Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 19
Capítulo 18: Presságio negro...


Notas iniciais do capítulo

O Season Finale da segunda temporada do Ano Sombrio e um dos grandes pontos de virada da história. Algumas músicas para acompanhar a leitura e sugestões de onde usar:
Primeira trilha sonora:http://www.youtube.com/watch?v=SXEszUogdCk
Segunda trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=0I3Gn-QGTRQ
Terceira trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=OsQLWgah-Ec
Legenda: ♪(tocar primeira musica) ♪♪(tocar segunda) ♪♪♪(tocar terceira.)
♪--(parar de tocar) ♪♪--(parar segunda) e ♪♪♪--(parar terceira)



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Um Absol? Mas porque um Absol apareceria aqui tão de repente? Enquanto eu me perguntava essas questões, o meu inimigo não parecia ter muitas dúvidas quanto ao porquê da presença daquele Pokémon noturno ali.


–Uma cicatriz no olho esquerdo, e alguns arranhões espalhados pelo corpo... Entendo, eu já sei quem é você. Você é o Absol que nós três encontramos algumas semanas atrás quando viemos vasculhar o território. Lancilotto atacou você, mandando-o para longe... Eu achei que você tivesse morrido naquele ataque, mas pelo visto eu estava errado. Ora, mas quem diria... – O homem de cabelos grisalhos falou um pouco descontente. – Então, você está aqui para tentar evitar alguma tragédia, não é? O solitário herói noturno... Heh. Tudo bem, eu aceito seu desafio.

–O que nós faremos agora...? – Catarine perguntou enquanto olhava para mim.

–Não é óbvio? Nós cooperaremos com ele. Quanto mais ajuda possível, melhor... Volcarona só precisa de mais alguns minutos para executar as 3 danças restantes. Se conseguirmos segurar os inimigos até la...

–A vitória é nossa. – Catarine completou a frase.

–Absol, você não se importa se te dermos uma ajuda, não é?


Balançando sua cabeça suavemente, o Pokémon reluzente como o luar consentiu com meu pedido de ajuda. Éramos 5 contra 3, mas ainda assim estávamos em desvantagem. Teríamos de contornar isto de alguma forma.


–Vocês foram bem. Eu honestamente jamais esperaria que os pokémons da madame Nyx fossem ser danificados nessa batalha, muito menos que um deles seria nocauteado. Mas vocês ainda precisam derrubar três deles... Os mais fortes inclusive.

–Não importa. Iremos vencer ainda assim. – Eu o respondi.

–Por que? O que o dá tanta motivação? Seria simplesmente seu apego à vida?

–Não... Eu já teria desistido se fosse apenas isso.

–Então o que é? Algum grande senso de moral e vontade de fazer justiça?

–Não. Eu sempre achei hipocrisia defender os ideais pelos quais eu luto utilizando justificativas fáceis como justiça ou bondade... Eu luto e continuarei lutando pelo que eu desejo proteger, independente do fato de eu estar certo ou errado.

–Entendo... Exatamente como ele. – Ao concluir isso, ele abaixou sua cabeça e sorriu melancolicamente. De alguma forma, apesar de aquela pessoa estar poucos metros à minha frente, sua figura parecia incrivelmente distante. Aquele homem parecia estar em um patamar completamente diferente... Por algum motivo, era isso que eu sentia ao olhar para ele. Eu não sabia o porquê... – A única coisa que os diferencia são seus pontos de vista. É realmente difícil para mim entender vocês completamente, mesmo que eu tenha tentado... Bom, senhor treinador, em respeito aos incríveis esforços que vocês fizeram até agora, o mínimo que eu posso fazer é dá-los uma morte rápida e indolor. Não existe honra em morrer, mas farei meu máximo para ao menos não desgraça-los.

–Não precisa. Nós não sairemos mortos daqui. – Eu o respondi.

–É o que veremos agora.


