O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 23
Perdeu o equilíbrio numa corda bamba


Notas iniciais do capítulo

Não demorou muito para o quarto se encher de poeira e essas quatro paredes desmoronarem ao nosso redor. These Four Walls (Miley Cyrus)



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Draco acordou com muito frio naquela manhã de véspera de Natal. Aquele inverno estava ficando realmente insuportável. Frio era uma das coisas que Draco mais amava no mundo, mas não quando ele era tão intenso que te dava a impressão de que seu sangue congelaria a qualquer minuto e você morreria. Não, Draco era fã do frio saudável.

Mas naquela manhã em particular, não era culpa do inverno se Draco estava quase congelando. Ele olhou para si mesmo e viu que tinha dormido exatamente como viera ao mundo. Mas, ao contrário do que era de se esperar,  aquele pensamento não o fez sentir ainda mais frio. Perceber que tinha dormido nu só o tinha feito se lembrar da noite passada e aquilo distraiu completamente. Principalmente quando olhou para o lado e viu que sua namorada estava exatamente igual a ele dormindo ao seu lado.

Ele sorriu ao olhar para ela. Estava dormindo de bruços e um fino lençol a cobria apenas da cintura para baixo. Seus cabelos castanhos estavam espalhados no travesseiro e apesar de ela estar tão nua quanto ele, a única parte do corpo dela que ele podia ver eram as suas costas. Ainda assim, Draco não pôde deixar de pensar que aquela era uma das cenas mais sexys que ele tinha visto na vida.

Ele não resistiu e se aproximou dela, levando sua boca até as costas da garota, fazendo um caminho de beijos até a curva do pescoço dela. Ali ele afastou o cabelo dela e começou a mordiscar levemente o lóbulo da orelha de Hermione, se sentindo entorpecido pelo perfume que exalava da pele dela.

Hermione dormia num sono tranquilo, mas uma parte do seu subconsciente sabia o que estava acontecendo, mesmo que achasse que fosse um sonho. Uma parte do seu corpo começou a reagir aos toques de Draco no seu ponto mais sensível. Sentia a mão dele segurando firmemente a sua cintura, como se procurasse por algum fio de sanidade. Ela abriu os olhos.

- Oh, Merlin... – ela murmurou – Tem forma mais perfeita de ser acordada?

Percebendo que ela já havia despertado, ele intensificou as carícias descendo novamente para as costas dela, pouco abaixo do seu pescoço, e deu uma mordida forte ali que causou um efeito incrível em Hermione. Ela tremeu e o corpo todo dela se arrepiou enquanto ela tentou reprimir um gemido. Draco deu uma risadinha safada e voltou a fazer aquele gesto repetidamente, mordendo, beijando e sugando aquele ponto até os gemidos de Hermione se tornarem sons constantes no quarto. Ela apertava os travesseiros com as mãos, tentando extravasar o prazer que sentia, principalmente quando sentiu o efeito que causava nele pressionado contra a sua perna esquerda.

- Eu preciso virar, Malfoy! – a voz dela saiu abafada pelo travesseiro.

- O quê? – ele perguntou decepcionado – Mas eu nem começei!

Ele a sugou novamente, agora no pescoço, fazendo-a soltar um gemido alto dessa vez.

- Eu preciso virar! – ela repetiu com a voz entrecortada – Agora!

Ele se afastou um pouco, chateado por ela acabar com a brincadeira dele e deu espaço para ela se virar. Agora de frente para Draco, Hermione não perdeu tempo e lhe beijou com fervor, surpreendendo-o. Ele correspondeu á altura, desesperado por mais. Eles rolaram na cama e Hermione se viu em cima dele, então deixou sua boca para beijar o peitoral que tanto amava, arranhando, apertando, sugando e dando o troco pelo que ele tinha feito com ela pouco antes. Draco delirava ao sentir a boca dela tocando a sua pele, a sua mão explorando seu corpo.

Ele se sentou na cama e puxou Hermione pela cintura com força, voltando a beijar a sua boca, explorando-a com a língua enquanto suas mãos puxavam a coxa da garota, fazendo-a se sentar no seu colo e suas pernas abraçarem sua cintura. Não aguentando mais, ele a penetrou e Hermione soltou um grito de prazer ao sentí-lo dentro de si.

Suas unhas cravaram nas costas dele enquanto ele começou a se movimentar aumentando o prazer de ambos, e surpreendendo Hermione ao ver que aquilo ainda era possível. Ela achou que seu cérebro ia se abrir e mordeu o ombro dele com força, antes de gritar o seu nome.

Draco não podia ter tido estímulo maior. Aumentou o ritmo ao máximo e tudo que se ouvia no quarto agora eram os gemidos deles. Cada célula do corpo de Hermione estava concentrada apenas no órgão latejante dentro dela.

Chegaram ao ápice juntos. Hermione sentiu como se fosse começar a derreter a qualquer momento, então se deixou cair para trás, se deitando na cama e tentando recuperar o ar. Draco saiu de dentro dela e se deitou ao seu lado, a abraçou e beijou seus lábios suavemente, os levando ao ouvido dela em seguida.

- Eu amo você.

Ela sorriu para ele, sussurrando com dificuldade:

- Eu amo você também.

Os dois ficaram em silêncio, ainda esperando seus batimentos cardíacos voltarem ao normal.

***

- Onde Lucas está? – perguntou Hermione, enquanto terminava de se vestir.

Draco pareceu só se lembrar da existência do amigo naquele momento.

- É verdade... – ele franziu o cenho – Boa pergunta. Onde está Lucas?

- Ele não voltou pro quarto ontem á noite. – ela falou.

- Merlin, - ele olhou em volta como se fosse encontrar o amigo parado ali os observando – espero que não.

Ela riu e ele o acompanhou. Mas então o sorriso de Hermione sumiu e ela se sentou na cama rápido.

- Draco! Pansy disse pra mim ontem que ia resolver aquele assunto da gravidez. – ela o encarou – É claro! Ela contou a verdade pra ele ontem!

Draco se sentou também, desanimado.

- E eles devem ter brigado denovo... – completou ele.

Draco conhecia Lucas muito bem e sabia como o sonserino tinha tendência a ser um idiota em momentos como aquele. Agora os dois deviam ter tido a pior briga da história e Lucas devia ter passado a noite andando pelos terrenos de Hogwarts, completamente sem rumo.

