Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 26
Capítulo 25: Confronto celestial.


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas antecipadas pelo exagero do número de sugestão de músicas nesse capítulo, nos próximos não haverão tantas.A sugestão de que parte usar as músicas está no capítulo.
*Faixa 1* - http://www.listenonrepeat.com/watch/?v=Z38fklaxyfc
*Faixa 2* - http://www.listenonrepeat.com/watch/?v=yh94OE8WuiQ
*Faixa 3* - http://www.youtube.com/watch?v=eM6kZB2XBmI
*Faixa 4* - http://www.youtube.com/watch?v=V4vCEHpv6Hg



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Quanto mais nos aproximávamos de nossa destinação, mais atribulada nossa jornada se tornava. Edward não é uma pessoa descuidada, sem dúvidas já deve ter avisado aos seus policiais para ficarem em nosso encalço caso nos avistassem, e é ai que se encontra o problema. Quanto mais perto chegamos do local onde Fioletovy se encontra, mais nos aproximamos dos locais com maiores concentrações de viaturas policiais. Sob essas circunstâncias, nossa liberdade de movimentação será extremamente limitada ainda que consigamos chegar ao local desejado...

–Eu acho melhor voltarmos. –Angelo expressou sua preocupação enquanto continuava a correr do nosso lado. –Eu achei que talvez pudéssemos ser de alguma utilidade, mas acho que estava enganado. Não faz sentido continuarmos caso não consigamos ser de ajuda contra o assassino. E se acabarmos atrapalhando? É melhor deixarmos isso nas mãos da polícia, não acham? Edward já falou que não pretende deixar com que nos envolvamos. Do jeito que a situação está agora, seremos apenas fardos para eles...

–Se é assim que você se sente, está tudo bem, ninguém está o impedindo de continuar. –James o respondeu. –Eu também acho mais seguro vocês voltarem para Lavender e ficarem lá enquanto a situação não se estabiliza. Por mim, é até melhor que eu vá sozinho. Mas não me peça para recuar, pois eu não tenho a mínima intenção de fazer isso. –Seu olhar reluzia um brilho de determinação inquebrantável.

–Eu também não vou voltar enquanto não me certificar de que esse canalha seja enterrado por tudo que fez. –Catarine o apoiou. Não havia nada que pudéssemos dizer, esses dois já estavam resolutos.

–Além do mais, o fantasma disse que a polícia não conseguiria lidar com esse caso sozinha... –James disse.

–Mas e se isso for uma mentira? Pode até mesmo ser uma armadilha! Não sabemos nada sobre esse cara, e ele age de maneira extremamente suspeita. E se ele estiver cooperando com o assassino? –As palavras de Clara sem dúvidas eram sensatas, mas, por alguma razão, eu sentia que podia confiar naquele homem misterioso. Quando eu o vi, ele me passou uma sensação familiar... Não me lembro exatamente de onde ou quem, mas eu sinto como se o conhecesse...

–Lembra-se do ataque à cidade de Pewter? –Meu pai se pronunciou novamente. –Um mês antes dele sequer ocorrer, esse mesmo homem que se intitula como “fantasma” me avisou que o evento sofreria um ataque. Foi por causa desse aviso que eu consegui fazer com que reunissem os oito líderes para proteger o local. Caso não soubéssemos de nada, é possível que as consequências daquele dia tivessem sido muito piores do que foram...

–Mas se ele era o único que sabia, então não é possível que ele trabalhasse para os vilões? –Angelo questionou.

–Isso seria bastante contra produtivo, não acha? O motivo de termos conseguido prender a maioria dos membros importantes da Nova Equipe Rocket naquele dia foi pelo fato de estarmos preparados. Ele não ganharia nada avisando sobre o ataque caso realmente estivesse cooperando com eles. Além do mais, ele apareceu pessoalmente naquele dia e nos ajudou na situação dos reféns. Após isso, diversas vezes ele apareceu nos noticiários, tendo cooperado com a captura de importantes membros de equipes criminosas que agiam sobre Kanto e Johto. Seus motivos podem ser desconhecidos e é um mistério o porquê de ele saber sobre tantas coisas, mas posso dizer com relativa certeza que ele está do nosso lado. Se ele diz que a polícia de Saffron precisará de ajuda nesse caso, então ele está provavelmente correto. –James concluiu seu raciocínio. Não era algo absurdo a se pensar, de fato, mas várias incógnitas ainda permeavam aquela situação toda. Enquanto não tivéssemos certeza absoluta dos fatos, não deveríamos baixar a guarda...

