Capítulo 1

Pov Bella

Correr, correr e correr. Era o que o meu instinto de proteção me mandava fazer.

E eu ainda estava com Vanessa no colo, o que tornava correr quase impossível. Porque ela chorava, e muito. E a única coisa que passava pela minha cabeça era proteger minha irmã.

Tudo era escuro no meio da floresta. A luz da Lua estava sendo tampada por árvores horripilantes - iguais as de filmes de terror.

Eu estava fugindo com minha irmã nos braços... Era perigoso pra ela, eu precisava protegê-la. Protege-la de tudo!

- Isabella! - gritou, ou melhor, rosnou alguém atrás de mim.

Mas... Porque eu estava fugindo mesmo? Eu não lembrava!

- Você pode fazer o que quiser comigo, mas deixa ela em paz! – gritei abraçando Vanessa

- Isabella! - a voz continuava me chamando com raiva.

- Bella!? - gritou minha irmã

Olhei pra ela, mas ela não estava mais nos meus braços.

Mas o que...?

- Bells, acoda. – ouvi a voz chorosa e senti algo acariciando meu rosto, abri os olhos.

E lá estava ela, sentada na minha barriga e com os olhos cheios de água.

Minha primeira reação foi abraça-la. Ela era tão pequena e eu entrava em desespero só de pensar em alguém tentando machuca-la.

- Bella, - fungou – ouvi você glitar, ai chamei o Jazz, mas ai o Jazz não acodou, ai eu fui no quarto da Tia Esme, ai ela não tava, e ai você não palava de glitar, ai eu vim aqui pra te ver.

Eu sei, são muitos “ai” e palavras erradas para entender. Mas fazer o que? Ela só tinha 4 anos!

Sentei na cama e me encostei na cabeceira  aconchegando Nessie em meu colo. Suas pernas ficaram uma em cada lado de minha cintura e sua cabeça encostada no meu peito.

- Oh, meu amor, esta tudo bem – falei na tentativa de convencer mais a mim do que a ela.

- É vedade? – acariciei seus cabelos castanhos.

- É, é verdade – suspirei – foi só um pesadelo.

- Ta bom! – me olhou – Posso dumir aqui? – perguntou fazendo manha.

- Não, você não vai durmi aqui! – fez beicinho, sorri – Você vai dormir – corrigi – O que é totalmente diferente.  

- Ops! – sorriu travessa e se jogou ao meu lado na cama – Vamos dormir, Bells – falou forçando a letra “r”, gargalhei me deitando.

- Tudo bem, princesa, vamos dormir – me deitei e a abracei – Boa noite!

- Ta! – ri baixinho e beijei a cabeça dela.

Fechei os olhos, e estava quase caindo na inconsciência quando escuto:

- Bella?

- Hmm?

- Não glita mais ta?

- Ta bom, não vou glitar!

E cai na inconsciência.

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Querido Diário, senti muito a sua falta!

Aconteceu tantas coisas durante esses 4 meses. Foram as piores férias de verão da minha vida!

Meus pais morreram em um acidente de carro, e eu estava lá. Dentro do carro.

Ninguém sabe como sobrevivi. Os médicos disseram que foi um total milagre eu ter sobrevivido.

Eu e minha mãe, tínhamos ido buscar meu pai no aeroporto de Port Angeles , ele estava chegando de uma viajem á trabalho. Na volta para Forks, papai quis pegar um caminho que não estava no GPS do carro, esse caminho levava á uma ponte que passava pelo rio de uma usina abandonada.

Eu sinceramente não sei porque ele passou por aquela ponte.

Ele parecia até hipnotizado pela ideia de passar por ela. E de repente, o carro derrapou e ficou tudo escuro. Não lembro mais de nada. Apenas dos gritos, e mais nada.

Quando acordei no leito do hospital, depois de 2 semanas desacordada . Com os médicos dizendo que eu tinha pulado do carro. Pois me encontraram deitada no asfalto da ponte com a cabeça sangrando, hemorragia interna e externa, e molhada. Molhada?

Não é estranho, diário? Eu não me lembro de ter ido pra água e voltado depois . Mas, não disse isso à ninguém! Quero dizer, contei apenas para a Alice.

E ela disse: “Belly, você ta doida!”

 Eu tenho medo, medo de que algo ruim aconteça com meus irmãos, Vanessa e Jasper. Que graças a Deus não estavam no carro na hora do acidente! Jazz ficou doente e Nessie ficou cuidando dele. Fazer o que né? Ele a escolheu pra “cuidar” dele. Agradeço a ele por isso!

