Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 18
Capítulo 17: Aquele que prevê desastres.


Notas iniciais do capítulo

E o incidente chega perto de sua resolução. Mais um capítulo grande e que deu trabalho para escrever, haha. Boa leitura!



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–Lawliet, me empreste seu poder mais uma vez...


Com essas palavras, eu liberei a Volcarona de meu pai novamente. Suas asas reluziam um brilho vermelho forte, e sua figura esplendorosa impunha respeito aos seus aliados e medo aos seus inimigos. Sem dúvidas, era um Pokémon que já havia passado por inúmeras batalhas... Estava em um nível totalmente diferente dos outros ali presentes.


–Hora de ver os presentes que ela me deu. – O inimigo jogou 3 pokébolas no ar, cada uma revelando um Pokémon diferente.


Até então, eu estava certo de que enquanto Lawliet estivesse de meu lado eu seria capaz de nos defender de qualquer Pokémon que o inimigo utilizasse... Mas o que meus olhos viram naquele momento devastaram quaisquer traços de esperança que eu ainda tinha.


–Rhyperior, Gyarados e Kingdra...!


Eu dei um passo para trás inconscientemente. Todos aqueles 3 pokémons tinham vantagens de tipo contra um Volcarona. Eu poderia contra-atacar o Gyarados com um Poder Oculto(*Hidden Power) do tipo pedra, mas apenas isso. Não havia nada no meu arsenal que poderia derrotar os outros 2 pokémons enviados, muito menos se eles nos atacarem ao mesmo tempo. Mesmo que Lawliet esteja num nível superior, nós ainda estamos em completa desvantagem.

Eu olhei nervosamente para todos os lados, tentando procurar algo para nos auxiliar, alguma saída, qualquer coisa. Eu sabia que não havia absolutamente nada ali, mas o desespero que começava a brotar dentro de mim procurava qualquer coisa que fosse para tentar se agarrar. Entretanto, era inútil... Nossa única rota de fuga estava sendo bloqueada pelo homem de cabelos brancos. Se não vencêssemos aquela batalha desproporcional, estaríamos acabados. Enquanto eu mantinha uma expressão de desconcerto, meu inimigo estava com um sorriso de tranquilidade em seu rosto.


–É... Um único soldado não é capaz de salvar um exército da derrota. E olhando para o exército que vocês tem... Eu acho que é seguro afirmar que essa batalha já está acabada.


Do lado dele se levantava um Houndoom muito enfraquecido, mas por outro lado um Rhyperior, Gyarados e Kingdra em condições perfeitas e em leveis altos. Do nosso lado, tínhamos um Volcarona de alto nível sendo contrabalanceado por um Machop, Mankey, Sandslash, Raticate, Fearow, Pidgeotto, Meowth e Mr.Mime, todos com níveis medianos. Catarine não havia lançado seus pokémons pois nosso lado ficaria cheio demais, e sendo nosso campo de batalha um local pequeno, isso prejudicaria nossa mobilidade, sendo esse também o motivo por eu não ter soltado Ruffly e Pup. Podíamos estar em maiores números, mas nosso poder de fogo era menor que o do adversário. Entretanto, era cedo demais para admitir a derrota. Há uma maneira de contornarmos essa situação.


–Ouçam-me. – Eu chamei todos para perto para compartilhar a minha estratégia com o grupo. – Não temos chances de vencer numa batalha direta, os pokémons dele são claramente mais poderosos... Nesse caso, nossa melhor opção é mirar no “ponto fraco” do time: o próprio treinador. Se conseguirmos nocautear o homem de cabelos grisalhos, ficará mais fácil de escapar dos seus pokémons.

–Em teoria parece bom, mas quando vocês tentaram fazer isso contra o assassino, o resultado não foi dos melhores... – Catarine comentou.

–Não... Aquelas circunstâncias foram diferentes. Estávamos num campo de batalha aberto e escuro, e com as árvores prejudicando nossas visões. O plano deu errado daquela vez pois eu não contava com nenhum elemento externo se intrometendo na batalha... Já aqui é diferente. Estamos num local fechado e de alta visibilidade, o que significa que podemos ver tudo que nosso adversário está fazendo. Não haverão surpresas desta vez. – Eu expliquei.


O problema era: como conseguiríamos dispersar os pokémons do adversário?


