Between Earth And Wings escrita por ari_maknae


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Capítulo um pouquinho maior e com mais falas agora ^-^Espero que gostem :D



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Abri os olhos várias vezes, como quando em um sonho. Vi sombras de uma silhueta e apenas o borrão de um lugar antes de apagar novamente. Foi assim inúmeras vezes. Não fazia idéia de quanto tempo havia se passado desde aquele dia no beco.  Quando finalmente consegui abrir os olhos e mantê-los abertos por mais de um minuto, consegui ver as coisas com mais nitidez. Vi que a silhueta antes só imaginada era a dela. Ela andava de um lado para outro no apartamento que, supus, era sua casa. Lavava louça, calmamente, cantarolando alguma música baixinho. Nem notou que eu havia acordado. Então levou um susto quando ouviu minha fraca voz perguntar:

“Há quanto tempo estou aqui?”

Ela veio até perto da cama e se sentou numa cadeira que estava logo ao lado. Parece que tinha sido colocada ali de propósito. Será que ela havia passado noites ali me olhando?

“Cinco dias” – Ela mexeu na atadura do lado direito de minha barriga e só então fui notar que estava sem camisa e enfaixado naquela região – “Como está se sentindo? Você levou um tiro. Tem muita sorte de estar vivo.”

“Você cuidou de mim?”

“Era o mínimo que eu podia fazer, depois de você repetir e repetir de que eu não podia te levar para um hospital e você ter, bem, surgido naquela hora”

O olhar dela escureceu. Ela se lembrava daquela noite muito bem, assim como eu. Já se passaram cinco dias? Eu deveria ter reportado ao grupo há muito tempo. Mas agora acho que todos já sabiam da minha situação. Embora nem eu entendesse por quê entrei nela. O nome dela estava na lista. Por que tentei impedir de matarem-na?

“Eu tenho que ir trabalhar agora. Acha que consegue ficar sozinho até o final da tarde? Estarei de volta às 18h, okay?”

“Não se preocupe comigo. Só vá.”

Ela me olhou como se sentisse algum tipo de dor ao sair. Levantou-se da cama, pegou sua bolsa e foi em direção à porta, mas parou no batente e olhou para trás. Ela não disse nada, mas nem precisou. Eu entendi. O pensamento mudo e silencioso que ela me tinha naquele momento em que nenhum de nós precisou falar para poder se entender. “Você não vai estar aqui quando eu voltar.”

Fiquei ali deitado por mais uma hora, analisando o lugar em que estava e tentando entender essa garota que parecia me conhecer tão bem sem nunca ter me visto. Estava inquieto de tanto ficar ali quando eu sabia que eu deveria ter muito que fazer em um dia normal. Com muito esforço, levantei-me. Parecia que eu havia morrido. Não. Morrer não dói tanto assim. É rápido. Isso era pior ainda. Fazia tanto tempo assim desde que eu morrera? Quanto tempo será?

Passeei pelo apartamento vendo muitas fotos da garota por ali. A maioria era com outras meninas. Nenhuma com um garoto em específico. Ao que tudo indicava, ela não parecia estar namorando. Não que isso interessasse para mim, claro. É só que não queria confusão com algum garoto entrando ali e pedindo explicações de por quê tem um cara sem camisa na cama dela. Bem, acho que a imensa atadura que envolvia meu torso podia dar uma dica, mas mesmo assim. Encontrei minha camisa e a vesti, colocando meu sobretudo por cima, para esconder a marca da bala. Calcei meus sapatos e dei uma olhada no espelho. Eu parecia realmente acabado. Saí do apartamento tomando o cuidado de deixar tudo fechado.

Eu conhecia aquela cidade com a palma da minha mão, por isso não foi muito complicado entender em que parte dela eu estava, fazia parte do meu trabalho conhecer tudo muito bem. Em pouco tempo já estava no topo do Spencer Business Center. Era de manhã ainda e tudo estava deserto. Andei por ali um pouco e depois me sentei. Não fazia idéia do que eu esperava encontrar ali. Não havia nada ali. Devo ter ficado parado ali por cerca de 15 minutos antes de ouvir o barulho. Era um barulho baixo e que fazia o chão tremer brevemente e depois voltava. Parecia um... celular? Levantei-me à procura dele. Ele estava no mesmo lugar onde eu havia ficado parado há cinco dias. Peguei-o e vi no visor que a chamada aparecia como privada.

“Alô?”

“Por onde andou?”

“John?” – John era um dos meus companheiros que, assim como eu, estava a coletar almas há muito tempo. Podia dizer que era o mais próximo de um amigo que eu tinha.

“Você foi banido, Hide. Deve ter feito algo muito sério. Disseram-nos que você quebrou a regra número um. Você é um dos melhores no que faz, Hide. Não acredito que você possa ter feito algo assim. Caso algo aconteça, eu te manterei informado. Não faça nenhuma burrice.”

Desliguei o celular. Eu havia sido banido então. Condenado a uma vida terrena por mais um ciclo e a sofrer as dores da carne, sem poder voltar. Sempre achei que eles estavam agindo certo ao serem rígidos com quem quebrasse as regras, mas ao viver isso eu mesmo, talvez eu nunca devesse ter concordado com esse tipo de punição.

A regra número um é nunca se apaixonar pela alma que deve ser recolhida.


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Notas finais do capítulo

Se tiver mais reviews eu posto o próximo *O*




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