- Vou falar com Pansy. – Hermone se levantou e começou a se vestir.

Draco suspirou.

- E eu vou esperar Lucas voltar. Só espero que ele dê as caras antes da hora marcada do flu.

Ela o olhou confusa.

- Flu?

- É, Hermione... – falou divertido – Se lembra? Hoje é dia de irmos para o Largo Grimmauld.

- Ah, mas é claro! – ela se repreendeu por ter esquecido daquilo – Que droga! E eu ainda nem começei a fazer as malas!

- Relaxa, temos tempo. – ele se aproximou e a beijou – Precisamos falar com Lucas e Pansy primeiro.

- Ok. Tem razão.

***

Hermione foi para o seu quarto com sua mente dividida entre a felicidade que sentia devido á noite passada e tudo que tinha acontecido e a tristeza que Pansy deveria estar sentindo. Uma parte dela meio que esperava que ela estivesse errada e que Lucas tivesse sido adulto o suficiente para lidar com a situação deles. Queria que Pansy e o mundo todo estivessem tão felizes como ela estava. Nem acreditava em tudo que tinha acontecido em tão pouco tempo. Menos de 24 horas atrás, ela estava preocupada, se perguntando quanto tempo iria demorar até que o namoro caísse aos pedaços de vez e agora parecia ter acontecido exatamente o contrário. Ela sentia que os dois estavam mais firmes que nunca.

Infelizmente, ao entrar no dormitório, percebeu que certamente sua colega de quarto não podia dizer o mesmo sobre seu namoro.

Pansy estava sentada no meio da cama, abraçando os joelhos e com o rosto inchado. Devia ter chorado a noite inteira. Uma parte de Hermione lamentou não ter estado ali para apoiar a amiga. Ela deveria ter estado precisando de alguma companhia e só ela sabia o quanto a garota já a tinha ajudado.

- Pansy... – Hermione se juntou a ela na cama e tirou o cabelo grudado pelas lágrimas do rosto da sonserina – Você falou com Lucas?

- Nós terminamos... – a voz dela estava muito rouca – Sem volta. Eu não quero nem mais olhar na cara dele.

- Mas Pansy... – ela olhou a amiga confusa – Como assim? Quer dizer, você precisa dele. Vocês precisam. Agora mais que nunca.

- Não, nós não precisamos.

- Ele é o pai dessa criança... – tentou falar sutilmente.

- É, mas meu filho com certeza não precisa de um pai que não o quer, precisa?

- O quê? – Hermione a encarou - Ele pediu pra você fazer um aborto?

- É. – ela, por sua vez, encarou o lençol da cama, o achando muito interessante de repente – Eu nem sei porque eu me surpreendi com essa sugestão dele, sabe? Eu conheço o Lucas há tanto tempo... E sei como sonserinos são. Bem práticos. – Pansy deu uma pequena risada – Eu provavelmente pensaria dessa maneira também, mas acho que estou passando muito tempo com você. Seu espírito grifinório deve ter alguma coisa contagiosa. Por um momento me senti corajosa o suficiente para criar um filho mesmo quando eu sou adolescente e meus pais foram assassinados. Sem contar o fato de que quando eu sair de Hogwarts, eu estou sem eira nem beira. Ah, e não vamos esquecer que estamos em guerra então talvez eu morra antes do bebê nascer e eu não vou mais ter que me preocupar com nada disso.

Hermione arqueou uma sobrancelha.

- Como você consegue brincar com isso?

Pansy pestanejou.

- Não sei... Só sei que estou cansada de chorar...

Hermione puxou a amiga para um abraço e a sonserina encostou a cabeça no ombro da grifinória e suspirou.

- O que eu vou fazer, Hermione? – perguntou num sussurro. – Eu estou sozinha...

- Ei, você não tá sozinha. Nunca. – Hermione falou no abraço – Você pode sempre contar comigo. Tudo vai ficar bem.

- Sabe... – ela se afastou um pouco, falando com a voz embargada – Talvez Lucas esteja certo e eu que esteja sendo sentimental demais. Talvez o aborto seja a melhor coisa a se fazer. Quer dizer, eu quero ficar com esse bebê porque eu não quero... fazer nenhum mal a ele, entendeu? Mas... Eu o obrigando a nascer nesse mundo horrível, em guerra e nessas condições... não estaria fazendo mal a ele do mesmo jeito?

Hermione demorou um pouco pra responder, e quando o fez, fez com cautela.

- Eu acho, Pansy... Que não tem uma solução perfeita. As duas tem seus prós e contras... E você pode se arrepender com qualquer uma das duas. Eu vou te apoiar em qualquer decisão que você tomar. Só não deixa Lucas influenciar nisso. Não é ele que está carregando esse bebê, não é ele que já tem uma espécie de laço com ele... É você. É o seu corpo.

Pansy deu um sorriso triste.

- Obrigada, Hermione.

As duas se abraçaram apertado. Em seguida, Pansy se levantou e rumou para a porta.

- Eu vou andar um pouco. Esfriar a cabeça e tentar pensar com calma.

- Ok. Vejo você mais tarde.

***

 - Pansy grávida, cara. – Draco ouviu seu melhor amigo dizer pela milésima vez – Dá pra acreditar?

O loiro não respondeu. Tinha chegado a conclusão que Lucas estava repetindo aquilo para si mesmo para tentar se convencer e não porque queria uma opinião ou alguma coisa do tipo. O garoto estava deitado na cama massageando a têmpora desde que Draco conseguia se lembrar enquanto ele estava sentado na escrivaninha do quarto, esperando que Lucas passasse da fase da negação e realmente quisesse falar ou ouvir alguma coisa sobre o assunto. Apesar de que, Draco esperava que não fosse a segunda alternativa porque ele realmente não sabia o que dizer naquele momento. Ele mesmo tinha se sentido perdido quando achou que Hermione estivesse grávida.

- O que eu faço? – falou Lucas numa pequena mudança do repertório – Quer dizer, eu realmente não tenho idéia. – ele se sentou na cama e olhou para o amigo – O que eu faço, Draco?

Draco ficou uns segundos parado o encarando até perceber que diferente das outras vezes, aquela não era uma pergunta retórica.

- Não sei, Lucas. – falou com sinceridade.

- Ótimo. – ele o olhou irritado – Você é o melhor amigo de todos os tempos. Os melhores conselhos possíveis, pode ter certeza.

