Capítulo 2

É nessas horas em que eu queria estar com meu diário, pra escrever nele a sensação de entrar na escola depois de todo o ocorrido.

Jurei a mim mesma que colocaria um sorriso no rosto e encararia as perguntas sobre o acidente e diria a todos que eu estava bem.

E isso começou assim que eu coloquei o pé na escola. Ao entrar no colégio, pus um sorriso no rosto e acenei para todos que sorriam e acenavam para mim.

Na escola, nunca cativei inimigos, eu sempre tentava ser amiga de todos. Mas tinha uns que queriam sua amizade apenas pelo fato de você ser popular. Ensino médio, vai ser sempre ensino médio!

Eu estava indo em direção ao armário de Alice junto com a mesma.

Eu me divertia ouvindo ela falar mau da roupa dos outros. Já ela, vestia  uma blusa branca com o formato preto de um gato , com um colete preto por cima e uma calça jeans preta com saltos pretos. Alice arrasava! Definitivamente, ela tinha motivos pra falar da roupa dos outros!

- Olha esse vestido – Alice apontou para uma garota mais branca que eu e cabelos ruivos passando – Parece umas das cortinas da minha avó! Totalmente brega!

Gargalhei.

O vestido era verde musgo com rendinha amarela na manga folgada – tipo de vestido de princesa – e na barra, e era estampado com flores amarelas da mesma cor que a renda.

Ta, era brega!          

- Qual é, Belly! Ta horrível! – sussurrou quando a garota passou do nosso lado.

- É o estilo dela, ela gosta assim, quem somos nos pra contrariar?

- Ela gosta assim, ou a mãe dela comprou pra ela usar assim?

- Heim? – perguntei levantado uma sobrancelha

- Esquece! –exclamou parado em frente seu armário e abrindo-o

Me encostei no armário do lado e olhei pra traz. E lá estava ele, mexendo em seu armário e vestido o de sempre – a jaqueta do time da escola, uma camisa e calça jeans escura -, Jacob Black.

Fiquei olhando-o, e ele – sei lá – deve ter sentido que era observado e me olhou. Sorri fracamente e acenei esperando que ele acenasse de volta. Coisa que não aconteceu.

Jake apenas bateu seu armário e virou as costas em direção á não-sei-pra-onde.

Suspirei.

- Relaxa, amiga! – murmurou Alice fechando seu armário – É apenas o processo “eu sou gostoso e levei um fora da gostosa”

Levantei uma sobrancelha.

Abri a boca pra falar quando ouvi:

- Bellinha! – olhei pra atrás da Alice e vi Rosalie vindo na minha direção e me abraçando.

Estranhei completamente, Rose nunca falava comigo, eu que falava com ela.

 Abracei-a de volta e franzi o cenho para Alice, que balançou a cabeça. Pelo visto a baixinha também não estava entendendo nada.

- Senti muuuuuita sua falta! – Rose falou me apertando mais no abraço para logo depois me soltar.

Olhou para Alice.

- Ela está bem?

- Está! – Lice respondeu me olhando e rindo.

- Rose, eu estou aqui!

- AAAAA, eu sei – me abraçou de novo – Sinto muito por tudo que aconteceu, ok?

Assenti mordendo o lábio.

- Ok! – desse Rose – To indo. – me abraçou mais forte e saiu andando.

Aice abriu a boca, provavelmente para comentar o que acabou de acontecer, mas logo a cortei.

- Sem comentários! – disse rindo e sai puxando ela em direção ao campus da escola.

Passamos em frente a secretária quando Alice parou abruptamente e voltou para a porta da secretaria.

- Meu Deus! – exclamou mordendo o lábio

Ótimo, agora minha amiga se interessou pela Sra. Copper?

Fui até ela e segui seu olhar.

- Meu Deus! – exclamei

- Ele é um gato, da pra ver pela bunda! – sorriu maliciosa

- Alice!     

- O que? – me olhou arqueando a sobrancelha e depois voltou a olhar para ele.

 Ele estava de costas para gente, falando coma Sra. Copper, mas a calça preta que ele usava definia as suas formas masculinas da perna, a jaqueta de couro também preta realçava na pele branca do pescoço, e os cabelos acobreados totalmente bagunçados deixa ele sexy só de costas.

A Sra.Copper discutia com ele algo sobre falar documentos no arquivo da escola. Ele tirou os óculos escuros – acho que foram os escuros, não deu pra ver pois ele estava de costas – e sorriu – deve ter sorrido, pois a Sra.Copper sorriu – e falou algo com ela. Ela concordou e fez perguntas sobre os pais dele, acho. Não prestei mais atenção, pois Alice tagarelava olhando-o.