–O que acha, líder? –Angelo perguntou direcionando seu olhar para mim.

–Tenho minhas dúvidas a respeito da confiabilidade desse tal de fantasma, mas quero prosseguir com o caso. –Eu o respondi.

–Se eu mandar você voltar para casa, você me ouviria? –James me perguntou. Para isso, minha resposta era óbvia.

–Claro que não. Mesmo que eu tenha de tomar outro caminho que não seja com você.

–Eu sabia. –Ele deu um sorriso amargo ao ouvir minha resposta. –Nesse caso, eu irei o proteger a qualquer custo. Tente manter-se fora do perigo. –Eu consenti com a cabeça para acalma-lo, mas, obviamente, aquilo não era algo que eu pudesse garantir tão casualmente. –E quanto a vocês? –Ele perguntou para Clara e Angelo dessa vez.

–Não podemos deixar vocês na mão. Nós vamos juntos também. –Angelo respondeu pelos dois.

–Então, que assim seja. Tomem cuidado.

E continuamos a correr na calada da noite. Os postes de luz iluminavam nosso caminho e o aroma caótico que os ventos de Saffron sopravam àquela noite nos guiavam até nossa destinação. No lado esquerdo da minha cintura senti algo me incomodar, então peguei o objeto que estava vibrando. Era a pokébola de Lune, meu Absol, que estava tremendo continuamente. Será que ele estava tentando me alertar sobre alguma coisa? “O Pokémon que prevê desastres”, sua descrição nos catálogos de Pokémon ao redor do mundo dizia. Com um mau pressentimento correndo em minhas veias, decidi guardar a pokebola e voltar a me focar no objetivo atual.


*Interlúdio: Embate policial.*


Numa estonteante velocidade, o carro foragido continuava a correr, driblando todas as curvas e obstáculos em seu caminho com reflexos que poucos humanos seriam capazes de rivalizar. Sob a diligente proteção da criatura alada que o vigiava nos céus, o carro do criminoso continuava a avançar sob as linhas de defesa de Saffron.

*Faixa 1*

–Levantem a barreira de fogo! Growlithes, Fogo Girante!(*Fire Spin) Arcanines, Superaquecer!(*Overheat)

Várias labaredas de fogo uniram-se umas às outras consecutivamente, cobrindo a maior parte da rua em que as dezenas de cães de fogo se encontravam como um grande lençol de chamas. Com uma espessura de pelo menos 10 metros e uma altura igualmente grande, os pokémons da polícia ergueram uma impune muralha de fogo. Vários tornados carmesins se formavam em meio ao violento mar de chamas que consumiria qualquer coisa que passasse através dele.

Atrás desse impenetrável muro infernal, várias correntes de Estrepe forravam o chão no intuito de furar o pneu de quaisquer veículos que, por algum motivo, conseguissem penetrar a barreira de fogo. E na mais profunda dianteira, dezenas de carros da polícia estacionados um ao lado do outro bloqueavam a rua, formando assim a terceira camada protetora erguida com o único intuito de impedir o avanço do carro do assassino de Lavender.

–Esquadrões aéreos, estão em suas posições?

–Afirmativo.

–Muito bem, aguardem o sinal.

A poucos metros dali, a perseguição em alta velocidade continuava. Fileiras e mais fileiras de carros da polícia vinham ligeiramente atrás da viatura roubada, mantendo a distância necessária para não provocar o ataque do vigilante dragão de fogo que poderia subjugá-los caso baixassem suas guardas. Quanto mais acelerava, mais o carro em possessão do assassino de Lavender aproximava-se da barreira policial que havia sido erguida no final da rua. Na frente, um impune oceano de chamas, seguido por mais duas camadas de defesa. Por trás, tantas viaturas que tudo que se podia enxergar dali eram as cores azul e vermelha das sirenes que ressoavam. Aos seus lados, nenhuma curva que o levasse a alguma outra estrada. Estava completamente cercado.