- Foi mal, cara. Mas eu não sei mesmo.

O sonserino bufou.

- Cara, você é inútil.

Draco revirou os olhos.

- Olha, quando eu estava na sua situação... ou achava que estava... por mais nervoso que eu estivesse, de uma coisa eu sabia. – ele hesitou - Pode parecer piegas, mas eu sabia que ia ficar com Hermione. Independente do que ela decidisse ou do que acontecesse.

Lucas ficou em silêncio.

- Você ama a Pansy, não é? – Draco perguntou.

- Claro que sim. – murmurou ele. – Mas eu não posso ter um filho com ela, Draco. Não agora. Ou talvez nunca. Eu nunca pensei em me casar e ser pai... Pra falar a verdade, eu nem nunca tinha pensado em namoro antes da Pansy. Eu não nasci pra isso.

- Lucas, eu não tô entendendo. Se você já tem tanta certeza disso, por que você está pedindo minha opinião? Você claramente quer que ela faça o aborto.

- Eu quero. Porque eu não quero um filho. Mas eu quero a Pansy. – ele suspirou – E quando eu toquei nesse assunto, ela me olhou com tanto nojo, como se eu tivesse dito a pior coisa possível... E aí ela terminou comigo. Parece que eu tenho que escolher... Ou eu fico com o pacote-família completo ou eu fico sozinho. E eu também não quero que ela fique sozinha com o bebê... Mas... É tudo muito complicado.

- Eu sei que é. – Draco o olhou – Acho que você devia falar com a Pansy. Eu acho que o que você está sentindo... Não é nada comparado ao que ela está sentindo, cara.

- É só que... – ele mesmo se interrompeu, sem saber o que dizer.

- Se eu não me engano, quando os pais dela morreram você disse que ficaria do lado dela não importa o que acontecesse. E me parece que nesse momento, quando ela mais precisa, você deu as costas.

- Eu não dei as costas. – ele se defendeu – Foi ela que terminou comigo.

- E você aceitou? – ele o olhou – Por que, Lucas? Porque ela fez o que você queria que ela fizesse pra se livrar do peso?

- Me livrar do peso? – ele falou indignado - Você não está vendo o estado em que eu estou? Se eu estou sem o peso agora, eu não quero nem saber como é estar com o peso.

- Você me pediu um conselho, Lucas. Eu estou dando. Só... fica com ela. É o que ela precisa.

***

Mais tarde naquele dia, Hermione foi procurar Draco na barraca do garoto. Deu a sorte de encontrá-lo sozinho e, depois de uma longa sessão de amassos, os dois ficaram apenas deitados na cama dele, abraçados. Fazia tempo que eles não tinham um momento tranquilo, só pra eles, e Hermione tinha sentido mais falta daquilo do que pensava. Eles estavam muito bem desde que declararam seus sentimentos honestamente um para o outro e Hermione realmente esperava que as férias de Natal na sede da Ordem realmente servissem como férias e não como um campo de batalha no estilo Grifinória versus Sonserina. Apesar de quê, Pansy e Lucas pareciam estar na sua guerra particular e com certeza não iriam tomar partido em nenhuma outra que não fosse a sua própria, então eles deviam estar salvos. Ela tinha imaginado que talvez o feriado servisse também para tentar alguma aproximação com Gina mas estava começando a achar que estava errada, ela e Draco provavelmente passariam o tempo todo servindo de mediadores para o casal de amigos. O que era uma pena, porque Hermione realmente sentia falta da sua velha amiga.

Parecia que agora, uma grande parte do tempo de Hermione era voltado apenas para sentir falta. O sentimento já tinha se tornado uma parte tão grande dela, que ela nem sabia mais a intensidade dele. Sentia falta de Harry e de como ele costumava ser superprotetor com ela, sentia falta de Rony e de quando eles brigavam porque ela não queria deixá-lo copiar sua lição, sentia falta de Gina e das conversas de garotas que elas costumavam ter... Mais que tudo, sentia falta do que ela era no passado, quando eles eram uma parte tão grande na sua vida. Não que eles ainda não fossem. Ela os amava de todo o seu coração e estaria ao lado deles sempre que precisassem, até mesmo de Gina, apesar de saber que a ruiva não apreciaria sua companhia no momento. Mas tinha saudade de conviver com eles. De aturar seus defeitos e apreciar suas qualidades de perto. Ela só esperava, do fundo do seu coração, que tudo fosse recuperado em algum momento no futuro. E ela estava na esperança de que não fosse num futuro muito distante. Não podia nem pensar na idéia de perder um deles para a guerra, com tantos assuntos pendurados entre eles. Não sabia o que faria se acontecesse alguma coisa com qualquer um deles.

Draco a abraçou mais forte, chamando sua atenção de volta pra ele.

- O que está pensando? - ele perguntou delicadamente.

Ela olhou para cima, para os olhos azuis que amava tanto.

- Na guerra. - respondeu - Estou tão preocupada com o que pode acontecer.

- É... Qualquer coisa pode acontecer...

Ela suspirou.

- Você não se preocupa?

- Claro que sim. Me preocupo com você e o que pode acontecer com você.

Ela franziu o cenho.

- O que você acha que pode acontecer comigo?

- Eu não sei, Hermione... – ele respondeu sério e pensativo - Não posso ler a mente de Você-Sabe-Quem. O que eu sei é que ele quer você. Ou do lado dele ou morta. Mas ele quer você. Os comensais destruíram Hogwarts porque ele queria você. E se eu conheço alguma coisa dele, ele não vai desistir. O plano dele deu errado, ele queria que o feitiço atingisse a mim e isso deve tê-lo deixado furioso. O feitiço caiu em você e te deixou muito poderosa... E você é da Ordem da Fênix. É como se ele tivesse dado um presente pra Dumbledore.

- Você acha que ele está tramando alguma coisa. – não foi uma pergunta.

- Eu não acho. Eu tenho certeza. Só me pergunto o quê.

- Você pensou bastante nisso... - ela observou.

Ele sorriu de lado.

- Eu penso bastante em você. - ele soltou o ar dos pulmões - O que me preocupa é que ele não dá nenhum sinal de vida desde a destruição de Hogwarts. Isso me faz pensar que talvez ele esteja tramando alguma coisa... Uma coisa grande...

Os dois ficaram em silêncio, perdidos em pensamentos. Uns minutos depois, uma curiosidade invadiu Hermione.