–Mandem seus pokémons atacarem cada um dos 4 pokémons adversários com ataques diferentes. Enquanto o inimigo se distrai com os ataques direcionados a eles, Angelo, seu Sandslash usará o ataque escavação(*Dig) para chegar até o outro lado e acertar o homem de cabelos grisalhos com um golpe direto. Se tudo der certo, podemos acabar com essa batalha em menos de 1 minuto.

–Boa! – Angelo falou, cerrando seu punho direito e balançando sua cabeça afirmativamente. – Enquanto deixamos as defesas dele ocupadas, atacamos o rei! Entendido, deixe tudo conosco! Sandslash pode cavar um túnel daqui até lá em menos de 30 segundos.

–Então, vamos lá!


Todos os pokémons do nosso lado avançaram aos nossos comandos, com excessão de Sandslash, que ao invés de fazer um ataque direto havia usado seu golpe de escavação para chegar até o treinador adversário, e Volcarona, que ficaria na retaguarda e esperaria o momento certo para dar o xeque-mate. Dos 6 pokémons restantes, cada um se concentrava em atacar seus devidos alvos. Enquanto a pressão na atmosfera aumentava, eu me perguntava se nosso plano daria certo. Faltavam 20 segundos... Quando então eu ouvi o inimigo lançar suas primeiras ordens.


–Hehehe... Rhyperior, terremoto(*Earthquake). Gyarados, cascata(*Waterfall).

Um grande tremor tomou conta do chão, criando rachaduras tanto no solo quanto nas paredes ao nosso redor. Até mesmo nós sentimos o impacto daquele feroz terremoto lançado por aquela besta colossal de pedra. Pidgeot e Fearow, aqueles que não foram atingidos pelo terremoto, haviam sido derrubados pelo absurdo poder do golpe cascata de Gyarados, que varreu seus dois oponentes como pequenos peixes tentando lutar contra a força de uma grande cachoeira. Quando o tremor cessou, eu observei o campo de batalha mais uma vez.

Raticate, Fearow, Pidgeotto, Mankey e Sandslash... Nocauteados.


–Não... – Simon caiu ajoelhado no chão. – Você só pode estar de brincadeira...


Não, aquela não era brincadeira nenhuma... Era cruel demais para ser uma. Em apenas um turno, cinco de nossos pokémons haviam sido nocauteados. Mais da metade dos nossos lutadores foram devastados por apenas dois ataques de dois pokémons. O inimigo sequer usou todo seu poder de fogo... Apenas metade de seu time era o suficiente para demolir quaisquer que fossem nossas esperanças. Meu plano havia caído no primeiro minuto de batalha... Sandslash, que estava debaixo da terra quando o terremoto de Rhyperior começou, foi aquele quem mais sentiu os danos do ataque do colossal monstro de pedra, e foi o primeiro a ser nocauteado. Os que haviam sobrevivido aos ataques estavam muito enfraquecidos... O único que estava em melhores condições era Lawliet, que ainda assim havia recebido considerável dano. Enquanto nós caíamos em desespero, o homem do outro lado do campo apenas nos olhava com compaixão em seus olhos.


–Eu avisei, não há como contornar falta de poder de fogo com apenas um bom soldado ou estratégia. A ideia não foi ruim, mas como vocês puderam ver, a execução não foi das melhores. Não adianta tentarem mirar seus esforços em mim se vocês não conseguem derrubar a muralha que está me protegendo. Será que vocês entendem agora a falta de esperança em suas situações?

–Não! – Eu gritei. – Ainda estamos de pé!


Eu não vou permitir que acabe assim, jamais. Enquanto eu e Lawliet ainda estivermos de pé, haverá uma esperança! Se nós não podemos derrubar aquele que está por trás da muralha... Então só precisamos derrubar a muralha antes.


–Mudança de planos. Nós vamos nocautear os pokémons adversários... Cada um deles. – Eu disse.

–Isso é loucura! Você não acabou de ver isso? Ele derrubou cinco de nossos pokémons de uma vez só! E você acha que nós temos alguma chance em derrubar os 4 pokémons dele?! – Clara protestou contra meu plano de ação, mas eu não me importava. Na minha cabeça, o rumo daquela batalha já havia sido decidido. Ou sairíamos dali vitoriosos, ou mortos.