Um tiro para cima sinalizou o ataque dos esquadrões aéreos. Dezesseis pokémons do tipo voador surgiram de lados diferentes, cada um organizado em batalhões de 4, cercando o Charizard que até então tomava conta dos céus.

–Esquadrão Fearow, retalhem com uma rajada de “Bicadas Brocas”(*Drill Peck) sucessivas no flanco direito do adversário enquanto o Esquadrão Pelipper ataca por trás com uma onda de “Hidro Bombas”!(*Hydro Pump)

Obedecendo ao líder da operação aérea, os quatro Fearows que estavam sendo montados por seus respectivos treinadores foram para cima de Charizard com extrema velocidade e precisão, seus bicos giravam incrivelmente rápido como verdadeiras brocas capazes de perfurar até mesmo aço. Quatro ataques sucessivos desse calibre foram direcionados ao solitário Charizard que observava com uma incomum calma a trajetória dos seus adversários como um mestre analisando seus inimigos antes de fazer seu movimento. Enquanto isso, atrás de si, rajadas brutais de água miravam suas costas com o intuito de abatê-lo.

Rugindo com pompa e confiança, o Charizard desviou da primeira onda de ataques de seu adversário com incrível proeza, utilizando com impressionante maestria a corrente de ventos ao seu favor. Esquerda, baixo, cima, direita, nenhum dos golpes foi capaz de sequer cisca-lo, mas os inimigos já se preparavam para atacar novamente, também não se deixando abalar pela demonstração de soberba técnica da criatura alada. Aproveitando o intervalo de seus ataques, Charizard bateu suas asas com tremenda força para se propulsionar para cima de seus adversários e, como um juiz prestes a descer o martelo num tribunal, ele impôs seu definitivo julgamento: carregou uma poderosa carga de fogo em sua boca e a lançou consecutivamente contra seus adversários. A Explosão de Fogo (*Fire Blast) serviria como seu martelo, e seu réu estava condenado a cair, pois apenas ele poderia ter os céus como sua morada. E sob as ordens do rei e juiz alado, três dos quatro Fearows não tiveram a chance de recuar e receberam as Explosões de Fogo diretamente, caindo de volta ao solo. Mesmo estando excedido em números, era ele quem estava sob controle naquela situação.

–Inacreditável...

A informação de que o assassino de Lavender era, na verdade, o filho do lendário treinador Red ainda não havia sido divulgada para maior parte dos policiais ou para a imprensa, por isso, eles não faziam ideia do que estavam lidando ali. Aquele Charizard excedia completamente o nível de habilidade que um Charizard comum teria. Se eles não atacassem com tudo, indubitavelmente seriam completamente derrotados. Estava na hora de levar aquilo a sério.

–Esquadrão Pelipper, disperse um dos Pelippers atacando e façam-no usar Dança da Chuva(*Rain Dance) imediatamente! Esquadrão Pidgeot 1 e 2, cerquem o Charizard por todos os lados e limitem sua movimentação usando o ataque Furacão(*Hurricane)! Rápido!

Os oito Pidgeots e seus treinadores que até então observavam a situação cautelosamente começaram a agir uniformemente. Voando por todos os lados, eles cercaram o temido dragão da destruição e, com um enorme senso de trabalho em equipe, conseguiram prendê-lo dentro da violenta correnteza de ar formada por oitos ataques Furacão sendo dispersados ao mesmo tempo. Nem mesmo aquele imperador dos céus seria capaz de voar ou atacar controladamente daquela forma. Seu corpo começou a ser jogado por todos os lados, tentando achar estabilidade, mas era impossível. Charizard tentou acertar uma Explosão de Fogo, mas seu golpe, previsivelmente, errara. Estava indefeso e havia perdido a vantagem na batalha aérea. Enquanto isso, as nuvens de chuva criadas por um dos Pelippers tomou conta do campo de batalha, fazendo com que começasse a chover. Sua situação ia de mal a pior. A água da chuva não era forte o suficiente para danificar pokémons do tipo fogo, mas ela fazia com que os Furacões dos Pidgeots ficassem ainda mais precisos. Ainda por cima, golpes do tipo fogo ficavam mais fracos debaixo da chuva, enquanto golpes de água ficavam mais poderosos. Se antes suas chances de se recuperar já eram baixas, agora eram completamente nulas.