- Aonde ele se esconde?

- O quê? - perguntou o loiro distraído.

- Aonde Voldemort fica esse tempo todo junto com os comensais?

- Ah... Ele vive em um castelo.

Ela arregalou os olhos.

- Um castelo? Como assim?

- Exatamente um castelo. Com torres, masmorras... Um castelo! Bem parecido com Hogwarts, se quer saber... Só que mais sombrio...

Hermione ficou surpresa em não ter pensado naquilo antes.

- Lógico que ele iria querer viver num castelo. Ele sempre deve ter sentido inveja de Dumbledore, por poder viver e comandar um castelo...

- É...

- Você já foi até lá? - ela perguntou receosa.

- Sim. - ele falou observando a reação dela - Umas duas ou três vezes, com o meu pai... Eu quase fui um comensal, Hermione... – ele deu um meio sorriso - Se lembra?

- Pra falar a verdade, eu esqueço disso na maior parte do tempo.

Ele beijou o topo da cabeça dela.

- Que bom.

- Draco, - ela se levantou um pouco com o cenho franzido - você também tem poderes. Por que Voldemort está tão preocupado só comigo?

- Eu acredito que também iria agradá-lo se eu voltasse para o lado dele, Hermione. Mas o fato é que ele deve saber o quanto você se tornou importante pra mim. Ele deve pensar que se ele conseguir te levar para o lado dele, vai ficar mais fácil me ter de volta.

- E ele está certo? - ela perguntou cautelosamente.

Draco a encarou, sério.

- Eu vou aonde você for. – disse, simplesmente.

- Mas eu não quero isso. - ela disse - Eu quero que você fique na Ordem da Fênix.

Ele franziu o cenho, rindo.

- Por que? Você está pretendendo se juntar ao Lorde das Trevas?

Ela soltou um muxoxo e pegou um travesseiro que estava em cima da cama, dando com ele na cara do loiro.

- Ei, - ele falou rindo ainda mais - só estava brincando...

- Não se brinca com isso, seu idiota... - ela falou o abraçando de novo.

- Idiota, humpt! - ele revirou os olhos - Não acredito que você me deu uma travesseirada! Vocês grifinórios são tão dramáticos...

- Draco! – ela exclamou de repente, se afastando para olhá-lo.

- O quê? – ele perguntou, assustado.

- Você também tem poderes! – falou ela, obviamente.

- Ok... – ele respondeu, se segurando para não irritá-la por ter apontado o óbvio.

- Então, por que você não treina também? – ela perguntou – Você deveria saber lutar também!

Ele soltou uma risada convencida.

- Hermione, eu sei lutar.

Ela o olhou, surpresa.

- Sabe?

- Lúcio me treinou pra ser um comensal, Hermione. Eu sei lutar de todas as maneiras que você possa imaginar... No braço, com espadas, com facas...

Ela pestanejou.

- Por que você nunca me contou isso?

- Pensei que você já tivesse imaginado...

- Então por que você não me ensina, no lugar do John?

- Porque o seu estúpido treinador tem mais experiência em explorar o tipo de feitiço que está em você. Eu não.

- Hum. – uma idéia lhe invadiu a mente e ela sorriu – Draco!

Ele revirou os olhos.

- Você tem que parar de fazer isso. Eu estou na sua frente, Hermione.

Ela o ignorou.

- A gente podia lutar!

- O que? – ele riu - Nem pensar!

- Por que não? – ela continuava sorrindo – Ia ser... hum, interessante...

- Não, Hermione... – falou como se desse a última palavra a uma criança.

- Ah, por que? – ela fez bico – Eu ia poder treinar um pouco, com alguém que não fosse John... Ia ser bom pra mim!

- Não, Hermione. – ele a beijou, desfazendo o bico dela – Eu não quero lutar com você, porque eu não quero machucar você.

Ela semicerrou os olhos.

- O que te faz pensar que você vai me machucar? – cruzou os braços – Você por acaso acha que pode me ganhar, Draco Malfoy?

Ele riu.

- Eu não acho, amor. Eu sei que eu te ganho.

O queixo dela caiu.

- Então você está muito enganado. Se você quer saber, eu estou ficando muito boa...

- Imagino que esteja. – ele falou – Mas...

Ela levantou uma sobrancelha.

- Mas você se acha melhor, não é mesmo?

Ele deu de ombros, sem parecer nenhum pouco envergonhado de toda a sua presunção.

- Acho que só tem um jeito de descobrir quem é o melhor, então...

Ele riu.

- Esquece, eu não vou lutar com você.

- Por quê? Vai amarelar?

Ele acariciou o rosto dela, sorrindo.

- Tem noção do quanto você está infantil agora? Sentada aí de braços cruzados com essa cara?

- Você vai lutar comigo ou não, Malfoy? – falou num tom diferente, muito como a Hermione de antigamente falava com ele.

Ele suspirou.

- Ok, Granger. Mas depois não diga que eu não te avisei...

***

Algumas horas depois, Hermione rumava furiosa para a sua barraca com Draco no seu encalço.

- Você é ridículo, Malfoy!

- Eu disse que isso não ia acabar bem, Hermione!

- E isso é culpa de quem?

Os dois estiveram lutando nos terrenos de Hogwarts, e como Draco havia imaginado, não acabara bem. Digamos que ele tinha facilitado a vitória para Hermione durante a luta, e quando ela percebeu que estava o vencendo fácil demais, descobriu que ele, na verdade, a estava deixando ganhar. E quando, depois de uma breve discussão, ela o obrigara a lutar de verdade, ele a vencera em menos de três minutos. Ela não estava encarando aquilo muito bem.

- Está vendo só? – ele a puxou pelo braço, a fazendo parar – Por isso eu não queria lutar a sério com você. Sabia que ia ficar furiosa. Você é uma péssima perdedora, Granger.

Ela parecia ainda mais ofendida que antes.

- Eu não estou chateada porque eu perdi, seu idiota!

- Então porquê? – ele perguntou – Porque eu te deixei ganhar? Eu só não queria que você se sentisse mal, Hermione! Eu sei que tem se esforçado muito com o treinamento!

- Você não precisa se preocupar com os meus sentimentos! Páre de me tratar como uma criança!

- Quando você parar de agir como uma... – ele murmurou.

Ela revirou os olhos.

- Olha, eu só estou chateada, ok? Foi tão fácil pra você me derrotar... Eu achei que estivesse melhor...