–Loucura é tentar insistir num plano de ataque que não nos levará à lugar algum e apenas nos causará mais perdas, e mais loucura ainda seria simplesmente desistir agora. Eu sei o que estou fazendo... Confiem em mim. – Eu disse com convicção enquanto olhava para todos eles.

–... Não custa nada tentar, não é? Tudo bem, eu irei confiar em você, garoto Neil. – Catarine foi a primeira a concordar com meu plano e, para compensar os pokémons que havíamos perdido, ela lançou os seus próprios na batalha: Cloyster, Ivysaur e Ponyta.

–Obrigado, Catarine. – Eu balancei minha cabeça e liberei meus dois pokémons restantes também, Pup e Ruffly. Com isso, todos os pokémons nocauteados haviam sido substituídos... Era hora do segundo round. – Obviamente, é impossível vencermos se apenas atacarmos os inimigos irracionalmente. É por isso que eu preciso que vocês ganhem tempo...

–Ganhar tempo? Como isso irá nos ajudar? – Angelo perguntou.

–Eu farei com que Lawliet use a Dança Agitada(*Quiver Dance) para fortalecer seu ataque e defesa especiais e sua agilidade. Caso eu consiga fazer com que ele eleve seus poderes ao máximo...

–Podemos conseguir derrubar os pokémons adversários. – Catarine completou. – Faz sentido. Podemos tentar, mas...


Apesar de tudo, falar era fácil... Mas conseguir distrair pokémons que haviam eliminado a maioria dos membros de nosso time com um único ataque era outro assunto. Se apenas dois deles podiam causar tamanha destruição, se os quatro atacassem ao mesmo tempo não sobrariam esperanças para nós... E nosso inimigo sabia disso.


–Não temos escolha. Precisamos confiar em nossos pokémons. Nossas vidas dependem disso... – Eu fechei meus olhos, suspirei, e os abri novamente. Estava na hora. – Angelo, Clara, Simon, Catarine... Vamos fazer com que essa não seja a ultima batalha dos Exorcistas de Lavender, okay?


Eles concordaram, balançando suas cabeças.


–Lawliet, Dança Agitada! Ruffly, Corte Aéreo(*Aerial Slash)! Pup, Triturar(*Crunch)!


Ao meu sinal, todos lançaram suas ordens imediatamente. Nossos pokémons avançaram mais uma vez, pondo suas vidas em risco pelas nossas. Volcarona começou a se fortalecer por meio da Dança Agitada. Agora é tudo ou nada.


–Acho que está na hora de acabarmos com isso... Eu pensei que talvez vocês tivessem o que fosse necessário, mas eu estava ledamente enganado. – Suas palavras não continham ódio ou desprezo... No fundo, era como se ele realmente sentisse algum tipo de compaixão por nós que estávamos lutando por nossas vidas. – Houndoom, Explosão de Fogo. Rhyperior, Terremoto. Gyarados, Cascata. E Kingdra, Hidro Bomba(*Hydro Pump).


Mas ao contrário de suas palavras, em suas ações não havia nenhuma compaixão desta vez. Essa era uma combinação feita para acabar com todos nós de uma vez só. Um ataque, um nocaute, uma vitória.


–Todos, para trás do Mime! – Angelo falou, não apenas para seu Machop como para todos os pokémons que ali estavam. – Clara, você sabe o que fazer!

–Mr.Mime, proteção! – Clara deu sua ordem rapidamente.


Como se sabendo que a única forma de sobreviverem à retaliação do inimigo fosse obedecer ao comando de Angelo, todos interromperam seus ataques e se posicionaram atrás de Mr.Mime o mais rápido possível.

Uma barreira verde e transparente ergueu-se na frente do Pokémon mímico, protegendo a ele e todos aqueles que haviam se posicionado atrás dele. Uma defesa absoluta que poderia bloquear qualquer ataque independente da diferença de forças entre os Pokémons... Esse era o poder do golpe Proteção, uma barreira impenetrável de energia. Os 4 golpes dos adversários se chocaram contra ela, causando um grande estrondo, mas nenhum deles conseguiu sequer tocar de raspão em algum dos pokémons protegidos pela barreira.


–É ISSO AÍ! – Simon gritou em comemoração. – Boa, Angelo e Clara!