Ele estendeu sua mão e deu sua ordem de ataque para os 3 titãs. Eu virei minha cabeça em direção à Catarine. Num simples trocar de olhares, nós confiamos nossas vidas um ao outro.


http://www.youtube.com/watch?v=SXEszUogdCk

Grandes tremores capazes de rachar o solo no qual pisávamos eram emitidos a cada passo que o gigante Pokémon de pedra, Rhyperior, se aproximava de nós. As vinhas de Ivysaur o atacavam, e a concha de Cloyster, envolvida por um brilho reluzente, arrastava lentamente a enorme montanha para trás. Ruffly utilizava suas manobras aéreas para combater a grande serpente do mar, ambos trocando violentos golpes um contra o outro. Absol e Kingdra se moviam tanto com agilidade quanto com maestria, trocando golpes técnicas noturnas e aquáticas que emitiam cores negras e azuis.

O tempo começou a se mover mais devagar. De uma hora para a outra, meus sentidos pareciam mais aguçados. Cada simples movimento, cada canto do campo de batalha, cada ataque utilizado... Tudo estava ao alcance de meus olhos. Meu coração batia mais rápido do que nunca, e segundos se passavam como se fossem minutos. Em uma das batalhas, Rhyperior estava prestes a finalizar Cloyster...


–Cegue-o com suas garras!


Um ataque certeiro no momento exato, a grande muralha de pedra soltou um rugido de dor quando seu olho esquerdo fora perfurado pelas afiadas garras do pequeno falcão. No outro lado do campo, Gyarados preparava um ataque para nocautear Ruffly pelas costas enquanto ele ainda estava vulnerável...


–Imobilize-o com suas vinhas!


Uma voz feminina ordenou ao meu lado. Como duas balas disparadas de uma pistola, os chicotes de vinha alcançaram a serpente dos oceanos numa velocidade incrível e neutralizaram seu ataque.

Meu cérebro já não mais pensava uniformemente, e tudo era processado numa velocidade indescritível. Era como se ele estivesse funcionando três vezes acima de sua capacidade normal. Meu corpo se movia sozinho para desviar das lascas de pedra que vinham voando do meio do indomável campo de batalha. Minha boca dava ordens involuntariamente, e a de Catarine correspondia quase que imediatamente. Nossos pokémons obedeciam todos os comandos com maestria. Um. Dois. Três. Quatro... Dezenas. Eu já havia perdido a conta de quanto ataques fatais nós havíamos bloqueado. Um auxiliava o outro, e quando um estava prestes a ser derrotado, o outro entrava no caminho e impedia.

Dois em harmonia superam um em perfeição.


–Defenda-o com o corte aéreo!

–Proteja sua retaguarda com a concha navalha!


Eu a protegia, e ela me protegia logo em seguida. Ela dava uma ordem, e eu agia de acordo. Nossas combinações se uniam sem falhas. Eu não sei por quanto tempo nós permanecemos naquele estado de transe, mas todos nossos amigos atrás de nós nos observavam completamente admirados com aquele espetáculo. Eu não precisei me virar para checar... Eu podia sentir.

O barulho de dois grandes rugidos em uníssono foram o que finalmente me fizeram acordar daquele estado de completa imersão. Quando minha mente voltou a funcionar em seu estado normal, veio a realização: Ivysaur, Cloyster e Ruffly foram nocauteados... Juntamente com o Gyarados do adversário. Haviam apenas 4 pokémons ainda de pé no campo de batalha, todos exaustos, mas ainda de pé. Nós havíamos conseguido um milagre. O pequeno campo de batalha estava em silêncio. Apenas o barulho das paredes se rachando cada vez mais ecoava pelo local, quando de repente, o barulho de aplausos em pequenos intervalos de alguns segundos de uma palma para a outra começou.