–Soltem os Volbeats e os Illumises!

De dentro de várias pokébolas, pequenos pokémons insetos saíram e começaram a sobrevoar o local.

–Volbeats, Illumises, usem Trovão(Thunder), esquadrão Pelliper, Hidro Bomba! Finalizem a batalha!

O desespero tomou conta da grande besta dos céus. Seus olhos se arregalaram, a chama que consome sua cauda eternamente se aumentou e de sua boca saiu um gigantesco rugido. Charizard se debruçou dentro dos furacões, tentando desesperadamente escapar. Se aqueles ataques o acertassem, seu fim seria iminente.

Concomitantemente, nas ruas de Saffron, a perseguição da polícia chegava ao seu clímax. A poucos metros de distância a barreira se erguia na frente do carro do culpado. Iria o assassino parar, ou será que era louco o suficiente para dirigir até sua morte? Os policiais do outro lado da parede de fogo aguardavam com suas armas na mão caso um imprevisto ocorresse. A tensão estava alta no local, vários começavam a suar frio, alguns tremiam de ansiedade, dentro de seus peitos seus corações pulsavam loucamente. O desfecho daquela situação chegaria em instantes. A espera parecia interminável...

*Faixa 2*

E, como eles mais temiam, o inesperado ocorreu. Ao invés de diminuir a velocidade, a viatura roubada acelerou mais ainda em direção à fulminante barreira de chamas!

–Ele está louco?! –Um dos policiais que o perseguia por trás indagou.

Num rápido instante, o carro desaparecera completamente dentro do espesso lago de fogo. Independente de sua velocidade ou qualidade, nenhum veículo poderia passar por aquele local ileso, muito menos a pessoa dentro do veículo poderia sobreviver. Aquele seria o trágico fim do assassino de Lavender... Ou assim aqueles que assistiram a cena pensavam.

–Impossível...!

Do outro lado da muralha o carro saiu impune, tendo atravessado o mar de fogo sem sequer apresentar um traço de dano.

–Atirem! Descarreguem tudo no carro! –O policial com um megafone ordenou aos outros que estavam ali.

Sem pensar duas vezes, todos abriram fogo contra a viatura imparável, e foi então que descobriram o motivo do veículo ter conseguido ressurgir intacto do outro lado: Ao seu redor, uma impenetrável barreira verde se erguia, protegendo-o de quaisquer ataques externos. Este era o ataque Proteção(*Protect) sendo usado por um Pokémon do lado de dentro do carro. A barreira de energia repeliu todas as balas e as correntes de Estrepe no chão, fazendo o carro avançar numa velocidade absurda em direção à parede de viaturas logo à frente.

–Se afastem! O carro está sob o efeito de Proteção!

Os policiais até então atirando no carro que vinha em sua direção correram desesperados para não serem atingidos pelo impacto a seguir. Como já esperado, a barreira ao redor da viatura roubada repeliu todos os carros na sua frente como se fossem simples pinos de boliche e conseguiu, assim, abrir o caminho à sua frente.

Inacreditável, era o que todos ali pensavam. Para usar um ataque de Proteção ao redor de um objeto tão grande por tanto tempo exigiria um Pokémon de nível absurdo. Apenas alguém extremamente talentoso poderia ter treinado algo daquele nível.

Enquanto essas perguntas tomavam conta de suas cabeças, no campo de batalha aéreo outra coisa inesperada também acontecera para mudar o rumo da situação.

*Faixa 3*

Dois torpedos d’água acertaram dois dos Pidgeots que formavam os pilares dos furacões, derrubando-os como tiros precisos de um sniper profissional à vitimas indefesas. Mais dois torpedos d’água derrubaram outros dois Pidgeots ali presentes, que caíram como bigornas em direção ao solo.