Enfim...Sei que é totalmente paranoico. Não é só porque meus pais morreram que o mesmo vai acontecer com meus irmãos. Sei também que é prematuro, Marie e Gabriel morreram á apenas 4 meses, e é normal esse tipo de “paranoia”.

Mas... Eu me sinto no direito, como irmã mais velha, de protegê-los de tudo e de todos.

Jazz, depois da morte de mamãe e papai, passou a ser rebelde, ele usa drogas. Nunca pensei que veria meu irmão, responsável e alegre, usando drogas!

Tia Esme, irmã da mamãe que foi encarregada de cuidar da gente, não sabe mais o que faz com ele. Jazz simplesmente não a respeita. E ele nem me da ideia. Se Jazz pelo menos me ouvisse...

                    Eu só queria meu irmão de volta!                                

E Nessie? Vanessa é tão pequena, ela era tão apegada à mamãe, e quando Marie morreu, ela passou a se apegar mais a mim. Eu não me vejo mais sem minha irmã. Ela é tão dependente!

E Jazz esta virando um delinquente!

Eu só queria acordar desse pesadelo!

E por falar em pesadelo... Tenho sonhado com alguém, provavelmente um homem, correndo atrás de mim e de minha irmã.

Eu corro pra protegê-la. Mas, sempre antes de acordar, escuto ela gritar e quando olho, ela não está mais no meu colo. Isso seria algum sinal? De que vou perdê-la?

Não sei se aguentaria essa perda, não ESSA!

E tem Alice, minha melhor amiga, que está sempre do meu lado. E que, com toda certeza, sabe sobre tudo que tem escrito em você, diário!

Alice, do jeito maluco dela, foi quem mais me deu forças pra superar a morte dos meus pais.

Mas eu não superei totalmente.

Talvez eu nunca vá superar totalmente!

E tem Rosálie, a minha Barbie legalmente loira particular.

Rose é rude e só pensa nela, é a isso que eu adoro naquela coisa antipática! Rs’

Ela e o Paul estão juntos que eu sei. Quase não nos falamos nas férias. Deve ser por isso que ela não tenha me contado. Mas Alice sempre é Alice, e já me contou o caso deles.

E não conta que eu chamei ela de antipática, eim diário! Sabe que amo a Rose!

E tem o Jacob. Ah o Jacke! Estava tudo ótimamente bem entre a gente até eu decidir dar um tempo. Jacob Black foi a primeira pessoa pela qual e apaixonei. Talvez não tenha sido paixão. E sim atração. Ele era novo na cidade e vamos combinar que ele é um gato e nele tem uma “pitada” de mistério. E, olha a coincidência, no dia em que meus pais morreram, foi o dia que completou um ano da sua vinda pra Forks.

Não sinto culpa pelo fato de ter acabado com tudo, mas... Não dava mais pra mim. Eu sei que o fato dos dias baterem não tem nada a ver, mas... Ou eu tentava reorganizar minha vida, ou dava atenção pro Jacke. Escolhi a primeira opção. Claro!

Ah, mamãe e papai, sinto falta de vocês!

E mais uma coisa!

Hoje, diário, é o meu primeiro dia de aula depois do acidente.

Foram 4 meses sem ver cada rosto do FHS.

E hoje estou meio assustada, sinto que algo vai acontecer. Se é bom ou ruim? Eu não sei. Vou rever todo o pessoal, não que eu não tenha visto Alice ou Rose... Mas, vou encontrar com o resto do pessoal depois de 4 meses.

Será por isso que estou assustada? Estou com medo de revê-los?

Diário, me deseje sorte!

Parei de escrever e reli as minhas ultimas frases, balancei a cabeça. Absurdo! Eu? Com medo de rever as pessoas que conheço a anos? Absurdo! A única vez que lembro de ter medo foi por meus irmãos, como escrevi no diário. Fora isso... Eu não tinha medo de absolutamente nada!

Mas... porque estou com esse pressentimento? Pressentimento esse que, toda vez em que penso no que ele possa ser, me arrepio toda!

Fechei o diário marcando a página em que parei de escrever. Abri a gaveta e coloquei-o lá dentro juntamente com a caneta que escrevi nele.

Após tudo guardado, olhei para Nessie que dormia feito um anjinho e senti pena de acorda-la para escola.

Decidida a não acorda-la, me levantei para suprir minhas necessidades matinais.

Após ter tomado banho, vesti uma calça jeans escura, uma blusa rosa, um casaco preto e uma bota preta. Arrumei os cachos castanhos avermelhados do meu cabelo. Passei apenas um lápis de olho e um gloss.