- Ele veio de Los Angeles, toca guitarra e curte muito rock’n’roll. E na sexta à noite, pega a identidade falsa e vai beber no bar mais próximo. – falou

- Atividade psíquica? – olhei pra ela – Ta tentando adivinhar quem é ele?

- É – sorriu piscando.

Sorri também. Mas meu sorriso se desfez ao ver Jasper entrando apressado no banhei masculino.

- Já volto! – falei indo em direção ao banheiro masculino, quando cheguei, entrei no mesmm tempo em que um garoto saia.

- Hey, gata, porta errada! – disse me olhando com malícia

Fechei a cara.

- Eu sei – o empurrei do caminho e entrei no banheiro.

Parei totalmente ao ver meu irmão em um canto afastado cheirando cocaína com um rolo de dinheiro. Rapidamente fui para perto dele e puxei o dinheiro de suas mãos.

- Ei, - gritou.

Empurrei sua cabeça pra traz olhando seu nariz, pra ver se ia começar a sangrar. Mas nada aconteceu e eu o soltei.

- Banheiro errado saiba?

- Parece que irmão errado também! – retruquei

- Bem que podia! – bufou – Vai cuidar da tua vida, Bella.

- Não dá, vendo você nesse estado! – gritei

- Fala baixo! Se te pegarem aqui tu vai em cana.

- Aé? Me reponde... Quem vai em cana, a irmã por tentar libertar o irmão do vício, ou o irmão viciado?

Ele não respondeu.

- Jasper, não precisar ser assim. Mamãe e papai não iam gostar de te ver assim!

- Eles morreram, não estão vendo nada. Por isso estou fazendo. Bella, vai me errar em outro banheiro e me deixa em paz!

- Tudo bem! – suspirei perdendo a paciência – Mas, presta atenção, não quero você maltratando a Tia Esme, entendeu? – segurei seu braço

- Para de me tratar igual bebê!

- Então para de agir como um! – retruquei

- Me erra, Bella! – soltou o braço do meu aperto e saiu do banheiro.

Suspirei me apoiando na pia. Jasper era mais teimoso que eu. Mas eu ia conseguir ajudar meu irmão. Eu tinha fé nisso.

- Hey – exclamou um garoto gordinho entrando no banheiro quando me viu.

Sorri amarelo. Tinha esquecido completamente onde estava.

- Ops, banheiro errado! – sorri e o gordinho piscou pra mim piscou pra mim e lambeu

os lábios.

Franzi o senho. Pessoa estranha, pensei.

Sai do banheiro sem prestar atenção na porta quando trombo com alguém, que segurou meu braço para que eu não caísse.

Olhei para o poste em que eu trombei, e era ele.

Os olhos dele eram de um verde esmeralda brilhante, o nariz era pontudo e charmoso, o queixo era quadrado e musculoso. E a boca rosada. Meu Deus!, pensei.

- Olha pra onde anda, porra! – resmungou apertando meu braço e semicerrando os olhos.

Grosso, idiota!

- Desculpa – mordi o lábio – Me solta!

- O que você estava fazendo no banheiro masculino? – perguntou soltando meu braço

Ele nem pediu desculpa!

- Eu... Eu estava...Eu...É... – corei – Longa história. – disse por fim.

- Ah! – deu de ombros.

Fiz menção de andar, mas ele foi para o mesmo lodo em que eu ai, fui para o outro, e novamente ele me seguiu. Bufando ele virou, mostrando o caminho para que eu passasse, sussurrei um “Obrigada!” e fui para a sala de história.

Ele era um grosso, mas também era o homem mais lindo que já vi!

-£-

A aula de história transcorria totalmente tediosa, eu nem sequer prestava atenção.

Diferente de Edward Masen, esse era o nome dele.

Descobri por causa de Rosalie. Quando é carne nova, a loira parte pra cima! Provavelmente, Rose já sabia até o tamanho da cueca dele!

O Sr.Carter explicava sobre a história de Forks e eu rabiscava o caderno com o nome dos meus pais e colocava coraçãozinhos em volta dos nomes.

Ao que parecia Edward era o único que prestava atenção na aula.

- Em 1870, foi o ano da fundação de Clallam County por Jhonathas Clallam, antiga Forks. Por ser muito grande, Clallam County em 27 de janeiro de 1945, foi divida, durante a Segunda Guerra, entre várias cidades, sendo Forks uma dela, e acabou virando um condado. O condado de Clallam County. Sendo assim, Forks foi oficialmente constituída em 28 de agosto de 1945 após uma eleição dos constituintes que se tornaria seus membros primeira cidade. – Sr.Carter explicava andando de um lado para o outro na frente da sala com o livro apoiado em uma mão – Alguns de vocês, – olhou para turma – provavelmente, são descendentes das pessoas que ajudaram Jhonathas a construir Clallam County...