- E você está. Tenho certeza que está lutando melhor do que metade dos comensais. O problema não é esse, você não tem culpa se eu luto tão bem!

Ela o empurrou com força e ele riu.

- Idiota! – ela foi se afastar mas ele a puxou de novo.

- Falando sério agora, Hermione... Meu pai tem me treinado desde que eu me conheço por gente. É chato que ele tenha tratado o próprio filho como um robô mas não posso negar que isso tem suas vantagens. Lutar bem é uma delas. Mas eu tenho certeza que você vai continuar treinando e um dia vai ser páreo pra mim ou pra qualquer pessoa.

Ela deu um pequeno sorriso e em seguida o corrigiu:

- Um dia eu vou vencer você...

Ele abraçou pelo ombro e os dois continuaram andando juntos.

- Não contaria com isso se fosse você... Como eu disse, eu sou realmente muito bom...

***

Como o combinado, todos deveriam estar de malas prontas na sala de Dumbledore ás 17 horas da tarde. Com todos os acontecimentos do dia, obviamente Pansy e Hermione se atrasaram. Todos já estavam lá quando elas chegaram.

- Ah, finalmente. – falou Lupin – Onde vocês estavam?

- Perdemos a noção da hora. – respondeu Hermione.

Pansy olhou em volta e viu que o lugar estava lotado.

- Nossa, casa cheia...

- Lá está o Draco. – falou Hermione fazendo menção de ir até o loiro.

- É. – Pansy segurou a amiga pelo braço – E lá está Lucas com ele. Então você pode ficar por aqui comigo.

Hermione a olhou pensando em discutir, mas por fim apenas suspirou e fez o que a sonserina “pediu”.

- Ah, como eu gostaria de acompanhar vocês nessa grande confraternização. – falara Dumbledore – Mas infelizmente o dever me chama, e não vou poder entrar em contato com vocês nesse curto período de tempo. No entanto, encontro vocês aqui em Hogwarts na volta do recesso.

- Ele não deveria ficar aqui, erguendo o castelo de novo para podermos voltar a nossos dormitórios no final das férias? – sussurrou Pansy para Hermione.

- Ele deve ter coisas mais importantes para fazer. – respondeu a morena.

- Coisas mais importantes? Duvido. Aposto que ele vai aproveitar essas duas semanas para pegar um bronzeado nas praias do Caribe ou da Austrália. Me lembre de checar na volta se ele tem um bronzeado, Hermione.

A grifinória reprimiu um riso ao imaginar Dumbledore em uma praia, sentado na areia de sunga e óculos escuros, pegando um bronzeado.

O pessoal formou uma fila para o flu e Pansy e Hermione ficaram atrás de Neville. Hermione se surpreendeu ao vê-lo, não sabia que ele também iria.

- Você por aqui, Neville? – ela disse.

- É. Minha avó vai passar o feriado numa conferência na Itália e eu achei que seria uma boa idéia ficar com os amigos.

Hermione sorriu e Lupin chamou o garoto, dizendo que ele era o próximo.

Quando a grifinória olhou para Pansy de novo, ela estava com uma cara pensativa:

- Hermione, será que Dumbledore e a avó de Neville estão tendo um caso? – sussurrou Pansy – Aposto que os dois vão se encontrar nas Ilhas Maldivas ou em Bora-Bora. Hum, eles velhinhos... Vão tirar o atraso nessa viagem...

Hermione fez cara de nojo.

- Você está especialmente depravada hoje, não tá? – perguntou ela.

Pansy deu de ombros.

- Preciso distrair a minha mente. Só acompanhe minha linha de raciocínio, ok?

- Me desculpe. Se você quiser que eu te acompanhe, vai ter que seguir uma linha de raciocínio menos nojenta.

A garota riu.

- Você é muito sensível, Hermione. Até parece que eu não te ensinei nada...

***

Quando os garotos chegaram na mansão dos Black, Sra. Weasley os recebeu e os mandou logo para seus respectivos quartos para desfazerem as malas. Hermione estava meio na esperança de que a matriarca dos Weasley’s a tivesse colocado no quarto com Pansy e Gina com Luna, uma vez que a mulher sabia que Hermione e Gina não estavam no melhor momento da sua amizade, por assim dizer, mas aconteceu justamente o contrário. Sra. Weasley fizera questão que Hermione ficasse no quarto com Gina com a intenção de que talvez um pouco de convivência fizesse bem para as garotas.

Draco ficou feliz em saber que tinha sido colocado com Lucas, tinha visto o que a mãe dos Weasley’s tinha feito com Hermione e realmente esperava que ela não a colocasse no quarto com Potter e Weasley esperando que eles se tornassem melhores amigos durante aquelas férias. Neville fora colocado numa cama de montar no quarto que Harry e Rony dividiam todos os verões. E Luna tinha sido colocada com Pansy mas apesar dos protestos de Rony, ela não parecia realmente se incomodar com isso.

Hermione e Gina subiram para o seu antigo quarto e enquanto a ruiva rumara direto para a sua cama e começara a desfazer as malas sem nem olhar para o lado, a morena parou no meio do quarto observando tudo.

Fazia uns meses desde que Hermione não ia ali e tanta coisa tinha mudado em tão pouco tempo... Mas o quarto não. Ele estava entocado. Como se estivesse esperando por elas o tempo todo. Alguém tinha esquecido de contar para o cômodo que Hermione e Gina não eram mais melhores amigas.

A garota se sentiu triste ao olhar para o quarto. Parecia que estava olhando para o passado. Havia uma escova em cima do criado mudo entre as duas camas. Ela sabia que acharia fios ruivos e castanhos enrolados nela se fosse olhar. As duas costumavam pentear o cabelo uma da outra na hora de dormir e fazer penteados estranhos para zoar uma com a cara da outra. E se procurasse embaixo do tapete, sabia que acharia uma marca de queimado no chão de madeira de dois verões atrás. As duas tentaram fazer um feitiço que Lilá e Parvati tinham ensinado, que deveria dizer com quem elas iriam se casar, mas acabou de uma forma quase trágica e elas não ficaram sabendo de nada. Hermione se aproximou da penteadeira para ver uma foto que estava presa na borda do espelho. Encarou uma versão mais nova de si mesma e da sua ex-melhor amiga fazendo caretas.

Gina viu o que Hermione estava fazendo e se aproximou para olhar a foto também.