Devidamente pronta, peguei meus livros e enfiei na bolsa.

A caminho da porta do quarto, dei uma última olhada para minha irmã. Dei meia volta depositei um beijo na sua testa, que ficou marcada de gloss. Sorri e saí do quarto.

- Bom dia! – falei entrando na cozinha.            

- Bom dia, querida! – falou tia Esme sorrindo enquanto tomava café em pé.

-Atrasada para o trabalho? – ela assentiu com a xícara na boca - Nessie disse que você não estava no quarto essa madrugada... – comentei abrindo a geladeira

Ela parou de beber e disse:

- Ouvi seus gritos – sorriu fraco – Quando Vanessa, provavelmente, foi me chamar, eu devia estar aqui na cozinha. Fui pegar um como d’agua pra você. Mas quando fui para seu quarto. Você e Vanessa já estavam dormindo! Outro pesadelo?

Assenti. Tia Esme sorriu compreensiva.

- Quer falar? – neguei

Ela, ainda sorrindo, assentiu.

Esme Priston era linda, cabelos cor de mel que caiam onduladamente até metade de suas costas, rosto em forma de coração, olhos castanho-claros e sempre tinha um sorriso no rosto. Ela era a única irmã da minha mãe, e também era a irmã mais nova. Se não me engano, tia Esme tinha 34 anos.

Hoje ela estava vestia uma calça jeans clara, uma blusa cinza e um casaco azul.

- Onde está Jasper? – perguntei me servindo com o suco de morango.

- Já foi pra escola. – suspirou – Bella, eu realmente me preocupo com seu irmão. Ele agora sai, sem a menos dizer pra onde. E volta tarde da noite totalmente bêbado.

- Então, agora, além de se drogar, ele bebe?

- É o que perece. E ele não me respeita, eu...

- Se sente inútil? – assentiu tristemente – Eu também me sinto assim!

- Mas querida, você tem apenas 17 anos. Tem mais é que viver sua vida. Eu – apontou para si- fui encarregada de cuidar de vocês três. Vanessa e você são dois amores, não me causam problemas. – suspirou – Mas seu irmão parece que trás os problemas de vocês três juntos e mais os meus!

- Ele não era assim... – falei na tentativa inútil de defender Jasper.

- Eu sei... Por isso me sinto mais inútil ainda. Parece que tudo isso é culpa minha. Parece que sou uma intrusa nessa casa. Usando as palavras do seu irmão “Você não é minha mãe, então, vai embora” – suspirou derrotada.

- Ele disse isso? – perguntei ficando com raiva. Esme assentiu e voltou a tomar o café, como se não tivéssemos tido essa conversa.

Jasper não tinha o direito de falar isso pra Esme. Ela que se sacrificou tanto pra cuidar da gente! Largou a vida dela em Boston, pra vir pro outro lado do país cuidar da gente. E ele fala uma coisa dessas? Esse moleque ia se ver comigo na escola!

- Esme, - ela olhou pra mim – você não é nossa mãe. Sabemos disso. Mas agora é como se fosse. Você tem nossa guarda, você cuida da gente. Poderia ter dito não pra gente, mas disse sim. Jazz não tem o direito de te falar isso. Vou falar com ele ainda hoje!

- Oh, querida! Obrigada! – sorriu fraco – Não precisa brigar com ele por minha causa! Não quero ser motivo de brigas entre vocês. Tirando eu, vocês têm apenas uns aos outros agora. Não brigue com ele.

Ela tinha razão. Eu tinha apenas meus irmãos. Não queria perde-los, não podia perdê-los. Muito menos brigar com eles. Mas Jasper passou dos limites, brigar com Esme e ainda ficar bebendo. Ele só tem 16 anos, poxa! Sei que ele não é assim tão mais novo que eu. Mais ele tinha que saber seus limites!

- Não vou brigar, relaxa – sorri – Apenas vou chamar a atenção dele. – ela levantou uma sobrancelha desconfiada – Qual é tia, ele merece um puxão de orelha!

Sorriu fraco.

- É, ele merece! – bebericou seu café – Cadê Vanessa?

- Dormindo!

- Bella, ela tem que ir pra escola! – me repreendeu

- Mas é que ela parecia um anjo dormindo, que eu fiquei com pena de acorda-la.

Tia Esme gargalhou.

- Irmão coruja dá nessas coisas – sorri amarelo - Tudo bem! – suspirou - Toma seu café, eu vou acorda-la. Já estou atrasada mesmo! – falou colocando a xícara na pia e foi em direção as escadas.

Terminei de tomar meu café, me despedi de Esme e Nessie, e sai.