–O que vocês acabaram de me mostrar estava além de todas as minhas expectativas. Eu os parabenizo novamente. – Suas palavras não demonstravam nenhum sinal de sarcasmo ou hostilidade. Pela primeira vez, aquele homem falava conosco em tom de igualdade, reconhecendo e respeitando nossas habilidades. – Há muito tempo eu não via pessoas tão determinadas assim. A ultima vez deve ter sido mais de 10 anos atrás... Quando tudo começou. Mas vocês... Vocês podem ter o que é necessário para evitar a submersão do mundo em sombras.

–Do que você está falando? Não é a primeira vez que você menciona coisas estranhas como essa. – Eu perguntei, ainda intrigado com o conhecimento que aquele homem parecia ter.

–Um dia você descobrirá, provavelmente... Não, provavelmente não... Eu tenho certeza que você irá. Mas se você conseguirá fazer algo a respeito... Isso já é outro assunto.

–Então, isso significa que você deixará sairmos daqui vivos?

–Pelo contrário. Ambos de nossos pokémons estão próximos da derrota... Um único movimento é o que decidirá o destino dessa partida. Não apenas isso... Nossa batalha parece ter abalado a estrutura desse cômodo. Ele não vai aguentar por muito mais tempo... Não apenas isso, como o incêndio que você começou no corredor já deve ter se alastrado por grande parte do segundo andar... Você sabe o que isso significa, não é?

–Morte súbita...


Uma rápida e decisiva troca de ataques que decidirá o destino de nossas vidas. O segundo andar do museu de Pewter estava prestes a entrar em colapso e desabar. Estávamos numa corda bamba prestes a ser cortada em pouco mais de 1 minuto.


–Vocês são adversários a altura, e como tal, eu devo testá-los. Sua causa para batalhar é nobre... Um dia eu também lutava por causas nobres. Eu era o que você chamaria de um hipócrita, lutando pela justiça e tentando salvar todos ao meu alcance... Eu era um “defensor da paz”. Eu era um tolo, carregando um ideal de uma criança, uma mera utopia. Eu lutei e falhei... Falhei inúmeras vezes até perceber que as pessoas não queriam minha ajuda. Eu fui traído por tudo aquilo no qual eu acreditava. Minha descrença com a humanidade me fez esquecer meu verdadeiro nome ou origem... Agora, eu nada mais sou do que um andarilho sem nome que luta pelo ideal dos outros para tentar enterrar a única coisa que sobrou de meu antigo eu. – Seus olhos estavam dominados por uma chama que antes não estava lá. Seu sorriso era intimidador e ao mesmo tempo desafiador. – Eu não posso lhe dar meu verdadeiro nome, pois ele já se perdeu há muito tempo. Então, permita com que eu apresente-me em minha atual identidade: meu nome é Ultor, um dos 3 executivos da equipe e honorário guerreiro que luta em prol dos ideais de meu superior. Carregando nada comigo além de arrependimentos, eu abdico de todos eles nesta nossa ultima troca de ataques!

–Meu nome é Neil Vonruchi Liebert! Eu luto não por um único objetivo, mas pelo objetivo de todos aqueles que estão comigo, e eu aceito o seu desafio, Ultor!

–Muito bem, Neil. Eu estou feliz em ter conhecido você hoje! Finalmente o futuro parece guardar algo interessante para se acompanhar!


O relógio continuava a bater, e os segundos se passavam mais rápidos do que nunca. Tudo ao nosso redor estava começando a se despedaçar. A minha frente apenas Kingdra e Rhyperior permaneciam de pé. Ao meu lado, Volcarona e Absol.


–Lawliet... Está pronto?


Com seu corpo emitindo faíscas de fogo constantemente, o ás de meu pai parecia pronto a atacar a qualquer momento.


–Absol... Confie em mim. Siga meus comandos e nós todos sairemos vivos daqui.


Ele concordou, balançando sua cabeça. Eu e Ultor nos encaramos intensamente por uma ultima vez. O primeiro movimento decidiria tudo, então nós dois precisávamos pensar com extremo cuidado. Suor escorria de minha testa quanto mais perto chegávamos de nosso limite de tempo. 30 segundos para o colapso do segundo andar do museu Pewter. Era agora.