- Nós éramos melhores amigas do que qualquer pessoa que eu já conheci.

- É. – respondeu Hermione.

- É uma pena que tenha chegado ao fim.

A ruiva se afastou e saiu do quarto, deixando Hermione sozinha.

A garota suspirou e rumou para a sua própria cama, abrindo a sua mala. Com sorte, um pouco daquele desânimo que sentia tinha a ver com o fato de que não bebia nada há algum tempo. Enfiou a mão na mala, e afastou as roupas, tocando o fundo e encontrando uma garrafa pequena de firewisky. A abriu e a virou, mas nada saiu da garrafa.

- O quê? – murmurou para si mesma.

Como o recipiente não era transparente, ela precisava olhar pela boca da garrafa para ver o conteúdo lá dentro. Se surpreendeu ao ver que não havia nem um gole sequer ali.

- Não acredito...

Devia ter pegado a garrafa errada. Como pudera ser tão descuidada? Olhou para a mala preocupada. Não tinha trazido mais nada com medo de ser descoberta com um monte de bebidas na bolsa e agora se via naquela situação. Tinha plena noção de que não podia ficar sem beber. Simplesmente não podia.

***

Hermione tinha um plano. Já era hora do jantar de Natal da senhora Weasley e ela sabia que todos já deviam estar lá embaixo, sentados á mesa para a refeição. Então ela se atrasara propositalmente. Precisava arrumar um jeito de conseguir alguma coisa para beber. Já devia fazer uns dois dias desde que ela tinha ingerido algum tipo de bebida alcoólica e fazia tempo que ela não ficava tanto tempo sem beber. Nada bom poderia vir daquilo. Então quando todos já haviam descido para o jantar, ela saiu do seu quarto e rumou para o de Sirius. Se tinha algum lugar que deveria ter bebida naquela casa era ali.

Abriu a porta do quarto com cuidado mas aquilo não ajudou muito já que a madeira velha rangeu. Ela fez uma careta ao ouvir aquele som. Com sorte o barulho de conversas lá embaixo estaria muito alto e ninguém tinha ouvido. Hermione entrou no quarto fechando a porta atrás de si e olhou em volta.

O lugar estava perfeitamente limpo. Aquilo não era bom.

Sem perder mais tempo, a garota começou a procurar qualquer coisa alcoólica que pudesse a ajudar a suportar aquelas férias até voltar a Hogwarts. Vasculhou tudo. Abriu gavetas, armários, procurou em cima de estante. Tudo que encontrara foram garrafas vazias.

Ela se sentou na cama se sentindo extremamente nervosa. Levou as mãos trêmulas até o rosto. Sabia que não demoraria muito até que começasse a se sentir mal. Provavelmente acordaria na manhã seguinte já com os sintomas que a falta da bebida lhe causava. Como pudera ter sido tão irresponsável? John a tinha avisado sobre os cuidados que deveria tomar uma vez que se deixasse criar uma dependência na bebida para a evolução dos poderes.

Alguém bateu na porta.

- Hermione? – ela ouviu a voz de Draco – Você está aí? Todo mundo está resmungando lá embaixo porque você não está lá.

Ela respirou fundo e tentou passar uma tranquilidade que não sentia ao abrir a porta.

- Oi. – ela disse para ele – Eu já estava descendo...

- O que você estava fazendo aí dentro? – ele perguntou desconfiado.

- Eu tive essa idéia louca de que podia ter alguma coisa que nos ajudasse na guerra aqui dentro. – ela mentiu – Bobagem minha.

Ele sorriu.

- Se tivesse alguma coisa, a Ordem já teria achado.

- É. – ela tentou sorrir de volta pra ele – Tem razão.

- Vem, vamos jantar.

Ela deixou ele a puxar pela mão enquanto lutava contra as lágrimas. Um desespero terrível a atingiu quando ela pensou no que poderia acontecer.  

***

Depois de um jantar de véspera de Natal surpreendentemente agradável e uma conversa animada perto da lareira, os membros da Ordem da Fênix foram cada um para suas respectivas camas.

O silêncio reinava na mansão e Hermione podia imaginar que todos estavam dormindo confortavelmente embaixo dos seus cobertores magicamente aquecidos. A neve caía do lado de fora e estava realmente muito frio, especialmente naquela noite. Porém, Hermione não conseguia dormir. E sabia muito bem o motivo. Uma dor de cabeça estava começando a aparecer e ela estava morrendo de medo de dormir, de perder a consciência dos seus atos. Precisava ficar alerta. Ela decidiu se levantar, com medo de pegar no sono se continuasse deitada e saiu do quarto, pensando em arrumar algo para fazer, como ler um livro ou outra coisa qualquer.

Quando chegou na sala de estar, se sentou no sofá perto da lareira e ficou observando o fogo quase extinto em silêncio, algumas cinzas espalhadas ali perto. Depois de uns quinze minutos assim, começou a ficar com tanto sono que já estava quase dormindo sentada. Ficou agradecida por ouvir passos. Alguém descia a escada e não demorou a se juntar a ela.

- Parece que eu não fui a única que não consegui dormir... - murmurou a ruiva.

Hermione encarou a velha amiga, se sentindo desanimada em vê-la. Não porque ela tivesse raiva de Gina ou alguma coisa do tipo, mas porque Gina não falava com ela direito há meses, e quando o fazia era para brigar. E Hermione não estava afim de brigar. Brigas a faziam perder o controle e ela precisava ficar calma. Mas Gina pareceu ler a mente da morena, porque logo falou enquanto se sentava no tapete perto do sofá onde Hermione estava e perto da lareira:

- Eu não vim brigar...

Ela conjurou um grosso cobertor e se enrolou nele, com certeza sentindo a friagem que o chão passava e que o fino tapete não conseguia abafar.

As duas ficaram em silêncio por um bom tempo, apenas encarando o fogo que ainda restava na lareira.

Gina foi a primeira a quebrar o silêncio:

- Eu queria me desculpar com você...

Hermione a olhou surpresa e ela continuou.

- Não foi minha intenção fazer intriga entre você e o Malfoy. - ela pareceu repensar aquela frase e se corrigiu - Quer dizer... Não, essa foi mesmo minha intenção. Mas eu nunca quis causar nenhum transtorno na sua vida. Eu sei que você tem passado por muita coisa ultimamente e eu te conheço... ou conhecia... bem o bastante pra saber que ele estava te ajudando com tudo que vem acontecendo. Eu nunca quis estragar as coisas entre vocês. Só que... aquela bomba caiu no meu colo e eu precisava fazer alguma coisa com aquilo. Eu nem pensei direito, pra falar a verdade.

