já estava pensando em uma fic Pós-Hogwarts pra escrever... porque eu sou doida pra escrever uma... Mas aí eu me pegava pensando: ah, aí a Pansy vai falar isso pra Hermione... mas aí eu lembrava que a Pansy não é uma personagem que é amiga de Hermione normalmente, tipo como a Gina ou mesmo a Luna é... que isso é só em O Preço... aí eu ficava muito chateada, porque O Preço... vai acabar e as cenas com as duas é uma coisa que eu me divirto muito escrevendo e que eu queria explorar mais. Assim como as premonições da Luna, ou os poderes do Draco e da Hermione, ou o romance do Lucas e da Pansy... Então eu finalmente cheguei a conclusão que eu não estava pronta pra me despedir dessa fic. E eu ainda fiquei meio hesitante com isso porque desde o começo eu jurei pra mim mesma que essa fic seria grande assim porque não haveria, de jeito nenhum, uma continuação... Mas agora eu estou convencida em fazer isso. Então, eu com certeza vou escrevê-la e espero que vocês não estejam de saco cheio demais da fic pra poder acompanhar a continuação da história de Draco e Hermione, só que agora com eles e seus amigos adultos, mais maduros e confiantes. Então é isso... me digam o que acham...
E desculpa de novo pela demora mas eu estou tentando resolver as coisas da fic de uma vez por todas e estou morrendo de medo de postar e depois precisar mudar alguma coisa nos capítulos que eu já tenho pronto... Espero que entendam. =)
Bom, espero que tenham gostado do capítulo! E digam também o que estão achando da Hermione... Ela está muito difícil, não é? Muito, muito complicada e muito diferente. Todo mundo vai ter problemas em lidar com ela... Mas tenham paciência, todo esse comportamento horrível da morena tem prazo de validade.
Beijos e até a próxima!



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