–ABSOL, LAWLIET!

–RHYPERIOR, KINGDRA!


Os 4 pokémons avançaram ao mesmo tempo. Por um momento, as luzes emitidas pela troca de ataques cegou aos meus olhos por alguns segundos...

♪--

*Interlúdio: Memoir*

Do outro lado do campo, o guerreiro dos cabelos brancos teve seus olhos cegados por uma imensa luz. Uma luz que lhe trazia uma peculiar sensação de conchego e conforto... Quando fora a ultima vez que havia visto uma luz daquela intensidade?

Conforme seus olhos se acostumavam ao que acontecia no campo de batalha, ele lentamente os abria para tentar enxergar. E quando seus olhos finalmente se abriram por completo... Ele finalmente conseguiu se lembrar. O porquê de sua existência naquele mundo. O porquê de ele ser tão diferente dos outros. O porquê de ele ter lutado tão intensamente por seus ideais. Como ele pôde ter se esquecido de tudo aquilo depois de tantos anos? Quando foi que ele começou a mudar tanto?

Isso já não mais importava. Tudo que o interessava era a visão daquele lugar. Aquele lugar sagrado que mais uma vez ele podia enxergar, mesmo que apenas em suas memórias. Um distante local isolado, acima das nuvens, onde a tudo se pode enxergar... Bonito e nostálgico. E ao seu lado, aquele cujo qual ele poderia chamar de "pai".

http://www.youtube.com/watch?v=0I3Gn-QGTRQ

♪♪



Uma voz ecoava em sua mente... Difícil de identificar, mais difícil ainda de saber o que ela estava falando.



Era como uma voz ao horizonte... Estranha, mas ainda assim familiar. Distante, mas aconchegante.


–E...


Quanto mais a voz se aproximava, mais ele lembrava de seu passado. Mais ele lembrava do porquê de ter começado a fazer as coisas que havia feito... O porquê de ele ter se desviado de seu caminho.


–...o


Seu verdadeiro nome finalmente lhe veio a tona. E simplesmente desse jeito, aquele mundo sumiu de sua visão mais uma vez. Quando o guerreiro havia finalmente retornado aos seus sensos, tudo que ele podia ver era o telhado do edifício onde ele se encontrava, desmoronando. Ele tentou se levantar, mas havia uma grande rocha em cima de si, impedindo seus movimentos.

Fazendo um esforço, o guerreiro levantou a parte de cima de seu corpo para avistar o campo de batalha, e então finalmente o resultado de seu combate ficara claro para ele.


–Rhyperior... e Kingdra... Desmaiados.


Ao redor de onde os seus dois pokémons se deitavam, faíscas de fogo ainda podiam ser vistas. O plano de Neil havia dado certo. Com sua Volcarona carregada com o máximo de seu potencial, Absol servira de distração para os dois pokémons, que logo em seguida foram devastados pelo poder da mariposa de fogo. Nenhuma das pessoas que estavam batalhando com ele se encontravam mais ali. Todos já haviam escapado. Ultor soltou uma risada seca e amargurada.


–Hahaha... Eu perdi. Pela primeira vez em um longo tempo...


Aceitando sua derrota, o guerreiro de cabelos brancos se deitou mais uma vez sobre o solo e fechou seus olhos. Sua expressão era de tranquilidade e aceitação. Mais uma vez, ele estava sozinho. Mais uma vez, fora abandonado para sua morte. Seu destino trágico era, no final, inevitável.


–Se estiver tudo nas mãos deles... Vai ficar tudo bem...


E com aquelas ultimas palavras para se confortar, o guerreiro deixou sua consciência adormecer perante os escombros do museu...