–De onde estão vindo esses ataques?! –O encarregado pelos esquadrões procurou com seu binóculo pela fonte dos golpes que vinham até eles.

Do topo de um prédio aos arredores, sua resposta ele encontrou. Revestido por uma rígida concha oval, dois canhões erguiam-se sob suas costas, lançando certeiros disparos de água contra seus pobres adversários, nocauteando-os um a um com a proficiência de um atirador profissional. Enquanto seu companheiro vigiava o carro dos céus, ele havia se locomovido do topo dos edifícios da cidade para oferecer cobertura caso algo desse errado.

–Alerta às unidades em combate! Vocês estão sob a mira de um Blastoise no topo do edifício à 35º da posição do Charizard! –O diligente oficial que observava a situação de perto e oferecia as coordenadas proclamou.

Tendo de desfazer a formação repentinamente devido ao inesperado ataque, o temível dragão de fogo viu-se livre novamente e, sem perder tempo, voou o mais rápido que pôde. Algumas das trovoadas lançadas em sua direção o acertaram, enquanto outras bombas d’água passaram-lhe de raspão, mas apenas aquilo não seria capaz de derrubá-lo de sua morada, e agora ele retribuiria o favor com sua fúria. Mirando os adversários mais fáceis de acertar, ele carregou em sua boca um temível raio de energia dracônica.

Os Pellipers, percebendo a intenção hostil do aterrorizante adversário, recuaram o quão rápido podiam, mas não fora o suficiente. Lançando um certeiro Pulsar do Dragão(*Dragon Pulse), o ataque acertou 2/3 da frota adjacentemente, fazendo-os cair. Enquanto isso, os canhões d’água continuavam a atacar as tropas de Pidgeots, Fearows, Illumises e Volbeats incessantemente, impedindo-os de se aproximarem de Charizard. O rei dos céus novamente tomara o controle absoluto da batalha.

–Não se intimidem, mantenham suas posições! Esquadrão Pidgeot, cerquem o Charizard novamente enquanto os Fearows o distraem! O restante da tropa de Pellipers, afastem-se dos ataques e preparem-se para voltar assim que possível. Volbeats e Illumises, abatam o Blastoise do topo do prédio!

No papel, suas ordens eram apropriadas. Uma estratégia sensata dada a situação. Mas na prática, as tropas da polícia estavam sendo completamente devastadas por aqueles dois Pokémon, tanto em harmonia e cooperação quanto em poder bruto. Assim que tentavam atacar a um, o outro ajudava-o com o que fosse necessário. Aquele nível de cooperação sem que nenhum treinador estivesse ali para os guiar era algo que nenhuma daquelas pessoas havia presenciado antes em suas vidas. Não podiam evitar sentir respeito por aqueles adversários tão tenebrosos, ao mesmo tempo em que os temiam. E naquele ritmo, seriam derrotados em questão de minutos.

Foi no meio deste caos que um elemento surpresa mudou o rumo da batalha inesperadamente. Uma rápida investida aérea vinda de uma pequena ave de Unova.

*Fim do interlúdio*

–O que é aquilo?! –Uma espantada Clara apontou para o céu assim que uma chuva repentina começou a cair nas ruas de Saffron.

Ao olharmos para cima, pudemos ver um acirrado confronto entre tropas policiais e uma criatura alada com o formato de um dragão.

–Aquele é... Charizard! –Eu disse espantado. Fosse um Charizard qualquer, eu não teria dúvidas de que os policiais conseguiriam derrotá-lo facilmente. Mas obviamente, aquele não se tratava de um Pokémon qualquer. Aquele havia sido treinado por uma lenda.

–Devemos intervir? –Catarine perguntou. –Se eles estão aqui, então Michael deve estar por perto.

–Mas se nós intervimos, as forças policiais irão nos detectar... –Eu avisei.