–Tsk... O que é isso? Vocês estão apenas adiando o inevitável. De que adianta se proteger dessa onda de ataques se eu posso simplesmente ordenar outra? Houndoom, Kingdra, Rhyperior, Gyarados, repitam seus ataques até que esse mímico caia.

–Mr.Mime, continue usando proteção!


Erguendo sua barreira impenetrável outra vez, Mr.Mime se preparou para bloquear novamente a onda de ataques dos adversários... Entretanto, o movimento “Proteção” tinha uma falha. De fato, a barreira erguida pelo seu poder era indestrutível, mas sendo uma técnica que exige muita concentração e energia, utilizá-la duas ou mais vezes seguidas é um grande risco. Se a primeira vez lhe concede uma defesa impenetrável em 100% dos casos, a segunda tem apenas 50% de chances de funcionar. A terceira tem 25%, e assim em diante. Desta vez, a barreira erguida por Mr.Mime não constituía uma defesa absoluta, mas sim uma barreira com 50% de chances de protege-los, ou 50% de chances de falhar e devastá-los de uma vez só... Os golpes colidiram mais uma vez com a barreira. Estava na hora de descobrir qual das duas opções se concretizaria.

E dessa vez, como que por resposta às nossas esperanças, a dama da sorte sorriu para nós. A barreira erguida parou os ataques novamente com sucesso, e apenas após todos eles se dissolverem, a barreira novamente desapareceu. Mr.Mime suava e respirava ofegante. Já havia sido a segunda vez que ele salvava o time da total obliteração.


–Bom trabalho! – Clara orgulhosamente elogiou o desempenho de seu Pokémon. Se continuar assim... Talvez nós realmente tenhamos uma chance de sair daqui vitoriosos!

–Hehe, ora ora, como vocês são sortudos, não é? Mas um raio não acerta o mesmo local três vezes. Vocês podem ter se safado de novo, mas é muito improvável que seus pokémons consigam se proteger dessa vez. Como eu já disse antes, vocês estão apenas me fazendo perder tempo. Rhyperior, Gyarados, ataquem de novo.

–Mr.Mime... Por favor, nossas vidas dependem disso! Use sua proteção mais uma vez!


O pequeno Pokémon mímico já estava exausto, e aqueles titãs que o atacavam ainda estavam em perfeitas condições. Não importa por qual ângulo alguém visse aquela situação, não haveria como aquele Mr.Mime continuar lutando... Mas a voz de sua treinadora lhe dava as forças que lhe faltavam para continuar resistindo. Ele ergueu seus dois braços novamente. Gritando seu próprio nome, Mr.Mime ergueu mais uma barreira de proteção, desta vez, um pouco mais opaca que as outras. Os ataques dos adversários colidiram-se novamente com a barreira, e dessa vez... Ela resistiu novamente! Os ataques se dissiparam logo após atingirem-na.

Com um desempenho impecável, Mr.Mime abaixa sua guarda após os ataques inimigos terem falhado... Porém, dessa vez, quem estava rindo era o homem de cabelos grisalhos.


–Houndoom, Kingdra, é a vez de vocês.


Era por isso que ele havia atacado apenas com dois de seus pokémons nesse turno. Ele estava esperando o momento em que a barreira se dissiparia para, assim, ordenar seus outros dois pokémons a atacarem imediatamente. Seria impossível erguer outra barreira tão rapidamente, dessa vez o ataque iria acertá-los diretamente. Havíamos caído na armadilha do inimigo.


–RÁPIDO, SE AFASTEM, SAIAM DAÍ!


Eu gritei o quanto antes para fazer com que os pokémons se separassem. Se eles continuassem juntos como estavam agora, todos seriam atingidos e então seria realmente o fim. Porém, os ataques já estavam a caminho. Seriam eles rápidos o suficiente para evitarem aquilo?

Uma grande explosão tomou conta do local, espalhando chamas e vapor d’água por todo o ar. Felizmente, nada havia pego fogo, mas uma fumaça resultante dos ataques do adversário tomou conta do pequeno depósito por alguns segundos. Meu olhar estava fixo na direção onde nossos pokémons se encontravam. Minha respiração ficava mais pesada com o momento, meu coração batia como uma bateria de rock em um show ao vivo e era difícil de engolir minha saliva. Quando a fumaça se dissipou, revelando o que estava por trás dela...