♪♪--

*Fim de Interlúdio: Memoir*


Já havia anoitecido desde que o grande evento do museu de Pewter havia sido completamente arruinado. O céu estava escuro, completamente coberto por nuvens, e nem uma única estrela podia ser avistada. Estava frio e eu, meus amigos e várias outras pessoas estávamos com cobertores enrolados ao redor de nossos corpos, sentados no chão, ainda tentando nos recuperar do impacto daquele dia. Onde antes se encontrava o museu de Pewter em toda a sua glória, agora restavam apenas escombros com algumas paredes de concreto ainda de pé. A placa que antes dizia “museu de Pewter” agora estava em pedaços.

Várias viaturas policiais estavam estacionadas do lado de fora para prender os membros da autoproclamada “equipe rocket”. Eu ainda tinha dificuldades em acreditar que eles realmente ainda existissem... Mas perante aquele tipo de evidência, quem era eu para negar?


–Hoje a tarde, aqui no museu de Pewter, a exposição especial foi atacada por uma equipe criminosa em busca das 3 orbes de Sinnoh. Uma violenta batalha entre os líderes de ginásio, a força policial e os membros da equipe levou a um impasse, fazendo com que num ato de ultima hora, os membros da equipe utilizassem os espectadores que não haviam fugido como reféns. 47 pessoas terminaram mortas e a estrutura do museu de Pewter sofreu graves danos devido a...


Quarenta e sete mortos em uma tarde. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo noticiavam o que havia acabado de acontecer, os líderes de ginásio e os responsáveis pela organização e segurança do evento eram bombardeados de questões sobre os acontecimentos e o que eles fariam de agora em diante.


–Ei... Você acha que ele está vivo? – Catarine, que estava sentada ao meu lado, perguntou. – Você sabe... Aquele cara.

–Quem sabe? Eles ainda não encontraram nenhum corpo debaixo dos escombros além dos das vítimas no primeiro andar... Mas mesmo que ele esteja vivo, eu duvido que esteja em condições de viver por muito tempo...


Após nossa troca de ataques, os pokémons de Ultor foram nocauteados, e devido ao tremor causado pela queda de Rhyperior, isso acelerou o processo de desabamento, fazendo uma parte do teto cair em cima dele. Nós tentamos ajudá-lo, mas infelizmente era tarde demais. Como não havia tempo, tivemos de fugir e deixá-lo sozinho... Eu não me orgulhava disso, mas foi a nossa única alternativa.

Angelo e Clara ainda estavam exaustos após tudo que havia acontecido, e ainda não haviam falado nada desde que saímos do museu a salvos, por um triz. Simon apenas se acalmou quando viu que seu pai estava vivo, apesar de um pouco ferido. Meu pai também havia sobrevivido. Naquele momento, tudo que eu queria fazer era fechar os meus olhos e esquecer os acontecimentos de mais cedo enquanto eu dormia, e foi exatamente o que eu fiz.


**

–Ei... Tudo bem com você, James? – O chefe do departamento de Saffron, Edward, perguntou ao seu amigo que quase havia perdido sua vida no meio de todo o incidente. – Foi por pouco, hã? Mas afinal de contas, quem é esse tal de Fantasma que apareceu no meio do incidente? Será que...

–Eu não sei. Talvez seja o assassino, mas eu não tenho certeza. É sem dúvidas uma escolha estranha para um nome, considerando os eventos atuais... Mas talvez ele apenas queira chamar atenção. E pelo visto, funcionou. Todos os noticiários estão anunciando a presença dele aqui como se ele fosse algum tipo de vigilante justiceiro... – James estava descontente. Mesmo que sua vida tivesse sido salva, 47 pessoas haviam morrido para que isso fosse possível... Isso era algo imperdoável para ele.

–Vocês pareciam se conhecer... – Edward falou sem delongas, suspeitando de algo. Talvez fosse seu faro de policial, mas algo não parecia estar certo...

