Between Earth And Wings escrita por ari_maknae


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz pelas pessoas que estão acompanhando ^^

Gostaria de ter mais reviews i-i É muito triste ver que todo o empenho que coloco na história não alcança nenhum dos leitores T-T Por favor, façam essa autorazinha mais feliz *--*



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Parado ali no meio de uma multidão de pessoas que passava apressadamente no final da tarde, eu parecia um estranho perdido num mundo desconhecido. Mas não era logo isso que eu era? Mal me lembrava de como era ser um humano: um ser fraco e tão suscetível à morte, à dor. Sentia falta da minha força. Acho que nunca houve um coletor mais bem dotado para seu trabalho quanto eu. Com tantas habilidades e precisão, eu teria evoluído rapidamente para um ser maior, um guardião. No entanto, eu regressara aqui. Alguns podem achar que isso não tem como ser uma punição, visto que estou vivo ainda e que posso estar tendo uma segunda chance.  Se as coisas fossem tão simples, não seriam uma punição.

O meu mundo pode parecer frio e mortal, mas na verdade é o responsável por toda a vida que recomeça.  A morte realmente não é o fim de tudo.

Estava tão absorto em meus pensamentos que nem percebi quando gotas começaram a cair dos céus e a molhar-me.  Em pouco tempo parecia como se o céu tivesse se aberto e toda a água possível tivesse jorrado de lá. Eu não me importava. Enquanto pessoas corriam da chuva ou abriam rapidamente seus guarda-chuvas, eu continuava parado no mesmo lugar, levantando a cabeça aos céus e sentindo meu rosto ser completamente molhado pela chuva. Minhas roupas começaram a ficar pesadas. Senti a água escorrendo pelo meu peito e molhando a faixa envolta de meu torso. Fechei os olhos por um momento, tentando esquecer tudo que acontecera, mas tudo que vinha a minha mente era ela.

Fui puxado de meus devaneios por algo que puxou minha mão. Olhei para baixo e encontrei dois pares de olhos negros me olhando. Me abaixei na altura da menina e dei um meio sorriso.

“- O que está fazendo aqui, criança? Onde está sua mãe?”

Mas a criança nada fez se não me encarar. O movimento foi tão rápido que nem percebi quando ela colocou a mão sobre minha testa. Senti como se uma corrente elétrica percorresse todo meu ser. Senti a própria luz passando por mim. Minha testa brilhou e instintivamente joguei a cabeça para trás e olhei para o céu.  A última coisa que senti foi que algo me puxava do chão.

Senti algo quente em meu rosto, mas não era algo ruim e brasante. Era algo macio e dócil. Queria manter aquilo para sempre ali. Como isso aliviava a dor que eu sentia nas minhas costas naquele momento. Não me lembrava de ter machucado as costas em momento algum, mas algo me incomodava seriamente nelas. Abri os olhos lentamente. A “coisa” quente que encostava em meu rosto era a mão dela. Seus olhos pareciam carregar tanta preocupação que eu não pensei ser capaz de se ver em um único olhar. Ela usava um tipo de casaco branco, que mais parecia com uma roupa de médica.

Eu estava novamente deitado na mesma cama dos dias anteriores e novamente tendo ela ali ao meu lado cuidando de mim. Ela passou a mão levemente por minha testa.

“- O que aconteceu com você?”

Olhei para ela, sem entender a pergunta.

“- Do que está falando?”

“-Como conseguiu essa marca?” – ela passou a mão pela minha bochecha.

Levei minha mão até o local e pude sentir os contornos de algum tipo de desenho. Parecia o início de uma... asa?

“- A menina de ontem...”

Enquanto me lembrava do que havia acontecido ontem, eu me perguntei como havia parado ali, de volta ao apartamento.

“- Como... Como me encontrou?”

“- Bem, quando eu cheguei você estava deitado no chão, ensopado e seu ferimento estava completamente sarado.”

Quem era aquela garotinha e como ela podia ter o poder o bastante para me marcar e ainda sim me curar da ferida que podia ter sido mortal, em outros casos? E como ela havia me trazido de volta para cá? Ela aparentava ter por volta de nove anos. Isso era impossível.

“- Hm... Me desculpe, mas... Por que você... Me salvou aquele dia?”

Olhei para ela, saindo de meus pensamentos e focando na pergunta crucial que ela havia me feito. Eu sabia que não importa o que estava acontecendo comigo, ia ser perigoso para qualquer um perto de mim. Eu era perigoso.

“- Eu sei muito mais do que imagina, Yuri”

“- Como... como sabe meu nome? Eu não me lembro de ter lhe dito isso...”

“- Tudo que precisa saber é que não deve tentar me entender, não deve se aproximar de mim e todo momento que passar perto de mim está mais perto da morte”

Ela se afastou um pouco, tirando sua mão de perto de mim e me olhando assustada. Eu podia sentir a agonia crescendo dentro dela. Provavelmente ela imaginava que eu era algum tipo de ladrão, assassino ou algo mundanamente mortal.

“- O que você é?”

Minha mente pareceu ficar mais clara naquele momento. Eu podia sentir um poder que eu não conhecia antes correr por entre minhas veias. Eu sentia a dor de uma cicatriz que cortava metade de minhas costas, saindo um pouco abaixo da nuca e terminando alguns centímetros abaixo. Eu podia sentir cada centímetro dela quando me sentei na cama e me levantei, fazendo com que ela derrubasse a cadeira e se levantasse rapidamente, quase caindo junto, na tentativa de se afastar de mim.

“- O que eu sou?”

Olhei bem nos olhos delas e abri os braços, sentindo a marca em minha costas arder e minhas asas negras foram abertas, plenamente esticadas e escuras como a noite.

“- Eu sou a morte.”


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Notas finais do capítulo

Reviews, please? *O* Posto o próximo quando tiver reviews *--*

Thank you por ler minha ficzinha *O*