Gina respirou fundo depois daquele mini-discurso e Hermione a encarou:

- Esquece isso, Gina. Nós conseguimos nos entender.

A ruiva balançou a cabeça.

- Eu reparei. E fico feliz por isso. - os olhos dela marejaram - Nunca quis te causar nenhum mal. Eu só estava tão magoada... Eu estou tão magoada... - ela agora limpava as lágrimas.

- Gina... - Hermione sentiu seus próprios olhos arderem diante daquilo que Gina devia ter feito tanto sacrifício para esconder durante todo aquele tempo - Se tem alguém que devia estar se desculpando aqui sou eu. Você sempre foi uma ótima amiga pra mim e eu estraguei tudo. Me desculpe.

Ela escorregou para o chão também ao lado de Gina mas não teve coragem de abraçá-la.

- Não foi minha intenção... - Hermione continuou - Não foi mesmo...

As duas choravam agora. Mas as lágrimas não eram desesperadas, nem acompanhadas de soluço. Eram apenas tristes. Elas escorriam de forma livre e calma, como se estivessem se libertando.

- Quero que saiba que eu era... ou pelo menos achava que era desesperadamente apaixonada por ele. - falou Hermione - Mas eu nunca quis que minha paixão por ele machucasse você.

Gina se abraçou. As duas tremiam por causa do frio. Ou talvez não só por causa do frio.

A ruiva balançou a cabeça, assentindo.

Encarando aquilo como um bom sinal, a morena esperava que as duas pudessem retomar a amizade que tinha ficado perdida há um tempo atrás. Mas sabia que não era tão simples assim.

- Acha que podemos voltar a ser amigas? - falou ela - Sabe... melhores amigas como antes?

Gina ficou um silêncio por alguns segundos. Mas depois Hermione viu ela balançar a cabeça novamente, só que dessa vez fazendo um sinal negativo.

- Sinto muito, Hermione... Mas como antes não...

Nenhuma das duas disse mais nada. Sabiam que apesar de tudo, o fato das duas serem capazes de, depois de tanto tempo e de tudo que tinha acontecido, serem sinceras uma com a outra já era um bom recomeço. Um recomeço pequeno, mas bom.

***

No dia seguinte, Hermione acordou muito pior do que ela imaginava. Na verdade, ela mal acordou. Estava com uma febre tão forte que parecia sobrenatural. Quando acordava, suas palavras eram apenas delírios, coisas sem sentido. Tinham dado uma poção de sono pra ela porque quando ela ficava consciente, tinham a impressão de que ela também sentia muita dor. Já tinham mandado chamar o médi-bruxo mas nem ele sabia o que fazer para conter a febre ou as dores. O melhor a fazer para poupá-la do sofrimento era deixá-la desacordada. Tudo que sabiam era que ela parecia ficar pior a cada hora que passava.

Era manhã de Natal e a Ordem da Fênix estava toda reunida na sala de estar da mansão, mas não pelos motivos esperados. Na verdade, ninguém lembrava sequer de que era Natal.

- Ela vai ficar bem. – falou Pansy novamente, mais para si mesma do que para os outros.

- Isso tem alguma coisa a ver com os poderes dela. – falou Harry – Vocês tem que chamar Dumbledore.

- Dumbledore não está no país. – respondeu Lupin encarando o fogo da lareira - Ele nos avisou que ficaria incomunicável durante as férias. Eu disse que tudo bem. Achei que teríamos controle se alguma coisa viesse a acontecer.

- Então claramente vocês estavam errados! – falou Draco, que tinha estado muito quieto desde então.

- Estamos fazendo tudo que podemos aqui, Malfoy. – falou o Sr. Weasley.

- Não é o suficiente! – o sonserino praticamente gritou.

- Eu acho bom você se acalmar, Malfoy. – Moody disse a ele.

- Me acalmar? – o loiro se virou pra ele – Vocês não conseguem ver? Hermione tá morrendo naquele quarto!

Aquela declaração fez todos se calarem. É claro que aquele pensamento estava assombrando a todos desde que viram o estado de Hermione, mas ninguém realmente queria acreditar naquilo. Ela não podia estar morrendo. Uma doença estúpida não mataria Hermione Granger daquele jeito.

- Não pode ser. – falou Gina, que estava sentada ao lado de Pansy no sofá, no mesmo estado de negação – Eu estava conversando com ela ontem... Ela parecia bem... Com a aparência um pouco abatida.. Mas bem.

- Você brigou com ela, Gina? – perguntou Rony, em tom acusador.

- Nós não brigamos, Ronald. – se defendeu – A gente conversou... Só conversou... – os olhos da garota se encheram de lágrimas – Mas eu não perdoei ela... – murmurou de modo que só quem estava ao seu lado a ouviu – Eu adiei o momento em que faríamos as pazes. Achei que tinha todo o tempo do mundo com a minha amiga.

Luna, que estava do outro lado de Gina, a abraçou. Pansy a olhou com raiva.

- Pára de falar como se ela tivesse morrido, ok? – a sonserina se virou para os outros – Por Merlin, é da Hermione que estamos falando. Ela não vai morrer. Ela é a pessoa mais forte que eu conheço. Se ela morrer nessa guerra, ela vai morrer no campo de batalha, lutando. Não estirada numa cama, se entregando áqueles malditos poderes!

Lucas, que estava atrás do sofá, colocou a mão no ombro da garota mas ela se afastou.

- Não toca em mim.

Ela se levantou e saiu da sala. Lucas foi atrás dela.

- Vamos todos ficar calmos! – Lupin exclamou – Nós já demos todos os medicamentos necessários para Hermione! Ela não vai morrer. Ela logo vai acordar. Tenho certeza disso.

Draco também saiu, não adiantava nada ficar perdendo tempo com aquele bando de inúteis. Iria manter os olhos em Hermione. Talvez aquilo o fizesse parar de sentir como se ele fizesse parte do bando de inúteis.