–Não adianta mentir para você, não é mesmo? – Dando um suspiro, James tomou um gole do copo com café que estava em suas mãos. – Nós já nos encontramos uma vez... Quando eu estava tentando achar o assassino de Mary por mim mesmo. Ele me avisou sobre o que aconteceria aqui, nesse exato dia e local. Ele parecia saber de tudo. Ele é uma pessoa extremamente suspeita... Mas infelizmente, isso é tudo que eu sei.


O autointitulado “Fantasma”. Há um mês, ele e James haviam se encontrado debaixo da luz do luar. Aquela misteriosa pessoa havia sido a primeira a mencionar sobre o incidente que aconteceria em Pewter, antes mesmo que ele acontecesse. Porém, era inútil tentar fazer perguntas a ele agora. Como um verdadeiro fantasma, o homem de casaco, chapéu fedora e óculos escuros desapareceu em meio à multidão depois que a confusão terminou.

O Fantasma e a equipe rocket... Haveria algum tipo de ligação entre essas duas entidades? E seria esse fantasma o tão procurado assassino de Lavender? Tantas perguntas sem respostas... Quanto mais tempo se passava, mais longe todos pareciam estar da resposta ao redor do misterioso assassino fantasma. Seus métodos eram tão perfeitos e sua imagem tão nebulosa que muitas pessoas de fato acreditavam que, no final das contas, o assassino fantasma era uma entidade sobrenatural... Uma maldição deixada sobre Lavender depois da profanação da “Torre Pokémon”. A grande torre mal assombrada...


–Hum... Isso não responde muitas coisas... – Edward olhava intensamente para James, esperando para ver se ele sabia de mais alguma coisa, mas o líder de Saffron não tinha mais nada a dizer. Nesse momento, uma ideia passou pela cabeça do chefe da delegacia de polícia. – Bom, o dia de hoje deve ter sido difícil para você. Caso se lembre de alguma coisa, estarei resolvendo alguns assuntos com os organizadores do evento. Temos muitos criminosos para prender hoje... E ainda precisamos interrogar aquele loiro.


Lancilotto, um dos 3 executivos e o único que havia sido capturado naquela noite. Ninguém além de Neil e seus amigos sabia o que havia acontecido com Ultor, o segundo executivo, e mesmo eles sequer sabiam se ele ainda se encontrava vivo. Quanto à líder, Nyx, ninguém conseguiu encontrá-la. Os membros de sua equipe foram capturados, e aqueles que não foram haviam morrido no desabamento, mas Nyx havia conseguido escapar ilesa e tendo alcançado o seu objetivo: conseguir as 3 orbes do tempo, espaço e anti matéria pertencentes à Dialga, Palkia e Giratina. No final das contas, ela havia conseguido sua vitória pisando por cima dos corpos de seus seguidores.


–Bom, meu amigo Brock... Parece que as coisas não deram muito certo dessa vez. – Volken, o líder do ginásio de fogo, disse ao ver que o líder do ginásio de pedra estava a salvo.

–De fato... No final das contas, a ajuda que eu requisitei acabou não conseguindo chegar. A desgraça já havia se consolidado antes disso... Se eu soubesse que isso terminaria assim, teria o chamado desde o começo. Quem sabe então ele pudesse ter nos ajudado, e tudo teria dado certo...

–Não se culpe... Ninguém poderia ter previsto isso.


Após Lancilotto ser pego como refém pelo homem misterioso, as coisas tomaram um rumo inesperado para o pior. Lancilotto, já tendo se precavido caso algo como aquilo acontecesse, havia deixado seu Deoxys escondido em meio à multidão. Quando o Fantasma o tomou como refém, o Pokémon do espaço atacou e neutralizou o Fantasma. Uma grande confusão sucedeu esse acontecimento, e aqueles que não conseguiram escapar foram mortos pelo confronto entre os membros da equipe, o fantasma e os líderes ou morreram devido ao desabamento decorrente dos danos que aquele edifício havia levado depois de tantas batalhas intensas. Havia sido um dia de grandes perdas para todos...