Ainda assim, as coisas não pareciam estar indo a favor deles. Golpes de água abateram parte de suas forças e fizeram com que a feroz besta alada se libertasse da jaula de ventos dos Pidgeots que o atacavam. Do jeito que a batalha estava progredindo, a dupla de fogo e água iria vencer.

-Neil, meu Volcarona ainda está com você? –Meu pai me perguntou enquanto analisava a situação. Eu consenti com a cabeça, informando-o que eu estava com ele. –Então liberte-o.

-Tem certeza? –Eu o perguntei. –Podemos acabar perdendo nossa oportunidade de chegar ao Michael...

-É a coisa certa a se fazer. –Ele respondeu resoluto. –Catherine, Angelo, Clara, é melhor que esperem aqui. Pode ser perigoso nos separarmos. –Os três consentiram.

Sem questioná-lo, eu abri a pokébola contendo o Volcarona, Lawliet. Conhecendo os ataques da mariposa de fogo, eu tinha uma ideia do que meu pai pretendia fazer, ainda que não tivesse certeza se daria certo.

-Seu Rufflet também está aí?

-Huh? Ruffly? –Dessa vez eu indaguei com espanto. O que poderia Ruffly fazer contra uma besta colossal como aquelas? –Sim, mas eu não acho que ele tenha alguma chance de infligir dano naquele Charizard...

-E ele não precisa. –Meu pai me respondeu. –Apenas o usaremos como uma distração. Lawliet, prepare uma Dança Agitada.

Obedecendo ao seu verdadeiro dono, a mariposa de fogo começou a aumentar seu poder e agilidade com a Dança Agitada. Enquanto ele completava seu golpe, eu libertei Ruffly da pokébola que o continha.

-Ouça-me, Ruffly. Faça tudo que meu pai o instruir cuidadosamente. –Eu o disse.

-Muito bem. O que eu quero que você faça é relativamente simples, mas um pouco perigoso. Está vendo aquele bichão ali? –James apontou para o céu, na direção onde o Charizard estava. Ruffly o fitou corajosamente. –Eu quero que você dê uma investida aérea nele, de preferência no rosto, para chamar a atenção dele. Logo em seguida, eu quero que você mantenha-se na linha de visão dele e o distraia, mas caso ele o ataque, fuja imediatamente. Enquanto isso, Lawliet voará por uma direção diferente e o acertará com um Poder Oculto(*Hidden Power) de pedra quando a atenção do Charizard estiver voltada à você. Acha que consegue segurar a barra sozinho?

*Faixa 4*

O pequeno falcão balançou sua cabeça positivamente e começou a voar em direção ao campo de batalha nos céus. A dança de Lawliet acabou logo em seguida, e ele também alçou voo por uma direção diferente, certificando-se de que os prédios impediriam-no de ser avistado pelo Pokémon de água que estava dando cobertura à Charizard. A julgar pelo antigo time de Red, provavelmente um Blastoise. Eu observei a situação apreensivamente. O destino da batalha estava sob os ombros daqueles dois.

Voando em direção ao seu adversário dezenas de vezes maior e mais poderoso que si, Ruffly acertou um ataque direto no queixo de Charizard, pegando tanto ele quanto todos os outros combatentes desprevenidos. Seus olhos destemidos encontraram os flamejantes olhos do dragão. Um adversário tão pequeno tentando desafiar seu trono, ele deve ter pensado, pois logo tentou abatê-lo com uma rajada dracônica de cor lilás. Ruffly, entretanto, conseguiu desviar a tempo, mas, antes que pudesse voar para longe, Charizard voou bem em sua frente numa velocidade deveras vezes maior que a sua, encurralando-o. Não havia sequer comparação, havia um abismo de diferença entre a velocidade dos dois. O dragão de fogo atacou com suas afiadas garras, o que fora mais do que o suficiente para derrubar o pequeno falcão dos céus. Seu papel, entretanto, já havia sido cumprido.

Vindo dentre as brechas de dois prédios ali perto, uma rajada de poder marrom aproximou-se de Charizard. Quando ele percebera que havia caído em um truque, já era tarde demais. Tentou desviar, mas o ataque acertou uma de suas asas e o fez cambalear pelo ar. Sendo um Pokémon dos tipos voador e fogo, ataques de pedra eram os mais efetivos possíveis contra ele. Sua asa direita fora totalmente inutilizada após aquele ataque.