Quando estava dentro do Uno, á caminho da casa de Alice. Senti novamente aquele “pressentimento”.

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     Parei no encostamento em frente à casa branca com detalhes azuis e encontrei Alice sentada nas escadas de entrada.

Quando ela viu meu carro, saiu pulando a caminho do mesmo com um sorriso no rosto.

- Bom dia, minha flor! – falou se sentando no banco do carona

- Bom dia! – olhei pra ela sorrindo.

Lice me encarou com uma cara tipo: “E ai?”

Fiquei olhando-a por alguns segundos até reparar seus cabelos. Os longos cabelos loiros escuro estavam agora pretos e cortados até a metade do pescoço e completamente picotados.

- O que foi? – fingi não perceber.

- Você não reparou nada de diferente em mim? – perguntou fazendo beicinho e cruzando os braços sobre o peito. Já sei com quem Nessie aprendeu isso!

- Deveria? – levantei uma sobrancelha dando a partida no Uno indo á caminho da escola.

- Isabella!

- Ta bom! – sorri – O que você fez com seu cabelo?

- Você gostou? – afagou uma mecha do cabelo – Acho que me deixa mais alta!

- Impossível!

- Isabella! – me deu a língua – Será que o pessoal vai gostar? Eu achei lindo! Eles vão gostar, né Belly? – falou com os olhos caramelados brilhando de empolgação.

- Eu achei lindo! – sorri – Claro que o pessoal vai gostar!

- Eu sei, né – piscou

Gargalhei.

- Bellinha, adivinha só o que minha avó me ensinou durante esse verão. – antes que eu pudesse falar, ela continuou – Leitura de mãos! – apontou para minha mão no volante do carro.

– O que?

         Gargalhei de levemente. Leitura de mãos? Fala sério!

Se conheço bem a Alice, daqui a pouco ela diz que é uma bruxa.

Parei no sinal vermelho e olhei pra ela ainda rindo.

- Não ri, Bell. – fez bico – Minha avó falou que somos descendentes de bruxas. – falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

Não disse que ela falaria que era uma bruxa!

- Você também lê pensamentos?

- Talvez tenha algo sobre isso no livro de bruxarias – olhei pra ela novamente levantado uma sobrancelha e dei a partida no carro. – Não me olha assim, Isabella! Vou te transformar em uma rã!

- To morrendo de medo! – tirei uma mão do volante e estiquei balançando-a – Olha to até tremendo.

- Idiota!

- Também te amo, pintora de rodapé!

- Isabella! – me repreendeu por causa do apelido.

Liguei o rádio em uma emissora qualquer. A musica animada encheu o ambiente, quando ela acabou, a mulher que falava na emissora disse:

“Notícia Urgente! Um casal, Jesse e Dianna foi encontrado morto no estrada, seus pescoços estavam com feridas. Ao que parece, não foi um ladrão, pois não levaram nada, apenas mataram o casal.

Fiquem ligados, pois ‘Notícia Urgente!’ pode voltar a qualquer momento!”

E uma musica voltou a tocar, desliguei o rádio.

- Sinistro! – disse Alice apontando para o rádio ao mesmo tempo em que um pássaro preto grande e bicudo caia no vidro do carro fazendo um estrondo enorme.

Gritei desesperada e perdi o controle do automóvel. Alice também gritou, mas se recompôs mais rápido e tomou o controle do volante, e logo em seguida apertou o freio. O carro parou abruptamente.

Com a freada, o pássaro voou e pousou na caixa do correio.

- Vo-vo-você viu aquilo? – perguntei ainda em choque.

- Bells, ta tudo bem, tudo bem – Lice tentava me acalmar.

- Lice, a gente podia ter batido o carro feio. E nas minhas experiências com acidentes com carro, sempre alguém morre.

- Bella, chega! – suspirou – Está tudo bem agora! Olha – apontou pra caixa de correio – o corvo até foi embora. – olhei, e realmente, ele não estava lá.

- Era um corvo?

- É um corvo. Agora vamos? – assenti – Quer que eu dirija? – neguei – Ta!

Dei uma última olha pra caixa de correio e o pássaro estava lá novamente, dessa vez ele olhava para o carro, quer dizer, ele parecia estar olhando pra mim. Balancei a cabeça tirando esse pensamento idiota da mesma. Eu estava paranoica, isso sim.

Mas porque quando olhei para o corvo senti aquele “pressentimento” novamente?

Suspirei. Deve ser coisa da minha cabeça. Não é todo dia que um pássaro bate no vidro do meu carro!

Dei a partida no carro e seguimos em silêncio para a escola.