Mr.Mime, Meowth, Beedrill e Ponyta... Nocauteados.


–Não...! – Clara caiu sentada no chão. Agora que nossa principal defesa havia sido destruída, nossa única alternativa era aproveitar o momento e entrar em modo de ataque total.

–Ainda não acabou! Precisamos de mais tempo! – Lawliet já havia executado a Dança Agitada 2 vezes, mas isso não seria o suficiente para nocautear os inimigos com apenas um golpe. Apenas mais 4 vezes... Se conseguirmos distraí-los até que Lawliet execute a dança mais 4 vezes para aumentar seu poder de ataque, defesa e agilidade ao máximo, a batalha estaria ganha.

–Deixa comigo! Machop, chute baixo(*Low Kick) no Rhyperior!


Angelo comandou o seu Pokémon que, no meio da fumaça que havia sido causada pela explosão, havia aproveitado para se aproximar dos pokémons adversários, estando assim a uma distância boa o suficiente para acertar um deles. E o alvo foi aquele que seria mais afetado por um chute baixo: Rhyperior.


–É agora!

–Rhyperior, rápido, desvie!


Machop se posicionou debaixo de Rhyperior. Rhyperior tentou dar um passo para trás para evitar o golpe, porém Machop foi mais rápido e com uma mira certeira, acertou um chute na base do pé do até então intocado colosso. Perdendo o equilíbrio, a enorme besta de pedra caiu em seus joelhos pela primeira vez na batalha, danificado com um dos ataque de nossos pokémons. Quanto mais pesado for o Pokémon ,maior será o efeito do chute baixo, e contra uma criatura com aquele tamanho e peso, aquele ataque havia sido super efetivo.


–Nós conseguimos! Acertamos um dos pokémons adversários! – Eu comemorei por um instante, antes de ser jogado de volta para a cruel realidade.

–Houndoom, acabe com esse Machop usando o Lança Chamas!


Obedecendo seu mestre imediatamente, o cão dos infernos soltou sua baforada de fogo na direção do pequeno lutador que havia derrubado o gigante. Sendo envolto em chamas, o guerreiro soltou seu ultimo grito na batalha.

Machop... Nocauteado. Mais uma vez, a escuridão do abismo da derrota se aproximava a passos largos de nós. Dez pokémons haviam sido nocauteados. Apenas cinco dos nossos permaneciam de pé no campo de batalha...


–Parece que somos apenas nós dois agora, Catarine... – Eu disse para a única treinadora além de mim com pokémons ainda conscientes no campo de batalha. Todos os outros já haviam sido retornados.

–Ótimo, do jeito que era no começo. Somos mais do que o suficiente para segurar os pokémons dele. – A treinadora dos cabelos de fogo afirmou, confiante não apenas em suas como também nas minhas habilidades. – Conto com você para proteger minha retaguarda.

–O mesmo para você, Catarine. – Eu confirmei a ela minha determinação em continuar lutando.

–Talvez se mais pessoas fossem como vocês, eu não teria terminado dessa forma... – O homem de cabelos grisalhos falou, mas seus olhos não estavam nos encarando. Ele olhava para o chão, distante em seus pensamentos, como se apenas estivesse pensando em voz alta. Enquanto isso, Rhyperior já havia se levantado novamente e estava pronto para voltar à batalha. – Rhyperior, Chifre Broca(*Horn Drill). Kingdra, Houndoom, Gyarados, acabem com isso.


A mesma combinação mortal de ataques de antes. Porém, dessa vez, não havia nada que pudéssemos fazer para impedi-la. Eu e Catarine apenas nos olhamos nos olhos, como se estivéssemos esperando o inevitável...


–Auuuuu!


Até que o uivo de um Pokémon tomou conta de todo o lugar. Quando eu rapidamente olhei para o campo de batalha mais uma vez, eu vi a sua silhueta familiar, coberta por uma luz branca, se jogando na frente dos ataques dos adversários.


–PUP!!