–Agora é nossa chance! Pelippers, Hidro Bomba!

Aproveitando a brecha aberta pelos dois ataques surpresa, os Pellipers restantes soltaram seus mais poderosos golpes d’água tão cedo quanto puderam, acertando em cheio o Charizard que já mal conseguia manter-se no ar. Finalmente, após resistir aos seus adversários como um verdadeiro colosso, o rei dos céus desceu de seu trono em direção ao solo, onde ele desmaiou devido à sua falta de energia.

De cima do prédio, o Blastoise observou seu companheiro de batalhas cair. Estava sozinho agora. Os Pidgeots, Fearows, Illumises e Volbeats restantes o cercaram como selvagens rondando uma presa, calculando seus movimentos. Ainda que seus números tivessem diminuído, nem mesmo aquele titã de água seria capaz de derrotar tantos inimigos ao mesmo tempo. Como um honrado guerreiro, ele recolheu seus canhões para dentro do casco e admitiu sua derrota.

Após o desfecho da feroz batalha, um dos oficiais que estava ali veio em nossa direção.

–Saudações. Eu sou o capitão Marcus Havan, encarregado das tropas aéreas da força policial de Saffron. Agradeço plenamente pela ajuda que vocês nos ofereceram. Estão todos bem?

–Ruffly está meio ferido, mas não é grave. –Eu o respondi enquanto colocava os dois pokémons de volta às suas pokébolas.

–Vocês são as pessoas cujos quais o senhor Edward está atrás, não é? Ele nos enviou descrições de vocês.

Não havia motivos para mentir, como já esperávamos, os oficiais já sabiam de tudo. Provavelmente havíamos perdido nossa chance de chegar até Fioletovy, agora que eles iriam nos escoltar até onde Edward estava. Ainda assim, havia uma dúvida que eu queria sanar naquele momento. Cuidadosamente, eu me aproximei da grande jaula onde eles haviam aprisionado Charizard e Blastoise após a batalha. O dragão permanecia desacordado, mas a grande tartaruga permanecia alerta. Ele olhava para mim. Em seus olhos, eu não sentia nenhuma malícia. Nenhum traço de intenções assassinas, raiva ou angústia. Apenas o sereno olhar de um majestoso Pokémon aquático.

–Por que vocês cooperaram com ele? Vocês sabem que o que ele está fazendo é algo horrível, não é? Red nunca aprovaria algo assim.

Ele continuou olhando para mim, sem mudar sua expressão. Eu sentia que ele podia me entender, e por isso continuei a falar.

–Fioletovy por um acaso os ameaçou a cooperar?

Blastoise balançou sua cabeça negativamente. Eles estavam cooperando por vontade própria.

–Mas por quê? –Eu estava confuso. Por qual motivo pokémons honoráveis como aqueles cooperariam com atos tão vis quanto os que Fioletovy estava cometendo? Ainda que ele fosse o filho de seu antigo mestre, eles não precisavam o obedecer caso não desejassem. –Vocês acham que o que vocês estão fazendo é certo?

Novamente, ele negou com sua cabeça. Seus olhos refletiam uma luz melancólica, como se ele quisesse revelar tudo, mas não conseguisse devido à diferença entre nossas linguagens. Sabendo que continuar seria infrutífero, eu me afastei de onde ele estava confinado.

Havia um motivo para eles estarem ajudando Fioletovy. Um motivo que eu não conseguiria descobrir até que o encontrasse pessoalmente. Naquela noite atribulada, porém, nós mal fazíamos ideia do que estava a acontecer por detrás das cortinas de trevas que sufocavam Kanto...


Continua...


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Notas finais do capítulo

Para quem estiver interessado, eu estou escrevendo outra fic também: http://fanfiction.com.br/historia/342910/Pokemon_Uma_Lenda_De_Dois_Reinos
Bom, por enquanto é só. Ainda não sei quando o próximo capítulo virá, mas novamente torço para que não demore tanto quanto este. Até mais!



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