Parei de prestar atenção e virei à cabeça para traz para olhar Edward, ele olhava concentrado para o professor, como se quisesse entender algo. Sorri. Definitivamente, ele era lindo!

Virei meu rosto em direção ao professor.

Alguns minutos depois meu celular vibra no meu bolso. Peguei o aparelho e abri um grande sorriso ao ler:

“De: Alice B.

Ele não para de olhar pra você...

E Jake ta de carranca.”

Ainda sorrido, guardei o celular e olhei na direção do Sr.Carter.

Porque será que Edward Masen me olhava?

Com certeza estava com remorso por ter me tratado mal, ou não...

Vai saber!

-£-

O dia passou extremamente chato. O pessoal me dando os pêsames pela morte dos meus pais, meu irmão se drogando, eu tentando ser o mais simpática possível, Jacob fingindo que não existo, entre outras coisas.

Eu tentei juro que tentei, mas não consigo simplesmente abrir um sorriso sabendo que meus pais nunca vão voltar, que meu irmão está se drogando...

Agora eu entendo quando dizem que a família sofre junto com o viciado.

Quando a aula acabou deixei Alice em casa e fui direto para a minha. Ao chegar lá, deixei minha bolsa da escola encima da cama peguei o diário e uma caneta e fui ver minha mãe e meu pai.

Tia Esme tinha ido buscar minha irmã na escola. Por isso não me preocupei em ir busca-la.

Mas Jasper... vai saber onde ele tinha se metido!

Já no cemitério, estacionei o carro em frente ao portão de ferro grosso que quando o abri rangeu devido á ferrugem.

Suspirei e segui o caminho já bastante conhecido por mim.            

Parei em frente ás lápides, uma ao lado da outra.

Me sentei no chão encostada em uma lápide qualquer e abri o diário no meu colo.

Olhei para ás lápides de meus pais. Na de papai lia-se:

Gabriel Swan

Amado pai, irmão e amigo, você será eterno.

E logo abaixo da escritura tinha um foto dele. E na de mamãe, lia-se:

Marie Priston Swan

Amada mãe, irmã e amiga, pra sempre em nossos corações.

E também tinha uma foto embaixo da escritura.

Suspirei e comecei a escrever.

Querido diário,

Não sei o que é mais difícil, tentar superar a morte dos meus pais, me fingi de forte para os meus irmãos ou tentar mostrar que estou bem para as pessoas.

Mas a verdade é que não estou bem.

Eu queria minha mãe aqui, pra ir ao meu quarto me desejar “até amanhã” todas as noites, pra me dar aquele abraço acolhedor quando algo der errado, pra mostrar que todos podem me virar as costas, mas ela sempre vai estar ali pra mim e por mim, pra tentar fazer comida, mas quem sempre acabava fazendo era meu pai, e pra me dizer que, sempre vai estar ao meu lado, pra dizer que me ama.

Eu queria meu pai aqui, pra me levar nos jogos, pra fazer a comida que só ele sabia fazer, pra abrir aquele sorrisão até nas horas ruins, pra estar comigo sempre, em todas as horas, pra ficar com ciuminhos dos meus “namorados”, pra me defender do Jasper quando a gente brigava, pra me liberar dos castigos que minha mãe me dava, pra passar aquele sermão de amigo, aquela pessoa que vai estar lá pra você em todas as horas.

Agora eu percebo o quanto uma pessoa sofre quando não tem os pais pra olhar por elas.

Um grande exemplo é meu irmão, ele se perdeu totalmente depois da morte dos nossos pais.

Eu só queria meus pais de volta, diário, ter eles é a única coisa que eu quero agora!

Ah, hoje entrou um aluno novo na escola. Edward Masen. Ele está em todas as minhas aulas, menos Cálculo e Inglês. Edward é um tanto impulsivo e totalmente rude, o que o torna extremamente lindo!

Ele mora na casa onde já foi uma pensão. Lá, pelo o que eu soube mora Phill Masen, tio de Edward.

E hoje, eu peguei meu irmão no banheiro da escola cheirando cocaína.

Não sei mais o que eu faço com ele.

Parei de escrever o olhei para a lápide dos meus pais e suspirei.

Tomei um susto quando, em cima da lápide de papai, pousa um pássaro grande e preto, um corvo, parecido com o corvo que bateu no carro.

- Sai, vai embora! – falei balançando a mão em direção ao pássaro na tentativa inútil de tira-lo de onde ele estava.

E então o pássaro começou a gritar, olhei ao redor e percebi que o cemitério estava cheio de neblina.

Meu coração começou a bater mais rápido quando vi alguém parado atrás de uma das estátuas do cemitério. Mas, por conta da neblina, só dava para ver a sombra.

- Quem ta ai? – gritei, mas não houve resposta.