Meu Herdier, Pup, havia carregado um Giga Impacto para rebater o ataque dos adversários, levando os 4 ataques de uma vez só. Meu mais leal e fiel amigo desde que eu o capturei aquele dia na rota 1 de Unova... Ele sabia que não tinha como vencer. Ele sabia que poderia morrer fazendo aquilo... Mas ele confiava em mim. Em seu coração, ele tinha certeza de que se ele conseguisse concentrar todos os ataques em si mesmo, eu poderia aproveitar a situação e contra-atacar. Pup estava pondo sua vida em risco mais uma vez, colocando sua fé em mim. Eu não poderia decepcioná-lo, de maneira alguma!


–AGORA, CATARINE, SEUS POKÉMONS! – Eu gritei, tentando evitar as lágrimas que lentamente enchiam os meus olhos sem que caíssem.

–Cloyster, Concha Navalha(*Razor Shell), Ivysaur, Chicotes de Vinha(*Vyne Whip)! – Ela respondeu imediatamente à minha ordem.

–Ruffly, você também! Corte aéreo!


Pup foi jogado no ar, repelido pelos ataques dos adversários, mas o tempo que ele havia conseguido havia sido o suficiente. Rhyperior foi arrastado para trás pela feroz e brilhante concha de Cloyster, que o perfurava incansavelmente com grande poder, enquanto Gyarados era punido pelas técnicas aéreas de Ruffly e Kingdra sofria os ataques contínuos de Ivysaur. Mas havia um pokémon que ainda estava livre...


–Hehe... Houndoom, aproveite enquanto os pokémons deles atacam e extermine os treinadores com uma Explosão de Fogo!


Houndoom, o único Pokémon que não estava sendo atacado por um dos nossos, se colocou perante nós e preparou seu ataque mais poderoso. Se aquele ataque nos acertasse, seriamos queimados vivos. O medo tomou conta de mim. Se eu usasse Lawliet, ele seria acertado pelo ataque e ficaria muito fraco, acabando com nossas chances de vitória, mas se eu não o usasse, nós morreríamos naquele exato momento. Não importando que escolha eu fizesse... No final das contas, iríamos perder de qualquer jeito.


–Xeque-mate.


Logo após essas palavras saírem da boca do treinador inimigo, o barulho de uma vidraceira sendo despedaçada tomou conta daquele pequeno local. De uma das pequenas janelas pelas quais um humano não poderia passar, um Pokémon de pelagem branca surgiu, belo e reluzente como a lua. Seus pelos faziam contraste com seus olhos vermelhos e rosto negro, e a luz branca refletida pelo seu corpo se misturava magnanimamente com um feixe sombrio que saia de suas patas, e como se estivesse dançando ao redor de seu corpo, a trilha negra que acompanhava o misterioso Pokémon que havia surgido ficava cada vez mais intensa.


–Você é...?! – O homem misterioso exclamou surpreso ao avistar o Pokémon que havia pulado para dentro do campo de batalha.


Aconteceu tudo muito rápido. Quando a confusão em minha mente se desfez e eu me dei conta do que havia transpirado no campo de batalha, eu finalmente percebi...


–Pup... Foi nocauteado.


Mas ele ainda estava vivo. Ao perceber isso, eu o retornei o quão antes possível para sua pokébola. E então, foi quando eu percebi o outro nocaute que havia acontecido.

Houndoom... Estava fora de batalha. Depois de 11 perdas do nosso lado, depois de encarar a morte com os próprios olhos, nós finalmente havíamos conseguido derrubar um deles. Não, não nós... Acima do corpo inconsciente de Houndoom, aquele Pokémon de magistral pelagem branca se erguia com uma posição de orgulho. Foi então que eu o reconheci. Aquele Pokémon, amaldiçoado com a lacuna de “aquele que prevê desastres”...


*Interlúdio – Resolução*

A proposta de Lancilotto havia chocado os líderes de ginásio. Ele havia acabado de pedir a vida de um de seus companheiros em troca da liberdade de todos os reféns que ali se encontravam. Para eles, aquela era uma proposta inaceitável. Mas ainda assim... Por mais que odiassem admitir... Aquela havia sido a proposta mais beneficiadora para eles.


–Está brincando?! – Uma líder de ginásio feminina protestou contra a proposta absurda de Lancilotto. – Está pedindo para nós simplesmente entregarmos a vida de um dos nossos para vocês?! Você deve estar louco!

–Quem deve estar louca aqui é você para falar nesse tom comigo, cadela. O único local onde eu permito que mulheres como você gritem é quando eu as estou violando em minha cama.