–Mas como um membro de uma equipe criminosa conseguiria pôr suas mãos em um Pokémon tão raro quanto o Deoxys...?


Enquanto Brock tentava dar algum sentido aos acontecimentos que assolaram Pewter aquela tarde, no fundo ele se sentia culpado por tudo aquilo que havia acontecido. Havia sido ele afinal um dos organizadores do evento. Ah, se ao menos ele tivesse se precavido um pouco mais...

Perto das viaturas policiais, Edward se aproximava de um dos seus homens discretamente para lhe dar uma ordem.


–Eu quero que você fique de olho em James L. Vonruchi de hoje em diante. Não me faça nenhuma pergunta... Eu acho que ele pode ser o assassino que estamos procurando.


O homem ficou surpreso ao ouvir aquilo e se virou para encarar seu chefe, mas ele já havia se retirado para dar atenção aos repórteres. James L. Vonruchi, um dos líderes de ginásio... Suspeito de assassinato? Se aquilo realmente se provasse como verdade, seria um grande choque para todos de Kanto.

E assim, debaixo daquele imenso céu coberto de escuridão, várias perguntas surgiram naquela noite, porém nenhuma resposta sucedeu essas perguntas. Mas elas viriam... Com o tempo, quando todas as peças do quebra-cabeça se encaixassem, as respostas que foram engolidas pela escuridão daquela noite finalmente viriam à tona...


**


Dois meses se passaram desde o incidente no museu de Pewter. Nada realmente relevante mudou desde então no caso do assassinato: a identidade do assassino ainda estava cercada de mistérios e nenhuma nova vítima havia sido escolhida... Mas 4 desaparecimentos já haviam ocorrido nas redondezas de Lavender.

Na escola, houve uma semana de luto pelos estudantes que haviam morrido no incidente e o torneio desse ano foi cancelado por causa do medo de que mais um evento grande atraísse novamente a atenção de alguma equipe criminosa... Outro acidente da mesma magnitude daquele era algo cujo qual ninguém desejava.

Dentre os estudantes, Alberto, aquele careca alto que sempre me perturbava, havia morrido também. Eu nunca fui com a cara dele e tenho certeza que ele não gostava muito de mim, mas mesmo assim, ainda era triste ele ter morrido daquela forma, humilhado na frente de centenas de pessoas. Eu me senti um pouco mal por ele, mas não havia tempo para ficar de luto. Afinal de contas, era trabalho dos Exorcistas de Lavender se certificar de que vítimas como ele não iriam mais aparecer.

Minha rotina era basicamente a mesma: de manhã eu ia à escola, a tarde eu trabalhava, e a noite eu voltava para a casa. Porém, aos finais de semana, eu e os outros sempre nos reuníamos para revisarmos tudo o que sabíamos sobre o caso e tentávamos descobrir novas informações... Infelizmente, não conseguimos progredir muito. Estava faltando alguma coisa... Alguma coisa que esclarecesse tudo e nos revelasse a identidade do assassino. Mas se nem mesmo a polícia estava conseguindo progredir nesse caso, como nós conseguiríamos? Isso me perturbava. Eu estava constantemente atrás do meu momento “eureca!”, como eu já havia visto em muitos filmes de detetives, mas esse momento parecia nunca chegar.

Enquanto isso, minha relação com meu pai progredia a passos lentos. Eu ainda não confiava totalmente nele, mas já conseguíamos conversar decentemente como um pai e filho... Ainda assim, a maior mudança provavelmente aconteceu em meu time de pokémons, e não em mim. Absol, que havia nos ajudado no confronto contra Ultor, aceitou cooperar comigo e fazer parte de meu time. De certa forma, nossos objetivos eram os mesmos: ambos queríamos evitar que tragédias acontecessem. Ele tinha o poder de prever tragédias, o que seria de grande utilidade para mim, e eu possuía o poder de guia-lo e ajudá-lo. Desde então, eu o nomeei “Lune”, devido a sua pelagem que reluzia como a luz da lua.