Ele passou o dia inteiro sentado na cadeira ao lado da garota, segurando sua mão fria enquanto ela só parecia ficar pior. Quando a noite chegou, ele fora obrigado a deixá-la. Gina tinha que dormir e não tinha jeito de os Weasley’s deixarem os dois no mesmo quarto, mesmo com Hermione doente lá também. Sra. Weasley ocupou o sofá em que ele estava, disposta a passar a noite no quarto das garotas, para caso Hermione precisasse de algo.

Assim, todos foram para suas camas sem imaginarem a noite perturbada que os esperavam.

Gina teve certeza de que tinha alguma coisa errada quando acordara de madrugada e viu que Hermione não estava na cama.

***

Hermione acordara de madrugada se sentindo mal como nunca tinha se sentido antes. Tudo no seu corpo doía. Além de tudo, estava com muita sede. Sua garganta parecia estar em chamas.

Se levantou e saiu do quarto entre cambaleios. Não sabia exatamente aonde estava indo. Para falar a verdade, a garota sequer estava pensando direito. Sentia tanta dor que queria gritar. Acabou indo parar na cozinha da mansão.

Estava respirando rápido e com uma dificuldade absurda. Ela sentia como se as chamas da sua garganta estivessem aos poucos se espalhando pelo seu corpo inteiro. Era a pior coisa que Hermione já havia sentido na vida.

Levou um susto quando Neville saiu da porta que dava para a dispensa do lugar.

- Hermione? – ele a olhou – Você está bem? Todo mundo estava morrendo de preocupação, deveria estar na cama... Como conseguiu levantar?

- Eu não sei... – ela sentiu uma tontura muito forte e cambaleou para frente. Neville se apressou para impedi-la de cair no chão, mas ao tocá-la, foi como se ele tivesse levado um choque e no momento seguinte, ele estava inconsciente no chão.

- Neville! – ela exclamou assustada.

Olhou para suas mãos e soltou um som de desespero ao ver o estado delas. Estavam vermelhas. O vermelho mais forte que já tinha visto. Sentiu que ia desmaiar e se escorou na mesa que havia no centro do cômodo. Tentou se acalmar mas era impossível. Principalmente ao olhar para a mesa... para as suas mãos, e ver fogo embaixo dela. Fogo se espalhando pela madeira do móvel.

Ela gritou de pavor se afastando no mesmo instante e, fraca demais para se manter de pé, acabou agachada no canto da cozinha, abraçando as pernas enquanto começava a chorar compulsivamente ao lado de um Neville desmaiado.

Assistiu com pavor o fogo se espalhar completamente pela mesa e pelo chão, como se a mera presença dela estivesse fazendo aquilo acontecer.

- Hermione! – ela ouviu a voz de Gina ao longe – Hermione! O que está acontecendo? Saia daí!

- Gina! – Hermione reconheceu a garota apesar das lágrimas embaçarem completamente sua visão – Sai daqui! Vai embora!

- Tá louca? Claro que não!

A ruiva empunhou a sua varinha e tentou apagar o fogo. O feitiço que usara parecia fazer efeito por alguns segundos, o que a ajudou a se aproximar de Hermione, mas em seguida voltava com mais força, o que os deixou presos num círculo de chamas.

- Gina! – gritou Hermione em meio as lágrimas – Vai embora! Por favor! Você vai se machucar! Vá buscar ajuda!

- Não, Hermione! – gritou a ruiva de volta, apesar de falar com firmeza, podia se ver que ela estava apavorada também – Eu não vou te deixar sozinha!

- Gina, sou eu que estou fazendo isso! – tentou explicar entre soluços - Você precisa ficar longe de mim! Afaste Neville também!

- Não! – ela gritou mais alto que a outra, segurando no seu braço – Você precisa de mim, eu não vou te abandonar! Não de novo!

Elas se assustaram com o estrondo que houve quando o armário de louças caiu no chão.

O fogo se espalhava com a velocidade da luz de modo que em um minuto o primeiro andar da mansão já estava todo tomado. Gina e Hermione se abraçaram. Dezenas de passos e gritos foram ouvidos no andar de cima. O resto não passou de um borrão.


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Notas finais do capítulo

N/A: Well, well... acho que ninguém podia prever isso... ou pelo menos, espero eu que não... Escrevi essa última cena umas 10 milhões de vezes e ainda acho que não ficou bom! Mas resolvi postar de uma vez...
Acho que na nota passada, quando eu falei da pista, um monte de gente pensou que eu estava me referindo a visão da Luna... não era daquilo que eu estava falando. Eu estava falando sobre o capítulo oito, quando Hermione conta a Gina sobre a Trelawney falar que ela destruição, a Gina fala isso: Hermione! Fala alguma coisa! Olha, não se sinta mal, ela disse que eu vou sofrer uma acidente muito grave no fogo! O que ela te disse? Então, pra quem ignorou isso por achar que era só loucura da Trelawney: não, era sério.
Então, tenho um aviso pra fazer. Se preparem pro próximo capítulo... Pelo bem da fic e... bom, pelo meu também! Assassinato de autora é crime... Mas falando sério, o próximo capítulo vai definir praticamente TUDO que vai acontecer na fic daqui pra frente. Estou muito ansiosa pra saber o que vocês vão achar, apesar de saber desde o primeiro momento que eu decidi dar esse rumo a fic, que alguns de vocês não iam gostar. Vou parar de falar por aqui senão daqui a pouco vira spoiler.
Comentem mais, pessoal! É tão importante e tão pouca gente faz! Pelo menos pra dizer que tá acompanhando. Se você está lendo uma fic, é importante dizer isso pro autor. Você pode achar que ele tem certeza que a fic é boa e que tem gente que gosta mas a verdade é que nós não sabemos disso até que vocês digam! Se a gente ver um milhão de acessos na história mas só 5 comentários, nós vamos achar que a maioria das pessoas estão lendo e não estão gostando!
Muuuito obrigada a quem está comentando, muito mesmo! ♥ Um obrigada especial a RobertaM que escreveu uma linda recomendação para a fic. A primeira recomendação. Eu fiquei muito feliz quando eu vi que tinha uma e confesso que quase chorei lendo, além de ficar com um sorriso maior que a cara. =D
Então, acho que é isso... vou ficando por aqui pessoal! Esse capítulo foi meio corrido, então se houver algum erro eu ficaria agradecida se vocês falassem, ok? Os capítulos dessa fic são tão grandes e são muito difíceis de serem revisados, mas se não for assim, a fic não termina tão cedo!
Então, bjooos e até mais!



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