–Já chega! Eu não aguento mais ouvir você e esse seu ego ridículo!

–Acalme-se, Vanya... – Volken continuava sendo aquele com a maior compostura dentre os líderes, mas até mesmo ele estava furioso por dentro. Ainda assim, ele precisava manter a calma. – Lancilotto é seu nome, não é? Posso lhe chamar assim?

–Na verdade é apenas um codinome, então eu lhe dou permissão. Não guardo nenhum tipo de afeição a esse nome.

–Muito bem... Então, o senhor Lancilotto pode nos garantir que, caso nós chamemos James Vonruchi, e apenas James Vonruchi para cá, e o entreguemos a você... Isso é o suficiente para que você libere todos os reféns daqui, sem exceção, correto?


Ao ouvir o mais sábio dentre eles negociando aqueles termos ridículos, os líderes pensaram em protestar... Mas se era Volken quem estava lidando com a situação, deveria haver algum plano por trás. Eles tinham de confiar no fato de que Volken não sacrificaria um de seus próprios companheiros.


–Exato. – Lancilotto confirmou com um sorriso em seu rosto. – Entreguem-no a mim, e todos serão libertos. – Até mesmo do lado dos rockets, os capangas pareciam estar confusos com a proposta de Lancilotto, afinal de contas o objetivo da missão deles não tinha nada a ver com a vida do líder de ginásio James Vonruchi.

–Certo... Mas eu suponho que você possa me dar uma razão do porquê de você desejar tanto assim a vida de um de meus colegas? Se eu trairei um dos nossos... Eu ao menos gostaria de saber o porquê.

–Porque a existência desse seu “companheiro” é um insulto ao meu orgulho. Ele me atacou de surpresa, me desafiou e ousou tentar tomar a minha vida quando estávamos no salão principal no andar de cima. Apagar um verme desses de nosso planeta é um grande favor à humanidade. Essa justificativa é boa o suficiente para você, velho?

–Hum... – Ele abaixou sua cabeça e alisou seu queixo usando sua mão direita enquanto pensava no que fazer.

–Não desperdice meu tempo a toa. Se você não se me responder em 10 segundos, eu ordeno a morte dessas pessoas agora mesmo.

–Tudo bem, tudo bem. Nós chamaremos James até aqui...

–O que? Você está falando sério, Volken? – Williams perguntou, descrente da possibilidade de Volken estar realmente considerando sacrificar James. – Você tem algum tipo de plano... Não é?

–... No momento, tudo que podemos fazer para ganhar tempo é chamar James até aqui. Expliquem a situação para ele através do comunicador e mandem-no vir para cá. Eu tentarei pensar em alguma coisa até lá...


E assim, o tempo foi passando. Cada batida no relógio fazia com que todos ali ficassem mais e mais tensos. Volken suava frio enquanto tentava inutilmente pensar numa solução para sair daquela situação pesada. Dois minutos haviam se passado desde que eles haviam chamado James... Dois minutos que mais pareciam ser uma eternidade.


–É bom que vocês não estejam me enrolando ou tentando fazer alguma gracinha. – Lancilotto disse, quebrando o silêncio que havia se instaurado no local. O ar estava tão denso naquele momento que se alguém o cortasse com uma navalha, seria possível ver o nervosismo de todos ali a olho nú. – Eu já estou começando a perder a paciência... Caso esse “companheiro” de vocês não chegue logo, eu serei forçado a ordenar a morte de todos os reféns. É melhor vocês torcerem para ele não ter fugido como um covarde.

–James jamais faria isso! Eu tenho certeza que ele chegará aqui em breve... Só mais um pouco, espere apenas mais um pouco, por favor... – Volken demonstrava nervosismo em suas palavras, algo incomum para aquele líder de ginásio.

–Mais 2 minutos... Isso é o máximo que irei esperar.

–Não precisa esperar tudo isso, eu já estou aqui. – Uma voz vinda da escadaria ecoou pelo primeira andar. James havia finalmente chegado.

–Oh... – Um sorriso malicioso se formou novamente no rosto de Lancilotto. – Finalmente. Você tem coragem em mostrar sua cara aqui, mesmo sabendo que encontrará sua morte, vira-lata. Eu admito que pelo menos você tem alguma determinação.