http://www.youtube.com/watch?v=OsQLWgah-Ec

♪♪♪

Já fazia aproximadamente 1 mês desde que Lune começou a agir estranhamente. Logo nas vésperas de quando ele começou a ficar nervoso, uma mudança começou a ocorrer na atmosfera ao redor de Lavender... Uma virada tão súbita de clima que até mesmo eu pude perceber. A temperatura na cidade havia ficado extremamente baixa... Mas os termômetros marcavam temperaturas normais. O frio que as pessoas sentiam em Lavender não era normal, e mesmo casacos não eram capazes de fazer o frio ir embora. Era como se fosse o calafrio que alguém sente quando seu espírito está saindo de seu corpo...

Não muito tempo depois dessa estranha anomalia, mais coisas estranhas começaram a acontecer. Mensagens com ameaças de morte junto com pedaços de corpos humanos começaram a chegar para várias pessoas. Alguns estavam tão assustados que decidiram se mudar sem pensar duas vezes. Mas talvez, a mais estranha das mudanças... Tenha sido a névoa negra.

Há cerca de 2 semanas, uma camada de névoa negra começou a envolver Lavender. Ninguém até agora conseguiu explicar o porquê da formação dessa névoa negra e muito menos do que ela é composta. Os cientistas afirmaram que ela não é nociva à saúde, mas algumas pessoas alegaram sentir alucinações e pesadelos por causa do contato com a névoa. A mídia como sempre tentava acalmar a todos, atribuindo a culpa das alucinações dessas pessoas como estresse psicológico... Mas quanto mais o número de afetados aumentava, mais as teorias de conspiração cresciam.

“O governo está tentando matar os cidadãos de Lavender com uma arma bioquímica porque eles não conseguiram identificar o assassino ainda!”, “é o fim dos tempos, primeiro Lavender, então o mundo!”, “é a antiga maldição deixada pelos pokémons mortos no massacre, ela voltou!”, "o assassino de Lavender é um antigo espírito com poderes sobrenaturais!". Não importavam o quão absurdas essas teorias fossem... No fundo, eu estava com medo de que elas realmente fossem verdade. Eu já não conseguia mais achar explicações plausíveis para o que estava acontecendo em Lavender. Eu estava começando a ficar muito nervoso para sequer pensar direito...

Após chegar em casa naquela noite, 6 de maio, notei que meu pai ainda não estava em casa. Vivi estava usando um cobertor enquanto bebia chocolate quente em frente à TV... Apesar de não fazer muita diferença, o cobertor era capaz de aquecer um pouco, ou ao menos dar essa impressão. Eu coloquei minhas coisas no quarto e me sentei na sala para assistir ao noticiário... Foi quando eu vi a headline daquela noite.


–O assassino fantasma ataca novamente. Dessa vez, as 4 vítimas desaparecidas desde a metade do mês passado foram encontradas mortas em 4 locais separados ao redor de Lavender, todas tendo sido executadas com o mesmo método e no mesmo horário.


O copo de café que eu estava segurando caiu no chão. Não tinha como ser coincidência... Eram muitos acontecimentos ao mesmo tempo para ser apenas uma coincidência.

A névoa, a ausência de meu pai em casa naquela noite, a mudança de clima em Lavender, os 4 assassinatos... Como?! O que está ligando todos esses acontecimentos?! O que está acontecendo nesse lugar infernal?! É impossível! É impossível que isso seja obra de um humano!

Essa cidade está começando a me deixar louco...


Continua...


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Notas finais do capítulo

E assim, acabamos a segunda temporada de Ano Sombrio. Diferente do que aconteceu no final da primeira temporada, não pretendo fazer uma parada dessa vez, continuarei direto, então aguardem. Daqui em diante, as coisas começam a ficar realmente sérias.



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