–James... – Volken se aproximou e começou a falar em tom baixo. – Eu tentei pensar em alguma coisa, mas... Todas as possibilidades que eu formulei em minha cabeça são altamente arriscadas. Nossa melhor oportunidade é tentar encurralar o garoto loiro quando você chegar perto dele, mas precisaríamos ser muito rápidos e precisos para fazer um plano desses dar certo... Será que você não tem nenhuma outra ideia?

–Eu tenho. Eu darei minha vida em troca das vidas dos 100 reféns, essa é a escolha óbvia.

–Mas James! Você tem uma família para cuidar! Você quer realmente acabar dessa forma?! – Volken falava com sua voz trêmula.

–Outras pessoas podem cuidar deles... Mas nesse exato momento, ninguém além de mim pode cuidar dessa situação aqui. O que você acha que mais precisa ser preservado, Volken? A vida de uma pessoa ou a vida de centenas?

–Todas elas! A vida de todos nós tem o mesmo preço, seja ela de um ou milhares! Eu me recuso a sacrificar quem quer que seja em prol de alguma coisa...

–Você tem um bom coração, Volken. Mas infelizmente essa sua bondade pode matar a você e todos aqueles ao seu redor algum dia. Sinto muito, mas minha decisão está feita.


Passando pelos líderes ali presentes, James andou até o centro do local onde eles estavam, e olhou diretamente nos olhos de Lancilotto.


–Não faça isso, James... – Williams falava mesmo sabendo que suas súplicas eram inúteis.

–Primeiro liberte os reféns. Quando você tiver liberto a todos, eu me entregarei de mãos vazias.

–Lixo convencido, quem você acha que é para ditar quaisquer termos? Eu soltarei a todos eles após tomar a sua vida. Não há porque duvidar de minha palavra... Ao contrário de vermes como você, eu tenho honra em meus valores.

–Heh... Que irônico. Mas eu não posso ter certeza de que você realmente os libertará após tomar minha vida. Liberte-os agora!

–Será que você não me ouviu? Eu não irei repetir a minha ordem. Irei apenas contar de 1 a 10, e se você não estiver aqui até o final da contagem... Bom, eu acho que você já sabe o que vai acontecer, não é? Hehehe. Então, vamos lá. Um...


Ultimato. Não importava o quanto James tentasse negociar agora, qualquer tentativa seria inútil. Ele teria de entregar a sua vida sem ao menos saber se sua fé seria recompensada no final... Mas que outra escolha tinha ele? Fechando seus olhos, ele continuou a andar.

O líder do ginásio de Saffron andou destemidamente em direção a Lancilotto. Em direção à sua morte. Os gritos de súplica dos líderes que o pediam para voltar eram apenas ecos distantes em sua mente agora. Ele teria de confiar nas palavras daquele maníaco. Em sua cabeça, a única coisa que conseguia pensar era “desculpem-me, Vivi...Neil...”.


–Olá, senhor Lancilotto. Minha navalha irá tomar seu pescoço emprestado como refém, tudo bem?


Quando já havia desistido de sua vida, James ouve uma voz estranhamente familiar. Uma voz que ele não ouvia desde aquela fatídica noite um mês atrás. Quando ele abriu seus olhos, teve uma visão surpreendente: um homem usando óculos escuros, chapéu fedora e um casaco com uma grande gola que cobria sua boca. Este homem estava atrás de Lancilotto, com uma faca apontada para o pescoço do homem loiro e usando seu outro braço para neutralizar os movimentos do inimigo. Não havia dúvidas, aquele era...


–É melhor que nenhum de vocês se mecham, caso contrário eu terei de tirar a vida dele. – Ele falou para os capangas ali presentes.

–Seu desgraçado...! Como ousa ameaçar a vida de um superior?! Seu miserável de merda, quem é você? – Lancilotto falava com puro ódio em sua voz que nada lembrava a postura de arrogância de alguns segundos atrás.

–Sou apenas uma sombra vagante que observa este continente. Um homem que a muito tempo esqueceu sua identidade... Mas você pode me chamar de... Fantasma.


*Resolução – Fim de interlúdio*


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, muitas coisas importantes acontecerão. Ainda essa semana eu postarei. Comentem o que acharam e até a próxima. :)



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